Sexta Sei: “Não tengas miedo (NTGM)” e lute como um Carlos do Complexo

Inventivo produtor do Complexo do Engenho da Rainha,mergulha no reggaeton em álbum colaborativo, o terceiro de sua carreira

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fotos Carlos A.

Não é qualquer um que é convidado a sextar mais de uma vez. Esse não é o caso do inventivo produtor e músico carioca Carlos do Complexo, 28 anos, que deu uma das entrevistas mais acessadas aqui do site, em janeiro de 2022, quando lançou o álbum “Tórus”. Nesta sexta (13), ele retorna para falar de “No Tengas Miedo (NTGM)”, seu terceiro álbum de estúdio, que promove a combinação de ritmos eletrônicos e reggaeton, com participações de RHR, Letty, BBG, Larinhx, Ebony, LOLE, Bebé, e Charm Mone, dentre outros nomes. Falamos do amor e da química que rola com os meninos do Yoùn e de sua participação no segundo álbum deles,que está vindo aí, este mês, e também da treta com o Kaytranada, cuja equipe o impediu de se apresentar, na última semana, em evento no Rio. É que Carlos ia amassar, todos sabem.

Moreira – “No Tengas Miedo (NTGM)” é um trabalho com ritmos latinos baseados em afro-surrealismo? Conta mais da proposta… Está uma pedrada.

CDC – A inspiração para o álbum veio dos filmes de surrealismo e das músicas que estava ouvindo na época. O reggaeton é um estilo que eu nunca tinha explorado profundamente antes, e parei para estudar a história e as vertentes do gênero, o que me inspirou a criar um álbum inteiro

Moreira –  Conta mais sobre as participações do álbum e de como foram esses encontros com RHR, Letty, BBG, Larinhx, Ebony, LOLE, Bebé, Charm Mone

CDC – Todas as participações eu gosto de escolher sempre a dedo. Todo mundo somou incrivelmente bem na produção de “NTGM”. Algumas participações eu gravei a distância, já outras, fizemos sessões presenciais. As participações vão de música experimental, música eletrônica, R&b, até o Pop br. E meu trabalho foi juntar todo mundo num conceito onde fizesse sentido dentro do álbum.  

Moreira – Me conta a sua história com os meninos do Yoùn? Cara, a entrevista deles aqui é uma das melhores da Sexta Sei, uma aula de media training. Os caras venderam o peixe, se entregaram, foi muito legal. Muito talento e humanidade. Passou uma ideia de grandeza. Porquê a faixa linda com eles, “Não vou dançar sozinho”, ficou de fora do volume? Vai entrar no álbum deles, né, que chega agora em outubro? Acho que é a faixa mais dançante deles, um “jersey Club”… Adoro a confusão do clipe.

CDC – “Não vou dançar sozinho” ficou pro álbum deles, é uma parceria que temos feito desde o ano passado. Eles queriam uma pegada de Jersey Club, junto àq pegada do R&b. E aí saiu um som bem pra cima, e a gente gostou muito.

Moreira – Como foi trabalhar com Mia Badygal, Urias e a dupla Cyberkillls? Eu torço muito pela Mia, vejo a a gata sempre trabalhando e vibrei quando ela abriu o show da Charli CXC, sempre dou todss na seleção da Revista Híbrida.

CDC –  A Urias foi uma participação que eu já gostaria de ter feito há muito tempo. A Mia também já tinha falado com ela e mais nunca saiu nada e, até que chegou o momento. Eu sempre admirei de longe o Cyberkills. Eles têm uma pegada de produção que admiro muito. E isso fez com que eu ficasse muito animado para colaborar com eles.

Moreira – E como foi essa treta com o Kaytranada? Segundo seu relato no X,  você foi proibido de tocar em evento no Rio, no domingo (8), no Parque Bar. Depois, vi um tuíte dele, dizendo que foi um mal-entendido e, depois,um de que estava trabalhando. Pelo set que vi na web, com ele fazendo coreô nos funks, você ia, realmente, “amassar”. Vi manifestações de apoio de Thiago Pethit e do Zegon e outro tuíte sobre a falta de conclusão…

CDC –  O que aconteceu no Parque Bar foi um episódio de desrespeito tanto com a minha equipe, quanto com o meu trabalho. O horário não foi respeitado, informações não foram repassadas, fomos tratados com descaso, com truculência e esse problema não foi pontual, ele é estrutural. Casos como esse acontecem diariamente não só comigo, mas com muitos outros artistas brasileiros que não são reconhecidos como os internacionais. Isso enfraquece o cenário musical local como um todo e deveria nos fazer pensar em como valorizar os nossos artistas em vez de virar uma grande briga na internet. Espero que essa situação seja mais um fator de mudança e valorização da nossa cena do que um cancelamento online.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Fotos: Por Azevedo Lobo

Há uns seis anos venho desenvolvendo uma amizade virtual e fraterna com o grande músico e compositor Lucas Gonçalves, 31 anos, o não-baiano da banda Maglore, e adorado acompanhar os seus álbuns-solo, que começaram a ganhar o mundo durante a pandemia. A cada álbum me apego a uma canção de forma bem emocional, risos, piscianjo que sou. Do álbum de estreia, “Se chover” (2020), com delicada capa bordada por Taina Denardi, morro de amores por “Precisa algo acontecer”, que tem seu perfume mineiro e urgência lírica, e do segundo álbum, “Verona” (2021), agarrei em “Subindo a serra (saudade é que nem neblina”, meio que identificado ao tema de tantas vezes subiu a serra, no caso, de Petrópolis. Ambos os trabalhos trazem o rock rural, a canção de estrada, a toada folk-rock. No último domingo, dia de poeta, contrariado os ditames do mercado, ele lançou o terceiro trabalho, “Câmara Escura”, e realmente me dividiu o coração entre as canções “Amor em tempos de mísseis”, esse amor Yoko-Lennon, e a faixa-título, “Câmara Escura”. 

Capa “Câmara Escura”, por Azevedo Lobo.

O título inspira as belas fotos de divulgação, de Azevedo Lôbo: sob a baixa frequência vermelha, a figura do nosso herói vai tomando forma em uma bela imagem. Tal como a fotografia analógica, este é um álbum que se revela com calma, pedindo tempo a quem escuta, a fim de apreciar grandes canções deste que é um dos maiores compositores da nova geração. Um álbum com texturas sonoras e viagens emocionais. Em tempo: a autoria das letras de “Casacaia” e “Câmara Escura” é dividida com a companheira Carime Elmor, jornalista e escritora de Jufas que a gente ama.

Quem acompanha aqui as playlists sextantes sabe que eu me amarro em música instrumental, especialmente as de Aldo Sena, a maravilhosa Zé Bigode Orquestra, Ana de Oliveira e Sérgio Raz, Gabriel Grossi e Arismar do Espírito Santo, Yussef Davies e banda Bike, Duo Nascente, Ubiratan Marques, Bixiga 70, e Cafuzo, só pra citar alguns queridos, como o duo Bru._.Jo, formado pelos irmãos Bruno Qual e Joana Queiroz, que está hoje na playlist com  “Raízes e troncos”, primeiro single. Mas quem abre a playlist é a banda instrumental Trabalhos Espaciais Manuais, que acaba de lançar seu groove irresistível em “A sombra não é o que parece”, primeiro single de seu primeiro álbum, “Ponto de Curva”, pela yb music, sucedendo ao EP “T.E.M ‘18”

A faixa mescla influências rítmicas do hip hop e do neo soul e a melodia e arranjo foram inspiradas no jazz fusion dos anos 80. O resultado são grooves cíclicos e envolventes, gerando uma atmosfera hipnótica e dançante. A banda, originalmente de Porto Alegre, completa dez anos de estrada com a formação com Cleômenes Junior, Gabriel Sacks, Pietro Duarte, Daniel Hartmann, Tomás Piccinini, Mateus Albornoz, Aline Araújo e Thayan Martins. O segundo single a caminho, “Prazerá”, em parceria com o pernambucano DiMelo e a baiana Livia Nery, marca a primeira música com letra e vozes da história da banda. Já o disco será lançado no início de 2024, com o produtor DudaRaupp, que já trabalhou com artistas como Rashid, Kamau, Zudizilla, Cristal, NiLL e outros.

Lê Almeida por Melanie Radford

Quando cheguei aqui no Baixo Centro, o primeiro memorando que recebi foi “nós amamos o Lê Almeida, entenda.” Eu logo comecei a seguir o artista e a me interessar por seu trabalho experimental e totalmente fora da casinha, que sempre passa aqui pela playlist sextante. Ele acaba de lançar o seu nono álbum “I feel in the sky”, comprovando que sua viagem musical reflete a evolução criativa de um artista que não se limita a fronteiras. Filho direto dos irmãos Baptista, ele fez um álbum plural, com uma atmosfera serena e calma, daí o título. “Eu queria encontrar palavras que definissem o que é se sentir no céu. Independente de crença e qualquer orientação religiosa, apenas o sentimento livre de se sentir leve o suficiente para estar tão alto quanto no céu. Não encontrei essas palavras, mas me surgiu um mundo de pensamentos, anotações e insights sobre como criar e gravar fora de um ambiente violento influenciaram diretamente a minha musicalidade a criarem novos contornos sociais no meu modo de pensar”, Lê Almeida resume. Além do trabalho solo, Lê Almeida tem uma trajetória reconhecida com a banda Oruam, que também vive por aqui. Este álbum foi composto das turnês com a banda pelos Estados Unidos e pela Europa. Não só gostei como amei.

Capa por João Casaes (Lê paint), Beeau Gomez (background paint) e Josimar Freire (Tipografia)
Luizinho Lopes por Marina Costa

É inegável a contribuição que o compositor, cantor e violonista Luizinho Lopes, 64 anos, tem dado à cena artística local em quatro décadas de música, fato que ele reforça com o lançamento do seu oitavo álbum “Como seria explodir um amor tão concreto duro de partir?”, em vinil e nas plataformas digitais. Falamos aqui da mais pura e sensível música mineira, abrilhantada com o canto poderoso da mineira Natália Vargas nas faixas “Mudou o Tom”, “Canção de Ninar Mãe” e “Hóstia da Noite”. “Gata,você é massa”. “Natália é cantora, atriz e professora de canto, atua como atriz e musicista no grupo mineiro Afo!ta Teatro, já gravou participações em álbuns Wesley Carvalho e do Lúdica Musica! e está preparando seu primeiro single.  disco surgiu sem controle. Soa para mim como o inconsciente revelando sua poesia.”, diz o artista. Gravado nos estúdios Macieiras e Versão Acústica, em Minas Gerais, o disco tem direção musical de Marcos Filho, Dudu Viana, Salomé Viegas e Luizinho Lopes. A mixagem é do maestro Ricardo Itaborahy, e a masterização. de Luiz Tornaghi. A capa é assinada pela artista plástica Fernanda Cruzick. O repertório é composto por dez faixas, todas composições de Luizinho, exceto na canção “Em menos de um minuto”, em parceria com o premiado romancista Luiz Ruffato. Big in Japan, “Nem tudo que nasce é novo” (1990) é hit na terra do Sol Nascente desse engenheiro aposentado do setor público. Esse é seu primeiro álbum na aposentadoria, em clima quase camerístico, com arranjos delicados e repletos de nuances, lamentos dolorosos, valsas e música nordestina.

Capa por Fernanda Cruzick
Maurício Pereira e Tonho Penhasco. Foto: Biel Basile
Hamilton de Holanda em tributo à obra de Djavan no Circo Voador.
A DJ Clementaum por Sofia Romani no MADA
Roberto Carlos <3
Clara Castro e Nathan Itaborahy Foto: Natalia Elmor
A mostra “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade
'The Crown"

Quem acompanha aqui tanta sextação sabe que eu torei no repeat sem clemência o “Micro”, delicioso álbum que o cantor e compositor paulistano Maurício Pereira, o pai do Tim Bernardes, gravou com o guitarrista Tonho Penhasco. Pois a dupla faz show em Jufas, nesta sexta (13), às 22h, Maquinaria. Ainda rola oficina de “Canções Instantâneas”, às 15h, com duração de até 3 horas. Luxou.

Sandra Portela faz show, sexta (13), às 21h, no Bar da Fábrica.

O grandioso Hamilton de Holanda lança o álbum “Samurai”, essa beleza de tributo à obra de Djavan da qual falei aqui, neste sábado (14), às 22h, no Circo Voador

Falando em amassar, a festa é certa no Festival MADA – Música Alimento da Alma, que completa 25 anos com dois dias de showzeras, sexta (13) e sábado (14), com direito a apresentação de Carlos do Complexo no palco Baile da Amada. O rolê acontece no Estádio Arena das Dunas, em Lagoa Nova, em Natal (RN), sempre  a partir das 18h. No line-up, tem Matuê, Marina Sena, Marina Lima e Fernanda Abreu,  Liniker, Gaby Amarantos, Carlos do Complexo, Dandarona, Luana Flores e Puterrier  (13), Baco Exu do Blues, Luedji Luna, Karol Conká, Margareth Menezes, BaianaSystem, Terno Rei, Getúlio Abelha, Urias,  Clementaum e mais (14).

A Festa D’It´ålia rola de sábado (14) e domingo, das 11h às 21h, com entrada franca, no Museu Ferroviário, com apresentações da Corpus Núcleo de Dança, do Due Chiacchiere, da Orquestra de Câmara Ars Brasilisis, do grupo Schmetterling, estrela da Festa Alemã do Borboleta, do grupo de dança folclórica italiana Tarantolato.

Se você não curte Roberto Carlos, desculpe, perdeu a viagem. Ele faz show nesta quinta (19), às 21h, no ExpoMinas. Falando no universo de Roberto, está uma joia o primeiro álbum da Banda Del Rey, “O disco”, interpretando clássicos do rei, com o nosso Chinaína amassando nos vocais.

​​Belos, simpaticões e talentosos, meus amigos virtuais, casalzão da porra, Clara Castro e Nathan Itaborahy fazem show, quinta, às 22h, no Muzik.

A mostra “FUNK: Um grito de ousadia e liberdade”, a mais importante esse ano na programação do Museu de Arte do Rio (MAR), fica em cartaz até 24 agosto. Com curadoria da equipe MAR e de Taísa Machado e Dom Filó, a mostra contou também com a colaboração de consultores, como Deize Tigrona, Celly IDD, Tamiris Coutinho, Glau Tavares, Sir Dema, GG Albuquerque, Marcelo B Groove, Leo Moraes, Zulu TR. A exposição explora muito além da sonoridade, evidenciando a matriz cultural urbana, periférica, a dimensão coreográfica, as suas comunidades e mais, com muitas fotos do meu amigo francês Vincent Rosenblatt.

Atenção amantes de “The Crown”, a melhor série já produzida pela Netflix: a temporada final chegará a uma conclusão em duas partes: a primeira em 16 de novembro, e a segunda em 14 de dezembro. A temporada final retrata os acontecimentos de 1997 a 2005, mandato de Tony Blair (Bertie Carvel). A parte 1, em quatro episódios, mostra o relacionamento entre a Princesa Diana e Dodi Fayed, enquanto a parte 2, em seis episódios, mostra o casamento de Charles e Camilla e o início de um novo conto de fadas da realeza entre William e Kate. “The Crown” foi indicada e venceu diversos prêmios, incluindo 15 indicações ao BAFTA, dez indicações ao Globo de Ouro (incluindo 4 vitórias), 69 indicações ao Emmy ao longo de cinco temporadase mais.

Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists do 2012, 2021 e 2020 nos links.


Playlist de clipes com Jamila Woods, Chameleo,  Anabel Englund, Chet Faker, Hamilton de Holanda, Juliana Calderón, Filipe Catto, Lenny Kravitz, Dorian Electra, DPR Ian, Dornelles, Azzy +Luccas Carlos + Nagalli, Galdino + Honaiser, Jennie, Travis Scott + The Weeknd + Bad Bunny, Hamilton de Holanda, Drake, Roger Waters, Sufjan Stevens, Omar Apollo, Yam Haus e Jungle.

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