Sexta Sei: Larinhx, a produtora de funk que gosta de garotas

Artista carioca, que produziu e compôs a canção que marcou a volta de Valesca Popozuda, lança álbum no qual produz 13 vozes femininas periféricas e cariocas com trap, funk e  RnB, de Deize Tigrona a Ebony

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Larinhx, tradicionalmente de rosto velado, na foto de Bárbara Figueiredo, que assina o ensaio

Comecei a prestar atenção na produtora, cantora e compositora Larinhx, 25 anos, da Baixada Fluminense, quando o Heavy Baile, coletivo que ela integra, lançou a volta da Valesca Popozuda, “Me come e some”, com produção e letra da carioca. Depois, veio “Selvageria”, com minha amiga Lila,  feat com a MC Taya e uma live maneira na Bananobike, da banda Biltre, tudo aquecendo meu coração pro álbum de estreia que chegou hoje ao streaming, “Eu gosto de garotas”, pelo laboratório de cultura MangoLab, no qual 13 mulheres periféricas do Rio de Janeiro apresentam produções que flutuam entre o trap, o funk e o RnB.

Deize Tigrona
Deize Tigrona

Deize Tigrona

Entre os nomes que estão nessa pedrada de disco, estão Deize Tigrona, essa rainha do funk carioca da Cidade de Deus, a potência da Baixada de Ebony, figurinha fácil aqui nas playlists da coluna, em dueto com  Ikinya em “Camisa Dez”, a MC Slipmami, da crew do Heavy Baile, além de Slain, MC Lizzie, Shury, Damatta, Ciana, Amanda Sarmento e Valentine, que encerra o disco com a excelente “As mina preta”. Larinhx solta a voz em “Hidromassagem”.

Ikinya e Ebony
Ikinya e Ebony
Ikinya
Ikinya
Ebony
Ebony

Ikinya e Ebony

Batemos um papo, por áudios, no Whatsapp, sobre o disco, pautado no afeto e na troca sincera entre as garotas maravilhosas que andam nos meios que a Larinhx flui.” A gente se ama, se gosta e por isso fazemos música”, decreta. Falamos sobre o começo do aprendizado na produção musical, com os mestres Jhoninha e o DJ Dandão de Antares, como foi trabalhar com a ídola Valesca Popozuda e as minas do disco, ocupar espaços como mulher e também sobre a direção do álbum visual.

Slipmani
Slipmani
Valentine
Valentine
Ciana

Slipmani, Valentine e Ciana

Moreira – Qual a sua idade e qual a sua formação? Como aprendeu a produzir música? No release, fala que você começou como MC… Como foi o salto para passar a produzir música?

Larinhx – Sou Larinhx, tenho 25 anos e estudei até o ensino médio. Fiz alguns cursos e workshops relacionados à música pelo governo, tipo Funarte, de trilha sonora, e Art Sônica Amplificada, no Oi Futuro, aonde conheci várias mulheres, mas nada profissionalizante. Aprendi, inicialmente, e fui incentivada a produzir música com o Jhoninha e o DJ Dandão de Antares. O Dandão me mandava print pelo chat do Facebook para mostrar como ele mexia nos samples da minha voz, e o Jhoninha ia muita na casa dele,era  lá em Queimados, só descer o viaduto, ia na casa dele direto. Aprendi na prática, na época, mexia no Acid Pro. Hoje, uso o Ableton.

“Me come e some”, com letra e produção de Larinhx

Moreira – Comecei a prestar muita atenção em você quando saiu “Me come e some”, com a Valesca Popozuda, achei a música e a letra revolucionárias, vai ser um marco histórico, no futuro, já é hoje, né, nunca esqueceremos. Como foi compor para um mito vivo, como a Valesca? Como foi o seu contato com ela? Também adorei “Selvageria”, com a minha amiga Lila.

Larinhx – Foi muito bom ter trabalhado com a Valesca, tá ligado, foi a realização de um sonho de infância. A minha mãe era muito fã dela, me tornei fã muito pequena, já escutava as paradas dela, minha mãe me deixava em casa pra ir pra baile escutar Valesca. Ela é uma das mulheres que mais representa o funk, trabalhar com ela foi uma realização, Porra, ela cantou uma letra que eu escrevi, porra, isso foi tudo, foi o ápice pra mim.

Capa
Contracapa

Capa de “Eu gosto de garotas”

Moreira – A ideia de fazer um disco só com mulheres é muito potente e necessária. Me apresenta cada uma dessas minas como uma frase, dizendo de onde elas são? Como foi o processo de escolha desses nomes? Como chegou até elas? Amei as faixas com Deize, Ebony e Valentine. Curti bem o disco.

Larinhx – Eu apresentaria todas com uma frase só: garotas incríveis e afetuosas, todas elas são muito fodas, todas têm muito carinho pelo próprio trabalho e muita coisa para mostrar. Todas elas são muito comprometidas com a própria arte. O processo de escolha foi mais a amizade mesmo, tá ligado, estar próximo, odeio coisa tipo casamento arranjado, eu já era amiga da maioria. A Shuri foi que eu conheci por último, através de uma amiga, e a Valentine, que era amiga da minha irmã, mas eu já estava ligada no trampo de poesia dela. O Rio de Janeiro é isso, todo mundo circula e fica sabendo uma da outra.

Moreira – O meio de produção musical, especialmente no funk e no rap, é essencialmente masculino, quais são as barreiras que vocês, mulheres, ainda têm de vencer?

Larinhx – As barreiras que nós, mulheres, temos que vencer, infelizmente, é de sermos valorizadas, não só na música, mas no macro. Muitas coisas a gente inventa, a gente cria, e só toma proporção quando é narrado e validado por uma voz masculina. Isso que acho triste na indústria e no geral.

Moreira – Você dirigiu os clipes de cada faixa, qual a sua experiência nessa área do audiovisual? E o que podemos esperar desse material?

Larinhx – Tenho experimentado dirigir, dar ideias, criar roteiros, como fiz nas colaborações com a Lila e a Taya, eu gosto muito de edição. Ainda não edito em casa, porque o meu computador ainda não aguenta, mas um dia ele vai aguentar, fé em Deus. Eu gosto muito de pensar como as pessoas vão sentir aquela imagem junto ao som. E como eu gosto de criar sons quentes, eu gosto de pensar em edições quentes também. Tenho colaborado com alguns diretores que me dão essa liberdade.

Abaixa que é tiro!??

Estou de olho no baiano Hiran desde o clipe da contagiante “Lágrima”, com Glória Groove, Baco Exu do Blues e ÀTTØØXXÁ. Segui acompanhando o clipe ao lado de Tom Veloso e Majur, o delicioso “Gosto de quero mais”, o bom EP “Galinheiro” e o show com as feras do ÀTTØØXXÁ, no festival Afropunk. Hoje, ele segue lutando a boa batalha no EP visual “História”, que traz “Na Água de Oxum”, com Margareth Menezes e Linn da Quebrada, e “Bang de Batidão”, com o jovem rapper Wendel, amigo de sua cidade natal,  Alagoinhas (BA).

O EP mostra o processo de reconexão do artista com suas ancestralidade e raízes em Alagoinhas, ao lado de sua mãe e de seus amigos de infância, Hisan Silva e Pedro Batalha, da marca Dendezeiro, responsáveis por pensar o EP visual, que é tocante, emoção pura. O trabalho marca o retorno do artista do Rio para sua terra natal.

“Em casa, produzi um trabalho do meu coração, sem ansiedade e pressa. Eu tive essa necessidade de voltar para casa para entender e revisitar minha origem, e assim achar conforto para seguir. Em uma viagem de reconexão com a minha ancestralidade, iniciei no Candomblé. Sou filho de Oxum, e ela tem me salvado todos os dias”, conta Hiran.

A orquestra de afrobeat Foli Griô apresenta o show “Flutua”, foro por Joao Serra
Marcelo Jeneci
Thiaguinho
Carne Doce no Circo Voador no Ar
Negra Li no festival Cultura nas Estações

Nesta sexta (21), às 20h, a orquestra de afrobeat Foli Griô apresenta o show “Flutua”, registrado em cima de uma balsa cor de rosa, durante um belíssimo pôr do sol na Lagoa de Saquarema, com os dez integrantes flutuando junto às melodias. Na terça (25), a equipe responsável revela os bastidores da produção, às 20h, e, na sexta (28), sai clipe da faixa “Ialebedia”, parceria com Saky Tchebe Bertrand.

Marcelo Jeneci faz live, hoje (21), às 20h, na plataforma Legato Events. O show fica disponível por 24h e custa R$ 17. Logo depois, 21h30, tem live do Thiaguinho, “Infinito”. O Circo Voador no ar, às 22h, reapresenta show dos goianos da Carne Doce, quando lançaram o disco ‘Tônus” na lona, em 2018.

No sábado e no domingo (22 e 23), rola o festival Cultura nas Estações, a partir das 15h30, com transmissão direto do Caminho Niemeyer, em Niterói (RJ), com Elba Ramalho, Preta Gil e Sandra de Sá, no sábado, e Vanessa Da Mata, Negra Li e Fernanda Abreu, no domingo. 

No domingo (23), às 17h, rola a segunda tarde do Festival Divinas Brasileiras, essa em homenagem a Dolores Duran, com Fabiana Cozza, Renata Jambeiro, Leila Pinheiro, Izzy Gordon, Denise Duran, Nina Becker e Rodrigo Faour. No próximo domingo, é a vez de Elizeth Cardoso.

A Casa Natura Musical apresenta live com o paulista Tato, vocalista do Falamansa, e a pernambucana Anastácia, a  Rainha do Forró, que completa 81 anos, na quinta (27), às 19h.

O artista e produtor musical Gezender lançou seu quarto EP,  o atópico “Corpo”, pela MambaREC, com as participações especiais de Linn da Quebrada, que rouba a cena, e Bruno Mendonça. “Corpo é um EP que nasceu neste tempo de pandemia, quando tive a chance de olhar mais pra mim e entender o corpo em seu todo, ritmo, necessidades, hormônios, prazeres e fragilidades. Nele, tem uma mistura de sentimentos bem característica do atual viver, às vezes contemplativo, às vezes cheio de conflitos. Tentei extrair a beleza dessas emoções antagônicas,sem esquecer do sentimento distópico que permeia o presente, entre a paz e a aflição, mas com algum respiro pro que me faz alguém no caminho da cura e do entendimento”, explica o artista, produtor da festa Sangra Muta.

Fotos Camila Vech

O monólogo “Dama da Noite”, inspirado em um conto de Caio Fernando Abreu, está há dez anos em cartaz com a potência do ator Luiz Fernando Almeida, que conheço das noites do clube Dama de Ferro, no Rio, quando ele comandava a Superbacana DJs e cuidava de artistas como Pareto e Gustavo Tatá. O marco de dez anos será comemorado neste sábado (22), às 20h, com adaptação “filme-teatro” do espetáculo para a internet. “A vida rolando por aí feito roda-gigante, com todo mundo dentro, e eu aqui, parada, pateta, sentada no bar”, diz a personagem niilista, por fora do movimento da vida.A transmissão acontece nos canais do Youtube do SESC Santos e da Mostra da Diversidade de Santos (Sansex) e fica disponível, até domingo (23), no segundo link.

Esse flyer é do comecinho da Mary in Hell, em 2006, quando a casa apostava muito em electro e sons mais underground, antes da década de dominação do pop na noite de BH. Já me joguei, defumei e tive muita DR na Mary. Os famosos petês e a noite do Zé do Caixão são épicos. Adorava!
Além de ser o club e a pista mais bonitos e sofisticados que ja fui em BH, os flyers da Pulp eram maravilhosos também, assinados pela designer e também DJ Dinah Verleun, sempre me inspiraram muito como artista gráfico na época, além de as festas serem ótimas. Aliás, as designers da época que eu mais me inspirava eram Sara Lambranho (Josefine) e a Dinah.
2005. Eu amava o Blackmail, foi uma das primeiras cenas que eu me identifiquei com o som, era novinho da cidade, recém-vindo do interior, e ficava babando nos visuais modernos da galera, muito electro e uma clima decadence chic. Sempre preferi pistas pequenas e mais intimistas, e o Blackmail era incrível por isso.

Preso em casa, como todos nós, e sem poder fazer as festas de costume, o DJ e designer gráfico João Paulo Tiago resolveu reverenciar a memória dos flyers de papel, aqueles, pré-mídias sociais.

2004 ou 2005 Quando me mudei para BH, em 2005, peguei as últimas festas produzidas pelo Marcelo Marent, sempre aclamado por toda a cena local por suas produções incríveis, tudo com muita arte, elegância e curadoria rara de se ver. Infelizmente, não o conheci pessoalmente, mas guardo com carinho esse flyer lindo do Club 69 com essas figuras mitológicas criadas por Dinah Verleun, que era praticamente um livrinho

Então, com mais de um ano sem festas, eventos e zero perspectiva de volta segura no Brasil, decidi compartilhar minha coleção de flyers no insta do coletivo-festa que faço parte, a Fervor. Além da minha coleção, também compartilho acervo de outras pessoas que queiram contribuir com suas peças. O foco são as pistas de música eletrônica underground das duas primeiras décadas de 2000, como homenagem às minhas raízes clubbers e aos designers que criaram o universo gráfico dessas eras que deixaram saudades. A maioria não deixou nenhum registro na internet, já que foi a última geração de mídia massiva a usar flyer impresso, pouco antes do início do digital e das redes sociais. Por isso, é uma memória frágil, efêmera, mas que merece esse registro mínimo e homenagem durante a pandemia, já que estamos todos trancados em casa (menos as clandestinas)”, explica o DJ, que comentou alguns de seus flyers favoritos nas legendas das imagens.

A segunda edição da Mostra de Cinema de Ibitipoca começa na próxima quinta, 27, e vai até o dia 30 com programação gratuita e online com 46 filmes, entre curtas e longas, em cinco sessões,  além de oficinas de audiovisual, apresentações musicais e circenses. As transmissões acontecem no canal do YouTube, e a programação completa pode ser conferida  no site. Hoje (21)  tem pré-lançamento, às 19h, com show do trio de samba formado por Roger Resende, Maíra Delgado e Armando Júnior e a exibição do documentário “Vai manter a tradição – O samba em Juiz de Fora”, dirigido por Carlos Fernando Cunha. 

O festival é produção da Mantiqueira Produções, com curadoria de Mariana Musse e Maíra Delgado. Entre os filmes selecionados, estão os premiados “Endless love”, de Duda Gambogi, “Rosa de aroeira” de Mônica Mac Dowell, Mãtãnãg, A Encantada”, de Shawara Maxakali e Charles Bicalho, e “Rio das almas e memórias negras” de Taize Inácia e Thaynara Rezende.

Na abertura, quinta, além das oficinas e das exibições, tem apresentações culturais de Vanda Cortez,  “Borbulhando Bolhas Gigantes”, circense, às 17h45, e o show “Intimidade”, com Carla Sceno, às 19h30.

Lembra que eu alertei, aqui, quanto aos festivais que estavam vendendo ingressos mesmo em tempos pandêmicos? Pois o Coala Festival finalmente veio a público admitir a impossibilidade de realização do evento, este ano, nos dias 11 e 12 de setembro, e adiou para 2022, nos dias 17 e 18 de setembro.  O Lollapalooza também anunciou um terceiro adiamento, dessa vez para os dias 25, 26 e 27 de março. Já o Rock the Mountain, que estava na mesma nota, ainda segue com o evento marcado para novembro. A assessoria de imprensa do evento informa que está confirmado. “Vamos aguardar as campanhas de vacinação para tomar uma decisão mais à frente, caso não seja seguro realizar o evento”, me disseram.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist com os videoclipes da semana, com Ashnikko, Dorian Electra, Bella Poarch, GA31 + Clarice Falcão, NoPorn, Glass Animals, Tinashe + Shift K3Y, Gaspard Augé, Royal Blood, The Offspring, Paul e Linda McCartney, Pedro Mann + Caio Prado, Sain, Mani Carneiro, Marina Miglio, BaianaSystem + Carolaine, Jhony + Pelé Mil Flows, Duran Duran e Flight Facilities

Sexta Sei, por Fabiano Moreira