Sexta Sei: As canções de Luiza Brina são uma forma de oração

 

“Prece” é o quarto álbum da artista mineira, ex-integrante do grupo Graveola, que mostra como superou crises de ansiedade rezando com as canções de seu violão

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Luiza Brina pela artista visual Daniela Paoliello

O meu encontro com o trabalho de Luiza Brina, 35 anos, foi no finalzinho de 2021, quando uma grande amiga, a Julianna Sá, da Dobra Discos, me apresentou ao Clube das Exaustas, formado por Luiza, Sara não tem nome e Júlia Branco, um dos posts mais acessados aqui da página em seu terceiro ano. Como diz o Tantão, “abrimos um perigoso portal” para o trabalho destas três talentosas artistas, e acabei mergulhando nessas obras. De certa forma, nos tornamos amigos virtuais e cúmplices do cansaço e da exaustão dos nossos tempos. Me identifiquei ali e passei a acompanhar as musas. Essa semana, Luiza lançou um dos melhores álbuns do ano, seu quarto disco, o “Prece”, pela Dobra Discos, com patrocínio da Natura Musical, que mostra como uma pessoa sem religião, como a Luiza, sabe rezar, com canções, contra problemas de ansiedade, a princípio, e depois, contra as dores do mundo e da ecologia. “Em 2010, tive crises de pânico super intensas – mão suando frio, coração disparado, uma sensação de corpo ausente. Passei então a sentir uma necessidade enorme de ter alguma religião, alguma fé que pudesse me acolher, diante do desespero. Minha família não tem religião, e nunca tive formação religiosa alguma. Recorri, então, ao violão, e, assim, comecei a compor essa série de canções-orações, forma que as batizei na intenção de dar sentido a elas, buscando na música esse acolhimento. Com o tempo, fui percebendo que isso aconteceu porque a música é onde eu encontro a fé, e é ela a responsável pelo meu vínculo com o mundo”, me contou, nesse papo de delícias para a Sexta Sei. “Oração 18 (pra viver junto)” já é uma das canções mais lindas deste ano.

Moreira – Como surgiu o conceito de “Prece”? O álbum traz dez orações, percorrendo diferentes formas de prece. Você  compôs sua primeira oração em 2010, quando começou a ter as primeiras crises de pânico e constatou que não sabia rezar. Quais as suas formas de oração? Você tem alguma fé religiosa?

Luiza Brina – Em 2010, tive crises de pânico super intensas – mão suando frio, coração disparado, uma sensação de corpo ausente. Passei então a sentir uma necessidade enorme de ter alguma religião, alguma fé que pudesse me acolher, diante do desespero. Minha família não tem religião, e nunca tive formação religiosa alguma. Recorri então ao violão, e assim comecei a compor essa série de canções-orações, forma que as batizei na intenção de dar sentido a elas, buscando na música esse acolhimento. Com o tempo, fui percebendo que isso aconteceu porque a música é onde eu encontro a fé, e é ela a responsável pelo meu vínculo com o mundo. Com o passar dos anos, segui compondo algumas canções-orações, mas aí já com outras temáticas, para além da crise de pânico – oração pela proteção dos rios, oração sobre relacionamentos, oração sobre posição no mundo… E fui percebendo que isso acabou se tornando uma linguagem minha mesmo. O “Prece” é um disco que reúne boa parte dessas orações, e é também um disco gravado por uma orquestra de mulheres, com madeiras, metais, sopros e percussão, além do meu violão, tudo isso processado eletronicamente – uma ideia que venho sonhando e rezando pra conseguir realizar há tempos! No fim, a canção é mesmo a minha oração.

Moreira – Como foi trabalhar com uma orquestra formada por 19 instrumentistas mulheres – integrantes das Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Orquestra Ouro Preto? O clipe de “Oração 1” ganhou muita potência com a imagem delas te acompanhando, e o figurino é absurdo de lindo. Tenho uma amiga, grande violonista, a Bia Nascimento, que faz parte do grupo.

Luiza Brina –  O “Prece” foi um projeto aprovado pela Natura Musical, que teve como proposta a realização de três feitos artísticos: uma videoração, uma websérie sobre a tecnologia da canção, assistam no Youtube!, e o próprio disco. A ideia para a vídeo-oração foi fazer um arranjo diferente da proposta do disco, gravado em vídeo e áudio, ao vivo, com direção da Virgínia Pitzer. Uma ideia que partiu da Julianna Sá para brincar com um híbrido de videoclipe e session ao vivo, em um local inusitado e com uma formação musical também fora do padrão. Para esse projeto, convidei nove violonistas e quatro percussionistas, e arranjei para essa formação. A Bia Nascimento participou dessa gravação! Ela, mais Cláudia Garcia, Gabriela Viegas, Gio Sobrinho, Jennifer Souza,  Nádia Figueiredo, Nina, Raphael Sales, Alcione Oliveira – Cici Floresta, Analu Braga, Gal Duvalle e Marculino Percussa. A gravação foi mágica, fizemos tudo aos pés de uma igreja em ruínas, construída pelo Aleijadinho, e com esse figurino lindo, pensado pelo Moisés. Foi uma delícia trabalhar com esses instrumentistas, que incluiam, além de violonistas e percussionistas incriveis da música popular de BH, minha mãe e minha irmã. Foi um movimento muito importante também familiar. Foi mágico trabalhar nesse contexto, acompanhada por instrumentistas mulheres, e é impressionante e, infelizmente real, a diferença de trabalhos onde o convívio é com maioria de homens. Me senti bastante à vontade com elas, e foi de fato um momento de muita alegria no estúdio. Tinha mulheres ali que acompanho há anos nas orquestras, e que sou fã, integrantes da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra Sinfônica de Minas Gerais e Orquestra Ouro Preto. Acho importante citar o nome dessas incríveis musicistas: Aline Gonçalves (clarinete, clarone e flauta); Alma Maria (trompa); Ana Calina (viola); Ana Cecilia (trompete); Camila Rocha (contrabaixo); Catherine Carignan (fagote); Elise Pittenger (violoncelo); Joanna Bello (violino 1); Jovana Trifunovic (violino 2); Kamila Druzd (viola); Karina Neves (flauta, flautim e flauta baixo); Laura Von Atzingen (violino 1); Lauriza Anastacio (violoncelo); Natália Mitre (percussão); Natália Porto Coimbra (trombone e eufônio); Rosana Guedes (oboé); Taís Gomes (contrabaixo) e Tatiana Martins (violino 2). Foi muito bonito ouvir aos relatos das artistas sobre um espaço de construção com mulheres predominando. Muitas dividiram comigo que era um ambiente diferente, que era potente e transformador estar gravando só com mulheres. Foi algo muito marcante o que aconteceu ali, acho que isso dá um corpo muito único ao disco.

 As participações do álbum: Rainha Belinha, Silvana Estrada, LvRod,  Sérgio Pererê, Iara Rennó e Mauríco Tizumba

Moreira – Vamos falar das colaborações no álbum, achei muito interessante esse trabalho com musicistas latinoamericanas, como Silvana Estrada (México) e LvRod (Argentina), além de IIara Rennó, Julia Branco, Luizga, Sérgio Pererê, Thiago Amud e Vovô Bebê. Como aconteceram essas parcerias, como foram esses encontros e trocas?

Luiza Brina – Como você comentou, o disco conta com cinco participações especiais, sendo duas de fora do Brasil – México e Argentina. Sou apaixonada pela música da América Latina (para além do Brasil) e, há tempos, flerto com o desejo de um diálogo verdadeiro com artistas desses países. A Lvrod é uma cantautora argentina incrível, integrante da Lacrewrod, que conheci em Montevideo em 2019, quando juntas participamos de um show da Tamy. Desde então, seguimos trocando figurinhas, e falado sobre o desejo de produzirmos algo juntas, pela ligação e admiração verdadeira que criou-se entre a gente. Quando comecei a arranjar a “Oração 16, que fiz em espanhol, pensei numa forma com bastante repetições, já imaginando um possível dueto, algo que eu sentia que a música pedia. Por ser uma canção em espanhol, desde o início eu queria convidar alguém hispanohablante para cantar comigo. E então me veio a vontade de convidar a Lvrod, que aceitou o convite e gravou a canção de uma maneira tão linda! Fiquei muito feliz com o resultado dessa música, foi tão bonito como a Lvrod se entregou à música, trouxe uma interpretação mais intimista, eu me emocionei muito quando ouvi. Tem um mistério no jeito dela de cantar que abriu novos caminhos pra música.

Já a Silvana Estrada, eu ouvia e admirava o trabalho há algum tempo, mas não nos conhecíamos pessoalmente. Um dia, para minha surpresa, fiquei sabendo que o Helado Negro (artista que amo!) havia apresentado meu trabalho a ela. Quando ela veio a São Paulo, fui assistir ao seu show (maravilhoso!), e, depois, nos encontramos no camarim. A partir daí, seguimos trocando algumas figurinhas, e fiz o convite para ela cantar a “Oração 2”, que tem um arranjo grande de orquestra, e uma melodia que caminha muito – acho que dialoga com a música da Silvana, de alguma forma, e ficava desde antes tentando imaginar a voz dela nessa música. Para a minha alegria, ela topou o convite, e foi tudo muito emocionante! A música ganhou uma força enorme com a voz da Silvana, ela é realmente uma das maiores vozes dessa geração. E, além de tudo, ouvi-la cantando em português pela primeira vez mexeu muito comigo.

Já o Tizumba e o Pererê são dois mestres de Belo Horizonte, de uma geração acima da minha. Eu sou muito fã dos dois desde adolescente e, pra mim, foi uma enorme alegria poder trazê-los pra perto nesse disco, como foi mágico! São referências na canção afro-mineira e tinham enorme afinidade com o repertório. O Pererê, inclusive, é meu parceiro de composição na faixa em que participa, “Oração 13 (coração candongeiro)”. Comecei a fazer essa canção no violão, logo depois de uma aula que tive com o José Izquierdo. Ele me propôs que eu inventasse alguns lugares de ataques dentro da clave de barravento a partir de linguagens que estávamos estudando. Então, eu fui brincando com isso no violão, que acabou se tornando a condução da parte A desta música. Depois, parti para outras duas partes, com harmonias e toques diferentes. Quando ficou pronta, achei que a música dialogava com o Pererê, um artista quem além de excelente cantor e compositor, tem uma pesquisa muito especial de instrumentos originários de África. Então, escrevi pra ele propondo uma parceria. Era pandemia, trocamos alguns longos áudios. Contei a ele que estava compondo algumas orações para o novo disco, e ele me contou que estava tentando praticar a vidência, me contou que a mãe dele era vidente, e que ele ia tentar fazer essa letra assim, buscando as palavras nesse lugar, durante essas práticas. Foi bonito, porque por meio dessa busca pela vidência (“ensinada” pela sua mãe), ele trouxe algo da ancestralidade dele na letra, e também uma relação da prece, da oração, da fé, com o seu cantar, vindo de Guiné e Angola. 

O Tizumba participa da “Oração 15 (oração à Cobra Grande)”, parceria que fiz com o Thiago Amud.  A canção é um pedido para que a Cobra Boiúna proteja os rios. Pensando no contexto de Minas Gerais, e toda a desgraça gerada pela mineração, essa oração ganhou um papel fundamental no disco, e na minha vida . Quis trazer os tambores, patangome e gunga do congado mineiro para somar nessa reza. E o Tizumba canta também comigo essa oração. Até hoje revivo a tarde em que ele gravou, é imenso ver a forma como ele se coloca na interpretação.

Já com a Iara, compusemos juntas essa “Oração 19 (oração pra Oxum)”, um dia na sala da casa dela. Eu peguei o violão, ela começou a escrever algumas coisas, e fomos juntas criando a música.  Eu admiro a Iara há tempos, e tenho a alegria gigante de ter ela como uma amiga muito querida hoje em dia, além de ser minha parceira de selo (dobra discos). Quando fomos gravar a voz da Iara, ela propôs um arranjo vocal maravilhoso, abriu algumas vozes, e deu nova profundidade à nossa parceria.

Sobre as parcerias, o disco conta com canções feitas por mim e por amigos, como a Julia Branco, o Luizga, o Thiago Amud, o Vovô Bebê e os próprios Sérgio Pererê e Iara Rennó. Fico feliz com cada encontro e cada oração que nasceu com tantos queridos amigos, e ao longo de tantos anos. São artistas que realmente tenho um encontro especial e único, e acho que isso resultou em canções com maior força, por traduzir nossas relações.

Moreira – Após o interlúdio de Rainha Belinha, mestra griô mineira, o álbum ganha contornos mais religiosos, com o congado mineiro, “Oração 13 (Coração candongueiro)”, parceria comSérgio Pererê, e a “Oração 19 (oração pra Oxum)”, parceria com Iara Rennó. Podemos dizer que o álbum acaba fluindo em direção às religiões de matriz africana?

Luiza Brina – Essas canções que você citou trazem mesmo a presença de religiões de matriz africana. A “Oração 19,” com a Iara, embora não cite Oxum na letra, é uma homenagem a essa Orixá. Já a canção com o Pererê, fala explicitamente sobre a relação do cantar com a fé, a partir de vínculos com a ancestralidade negra. E a Belinha veio pra dar a benção pro disco, cantando “Velhos de Coroa”, uma música incrível do Pererê que ela mesma escolheu cantar. Há 10 anos, o Graveola realiza, anualmente, uma festa/show no terreiro da Belinha para arrecadar fundos para as festas do congado, que acontecem sempre em maio. Meu primeiro show com a banda, logo que entrei, foi inclusive numa dessas festas, e foi incrível! E aí, além de seguir participando e organizando essa festa junto do Graveola desde então, a Belinha se tornou uma figura importante pra mim, e é alguém que tem uma sabedoria muito grande, que eu respeito e admiro muito. Fiquei muito feliz com a participação dela. Mas, para além das temáticas das letras, os tambores, gravados pelo José Izquierdo tem relação direta, por exemplo, com a Santeria Cubana, ou com o candomblé da Bahia. E para além dos tambores, como eu venho estudando toques de matriz africana com o próprio José há 15 anos, de alguma maneira, essa linguagem também está presente nos arranjos para a orquestra. Porém, há também a presença de outras religiões no disco, trazendo outros símbolos a partir da evocação de santos, da Cobra Grande e cosmologia dos povos originários e reflexões sobre Deus, dentre outras coisas.

Deitadas: Luiza Brina, Sara não tem nome e Júlia Branco em foto de Rafael Sandim

Moreira – Não posso deixar de cobrar a continuação da saga das Exaustas. Essa pauta me marcou muito, foi bem acessada aqui, e me apresentou às obras de Sara não tem nome e Júlia Branco (que está na página de hoje com o clipe de “Baby Blue”). Quando sai o segundo ato? Ou foi uma enrolação como “Telephone”, de Lady Gaga e Beyoncé? Cansado de esperar, risos…

Luiza Brina – Eu amo esse projeto com a Sara e com a Julia, que são minhas parceiras de músicas e amigas de vida, e sim, nós três temos o desejo de continuar o projeto, lançando outras músicas, e até fazendo shows. Por questões pessoais, de cada uma, correria da vida mesmo, ficou difícil de continuar o projeto de imediato – estávamos exaustas. Sara lançou seu segundo disco, “A Situação”, no ano passado e Julia também lançou seu segundo álbum, “Baby Blue”, e eu estou lançando “Prece” agora. Quem sabe mais para frente! Eu acredito na vida e nos encontros, e acho que em breve teremos a oportunidade de nos reunirmos, as três, novamente. Seria lindo!

Abaixa que é tiro!💥🔫

Julia Branco alcançou o posto de diva sextante não é a toa, sextando duas vezes, com o trio As Exaustas, em janeiro de 2022, refletindo sobre o nosso uso do tempo, um dos posts mais acessados da página, e no lançamento de seu último álbum, “Baby Blue”, em agosto de 2023, produzido por Ana Frango Elétrico com reflexões sobre a maternidade. Pois a gata está de volta ao sextamento com o clipe de “Baby Blue” , seguindo no trem azul sob direção de Virgínia Pitzer, que também assina os clipes de  “Fim e começo”, “Lost in the paradise” e “Silêncio”. A canção, guiada por gêneros como blues e bossa nova, é uma composição com o genial e talentoso Bruno Cosentino, e definida pela própria Júlia como “a canção mais cremosa do disco”.

“Baby Blue” reflete sobre amor, transição e os desafios da maternidade, algo que Júlia faz de maneira brilhante nesse trabalho. Os movimentos da artista foram conduzidos pela coreógrafa Morena Nascimento, ex-integrante da Wuppertal Tanztheater. “Toda a narrativa do clipe parte dos meus movimentos conduzidos por Morena. A ideia era remeter ao sonho, ao tempo ‘que não passa durante o puerpério’, ao conforto, movimentos que partem da pele, do encontro comigo mesma, das memórias, dos devaneios”, Chique no último, sempre na vanguarda, uma mineira à frente de seu tempo. Te amo, Júlia.

A capa do EP "Révolution"
São amres: Loïc Koutana e Pedro Zopelar em foto_ @gleesonpaulino

E não é que abril abriu (kkkk) novas perspectivas para a música feita para a comunidade LGBTQIA+? Falo sobre os lançamentos do mês, lá na Revista Híbrida, destacando o EP do duo  L’homme Statue, “Révolution“, álbuns de Anitta, Almério, Pabllo Vittar, Duda Beat, WD e Enme, bundle de Jaloo, singles de Orville Peck e Willie Nelson, Leopold Nunan e Dornelles.

O projeto L’homme Statue, do multi artista afro-francês radicado no Brasil Loïc Koutana e do produtor e DJ brasileiro gentil Pedro Zopelar acaba de lançar o EP “Révolution”, que abre nova era depois do álbum de estreia “SER”. “Révolution” é um lançamento em colaboração com o selo do coletivo paulistano Gop Tun. Aqui em casa, hitou a versão de BADSISTA, que já sextou lindamemnte e também  passou aqui na playlist sextante da semanaa passada. “O EP inaugura um momento muito importante da nossa carreira e traduz sentimentos íntimos. É sobre reconexão com as minhas arte e ancestralidade. Acredito que, na vida, todos temos momentos de revolução e evolução. Que seja por algo violento ou leve, a revolução é necessária pra acessar um novo lugar de elevação pessoal”, analisa Loïc Koutana. O EP fala sobre a guerra diária que as pessoas pretas precisam travar para conquistar espaços. Além da versão “Slowed Down” do single, que traz o motivo vocal “Are you that beach?”, em um flerte com a vaporwave, o single vem também acompanhado dos b-sides “Illusion” e “Jardim Secreto”. A primeira traz sonoridade electro com “spoken word” em francês, uma viagem de ácido, uma gama de sintetizadores e programações de bateria. A segunda invoca o lado mais lúdico do duo, em português, com versos sobre a origem do pecado. 

Tenho um carinho especial pelo mineiro Bemti, pois ele representa bem um momento quando cansei da letargia local e comecei a buscar pautas nacionais. Ele foi um das primeiras, e também uma das mais bacanas, visto que seu último álbum, “Logo ali”, tinha assunto de sobra, com um mergulho na sonoridade da viola caipira de dez cordas e uma abordagem mais profunda e refinada do pocnejo. Adoro acompanhar a mudança de eras de artistas que eu gosto e, por isso mesmo, senti todos os sabores de “Melhor de três”, primeiro single de seu terceiro álbum, que tá vindo aí, esse ano. Produzida por Luis Calil, a faixa não abandona a viola caipira, mas abraça uma sonoridade indie, synth pop, uma praia caipira que pisca. “Eu queria que essa música evocasse uma praia sintética e nostálgica, algo diferente do clichê musical praiano com que estamos acostumados”, diz Bemti, que emula SZA na capa de “SOS” no vídeo. O clipe foi filmado em Ilhabela, no litoral de norte de São Paulo, e a música tem riff de guitarra de “Ziglibithiens”, música lançada em 1978 pelo costa-marfinense Ernesto DjéDjé. Traz a bebida que pisca pra gente acompanhar a nova era do Bemti, animei demais.

Bemti por João Terezani
Detonautas em foto de @jvportugal
Jade Baraldo no Dolores Club
Batuquedelas em foto de @talitadelpenho_
50 anos de "Vida Bandida" com Lobão
Madonna na The Celebration Tour no Rio
Boiola Room Erotica
V de Viadonna
A banda O Grilo
The Calling no Vivo Rio
Mãeana Canta JG
Tortoise por Andrew Paynter

A Detonautas Tour 20 anos – acústico” passa por Jufas nesta sexta (3), às 20h, no Cine Theatro Central, com Tico Santta Cruz entregando sucessos como Você Me Faz Tão Bem”, “Olhos Certos” e “O Retorno de Saturno”.

Na sexta-feira (3), a Fundição Progresso recebe o show “Violivoz”, com Chico César e Geraldo Azevedo, com o encerramento de Mãeana cantando JG (João Gilberto e João Gomes). . 

O show “As Vozes de Jade Baraldo” acontece sexta  (3), às 21h, no Dolores Club, no Centro do Rio, com compilado de sua trajetória e clássicos de suas maiores referências artísticas femininas (Sarah Vaughan, Gal Costa, Elis Regina, Nara Leão).

Sábado (4) tem samba no Museu Ferroviário, a partir das 14h, com o grupo Batuquedelas, em homenagem ao Mês do Trabalhador.

Lobão faz show sábado (4), comemorando 50 anos de “Vida Bandida”, às 20h, no Cultural.

Tenho postado fotos de cartazes de excursões para o show da Madonna no Rio, neste sábado (4), teoricamente às 21h45, o “The Celebration Tour“, com abertura de Diplo, na Praia de Copacabana. Claro que a comunidade gay terá uma série de festas after orbitando em torno ao bafo, com V de Viadonna, Boiola Room Erotica, Tretonna e até o Blue Note Rio na onda, com Alma Negrot, Claudia Assef e A Bruxa Cósmica.

No Circo Voador, o finde tem lançamento do álbum maneiro “Tudo acontecer agora pt.1”, da banda paulistana O Grilo,  na sexta (3), e os capixabas que amamos da Dead Fish, lançando o “Labirinto da Memória”, no sábado (4), sempre às 20h.

Os americanos da banda de rock The Calling fazem show no domingo (5), às 20h, no Vivo Rio.

A icônica banda de Chicago Tortoise toca o emblemático disco “TNT”, na íntegra, no dia 9 de maio, no Cine Joia, em São Paulo.

Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023,  2022, 2021 e 2020 nos links

Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Alex Andwanter, Adriatique + Eynka – (Hatshepsut Version, Alex Wann Remix), Kiesza, dadá Joãozinho, Don L, Duquesa, Mitski, Anitta, Boombeat + Urias + Duquesa, Chance the rapper, Twenty One Pilots, Fresno + Pabllo Vittar, Josyara + Juliana Linhares, Dino D’Santiago + Luedji Luna, Metronomy + Naima Bock + Joshua Idehen, Fat White Family, Orbital, Zoe Ko, Madison Beer, Christine and the Queens e Black Pantera

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