Sexta Sei: Música carnavalesca, tecnobrega e cumbia psicodélica no jeitinho de tocar rock de Gabriel Thomaz

Homem de frente da Autoramas lança primeiro disco solo, “Multi-Homem”, no qual faz tudo, menos tocar bateria

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

 

Fotos de Gilbert Spaceh

Gabriel Thomaz é sinônimo de rock and roll, tanto pelo visual, sempre com o topete feito para alcançar as estrelas, quanto pela dedicação a bandas que são emblema do estilo. Acompanho seu trabalho desde os anos 90, na banda brasiliense Little Quail & The Mad Birds, filhote do Miranda na Banguela Records, e também nos Autoramas. O homem respira rock, injeta rock na veia e o que mais conseguir fazer com o rock, ele faz. Pois ele misturou o rock a música carnavalesca, tecnobrega e cumbia psicodélica, tudo no seu jeitinho de tocar roqueiro para o seu primeiro álbum solo, “Multi-Homem” (selo Maxilar),  no qual ele gravou tudo, menos bateria, a cargo de Fernando Fonseca. Os dois apresentam o álbum ao vivo, neste sábado (21), às 22h30, na Audio Rebel, no Rio de Janeiro. Batemos um papo sobre o trampo solo, rock’n’roll, Miranda e as melhores versões roqueiras, como a que ele fez para “Você não serve pra mim”, de Roberto Carlos,  no álbum.

Moreira – “Peru Pará” é quase um frevo, e “Carambola” é tipo uma marchinha rock? Mano do céu, tá muito divertido… Como você processou tecnobrega e cumbia psicodélica nesse  álbum de rock? Você tocou todos os instrumentos, menos bateria, como foi o processo?

Gabriel Thomaz – Eu tinha muitas composições que fugiam ao estilo do Autoramas e resolvi fazer um novo projeto pra tocá-las e gravá-las. Gosto muito do tecnobrega (som do Pará) e da cumbia psicodélica (som do Peru) e isso deu em “Peru Pará”. Como você falou, gravei tudo, menos a batera e a percussão, que  foram gravadas por Fernando Fonseca e Bárbara Fagundes, respectivamente. Meu amigo Edu K também fez as percussões eletrônicas em “Peru Pará” e “Ki Delícia, Ki Loucura.

Moreira – Achei muito bacana a participação da Márcia Castro, já a assisti ao vivo em um evento da História Sexual da MPB, do Rodrigo Faour, e adoro o clipe das duas noivas, “Dia sim”. Como foi a troca com ela? Vocês se conheceram no “Canta Comigo?”

 Gabriel Thomaz – Ela é o máximo! Ficamos amigos quando fomos jurados juntos no “Canta Comigo”. A voz dela em “Carambola” era o que a música pedia. Adorei o resultado.

Moreira – Você sempre fica feliz quando eu digo que AMO Little Quail & The Mad Birds. Esse disco formou meu caráter, querido…… “UU… is a monster”. Todos os lançamentos do selo Banguela Records, aliás, Raimundos, Chico Science e Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Graforréia Xilarmônica (desmaio de amor) e Pato Fu… Como foi trabalhar com o Miranda?

 Gabriel Thomaz – Foi o Miranda que me colocou no mercado da música. Ele sacava de tudo de música e me ensinou muita coisa, além de ser muito amigo e muito hilário. Saudades dele.

Moreira – O Autoramas continua firme como sempre? Adoro o som de vocês e acho o trabalho de resistência cultural. O rock morreu, como gostam de falar, os jovens, nas mídias sociais?

Gabriel Thomaz – Sim! Em 2023, o Autoramas completa 25 anos. Vamos fazer muita coisa em cima disso e comemorar bastante. Nenhum gênero morreu. Quem fala isso está desinformado. Ignorância nunca foi uma virtude.

Moreira – Eu amo versões, fiz até uma playlist. Ficou muito daora a sua versão de “Não serve pra mim no álbum Sabe qual música eu queria ouvir uma versão bem rock? “Vou recomeçar”. Quais versões você recomendaria para a minha playlist e quais ainda quer gravar?

Gabriel Thomaz – Já toquei essa música com Lafayette & Os Tremendões! Tem muitas músicas que adoraria fazer versões. Tem várias músicas pouco conhecidas do Erasmo que quero tocar, por exemplo. Adoraria tocar “Rocks” do Caetano, sempre canto essa em karaokê. Recomendo “Paperback Writer” com o B-52`s, Secret Agent Man” com o Devo e “Cuide Dela Direitinho” com o Erasmo!

Abaixa que é tiro!💥🔫

Extremamente alto-astral e cheio de amor pra dar o clipe do coco “Quem é teu baby?”, que o carioca radicado em Los Angeles Leopold Nunan acaba de lançar, em parceria com a lendária cantora brasileira Sonia Santos, sucesso da Som Livre, das trilhas das telenovelas da Rede Globo e do Fantástico, nos anos 70, e sua companheira e também cantora Ana Gazzola. O single, composição de Beto Brown, é o primeiro do álbum “Leo from Rio”, que ele lança, esse ano, cantando em português. O álbum é uma homenagem ao pai de Leopold, o médico cirurgião e professor Virmar Ribeiro Soares, piauiense morto há sete anos que deixou, no testamento, mais de 300 raros discos de MPB, entre eles, o álbum “Crioula”(1976), de Sonia Santos, que Leopold encontrou, em Los Angeles, em seu trabalho como dublador. Como em “Ballin’ in Beverly Hills”, a moda é protagonista do clipe, com looks (muitos) pra lá de absurdos.

Sonia Santos, autografando "Crioula"(1976)
O mural da professora Priscilla de Paula
Mais do mural da professora Priscilla de Paula
Pekena Lumen
Priscilla de Paula e alunos do IAD
Fábio Menino
Andrea Dorea

Quando fiz a faculdade de jornalismo, na UFJF, entre os anos de 1993 e 97, ainda não havia o Instituto de Artes e Design (IAD), lá no topo da monta mais alta, meu lugar favorito em Jufas. O instituto abriga os cursos de Artes Visuais e Design, Cinema e Audiovisual, Design, Moda e Música.

As paredes cobertas por murais de altíssima qualidade artística e os armários dos alunos, que cada um customiza a seu gosto, transformam o IAD em uma galeria pública e gratuita. Gostoso demais.

Amandha Moraes, 20, "As Damas Solitárias", sobre "a solidão que nos envolvee faz parte dos nossos dias."
Isabella Fonseca e Silva, 20, "como produzir um quadro alivia o caos interno"
Mel Pereira Lomar, 20, "Do real ao simbólico", sobre a expansividade proporcionada pela pintura
Natália de Cássia, 20 anos: conjunto "Deserto", mostrando as dificuldades encontradas na reconciliação da família
Gab Monteiro, 22, "o que trazem os meus pesadelos"
Lohanny de Almeida Silva, 20 anos, conjunto de experimentações de pintura abstrata, para explorar movimento, contraste e textura visual
Nicole Pinheiro de Araújo, 20 anos, "às vezes, a felicidade esconde a solidão"

A convite da Priscilla de Paula, minha companheira nas primeiras edições do fanzine Bat Macumba, estive no IAD pra conferir os trabalhos os alunos da disciplina Pintura II, destacados acima.

Sara Não Tem Nome. Foto: Randolpho Lamonier_e Victor Galvao

A multiartista mineira Sara Não Tem Nome passou por aqui exatamente há um ano, no papo com O clube das  Exaustas, grupo artivista que forma com Julia Branco e Luiza Brina. Ela acaba de lançar o seu segundo álbum, A Situação” (selo Natura Musical), que foi anunciado, ano passado, no divertido e político clipe de “Pare”, uma marchinha, e fala muito sobre os últimos quatro anos vividos no país, antes da posse de Lula.

O vocal agudo e etéreo é ferramenta para reflexões e um grito de sufoco preso. “Dejà vú”, foi composta na época do impeachment da Dilma. Os arranjos são repletos de camadas e movimentos, com uso criativo e melancólico de cordas e sopros. Eu selecionei “Agora”, com Tantão, para a playlist desta sexta, porquê AMO Tantão.

Mart'nália faz show no Sensorial. Foto: Nill Caniné
A banda Saginata no Nécessaire
Bianca, do hit "Ai, preto", no Rocket
ONZE:20 no Cultural

Sophia Bispo, volta e meia, passa por aqui como expoente da novíssima geração de poetas da cidade, que tem Laura Conceição como emblema. Estreia no YouTube, hoje (20), às 20h, o curta-metragem “A morada”, de 30 minutos, inspirado no poema da gata, “A cozinha”. Um caso de urgência em fazer arte.

A cantora Mart’nália faz show “Só Sucessos”, neste sábado (21), às 21h, no Sensorial

Bianca, do hit “Ai, preto”,  faz show no Rocket, no sábado (21), às 22h.

As bandas de rock Saginata e Permaneço Deitada fazem show, às 19h, no Nécessaire, com renda revertida para protetores de animais independentes. O evento será mensal.

Sábado (21), às 22h, tem show da ONZE:20 no Cultural.

No sábado (21), começa o carnaval do Muvuka, com concentração no Museu Ferroviário (12h30h), cortejo (13h30), discotecagem com Viella no Viaduto Helio Fádel (14h) e show com o Muvuka (15h30).

Todas as segundas de janeiro, das 19h às 22h, a Banda do Ben se prepara para seu primeiro desfile de carnaval, no Bar da Fábrica, com entrada franca.

A 26a Mostra de Cinema Tiradentes inaugura o calendário audiovisual brasileiro e começa hoje (20) e vai até o dia 28 de janeiro, depois de duas edições realizadas apenas on-line, exibindo 134 filmes (38 longas, 3 médias e 93 curtas-metragens) de 19 estados.

O Festival do Verão de Belo Horizonte rola no domingo (22), às 10h, com quatro palcos e shows de Jack Johnson, Racionais MC’s, Anavitoria, Djonga, Baco Exu do Blues, Marina Sena, Matuê, Raimundos & Charlie Brown e mais.

Tive a honra de trabalhar e conviver, por sete anos, na redação da Tribuna de Minas, com a premiada jornalista e escritora Daniela Arbex. Seu livro “Todo Dia a Mesma Noite: A História não Contada da Boate Kiss” (2018), é a base da minissérie de ficção “Todo Dia a Mesma Noite”, que estreia, no dia 25, na Netflix. O trailer já dá pistas do clima da série, que chega dez anos após a tragédia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, o incêndio da boate Kiss, que tirou a vida de 242 jovens. A luta das famílias por justiça segue até hoje. No elenco, tem nomes como Erom Cordeiro e Paulo Gorgulho. Daniela, que é autora de outros bons livros e atuou como consultora criativa da série de cinco episódios.

Playlist com as novidades musicais da semana. Todas as playlists do 2012, 2021 e 2020 nos links.

Playlist de clipes com Ladytron, Arlo Parks, The Weeknd, Yaeji, Everything but the Girl, Mäneskin + Tom Morello, Miley Cyrus, Sam Smith + Koffee + Jessie Reyez, Alice Caymmi + Rachel Reis, Letrux, Yemi Alade, 2 Chainz, MAJUR feat. Xamã, Valesca Popozuda + Psirico, TINI, La Joaqui, Steve Aoki, Ben l’Oncle Soul, Masego, Now United, Otis Stacks e Black Pantera 

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