Sexta Sei: BADSISTA chega suave, cantando, em disco de estreia que mistura ritmos

Depois dos dois discos de Linn da Quebrada e um EP com Jup do Bairro, produtora mistura O disco tem house, dancehall, cumbia, funk, raggamuffin, uk garage, rock e muito forró

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fotos de Pedro Pinho com styling de Styling  MembranaANeco Oblangata

Entre os jornalistas de música, essa semana, no Twitter, o papo é que o ano de lançamentos nacionais acaba hoje, com a chegada, ao streaming, do álbum de estreia de BADSISTA, 27 anos, “Gueto elegance”, e o novo disco de Don L, Roteiro pra Aïnouz vol. 2″. Bati um papo com a produtora paulistana Rafaela Andrade sobre o calmo, sexy e reflexivo álbum, no qual ela canta o amor, o flerte, o tesão, aquela borboleta na barriga e na b*****”.

O disco tem house, dancehall, cumbia, funk, raggamuffin, uk garage, rock, muito forró e participações de Cronista do Morro, MC Yallah, Jup do Bairro, Rey Sapienz, RHR, Lari BXD, Ashira e Ventura Profana. Tá gostoso demais. Falamos de como foi trabalhar com ícones como Linn da Quebrada e Jup do Bairro, cujo EP deu o click pro álbum de agora. Também falamos de projetos sapatônicos que ela curte, como EVEHIVE, Eris Drew e Malka.

​​Moreira – Acho que o mais surpreendente do disco “Gueto Elegance” é como você se apresenta muito que bem como cantora. No release, fala que você já cantou em barzinho. Como foi esse processo de encontro com a Badsista cantora?

BADSISTA-  Cantar sempre foi algo natural pra mim, assim como tocar violão. Mas, pela repetição do repertório de barzinho, isso foi algo que deixei de lado desde que comecei a trabalhar como DJ e produtora musical. Tudo quando é muito, não é tão bom assim, né? Então, voltar a cantar foi resgatar uma parte que sempre fez parte de mim, só que, dessa vez, com mais carinho, maturidade e inteligência. Coisa que, não tem como, só se ganha através do tempo. E poder mesclar isso juntamente com o que aprendi nos últimos anos foi muito bom. Me senti desafiada e mais amiga de mim mesma ao mesmo tempo.

Moreira – Surpreendentemente, o disco deixa a fritação um pouco de lado para dar lugar a uma Badsista reflexiva, por vezes, romântica. Tá mais madura? Fala mais desse lado mais calmo do disco e seu também.

BADSISTA –  Sim, me sinto mais madura. Me sinto finalmente colocando meus pés no chão depois de alçar um voo loloki nos últimos anos. E, depois desse tempo longe de tudo, só quero focar nas coisas boas. Agradecer pela possibilidade de amar as pessoas que amo e por elas me amarem também. Queria proporcionar essa sensação. O amor, o flerte, o tesão… Aquela borboleta na barriga e na b***** que dá quando tamo nesse jogo. Dar a devida importância pro agora, pro presente e não só depois dos 50, se dar conta de o que vivemos era bom.

Moreira – O disco é filho da pandemia, né? Foi bom ter esse tempo para produzir? Quais são as referências musicais do disco, o que você tem ouvido? Eu senti cheiro de baile charme e Kraftwerk, por exemplo… E fala de como pintaram as participações do disco.

BADSISTA – Esse álbum foi feito com muita paciência. Eu gosto muito de deitar e dormir na ideia. Acho que só assim é possível passar dos limites da sua criação. Quando ouço o álbum vejo house, dancehall, cumbia, funk, raggamuffin, uk garage, rock e muito forró... Vejo um grande caldeirão de vários personagens dos guetos globais. É isso que toco desde 2015 e, na hora de criar, é impossível controlar e não deixar esse monstro mostrar os dentes. Mas pra ser sincera? Bebi muita Lady Gaga e Rihanna pra fazer esse álbum, em questões estéticas mesmo. Buscar o “diferente” dentro do shape de música pop. E deixar a minha síntese de vários anos se jogando em diferentes espaços e se deixando inspirar por isso. Foi nesse rolê que me conectei com todo mundo do álbum. Todo mundo de alguma forma cruzou meu caminho nesses últimos anos e isso foi se dando de forma natural. O álbum se construiu como uma grande quimera, as peças foram se juntando e, aí, quando ouvi tudo pela primeira vez, senti que finalmente tinha chegado num ponto que gostaria como primeiro álbum. E também acho que esse grande eixo atravessa todos que estão dentro do álbum, o gueto e o fato de sermos corpos plurais dentro desse lugar que nos cria.

Moreira – Seu nome foi revelado à cena nacional pelo excelente trabalho de direção musical para os dois discos de Linn da Quebrada e o EP de Jup do Bairro. Como é trabalhar com duas artistas tão fortes e potentes? O que te ensinou? Quando vem o disco da Jup?

BADSISTA – Sempre dei muito valor em trabalhar com elas, pois elas sempre me deixaram muito livre pra criar. E é isso que eu gosto, ser valorizada pelo que sou, pelo que ofereço ali como troca nessa relação. Então, sempre construímos tudo muito juntas, trocando demais e dando valor pro que a outra tava dizendo. É aquela hora que o ego vai embora né? Vai embora porque temos um objetivo a atingir que é muito maior que nossos egos. Mas sinto que o “Corpo sem juízo”, da Jup, foi o que me deu o clique de pegar pesado em fazer o álbum. Pensar a obra como um todo, se desafiar e literalmente mostrar pro que você veio rs.

Moreira – Eu tenho interesse por projetos lésbicos e muito orgulho de ter feito matéria com o Isoporzinho das Sapatão e mashups e festas com as meninas do Sapabonde, de Brasília. Recentemente, conheci a Sapataria. Estou tentando entrevistar a GA31 tem mais de um ano, apesar dos boatos. Historicamente, existem menos projetos sobre esses assuntos dentro do mundo gay. Quais projetos e artistas sapatônicos você curte e recomenda?

BADSISTA – Curto muito a EVEHIVE, Eris Drew, Malka, também ja toquei na Velcro RJ e é uma das festas mais massas que já colei. Agora te falar, sei nem mais quem ou o que é sapatônico é hoje em dia.. Tá tudo tão híbrido e virando várias coisas que fica difícil pensar em muitos omes. rs

Abaixa que é tiro!💥🔫

Foto: Jef Delgado

Essa é a segunda vez que o festival americano Afropunk, referência mundial em cultura negra e ativismo, finca seus pés em Salvador. A primeira foi no ano passado, quando um palco com curadoria de Larissa Luz mostrou o novo som de Salvador, com belos momentos, como o encontro de Hiran e a banda que eu amo ÀTTØØXXÁ, “Tem mana ro rap”.  Desta vez o rolê é sério, com uma sucursal, Afropunk Bahia, “mostrando que baiano pode mudar o Brasil”, que rola neste sábado (27), a partir das 17h30, com transmissões pelo YouTube e site. O line up é estelar e une duplas de artistas, como o rapper Mano Brown e a aposta do R&B Duquesa, Tássia Reis e Ilê Aiyê, Luedji Luna e os cariocas do Yoún, Malia e Margareth Menezes e, por fim, Urias e Vírus. Na programação, ainda tem performances de Jadsa e Giovani Cidreira, além de Deekapz, Melly e Cronista do Morro e Batekoo, Deize Tigrona, Tícia e Afrobapho. Os shows serão transmitidos direto do Centro de Convenções Salvador.

Leci Brandão em foto de Nego Júnior

Na quinta-feira, dia 2 de dezembro,  Dia Nacional do Samba, rola a transmissão da 2ª edição da Virada do Samba, a partir das 19h, com programação 100% feminina. O line up é de ícones da nossa música, com Tia Surica, Leci Brandão, Fabiana Cozza e o Samba de Dandara convidando Nilze Carvalho e Raquel Tobias. As transmissões acontecem direto do Bar do Samba, em São Paulo, pelo Facebook  e pelo Youtube. Tia Surica da Portela será acompanhada do violonista, arranjador e diretor musical Paulão 7 Cordas.

Instalação Jabim Nunes

Depois do longo hiato pandêmico, de 18 meses. o Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), da UFJF, retoma a sempre bem cuidada programação cultural com duas exposições imperdíveis, ainda em horário restrito, de terça a sexta-feira, das 14h às 18h. A primeira delas, “Sentado à Beira do Tempo, a poética de Murilo Mendes”, traz 55 artistas do país e do exterior inspirados pelo escritor e poeta juizforano. A mostra chega à cidade após temporada de sucesso no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro, onde recebeu a visitação de mais de 11 mil pessoas. A edição juizforana tem curadoria de Petrillo e trabalhos de Nina Mello, Jabim Nunes, Augusto Herkenhoff, Francisco Brandao, Ricardo Cristofaro e outros. O MAMM ainda apresenta  a mostra “Aquisições Recentes 2018.2021”, com obras de Manabu Mabe, Aldemir Martins, Emmanuel Nassar, Vik Muniz, Roberto Burle Marx, Fayga Ostrower e outros. As exposições ficam em cartaz até 6 de março de 2022. Viva a cultura.

BIARRITZZZ & GLOR1A na mostra virtual do Novas Freqüências

O festival internacional de arte sonora, música experimental e de vanguarda Novas Frequências, em sua 11ª edição, abre uma exposição virtual com 20 obras a partir do dia 1º de dezembro.  São 20 obras inspiradas no tema do festival, “Pra onde agora?”. Com direção de arte e programação 3D imersiva realizada por Felipe Nunes, a exposição conta com trabalhos de Aun Helden & QEEI; APT.LAB; biarritzzz & Glor1a (foto); Chama (Ana Lira convida Aishá Lourenço e Elton Panamby); Coletivo Turmalina; Deafbrick, Duma, Simon Grab, Genesys; Felipe Vaz; Inés Terra; Marabu, Levi Keniata, Beré Magalhães; Marcioz; Marcus Maeder; Novíssimo Edgar; Nicole L’Huillier; Pedro Oliveira; Rafael Meliga; Romy Pocztaruk & Caio Amon; Sara Não Tem Nome; Sol Rezza & Analucía Roeder e Wellington Gadelha.

Jorge Du Peixe por José de Holanda

No sábado (27), Amaro Freitas convida Zé Manoel e Lucas dos Prazeres, às 20h, no Sesc RJ.

Ainda no sábado, às 20h30, a Orquestra Ouro Preto faz tributo ao cantor e compositor Vander Lee, com participações de sua filha, a cantora Laura Catarina, e seu irmão, Marcos Catarina.

No domingo (28), às 17h, Simoninha e a Orquestra de Heliópolis convidam Di Ferrero e Helga Nemetik.

No domingo (28), às 18h, Jorge Du Peixe faz show de lançamento do disco “Baião Granfino”️️️️️, no qual interpreta músicas de Luiz Gonzaga, no Sesc ao vivo.

Inspirado nas canções do disco “Partimpim Dois”, da cantora e compositora Adriana Calcanhotto, o musical infanto-juvenil Baile Partimcundum” encerra sua temporada online no dia 28 de novembro. A peça terá apenas mais duas sessões neste fim de semana: sábado e domingo, às 17h, pela plataforma Sympla. Assisti e é bom demais, todos os Oscars pra mulher alface, maravilhosa.

O universo criativo do escritor Edgar Allan Poe,  do artista plástico Paul Klee e do desenhista, músico e cineasta Dave McKean inspiraram o novo espetáculo  da Confraria da Dança, que celebra seus 25 anos com a estreia de “Horizonte Submerso”, obra audiovisual que fica disponível para o público no Youtube da Confraria da Dança a partir do dia 29,  às segundas e terças, às 21h. Grátis. 

O Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades , que tem sua vigésima edição entre os dias 6 e 11 de dezembro, está com inscrições abertas para as oficinas temáticas on-line. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site primeiroplano.art.br até o dia 3 de dezembro.

Edson Leão, autorretrato

Amanhã, dia 27, chega às plataformas o primeiro disco solo de Edson Leão, o performático vocalista da banda Eminência Parda, “Mundos Achados e Perdidos – tocando solo”. O álbum tem produção, arranjo e execução de Julião Jr. e é fruto do distanciamento social. “Nasceu de experimentos caseiros de áudio e vídeo, feitos com celular, notebook, programas básicos de edição, manipulação de sons”, explica Edinho, que já liberou o single “Lullaby (canção de acordar)”. Os vídeos são da vídeo-poeta Patrícia Almeida, que recita poema se sua autoria em “Mundos Achados & Perdidos/Sobretudo” e faz intervenções vocais em “Digitália”. As letras trazem reflexões sobre os impasses que estamos deixando para as próximas gerações e tentativas mundiais de reviver valores arcaicos.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist de clipes  com Martinho da Vila + Alegria Ferreira, IZA, Ludmilla + Mariah Angeliq + Topo La Maskara, Chameleo, Rico Nasty+ Flo Milli, Anitta + Sam i + BIA + Jarina de Marco, Leona Vingativa, Quebrada Queer, Bemti + Fernanda Takai, Akira Presidente, Samora N’zinga, Larissa Luz, Chameleo, Christina Aguilera, Caetano Veloso, Air, Goldfrapp, Yelawolf, Marina Sena, e Martinho da Vila + Mahmundi + Leo Santana + BK’.

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