Sexta Sei: ÀIYÉ joga um holofote de LED na ponte entre a pista e o terreiro com “Transes”

Segundo albúm mostra a vivência umbandista da artista, que acaba de ser consagrada ogã (médium responsável pelo canto e pelo toque)

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

ÀIYÉ por Hannah Carvalho

Hoje, a #sextasei “é uma encruzilhada mesmo, um altar de todos os santos, a mistura do Brasil com o Egito, queridas”, como avisa a artista que eu gosto ÀIYÉ, personificada por Larissa Conforto, a extinta e loura Larissa V, 33 anos, na faixa introdutória de “Transes”, o maravilhoso álbum que sucede “Gratitrevas” e chegou, abrindo os caminhos, pela Balaclava Records. Nosso papo é quase um podcast, mas escrito, risos, e a bruxa bagunçou o meu esquema de cinco perguntas, subdivindo-as em várias. um papo de muita gratidão e encontro. “Transes” mostra a vivência umbandista da artista, que acaba de ser consagrada ogã (médium responsável pelo canto e pelo toque), e joga um holofote de LED na ponte entre a pista e o terreiro, o sagrado e o profano, synths e santos. Ela me contou que “a umbanda é sobre mudar as coisas aqui e agora. Já! Uma prática política revolucionária.” Todos os itálicos, no papo, são observações minhas.

Moreira – Preciso te contar que “Exu (tenho fome)”  me tocou de forma muito pessoal e, além de colocar meu olhos bem atentos ao seu trabalho, que eu consumi vorazmente, abriu uma nova perspectiva, pra mim, ateu, quanto às religiões de matriz africana. Ela é inspirada em um Itan (relato místico) de Exú orixá, é algo cantando nos terreiros?

ÀIYÉ – UAU! Me alegra muito saber disso porque essa é a exata intenção do meu trabalho: espantar as pessoas, trazer algo de mundano que desperte uma identificação, conexão ou qualquer interesse nos nossos cultos de ancestralidade para além da idéia distante e imaculada de religião. A música fui eu que compus mesmo, infelizmente não é um ponto cantado nos terreiros (quem sabe um dia?), mas esse Itan (mito) é muito conhecido nas casas de culto ao orixás, sim. Eu pude ouví-lo em vivências distintas, em terreiros distintos, e sempre me impacta de forma diferente. A primeira foi em um processo muito lindo que vivi dentro do Quilombo da Vó Mironga, em Cotia (SP), enquanto trabalhava minha mediunidade em estudos com leituras, rapé, ayahuasca e outras medicinas da floresta. A segunda foi em uma palestra do Pai alê cumino sobre os traços profundos de Exú orixá, exú entidade, e as diferenças de visões e abordagens em diversas culturas. E por aí vai… A frase “tenho fome- diz a boca que tudo come” veio instantaneamente desde que ouvi pela primeira vez a história, mas depois que percebi a profunda relação que essa boca insaciável tem com o mundo capital-patriarcalista, entendi na prática a grandeza e poder de Exú. LAROYÊ! Exú é mojubá! (“Salve Mensageiro, Exu é tudo de bom”)

Moreira – A partir dessa faixa, comecei a abrir os ouvidos (e os caminhos) a outras obras sobre o tema, como os álbuns   “Aluayê – Os Novos Afro-sambas”, de  Chico Alves, Toninho Geraes e Trio Janaju, “Oríkì”, de Iara Rennó (tá vindo um volume dois aí, tremei!), a MC Tha todinha pra mim e o EP “Egbe Tóbi Ode”, de Diogo Veiga,  aqui de Jufas, um negro tentando alcançar a África. Como foi a sua conversão à umbanda? Eu fui criado em ambiente católico, eu mesmo já fui bem fervoroso, e fui uma única vez a um terreiro, confesso que fiquei um pouco aterrorizado com a incorporação de espíritos, bobeira, mas fiquei. Como os brancos são recebidos nos espaços dos terreiros?

ÀIYÉ – UAUUUU! Que honra a minha ter te aberto esses caminhos! Não conheço o Diogo Veiga, vou buscar! Cê conhece Alessandra Leão? (Sim! Indicada ao Grammy) Serena Assumpção? (Sim! Fundamental, estava citando de um ano pra cá, quando começou minha curiosidade, inclusive, Iara Rennó acaba de regravar “Iemanjá”). Bem, pra mim são apenas sete anos frequentando a umbanda, trabalhando em terreiros distintos. Quem me chamou? A morte. Quem me guiou? Meus santos e o atabaque, que também tem santo, e hoje eu tenho a grande honra de ser ogã (e isso aqui vai ser polêmico, haha faz parte!!) recém consagrada em uma casa de umbanda, aqui em São Paulo. Eu não venho de familia religiosa, né. Nunca fui batizada, na verdade meus pais são cientistas sociais, papai é um velho anarquista, mamãe filha de comunista preso e torturado na ditadura… Então eu tive uma criação que tinha uma relação controversa com religião. Eu gosto de dizer que pra mim, o mais dificil foi… aceitar Jesus, rs. O mais próximo que eu tive de espiritualidade e religião na infância foram minhas avós, que não eram nem um pouco católicas. Vovó Isis era amazonense e me deixou 47 tarots quando partiu, no dia do meu aniversário. Vovó Dyrce nunca gostou de igreja, mas vivia tomando passe, acendendo vela, indo em benzedeira… Aquela coisa, não acredito em deus, mas que deus me livre do diabo. Com 19 anos, eu tive as primeiras experiências mediúnicas, e comecei a estudar magia, simbologia, gostava de extraterrestres, e tal. Mas, aos poucos, algumas canções que ouvia nas rodas de samba em Vila Isabel, Tijuca e adjacências, foram ecoando na cabeça, fazendo sentido. Fui atrás da ayahuasca, e ela me levou direto pro terreiro. 

E eu me apaixonei à primeira vista! Nunca mais saí… Sobre a questão étnico-racial, assim como tudo na nossa cultura, é muito complexo e variável. Não posso falar por todos os espaços, mas posso dizer que a vivência de terreiro não é sobre branquitude, e é preciso que a gente aprenda isso. Antes de tudo, é sobre ajudar as pessoas. Sobre mudar as coisas aqui e agora. Já! Mas o que me encanta mais na prática da umbanda (e me fez ficar e e acreditar que a umbanda é, sim, uma prática política revolucionária) é essa capacidade de, com gestos simples e sem nenhuma teoria, reconstruir a nossa percepção da identidade brasileira, com base no culto ao Brasil profundo, às classes e grupos marginalizados da nossa sociedade. Sou doida pra falar mais sobre isso, talvez um podcast, papo mais longo, dar exemplos, contar causos! Mas o ponto central é que, de pouquinho em pouquinho, na simpleza, na humildade e na fé, vamos curando muitas feridas e preconceitos em nós mesmes. É preciso estar aberte, atente e disposte, para aprender, assimilar e reconstruir muitas crenças. Pra além disso, todas as pessoas são bem recebidas na umbanda! Independente de credo, sexualidade, gênero, cor de pele, classe ou cultura!

Moreira – Fiz uma consulta na Internet (acrescentando depois, confirmada por pai e mãe de santo, depois, em apurações em matérias na Tribuna de Minas, como me relembrei) pra saber o meu orixá de cabeça, e me identifiquei muito com o resultado, Nanã Buruquê, o orixá mais antigo do mundo.

ÀIYÉ – HAHAHA na internet!! Saluba, nanã! (“nos refugiamos em Nanã” ou ainda “salve a senhora da lama”) Salve suas forças! Poxa, vale a pena ir até uma casa de axé e consultar os búzios!  Se quiser vir conhecer o Ilê aqui em São Paulo… Eu aprendi que só os búzios e os seus guias podem te dizer quem são seus orixás, masss, como já vi de tudo um pouco, não duvido de nada nessa vida! Na umbanda a gente aprende a cultuar todos os orixás, antes de saber nossos pais. Mas sempre estamos recebendo sinais! Se você sente, então é isso aí!

Moreira – Seu trabalho oferece uma perspectiva embranquecida da umbanda?

ÀIYÉ – Meu trabalho oferece um pouco das coisas que aprendi, dentro e fora das vivências na umbanda, com muito amor, respeito e fé nos orixás e guias. Tem músicas que foram sopradas, que não são nem minhas. “Ori”, por exemplo, que é em Yorubá, eu recebi em sonho. Eu só fiz a parte em inglês, que é uma tradução quase literal. Por um tempo, eu achei que não deveria levar músicas de santo pro meu trabalho. Foram muitos questionamentos e direcionamentos até eu chegar aqui. Ainda sigo questionando, aprendendo… Mas hoje eu entendo que não é sobre mim.

Moreira – De certa forma, você aborda o tema de uma forma nova, leve, pop, que atiça a curiosidade de quem te ouve e não saca o tema. Eu mesmo tô nas suas mãos, Larissa, risos, me leva.

ÀIYÉ – Que bom que você trouxe isso! É a intenção mesmo, sabe? Que nossa história possa ser vivida e pensada a partir de outros pontos de vista. Que a cultura pop possa absorver outras visões. Que nossas formas distintas de cultuar o divino possam permear as novas formas de se pensar o futuro! Sabe, às vezes, parece que os santos e orixás são histórias de antepassados que moram dentro de um livro empoeirado, sendo que na verdade elas são histórias reais, de agora, de todo dia! Os orixás são as forças da natureza, eles existem e falam com a gente! Os santos nos guiam todos os dias, não é algo extraordinário, é super ordinário, é tão básico quanto beber água, tomar banho, fazer xixi. Isso não tá no passado, não morreu com nossos ancestrais, é algo que nos pertence, nos permeia, nos habita!

Moreira – A verdadeira questão racial dentro deste tema tem a ver com os números de violência contra os praticantes das religiões de matriz africana no Brasil, o racismo religioso. Só em 2021, foram 571 denúncias de violação à liberdade de crença no Brasil, segundo a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH). Existe muita perseguição? Como podemos combater isso? É mais uma face opressora do racismo?

ÀIYÉ – Sim, com certeza, a perseguição e violência vem aumentando cada vez mais nos últimos anos. Na minha casa mesmo, tivemos que instalar câmeras, buscar seguranças parceiros, e registrar documento e foto de todo mundo que entra. São medidas que adotamos pra nos sentirmos seguros dentro da nossa própria casa. É muito duro. Tivemos muitas notícias de casos de incêndios, mortes, e situações de violência pesada devido à intolerância religiosa. Estamos sempre em vigília, sempre nos comunicando, dando suporte às casas da região… Mas a violência é diária. Quando vamos fazer nossas entregas, por exemplo, o medo é que chegue a polícia. A mesma polícia de um estado laico que, recentemente, declarou o dia nacional das religiões de matrizes africanas… São traços do racismo estrutural em que vivemos, acrescido de um cenário de extrema ignorância e violência instaurado pelo bolsonarismo. A gente sabe. Mas a gente acredita que é possível amar e mudar as coisas. Com muita fé! Eu, particularmente, acredito que cada um luta com as armas que tem, e as minhas são minha voz, meu toque de tambor, minhas palavras e minha fé. Levar conhecimento e entendimento pra fora do terreiro é também uma forma de combater o preconceito. Que tenhamos sempre mais: Orixá nas rádios, Orixá nas escolas, Orixá nas pistas de dança, na boca do pôvo, Orixá na vida!

“Diablo XV”

Moreira – O que significa ÀIYÉ na mitologia iorubá? É a Terra ou o mundo físico, paralelo ao Orún, mundo espiritual? Foi o que achei na Wikipedia. Tem uma bela sonoridade o nome. Escreve em caixa alta?

ÀIYÉ- Sim :} ÀIYÉ é o mundo físico, a terra, a matéria, a parte material de Orum, o mundo espiritual. É também chamada de “o mercado” em muitas traduções, onde as coisas se misturam, onde se fazem as trocas. Tem muitas formas de escrever e pronunciar essa palavra. Esse nome me foi dado, soprado no ouvido, com a escrita assim, de acentos abertos, como portas abertas, um portal!  Eu honro muito essa alcunha e agradeço todos os dias <3

Moreira – Você começa o álbum com uma fala muito divertida, ri junto bem gostoso, “Esse disco é uma encruzilhada mesmo, um altar de todos os santos, a mistura do Brasil com o Egito, queridas”, risos. Tem que ter charme pra dançar bonito? É o Tchan marcou muito a nossa geração, né? Eu fui cobrir, como repórter, a escolha da morena o Tchan (é linda, como a loura) no Domingão do Faustão, babado, rs. Eles voltaram agora e continuam matadores, amo demais, eles são muito craques da música e é algo que formou muito nosso caráter, né, assim como a Xuxa, risos. Tinha tudo pra dar errado, pois fundado no sexismo e na objetificação do corpo, e deu bom.

ÀIYÉ – EXATAMENTEEEE, tem que ter charme pra dançar bonito! Acho que esse é um convite pra mim mesma, sabe? Pra me levar um pouco menos a sério, não que eu vá abandonar a luta, mas talvez pelejar na leveza, na alegria, e riso frouxo! Já tá tudo tão pesado! A gente precisa criar redes pra deitar, braços pra abraçar, carinho… É o tchan é tudo de bom, tudo de ruim ao mesmo tempo, rs! É disso que eu falo quando cito a encruzilhada, sabe? As coisas tem muitos lados, mas eu quero olhar pro que me alimenta, pro que me deixa feliz! Claro que é um festival de máximas machistas e da hipersexualização do corpo feminino, que era bem comum nos anos 90 e 2000…  Mesmo assim, foi um fenômeno que unificou a gente, formou nosso caráter, total! No fim das contas, a gente segue se reconhecendo no rebolar das bundas, remexer dos ombrinhos, na célebre memória do cumpadi UÓshington. hahahah . Genteeee imagina estar nesse grande evento!!! Que tudo!!! A morena foi quem, a Scheila Carvalho (sim, juiz-forana gente boaça, educadíssima, uma princesa)? Eu me lembro da carreria solo da Sheila Melo, “Água, tô virando aaaaaagua corredeira abaixo” – canção que embalou as pistas das baladinhas LGBT do Rio na minha adolescência, e que depois eu honrei na fase adulta, sendo DJ! Hahaha. (passado que não conhecia aaaaaa)

A capa de "Transes"

Moreira – Você mora na Casa da Bruxa  ‎🧙‍♀️ ? Conta tudo? Que nome brabo! Adoro a descrição do álbum, “um holofote de LED na ponte entre a pista e o terreiro, o sagrado e o profano”. Synths, santos e overdrives! Fala mais sobre as misturas que você fez no caldeirão. Eu acredito que está tudo conectado nesse mundo, estava elaborando as perguntas e um amigo mandou o último clipe de Rodrigo Cuevas, uma das referência do álbum, fiquei altamente impactado, abre até a playlist desta #sextasei.

ÀIYÉ – Eu moro na casa da bruxa, inclusive eu SOU a bruxa! Hahahah. A gente gravou aqui tudo no meu apê (exceto as baterias que foram na Fauhaus, o baixo acústico que foi na casa do Fabinho Sá, e os atabaques do ATABLOCO que foram na Motim lá no Rio). Se você vier aqui, não vai acreditar. É um apê mesmo, tem alguns equipamentos simples, nada muito sofisticado, uma placa de dois canais, dois microfones, um tecladinho midi e nossos computadores. O Dipo (Diego Poloni) é muito sinixtro nesse quesito, já gravou muita coisa foda em casa, eu aprendo tudo com ele. O garoto sabe tirar som de qualquer coisa. Claro que a grande maioria das coisas é sampleada, programada, feita em midi, etc. Mas a gente gravou percussão, à vera, aqui no quartinho! Guitas, vozes, violões, tudo. Eu falo assim, mas é claro que adoraria ter tido acesso a um super estúdio, músicos, ensaios, e toda uma estrutura massa e confortável, como deve ser. Mas se eu ficar esperando o edital, o patrocinador, o não sei o quê pra realizar isso… Eu não vou fazer nada. A melhor ferramenta é a que você tem, né? Fizemos o melhor com o que tínhamos. E quando faltava algo (um timbre massa de synth antigo, um solo de saxophone…), a gente ia buscar nas gravações antigas, que fizemos com outras bandas, ou corria pra uns bancos de samples, cortava uma notinhas de um prophet caríssimo, e ia mudando o pitch montando os acordes! Em “Saci”, tem um solo que eu fiz com a voz, que era pra ser um clarinete… Não consegui clarinetista, então foi a voz mesmo, sintetizada no próprio Ableton. A gente usou quase tudo de plugin nativo, nada fancy, tudo pra ficar leve e dar pra abrir o software em qualquer máquina! Também reciclamos muitos sons, tipo o solo de sax de Bad Omens, que foi gravado nos anos 2010, pro disco do Campbell Trio (bandassa lá de Porto Alegre), e não foi usado. Era um take que ficou no lixo!!! Imagina isso. Pois bem, nós sampleamos a nós mesmos, cortamos, colamos, retorcemos… E mexemos o caldeirão! Esse disco tem um monte de easter eggs… As refs vão real de Britney Spears a Rodrigo Cuevas, passando por Cartola, Clara Nunes, Rosalía, Radiohead, Björk, Sevdaliza, FKA TwigsAAAAA que tudo!!! Eu AMO o Cuevas, acho o trabalho dele absolutamente inovador, pra frentex, irreverente, foda!

“Onda”

Moreira – A gente já se encontrou pessoalmente? Eu lembro muito de você nos flyers de festas na época da Gema TV, creio que vinculada ao Party Busters, dei várias notas, fomos contemporâneos no Rio de Janeiro, mas minha memória falhou aqui se já materializamos. Ou é espiritual? Pois me sinto conectado a você. Agora vou te falar: se é amiga de Duda Brack e Sara não tem nome é minha amiga também, é fechamento, sou amigo virtual da Sara e completamente apaixonado por Duda, aquele clipe que a mulher é stripper me derruba demais. Ela tem a força dos mil vulcões, né? Move as camadas tectônicas da emoção, com disse aqui a  Natascha Falcão.

ÀIYÉ – Varias vezes!!!! Eu ia muito na Bootie Rio (minha festa), tava sempre por Fosfobox, Casa da Matriz, Odisséia, Cine Lapa, Pista 3, etcetc! Eu era a Larissa V, (caraleooooo, verdade) DJ, loiríssima, maior viagem, parece outra vida!! Mas certeza que tem conexão espiritual também! Sarita e Duda são parceironas, irmãs que a música me deu. Amo e sou fã, e me sinto privilegiada em ser contemporânea a elas, sabe? Que lindo, Duda tem mesmo a força de mil vulcões! Engraçado porque escrevi pra ela outro dia pra fazer uma música sobre vulcões… (está tudo conectado, meu amor). AMOOOOO. Beijo grandão, querido, muito axé pra você e pros seus, que a gente se reencontre logo mais!!! Me escreve qualquer coisa, qualquer dúvida, tô aqui! L.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Vitor Novello por Ana Szwarc
Foto: Saulo Segreto

Que grata surpresa receber a sugestão da estreia musical de Vitor Novello, ator carioca, compositor, escritor e cantor de 27 anos que começou a atuar ainda criança, aos dez anos, em “Peter Pan”, dirigido por Sura Berditchevski, com passagens por cinema, teatro e televisão, com destaque para participações na novela “Paraíso Tropical”, no musical “Clube da Esquina, Os Sonhos Não Envelhecem”, dirigido por Dennis Carvalho, e no longa “Não pare na pista”, de Daniel Augusto, sobre a vida de Paulo Coelho

Ele acaba de lançar o belo single “Não corra perigo”, em parceria com Luigi Tedesco e Ivo Costa, da produtora Reurbana, que antecipa a chegada de seu primeiro álbum, “À beça”, previsto para 6 de maio, e está belíssimo e lagartão no visualizer simples, bontto e perfeito da faixa, dirigido por Lara Coutinho e Gabriel Rochlin. “A canção surge de uma investigação pessoal sobre este lugar confortável aonde vivo, das coisas passarem por nós sem realmente nos atravessar. São tantas informações, imagens e movimentos, mas nada nos captura de corpo e alma.”, pontua Vitor. Tatu cheira tatu, né, e ele teve  o auxílio do amigo Thales Cavalcanti, que já sextou aqui, lindamente , em sua estreia com o belo “Verde Maduro”, na bateria.  

As galinhas 🐓🐓🐓, pelo que parece, se amaram em música instrumental. Já falei aqui do projeto Chicken from Angola, de João Brasil e do percussionista Zero Awá. Agora, o artista e bandolinista vencedor do Grammy Hamilton de Holanda lança seu mais novo álbum instrumental, Flying Chicken, acompanhado de  Salomão Soares nos teclados e Thiago ‘Big’ Rabello na bateria. O Chicken aqui é uma homenagem a Ricardo ‘Frango’, o técnico de som que acompanha Hamilton de Holanda desde a década de 1990. A música instrumental tem esse poder de nos transportar a lugares da emoção e dos sentimentos, da imaginação, um mundo aonde as galinhas podem voar, sim senhor. A música-título, que ganhou clipe, é uma mistura de jazz, choro e groove, com melodia em espiral que lembra trlha de desenho animado. O álbum é uma perfeição, com som limpo, cristalino, amadeirado e quente. 

Big Rabello, Hamilton de Holanda e Salomão Soares em foto de Dani Gurgel

Geral arrepiou com o lançamento do segundo álbum de Julia Mestre, “doce feito chuva de caju”, como diz a letra da canção “Chuva de caju”, que destaquei na última playlist sextante, parceria com Ana Caetano, do duo Anavitória. “Arrepiada” foi batizado com palavra feminina, imagética e sonoramente impactante pela integrante do Bala Desejo, que compôs a maioria das faixas durante a pandemia. O álbum, delicioso, traz canções dela em parceria com João Gil (Gilsons), Dora Morelenbaum, Zé Ibarra e Lucas Nunes (Bala Desejo) e a dupla de produtores musicais Lux & Tróia, do time de Duda Beat. O álbum passeia por gêneros musicais variados, como xote, forró, disco, bolero e reggae. Bem gostosinho, viu. A produção é do talentoso Lux Ferreira, e as faixas foram gravadas no quarto dele, inspirados pelo método de Billie Eilish.

Quem acompanha aqui a página sabe que eu sou cheio dos amigos virtuais. Pra mim, é igual. Foi por isso, aliás, que eu fui morar no Rio, graças aos contatos que fiz pelo Fotolog. Pois tem mais de uma década que eu sou amigo virtual do boa praça Marcão Baixada, rapper de mão cheia, rei da canetada da Baixada Fluminense que acaba de lançar o álbum visual “Repertório”. Recentemente, trabalhamos juntos, na Batalha do Real na Baixada, mas ainda remotamente. “É que o produto que eu vendo é tão sofisticado / Depois que eu rimo, o microfone tá santificado“, rima em “Rap sem refrões e pontes”, faixa que esteve  no foco, no lançamento, e passou aqui pela playlist sextante. O álbum visual tá aqui, e o lançamento tem produção executiva do selo e agência musical Mondé, com produção e mixagem do próprio Marcão na maioria das faixas. 

A banda indie Bala de Eucalipto em noite de rock 0800, no Maquinaria
Diogo Veiga no Beco. Foto Thiago Britto
Samba de Colher. Foto: Natthalia Pacheco
Banda do Ben. Foto::Estela Loth
DJ Vermin. Jamalzin e RT Mallone, os brabos. Foto: Caroline Lagrimante
Pekena Lumen na Praça da Melquita

Nome do rock independente mineiro, a banda indie Bala de Eucalipto é convidada do nosso craque Baapz para noite de rock 0800, com entrada franga, u-hu, nesta sexta (21), no Maquinaria que a gente gosta, fabricante do caipimate que alimenta o meu viver, rs. Vou confessar uma coisa: amo ficar no fumódromo de lá, levando fumaçå na cara e lembrando dos meus anos de fumante. Em julho, faço quatro anos sem fumar, inshalá. Mas adoro um vapor.

O multi-instrumentista e compositor juiz-forano Diogo Veiga, que sextou legal aqui, faz show de lançamento do EP “Egbe Tóbi Ode”, nesta sexta (21), às 20h, no Beco, com a banda Assombro de Bixo. No sábado, no mesmo horário, tem Samba de Colher.

Neste sábado (22), dentro do estádio do Mineirão, Em Beloryhills, tem mais uma edição do Breve Festival, das 14h às 5h, com um line-up com Joss Stone, Alcione, Ludmilla convida Tasha e Tracie (sou má), João Gomes convida Gilsons e Don L, Planet Hemp, Black Alien convida FBC, Alceu Valença, Liniker, Luedji Luna e mais. A programação eletrônica segue até às 5h, no estacionamento G2.

O gigante do rap local, RT Mallone, faz show do EP “Deixa os garoto brincar” 🕹️, lançado em parceria com o DJ Vermin e Jamalzin, sábado (22), às 22h, no Bar La Cucaracha. Vi um freestyle dele, no Dia da Consciência Negra, no Museu Mariano Procópio, de arrepiar.

Domingo (23), Dia de São Jorge, tem Festa de Jorge com a Banda do Ben 🥁, às 14h, no Viaduto Helio Fádel Araújo.

Não estou perdendo uma edição do Palco Central, todas as terças-feiras, às 18h30, no nosso Cine-Theatro Central. É bom para o moral. Os ingressos para toda terça começam a ser distribuídos às 9h da quarta anterior, no foyeur belíssimo com duas telas de Carlos Bracher. No dia 2 de maio, o rapper Set apresenta o show de lançamento do álbum “Complexo Guache”. No dia 9, rola duplex com Legran e a Varanda que eu gosto. No dia 16, é com Hugo Schettino Trio. Programem-se e curtam essas delícias gratuitas.

O projeto “É Nóis na Praça”, que leva intervenções artísticas para praças, prorrogou as inscrições do edital até dia 28, pelo Prefeitura Ágil. Duas propostas de projetos de intervenções artístico-urbanas serão premiadas com R$ 37,5 mil. No ano passado, Stain fez a Praça dos Namorados, e Pekena Lumen, a da Melquita, como acompanhei aqui.

Playlist com as novidades musicais da semana. Todas as playlists do 2012, 2021 e 2020 nos links. A playlist do streaming consolida lá pelas 2h de sexta.

Playlist de clipes com Rodrigo Cuevas, Jorja Smith, Rubel + Bala Desejo, Rico Dalasam, Jessie Ware, Moby + Lady Blackbird, Rosalía + Rauw Alejandro, Cannons, Luna Ki + Pablo Escobarras, Ian Ramil, Julio Secchin, Coletivo Samba Noir, Majur, Thiago Nacarato + Cristiana Silva, Shensea, Banks, Ciara + Lola Brooke + Lady London, Cynthia Luz + Zaac, Amabbi + OIK + CMK, Zara Larrson e Fito Paez, Angela Aguilar

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