Sexta Sei: As luzes que se acendem com as pinturas da Pekena Lumen

Pioneira feminina na cidade na arte urbana pinta personagens femininos variados que mostram leveza e poesia 

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Eu conheci a Fernanda Toledo, 31 anos, a Pekena Lumen, em um rolê da UGC (Underground Crew) no Milho Branco, no ano passado, convidado pelo Pedro Discotecário e pelo Alex Paz, que tocaram. Os grafiteiros pintaram uma quadra inteira do bairro, mas eu parei na frente da Pequena Lumen e fiquei, capturado pela beleza dessa figura que emerge na foto acima. Esse dia foi foda demais e teve Decoflex do Anditaum, e a Babi arrasou no passinho. Acho que foi o melhor rolê em Jufas desde o meu retorno. 

Pekena grafita por toda a Juiz de Fora e até por ChileIrlanda desde 2007, quando fez curso de grafite com os mestres Ileso e Skerps, integrantes da antiga Associação de Hip Hop de JF. Na época, eu era bgirl, mas foi a arte na parede que falou mais alto no meu coração”, me conta, em papo pelo Whatsapp. Desbravadora na cena local, essencialmente masculina, seu trabalho é conhecido pela representação de personagens femininos variados que mostram leveza e poesia e, muitas vezes, estão relacionados à água.

Um dos grafites preferidos pela artista é esse que ficava na Casabsurda e que já mostramos aqui

Formada em Design Gráfico e Ciências Humanas, ela estuda Ciências Sociais na UFJF para se tornar antropóloga.  “Não me contentei com essa faculdade. Sempre fui muito apaixonada em livros e tenho uma queda forte por sociologia, filosofia e sociedade“, me conta. Ela trabalha como arte educadora no projeto sociocultural Gente em Primeiro Lugar  há 8 anos. “Lá, eu cresci muito e amadureci meu olhar para o mundo. Gosto muito dessa relação com as crianças e isso, sem dúvida, me ajudou muito na fase da minha vida que me encontro, que é a maternidade“, analisa.

Pekena é mãe de Amara, 1 ano e dois meses, que estava com ela no Milho Branco. “Eu tinha a falsa impressão de que teria que abandonar o trabalho na rua. Hoje vejo que não, mesmo ela ainda sendo bem dependente de mim, consigo encaixar a arte de rua na minha vida. Sou muito feliz com ela e quero que seja parceira, acompanhe,  esteja presente“, diz.

A boneca Carlita foi criada pela artista como forma de estudar o desenho de rostos e virou até art toy

Fiquei encantado também com a boneca Carlita, que já hitou muito, virou art toy e foi criada como forma de estudos da pintura de rosto. É por isso que o corpo lembra um polvo. “A Carlita foi meu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) na faculdade de Design. Eu adoro desenhos que tenham relação com água, e a Carlita original tinha um escafandro.  Quis fazer essa personagem pois li que o ser humano conhecia bem mais o universo do que o oceano”, filosofa. “Fiz ela como se fosse uma humana que se transforma para habitar o mar“, conta. Um sonho, não?

“O graffiti é muito efêmero, se não pintar constantemente, ele some muito rápido pelas ruas da cidade. As melhores coisas que eu já escutei foi ouvir de pessoas que eu nem conhecia como eu mudei o dia delas com alguma frase que coloquei no Graffiti. Pra mim, isso é um baita reconhecimento, pois ali eu quebrei as barreiras da arte que se encontram em ambientes bastante elitistas“, finaliza.

A Pekena, que já foi chamada de Di menor, quando começou, caminha agora para assinar apenas Lumen. “Nos últimos anos, uso o Lumen também, que é luz, em latim, e algo que quero incorporar mais à minha vida e ao meu trabalho, luz”. Brilhou aqui, claro como um diamante 😉

Abaixa que é tiro!??

Clara Gomes, 25 anos, é lésbica e criadora da cerveja Sapatona. “Esse pensamento de que cerveja é coisa de homem é típico de uma sociedade patriarcal e machista. A ‘Sapatona’ é também é uma resposta a rótulos e anúncios que objetificam corpos femininos. Um brinde ao vale, cheers! ??”, conta. Clara é formada em Ciência e Tecnologia de Alimentos e queria atuar na área com uma pegada diferente.

“Sempre é colocado esse papo de ‘beber como um homem’, como se mulher não aguentasse beber. A bebida é usada contra a gente,”, analisa a criadora muito gata da cerveja. Ela quer ressignificar a expressão sapatona, como o Eduardo Castelo fez com a V de Viadão, no Rio, e as meninas da Velcro com o Isoporzinho das Sapatão

Pra experimentar a cerveja, tem que ir buscar na casa dela, no Teixeiras, se liguem distribuidores, vamo espalhar a palavra sapatônica.

Eu já tinha dado a dica bafo do espetáculo na coluna do dia 9 de outubro, quando rolou a estreia, online, do maravilhoso “Jacksons do Pandeiro”, da companhia Barca dos Corações Partidos. Com texto de Braulio Tavares e Eduardo Rios e direção de Duda Maia, é uma homenagem sincopada ao centenário do rei do ritmo. O espetáculo faz curta temporada, no YouTube, até 6 de dezembro, de quinta a domingo, sempre às 20h.

Quando assisti, eu só conseguia lembrar do Marcos Marinho. E não é que ele também estava assistindo? “É um grupo formado por multiartistas, todos eles tocam, pelo menos, dois instrumentos. Todos cantam e dançam muito bem, são ótimos atores. Eu já assisti a alguns espetáculos, como “O auto do Reino do Sol”, sobre Ariano Suassuna, “Vai Passar”, que fala das perdas do amor. Eles são sempre acompanhados por equipe técnica muito competente, figurino, cenário, direção musical. Esse musical sobre o Jackson é fundamental assistir, ele é o rei do ritmo. É Brasil na veia, o Brasil profundo, como diria Suassuna”, me disse o ator, no chat do Facebook.

Falei aqui, na semana passada, do maravilhoso Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, que vai até o dia 22. O babado, como eu comentei, é sempre o maravilhoso #ShowDoGongo, que rola na segunda, dia 16, às 22h.

O texto do festival é uma pérola. “Toda a dinâmica – em que desapegados realizadores apresentam seus vídeos para o julgamento do público, cabendo à fabulosa Marisa Orth traduzir o anseio popular e decidir se os filmes serão gongados ou avaliados pelo júri – acontecerá respeitando as normas de segurança e saúde. Para a alegria de Marisa Orth, a plateia, enlouquecida, ficará mais distante.”

Esta edição é a versão Geração Z, com vídeos curtíssimos, TikToks, stories e afins. Os filmes têm duração de até 1 min. Lembro bem do vencedor de 2006,  “O Viado veste pra dá”( acima) , exibido no primeiro ano que cobri para o Mix Brasil. Indiquei, assista aqui. No mesmo link, também tem show, amanhã, dia 14, do menino Martte, às 20h. Ainda não conhecia. Esses makes aqui em “Trago seu amor” tão muito babadeiros.

Começou ontem a 2º Edição do Festival Online da Orquestra Petrobras Sinfônica.  Com repertório variado do clássico ao pop, a orquestra reafirma seu compromisso em democratizar a música de concerto com apresentações transmitidas, ao vivo, direto do Teatro Riachuelo, no Rio. Nesta sexta, dia 13, tem “Ventos modernos”, às 16h, e “Ventura Sinfônico”, às 20h, em homenagem ao clássico dos Los Hermanos. Sábado, dia 14, tem “Arca Sinfônica”, da obra de Vinícius de Moraes, às 11h,  “Villa de todas as cores”,  às 16h, com oito obras de Heitor Villa-Lobos  e “Série Álbuns: Black Album”, às 20h, homenageando o Metallica.

Nesta sexta 13, a turma mais que linda da Makoomba, tema recente aqui da coluna, lança vídeo com registro do Makoombloco, emblema do pré-carnaval de Jufas. Amo demais. O MakoomDoc foi realizado com aqué do edital Na Nuvem e entra ao ar às 20h, aqui. A direção é de Mariana Martins.

O Circo Voador no Ar encerra a sua primeira temporada com apresentação de edição da Eu Amo Baile Funk, dia 14, sábado, às 22h. E o bonde é bem nervoso, com MC Marcinho, Duda do Borel com Cidinho e Doca, MC Sapão, MC Sabrina, MC Britney, Bob Rum, Mr. Catra (sozinho e com Os Apóstolos) e a rainha da porra toda Tati Quebra Barraco

O projeto vai fazer falta nessa quarentena sem fim. Por um bom tempo, foi minha companhia aos finais de semana. Tem certeza, Circo? Não faz isso com a gente que te ama!

O finde ainda tem live do Metallica, Brasil, amanhã, dia 14, sábado, às 19h. Na sexta, 13, tem lives de Francisco El Hombre,  às 19h, e live da Bachiana Filarmônica Sesi-SP, às 20h, com regência do maestro João Carlos Martins e repertório de Bach a Gardel. No sábado, 14, tem Noca da Portela, às 12h, e Clube do Balanço, às 19h.

Termina no domingo, dia 15, às 23h59, a tradicional feira de livros da Universidade de São Paulo (USP), com  descontos de, no mínimo, 50% em 170 editoras.

Bruno Perê
Bruno Perê
Crica
Embu

O projeto Uma Virada de Cores vai lançar pacote com oito videoaulas e um ebook interativo sobre a cultura do graffiti. Já estão nas redes do projeto as aulas de Kuêio, Mundano, Victor Savarese, o VCT, e Ed-Mun. As próximas aulas são com Bruno Perê, dia 19 de novembro, Carol Afolego, 26 de novembro, Daniel Bazco, 1 de dezembro e Crica Monteiro, dia 8 de dezembro. As aulas acontecerão no canal do youtube da Associação de Intercâmbio Sociocultural e Empresarial Brasil-Colômbia (AISCE).

Têm filmes feito em Jufas na 7ª edição do Festival Internacional O Cubo de Cinema Independente em Língua Portuguesa, que termina no domingo, 15. “Queer I, um filme sobre liberdade”, de Danielle Menezes e Ciro Cavalcanti; “Terra brasilis, Terra de gols”, de Omar Peres e Marcos Pimentel; “Conversa fiada”, de Diego Zanotti; e “Moradas I”, de Nina Mello, representam a cidade. Transmissões aqui.

Eu tô muito impactado com o desfile-vídeo-manifesto do João Pimenta na última edição da São Paulo Fashion Week, que aconteceu toda assim, em vídeos, pandêmica. Vale dar uma olhada, no site do evento, nos “shows” de Handred, Lenny e Juliana Jabour.

Playlist com as novidades musicais da semana

Sexta Sei, por Fabiano Moreira