Sexta Sei: Eu tô no Samba de Colher e você vai gostar

Quarteto feminino juiz-forano lança nesta sexta EP de estreia, o contagiante “Pagar pra Ver  – ao vivo”

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

O Samba de Colher em fotos de Nathalia Pacheco

A interpretação feminista do pagode do quarteto mineiro Samba de Colher chega nesta sexta (31) às plataformas digitais com o lançamento do EP de estreia “Pagar pra Ver  – ao vivo”, gravado no Beco, mesma casa aonde foi registrado vídeo ao vivo do EP, que será lançado em breve, e aonde elas fazem show de lançamento do trabalho, nesta sexta (31), às 20h. O grupo é formado por Tamires Rampinelli (violão), Alessandra Crispin (cavaquinho) e Isabella Queiroz e Mariana Assis (percussionistas), todas responsáveis pelos vocais que grudam como chiclete, vide os dois singles lançados antes, “Pagar pra ver” e “Acabou”.  O EP tem  participação especial de MC Xuxú e foi viabilizado com patrocínio do Programa Cultural Murilo Mendes, da Prefeitura de Juiz de Fora.

Batemos um papo, por e-mail, no qual falamos como o pagode está se transformando em plataforma queer depois do sucesso do projeto Numanice”, de Ludmilla. No Samba de Colher, apenas Tamires não está dentro da sigla LGBTQIA+, e a ideia sempre foi valorizar a presença feminina no ritmo. “Quando a gente consome algo com “colher”, é porquê é bom demais!”, decreta Alessandra Crispim. O pagode do grupo é para relembrar a essência e a importância do coletivo. “Eu tô no Samba de Colher e você vai gostar”, como promete a letra de “Pagar pra ver”.

Moreira – De onde veio a ideia do nome do grupo, Samba de Colher, e qual o significado? Como vocês se conheceram e formaram o grupo?

Tamires Rampinelli – A ideia de montar um grupo de pagode formado por mulheres surgiu durante uma viagem para a Bituca (MG), em 2018, quando a conversa foi parar no ponto: “Pagode é tão bom! Cadê a mulherada do pagode?”. No mesmo dia, a banda já estava formada, com esse nome e com as seis primeiras integrantes. Três meses depois, o Samba de Colher fazia seu primeiro show em Juiz de Fora, em novembro de 2018. 

Alessandra Crispin – No dia do nascimento da banda, o que nos tomou foi que, quando a gente consome algo com “colher”, é porquê é bom demais! rs Esse era o som, o projeto que queríamos apresentar para a galera, um projeto tão bom e que representasse as mulheres.

Moreira – Johnny Hooker, Getúlio Abelha, Jáder e Pabllo Vittar tomaram posse do forró como uma plataforma queer. Ludmilla fez o mesmo com o pagode com o seu projeto “Numanice”. Aqui em Jufas, temos as Mulheres na Roda de Samba, com várias mulheres lésbicas na formação, adoro o show delas. O pagode é uma plataforma da mulher sapatão? Aquele churraquinho com pecanha (meme maravilhoso), um engradado vazio de cerveja pra bater… Já falei do João Rosa, que faz pagode gay também, na minha página na Revista Híbrida. O público de vocês é essencialmente LGBTQIA+, né? Sempre bom ver a comunidade conquistando espaços.

Tamires Rampinelli – O amor pelo pagode uniu o nosso grupo e, além de acessarmos pessoas que já amam o pagode, também estamos em campo para que o público que não conhece ou não tem o costume de ouvir esse estilo musical se abra para essa possibilidade, uma vez que o pagode faz parte da essência da música popular brasileira. O Samba de Colher tem a característica de ser o “pagode dos encontros”. Temos um público diverso e ficamos extremamente honradas por representar o público LGBTQIAN+ e de nos apresentarmos em lugares acolhedores também, como o Beco. O que a gente quer é o respeito e o bem-estar de todes. Nosso pagode é para relembrar a essência e a importância do coletivo, fora de qualquer tipo de competição. O nosso projeto reúne pessoas de todas as idades, e a energia que o público traz para nós é indescritível. Estamos aqui para reafirmar a importância do coletivo e lembrar o lugar da mulher é onde ela quiser! Nosso projeto traz a mulher como protagonista em todos os campos, como cantora, compositora, produtora, empresária, instrumentista, etc. O Samba de Colher apresenta o ponto de vista feminino. Saindo do lugar de objeto e a colocando como dona da própria história.

Moreira – Como pintou a ideia de chamar a MC Xuxú, artista do funk e do rap, para cantar pagode? Acho ela e RT Mallone os grandes nomes da nova geração da cidade, tanto que ela foi a primeira sextada aqui. E Alessandra Crispin veio na segunda, logo depois… 

Tamires Rampinelli – Após a pandemia, no início de 2022, fizemos uma temporada de shows no Muzik que se chamava “Samba de Colher Convida”. Toda semana, a gente convidava uma artista da cidade, de outras manifestações culturais e artísticas, para somar na apresentação. Fizemos uma mistura musical deliciosa! Tivemos a participação da Aline Crispim, Carol Tavares, Jady Garcia, Jô Brandaum, Helô Mendes, Laura Conceição, Madhu, Tatá Chama e as Inflamáveis e Tatá Dellon, além da MC Xuxú. Todas as participações foram muito especiais e, para o EP, trouxemos o nome da Karol, por tudo que ela representa à todes nós. Regravamos dois “hinos”, “Um Beijo” e “Liberdade”. Duas lindas e poderosas canções que tivemos a honra de criar o arranjo e mostrar pra vocês um pouco do que foi essa mistura musical com a mulherada de Juiz de Fora!

A capa do EP

Moreira – O EP visual foi gravado no Beco, que é a casa aonde vocês têm se apresentado mais. O que podemos esperar desse material? O EP está muito bom e viciante. Estou gastando de ouvir aqui…

Tamires Rampinelli – O material está lindo demais! Além das canções autorais presentes no EP, gravamos também algumas releituras e pagodes que são especiais pra gente e para o nosso público. Para a gravação do EP audiovisual, contamos com uma rede de profissionais nos bastidores que fizeram e fazem nosso sonho se materializar. Juiz de Fora tem profissionais incríveis no setor do entretenimento que realmente fazem a diferença na hora de entregar o material para vocês. Tivemos nossas roupas confeccionadas e desenhadas pela estilista Madame Salga e com o grafite feito pelo artista Stain. N No palco, tivemos a honra de dividir esse momento com grandes artistas: Almin Bah (percussão), Amana Veiga (flauta), João Cordeiro (bateria), João Paulo Lanini (guitarra) e Tiago Lazzarini (baixo).  O projeto foi financiado pelo Programa Cultural Murilo Mendes, da Funalfa e, no final de abril, estará disponível no YouTube.

Moreira – Alessandra ficou conhecida, nacionalmente, em 2013, ao participar do “The Voice Brasil”. Como foi a experiência? Vale a pena? O foco parece estar mais nos jurados do que nos participantes.

Tamires Rampinelli – Sobre o The Voice, sem dúvidas, foi um divisor de águas na carreira da Alê e, como ela mesma diz, foi o início de sua carreira solo. Mas sua jornada como artista começou aos 16 anos, como instrumentista de um grupo de pagode. Alê, além de cantora, é uma grande compositora e multiinstrumentista. Se formou na Bituca em canto e em percussão e também atua como arranjadora, produtora e diretora musical. Mas, após sua passagem pelo programa, a Crispin desenvolveu outras vertentes musicais e tem sido uma trajetória de resistência e de ocupar os espaços.  Quando nos tornamos um grupo, as nossas trocas e vivências foram determinantes para que a gente chegasse nesse lugar tão poderoso, que é o de representatividade.  Nós temos a oportunidade de juntar quatro artistas com vertentes distintas em um projeto. Isso faz do Samba de Colher um projeto muito especial e único.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Faz pouco tempo que comecei a acompanhar os delírios lisérgicos no trabalho do gaúcho radicado em Portugal, o compositor e multi-instrumentista Gabrre, codinome de Gabriel Fetzner, que lança, nesta sexta (31), seu segundo álbum, o intrigante  “don’t rush greatness”. O álbum explora as experiências agridoces de crescer e deixar para trás uma realidade segura, como em sua história pessoal, já que ele está em Portugal há três anos. Gabrre combina elementos de indie, eletrônica, folk, pop e música brasileira para criar uma paisagem sonora intrigante  e emocionalmente ressonante.

“don’t rush greatness”, capa por Luana Lloyd e Gabriel Fetzner
Rosalía e Rauw Alejandro em foto de Michael Esposito

Eu nem sabia que a diva Rosalía namora, há três anos, o ícone do reggaeton Rauw Alejandro. Ambos ganhadores do Grammy, eles acabam de lançar o EP conjunto “RR”. com  três faixas e clipe para “Beso”, com registros pessoais nunca antes vistos, filmados pelo próprio casal durante suas viagens por Japão, Porto Rico, Espanha, República Dominicana, França, Reino Unido e Estados Unidos, entre outros. Os videoclipes de “Vampiros” e “Promesa” serão lançados em breve.

Aláfia em foto de Renato Nascimento

O bando paulistano Aláfia (“caminhos abertos”, em iorubá) está nos preparativos para o lançamento de seu quinto álbum,  “Além do Lá”, em abril, comemorando uma década de estrada do grupo. O trabalho é marcado pela devoção de Eduardo Brechó, líder e vocalista, a Ifá, conjunto de narrativas e o sistema oracular que representam a sabedoria do orixá Orunmilá, o grande adivinho. Eles acabam de lançar o primeiro single do trabalho, “Ọ̀sun Ṣẹ̀ngẹ̀sí”, uma mistura de afrobeat e boogie para contar histórias tradicionais iorubás sobre a orixá Oxum, rainha da água doce, da beleza, do amor, da fertilidade e da maternidade. O nome da canção apresenta um epíteto que exalta o autocuidado da divindade. 

Ọ̀sun Ṣẹ̀ngẹ̀sí
Fuzaka, o duo formado por Ricardo Mingardi (kazvmba) e Fernando Barroso (rabequeiro) em foto de Jaque Rodrigues.

Uma viagem só o EP visual “Forró Eletrônico”, do duo Fuzaka, formado por Fernando Barroso (rabequeiro) e Ricardo Mingardi (kazvmba), de ABC e Osasco, que faz forró pé de serra com rabeca e influências em ritmos afro-indígenas e música eletrônica, com estética cyberpunk. A identidade visual futurista foi concebida pela quadrinista Talita Correia, e a animação é assinada por Alexandre de Maio. No filme, aparecem várias referências regionais, como Taião, figura da brincadeira de Cavalo Marinho, bastante popular em Pernambuco, e seu grande companheiro, Cyber Boi (Bumba Meu Boi feito de sucatas de lixo cibernético).

Angra. Foto: Henrique Grandi
Maria Monte no show "Portas". Foto: Leo Aversa

Os fãs de power metal estão bem felizes com show dos paulistanos do Angra, celebrando 30 anos de banda, nesta sexta (31), no Cultural. 

A banda Eminência Parda faz show, nesta sexta (31), às 19h, no Salvaterra Café.

No sábado (1), às 22h, Marisa Monte faz apresentação do show “Portas”, no Expominas, com abertura de Caetano Brasil e O Choro Livre e o show de encerramento com Alice Santiago.

Banda do meu ex-colega de redação Bebeto Castro (voz), a 0,3,2 Único comemora 20 anos, dia 6 de abril, às 19h, no Bar do Gilbertinho.

Na quarta (5), começam a ser distribuídos os ingressos gratuitos para o Palco Central Show Rara, que acontece no dia 11, às 18h30, no Cine-Theatro Central, com uma homenagem da produtora  Andrea Melo, do Mulheres do Samba, à grande sambista Ivone Lara.

Playlist com as novidades musicais da semana. Todas as playlists do 2012, 2021 e 2020 nos links. A playlist do streaming consolida lá pelas 2h de sexta.

Playlist de clipes com Orbital, J. Worra &  Shift Key, Rogério Skyllab + Rennan da Penha, Calvin Harris + Ellie Goulding, Ireke + Pat Kalia, Os Amantes, Rosalía + Rauw Alejandro, Melanie Martinez, Oruam+ Ajaxx, Ed Sheeran, Sant + Luedji Luna + Vandal, Tokischa + July Queen + Liss Doll RD, Fall Out Boy, Renan Inquérito + Emicida + Adriana Partimpim, Ciara, MC Soffia, Lana Del Rey, Miley Cyrus e Mateus Carrilho.

A campanha de crowdfunding da coluna continua, já atingimos 48.6%. Prefere fazer um PIX? O pix da coluna é sextaseibaixocentro@gmail.com