Sexta Sei: Onde era teto agora é chão no rock da banda Dingo

Divididos entre São Paulo e Porto Alegre, gaúchos lançam terceiro disco, “A Vida é Uma Granada”

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

DINGO por Gabriel Hand

Anteriormente conhecida como Dingo Bells, a banda de pop rock gaúcha com metade dos integrantes radicados em São Paulo se rebatiza DINGO para lançar seu terceiro disco de carreira, o bom “A Vida é Uma Granada“, que chegou, esta semana, pelo Selo Rockambole, comemorando vinte anos de estrada. A banda é formada por Felipe Kautz (voz e baixo) e Fabricio Gambogi (voz e guitarra), que moram em São Paulo, e por Rodrigo Fischmann (voz e bateria) e Diogo Brochmann (voz e guitarra), que continuam em Porto Alegre, aonde o disco foi gravado, no estúdio Pedra Redonda, misturando cordas e percussão. Bati um papo, por e-mail, com o baixista e vocalista Felipe Kautz, sobre a criação no período da pandemia, a alta de preços para viajar que impacta as bandas, das participações de Helio Flanders (Vanguart), Paola Kirst e Thiago Ramil no disco e das influências sonoras do trabalho. “A granada é a vida e, a qualquer momento, ela pode explodir”, resume Rodrigo Fischmann, autor da letra que dá nome ao disco.

A capa do disco é assinada pelo artista visual Eduardo Stein Dechtiar

Moreira – Esse disco fala muito de como nunca mais seremos os mesmos depois dessa pandemia, né? Como esse período impactou a criação de vocês? Como está sendo a retomada da vida e dos shows?

Felipe Kautz (voz e baixo) – Cara, a pandemia foi um lance que botou tudo de cabeça pra baixo de uma hora pra outra, né. No mundo inteiro, foi bizarro. Então ela estava presente no processo. Nós gravamos o disco em outubro de 2020, no meio do horror sanitário e político do Brasil. Algumas faixas foram feitas neste período de isolamento, outras já tinham um pouco mais de tempo, mas já falavam bastante sobre transformações, finais, recomeços, nascimento, morte e vida. A gente sempre flertou com esse lance existencial e acho que o contexto que a gente tava mergulhado potencializou isso. A vida de shows tá sendo incrível, os shows tão sendo muito especiais, com a galera cantando e se emocionando muito, tá super intenso. Mas não dá pra negar que tá muito mais difícil de circular no país, porque tá tudo caro pra caralho. As passagens de avião, o combustível, alimentação, tudo. Pra levantar um show, não é só a banda no palco. Tem uma galera de equipe que também precisa viajar, comer, dormir e ser bem remunerada pelo trampo, que é pesado e muito importante. Então a gente acaba por circular mais pelas capitais, fazer shows pensados em datas específicas, até porque a gente tava nessa entressafra de discos com uma pandemia no meio. Agora com o disco lançado, as coisas devem ficar muito mais agitadas! Hahah

Moreira – O nome novo ficou muito melhor, hein? Foi sinal de amadurecimento? Tava pesquisando sobre vocês e o Google me contou que Dingo é um cão selvagem e predador australiano, quase um mashup de caramelo e lobo guará…

Felipe Kautz Obrigado! Sim, agora somos DINGO. Eu gostei! Hahah Cara, foi uma discussão bem longa e tranquila, na real. Foi um processo natural desses mil anos que a banda existe e que depois de tudo que nós vivemos, a gente achou mais massa dar os próximos passos como DINGO. E, sim, dingo é também esse cão-lobo-raposa muito legal, o que só tornou a coisa mais massa. O público reagiu muito bem e acho que, pra quem tá chegando agora, também é um nome interessante, então bora curtir a nova fase.

Moreira – Como se deram os encontros e as participações de Helio Flanders (Vanguart), Paola Kirst e Thiago Ramil no disco?

Felipe Kautz O Helinho é um dos meus melhores amigos e é um cara muito próximo da banda há anos, desde que a gente se conheceu em Porto Alegre, quando abrimos um show do Vanguart lá. Ele conhecia muito bem a gente, a nossa maneira de pensar música e composição ao mesmo tempo que é um artista muito foda, baita compositor e letrista. Eu sou fã dele há anos. Ele assina como um dos produtores do disco, junto com o Gilberto Ribeiro Jr., monstro máximo, além de tocar em algumas músicas. Foi uma delícia contar com o Helio participando do processo. A Paola Kirst é uma das cantoras mais impressionantes que conheci nos últimos anos, é incrível (ela participa na faixa “Tropeço”). Ela é muito próxima da banda e da galera da Pedra Redonda, onde o disco foi gravado. A gente já tinha feito feats em show e tal, sempre piramos no trampo dela. E o Thiaguera, que também é um puta compositor e nosso amigo, assina “Eu Cheguei de Longe” junto comigo. Ele estava em São Paulo um dia e daí a gente encheu a cara num boteco e depois finalizamos o som, que fala bastante sobre o meu momento de mudança de Porto Alegre pra São Paulo.

Moreira – Como bom mineiro beatlemaníaco, não tem como não perceber as influências dos Beatles e do Clube da Esquina na composição do disco e no trabalho de vocês. O que mais vocês ouvem que influenciou o disco? 

Felipe Kautz   Bom, cada um vai ter uma resposta pra isso, mas rola de pescar alguns nomes que circularam durante o processo: Clube da Esquina e Beatles, como você falou, Richard Hawley, Elis Regina, Gal Costa, Elton John, Questlove, Belle & Sebastian, Pino Palladino, Lulu Santos, Djavan, Gilberto Gil, Rita Lee, Marina Lima, Aretha Franklin, Radiohead.

Moreira – O Rio Grande do Sul tem muitos serviços prestados ao rock nacional. Eu curto muito um rock gaúcho, fui prenda em outra vida, kkk. Como essa geografia influencia o trabalho? Parte da banda agora está em São Paulo?

Felipe Kautz   Eu e o Fabrício moramos em SP, desde 2018, nos mudamos logo depois do lançamento do “Todo Mundo Vai Mudar”. Então, desde lá, a gente é uma banda EAD (uma brincadeira com Educação a distância). Hahah. Mas eu vivi em Porto Alegre até os 30 anos, então é um lugar onde eu me sinto extremamente em casa e confortável. Em Porto Alegre, quando comecei a ouvir música e tocar, o pessoal escutava muito rock e muita banda gringa. As bandas tocavam mais nesse estilo. Depois que fui buscar mais sobre música brasileira e outros universos. Mas isso foi presente na cidade por muito tempo, tinha mil lugares pra tocar e a cultura de ir a shows em Porto era muito forte. Acho muito massa que vários artistas já tenham conseguido expandir o seu trampo pra além da fronteira do Rio Grande do Sul.

Abaixa que é tiro!💥🔫

O EP “Atabragrime”

Eu já estou de olho no MC carioca Putterrier desde quando o ouvi em feat com Rennan da Penha em “Malícia”. Ele acaba de lançar o seu EP de estreia, o bom “Atabagrime“, que, como o nome diz, promove a fusão do grime com o atabaque do funk, com produção de Pedro Bala. Logo na estreia, o trabalho ganha as bençãos de peso de FBC e de Kevin O Chris, em faixas que passaram aqui nas duas últimas playlists. Grime é um gênero de música urbana que surgiu na periferia de Bow, Londres, no início da década de 2000, desenvolvido a partir do UK Garage, com influências de hip hop, ragga, jungle e drum and bass. As batidas 2-Step ou breakbeats são metálicas e rondam os 140 bpm, em oito compassos, semelhantes às do drum and bass. Seu grande ícone é o artista Dizzee Rascal, mas podemos citar como exemplos dessa cena Wiley, Kano, Skepta, JME, Stormzy e Frisco. No Brasil, temos o baiano Vandal (amooooo), Febem, SD9, KBRUM, N.I.N.A, Leall e Fleezus. Vandal foi um dos pioneiros e, para ter aceitação, desacelerou os vocais, misturando a cadência do samba-reggae. Uma boa fonte de informação é o canal Brasil Grime Show, dos amigos Lucas Sá e Diego Padilha, dentre outros, inspirado pelas rádios de Londres, como Pyro e Reprezent, que já bateu seis milhões de visualizações.

Matuê no JF Rap Festival no Expominas
Ricardo Cravo Albin no Museu Mariano Procópio

Nesta sexta (11), o Museu Mariano Procópio recebe o musicólogo Ricardo Cravo Albin para uma palestra e o lançamento do livro “Pedro I – Compositor Inesperado: Oito Ensaios Inéditos Sobre o Homem e o Proclamador, no Bicentenário da Independência do Brasil (1822-2022)”, às 14h, próximo ao prédio Mariano Procópio, com entrada franca.

Sábado (12), às 20h, a banda Silva Soul faz show no Baile do Silva, que comemora 20 anos com os DJs Gramboy (Bang!) e Pedro Paiva (Vinil é Arte). Na segunda, às 19h, tem Encontro de Compositores.

Sábado (12),às 22h, tem shows de Orochi, Matuê, Teto e MC Cabelinho, na segunda edição do JF Rap Festival, no Expominas.

Sábado (12), às 13h, rola a Arena Gamer JF, no Cultural, com shows de Kalli (amo), DJs, jogos, realidade virtual (VR), fliperamas, transmissões, painéis de tecnologia, estandes de inovação e mais.

No sábado (12), às 17H, o Multishow transmite o show de Ludmilla, o Numanice, direto da Marquês de Sapucaí.

No domingo (13), às 14h, rola a última edição de 2022 do Slam da História no Viaduto Hélio Fadel,

Celebrando “Toda Forma de Existir”, o Festival Mix Brasil chega à sua 30ª edição. A programação online estreia a partir do dia 14 e poderá ser assistida gratuitamente pelas plataformas do Sesc Digital e do Spcine Play.

Atividades culturais, educativas e recreativas gratuitas acontecem até o fim deste mês, como parte da Agenda Novembro Negro. A programação inclui atrações nas áreas de teatro, dança, patrimônio, slam, música, capoeira e literatura, entre outras.

Fotos por Felipe Macedo

A destruição da arquitetura de Juiz de Fora pela especulação imobiliária é notória e provocou, nos anos 80, o movimento “Mascarenhas, meu amor”, responsável pelo tombamento do prédio, mas incapaz de salvar joias que já haviam sido destruídas, como a capela do Stella Matutina e tantos outros tesouros. A exposição “Cidade Oculta” está em cartaz, no Jardim Norte, resgatando dez fachadas e edificações demolidas da cidade, em delicado trabalho do arquiteto maquetista Felipe Macedo. Entre as fachadas, estão residência Ekmam (próximo ao Largo Riachuelo), Chalé da Rio Branco (estilo normando), Colégio Mineiro (ao lado do Parque Halfeld), Cine Popular (Avenida Getúlio Vargas), 1ª Estação Central (Mariano Procópio), sede da Companhia Pantaleone Arcuri (Rua Espírito Santo), Mechanica Mineira (Avenida Brasil), Dispensário Eduardo de Menezes (Palácio da Saúde), Biblioteca Municipal (Parque Halfeld) e Capela da Glória (Rua Mariano Procópio). A exposição remete à importância de lutar pela preservação do acervo arquitetônico e foi realizada com recursos da Lei de Incentivo à Cultura Murilo Mendes.

Gaúcho morando em Lisboa, Gabrre acaba de lançar clipe para o single “água de beber”, ponta de lança de seu segundo álbum,  “don’t rush greatness”, que sucede à boa estreia de “tocar em flores pelado” (2020). Única faixa em português do novo trabalho, “água de beber” ganhou clipe, filmado pelas ruas da capital portuguesa, aonde ele estuda sound design, no qual é visível a constante sensação de deslocamento. “Essa foi a primeira música que compus para o álbum. Decidi abrir o Google Earth para buscar sons etéreos do espaço e procurar em algum lugar do planeta algum vislumbre de inspiração. Cheguei no Mali, na África. ‘Andei’ por horas e horas pelo país e, o primeiro local em que me senti bem por estar, mesmo que virtualmente, me fez ir atrás da música local. Ouvi por um bom tempo tudo que era possível da cultura local e, após isso, gravei violões sobre samples de músicas folclóricas. A partir disso, a letra começou a formar-se quase que instantaneamente na minha cabeça”, conta o artista.

São encantadoras as pinturas que a artista Daniela Cardoso, 28 anos, posta em seu instagramNatural de Mar de Espanha, ela é formada em Artes Visuais e cursa pós-graduação em História da Arte. Ela começou com desenhos em grafite mas, com o passar do tempo, desenvolveu gosto particular pela pintura. Ela faz pinturas com tinta acrílica/óleo sobre papel canson e tela e vende esse trabalho nas redes sociais.Trago alguns traços do cotidiano em minhas artes, evidenciado, também por relações pessoais, em torno de lembranças, sentimentos e pessoas do meu convívio pessoal, criando esse lugares de encontros e cruzamentos, envolvendo também as conexões com outras pessoas e lugares a minha volta em forma de carinho e de afeto no imaginário”, conta.

A artista Daniela Cardoso
O Cine-Theatro Central
O Museu Mariano Procópio

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.

Playlist de clipes com Phoenix, Years & Years, Masego, Tristesse Contemporaine, Natascha Falcão, Luizga, A Travestis + Marley no Beat, Gominho, Puterrier, Tasha & Tracie, P!nk, Thalia, Tiësto + Tate McRae, Nativos Mcs, Vitão, Tatá Dellon, Thiago Jamelão, Bruna Alimonda, Flávio Venturini e Phoenix.

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