Sexta Sei: Bate o tambor! Treme terra! É o “Fogo-fátuo” universal que grita Minas Gerais de Tatá Chama e as Inflamáveis

Banda juiz-forana que é queridinha da cena local apresenta álbum de estreia, o distópico “Fogo-Fátuo”, com composições dos seis integrantes

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Todas as fotos por Natalia Elmor

Fotos Natalia Elmor com figurino CSJ Francisco

Quando voltei pra Minas, há cinco anos, todo mundo começou a me comunicar da obrigação local de amar e exaltar a banda Tata Chama e as Inflamáveis, a queridinha da cena local, formada por Tata Rocha (voz, teclado, violão), Alice (voz, violão), Sarah Vieira (voz), Daniela Zorzal (baixo), Pedro Brum (guitarra, voz), Yroxe (percussão) e Bruno Targs (percussão). Hoje (30), lançam seu álbum de estreia, o encantado “Fogo-Fátuo”, em referência à fosforescência produzida por gases emanados de substâncias orgânicas em estado de decomposição, completando uma trajetória na música que começou em 2017 e já rendeu os EPs “Despertar” (2018) e “Despertar ao vivo” (2020) e o álbum “Čao La Chama – Ao Vivo” (2020). A produção é da própria banda e de Viella.

O disco traz composições dos seis integrantes e mistura de elementos sintéticos experimentais com os ritmos da música brasileira e latino americana. Batemos um papo, pelo e-mail, no qual falamos sobre o caráter coletivo da banda, das composições à divisão das tarefas da produção, da experimentação que leva à criação dos arranjos, da história distópica que é contada no disco, com simbologias como As Moiras, da mitologia grega, e as cartas de tarot, da importância do Encontro de Compositores para essa novíssima geração e do movimento de nadar contra a Tiktoktização com faixas de quase cinco minutos que desafiam os ditames da indústria e encantam a gente, como “Histérica”.

Referência às Moiras, da mitologia greg, as três irmãs que determinavam o destino dos deuses  e dos seres humanos

Moreira – Quais foram as principais inspirações e influências na criação desse disco, o que vocês têm ouvido? Como é o processo de criação de vocês? Esse disco foi criado na pandemia?

Tata Chama e as Inflamáveis – As influências musicais do grupo são diversas, uma vez que cada um traz uma vivência, uma personalidade e uma criação musical diferentes. O processo de criação ocorre de várias maneiras também. Geralmente, parte de uma composição que alguém apresenta ao grupo. Às vezes, essas canções surgem em parcerias entre os integrantes e também com outros parceiros. Então, a partir do momento em que essas músicas são apresentadas, começamos a experimentar e a construir arranjos. Apesar de trazer algumas canções compostas antes do período pandêmico, o disco foi concebido durante a pandemia, graças à contemplação em um edital estadual pela Lei Aldir Blanc.

Moreira – Como foi a colaboração com a artista Laura Jannuzzi em “Herança”?

Tata Chama e as Inflamáveis – A Laura é uma artista que acompanhamos e amamos há muito tempo, além de ser nossa amiga, e já temos algumas parcerias juntos. Como Tata Chama tem um caráter muito coletivo, desde as composições musicais até a forma de levar a produção da banda, escolhemos convidar não só ela como outras artistas para participar e intervir em algumas faixas do “Fogo-Fátuo”, como Nicolle Bello e Léa-Kathrine Duez em “Tierra y libertad”.

Moreira – E me explica o rolê da imagem do disco. Eu curto muito o trabalho do Francisco, que fez o figurino, qual é a história sendo contada? Está bem bonito e lembra “3%”, a série brasileira.

Tata Chama e as Inflamáveis – O disco “Fogo-Fátuo” e toda a sua identidade contam uma história. O  disco visual narra uma trajetória humana, de transformação, exaltando a importância do pertencimento a si e a força coletiva, as forças da natureza, os afetos. O visualizer amplia os sentimentos e o universo conceitual presentes nas canções. Traz várias simbologias, como As Moiras, da mitologia grega, e referências a cartas de tarot. É uma distopia (talvez aqui esteja a semelhança com a série) que permeia os universos das canções e que estabelecem uma ligação em sua narrativa. A concepção deste material conta com vários profissionais da cidade, pessoas que nos acompanham e também que admiramos muito.

A capa do álbum

Moreira – Vocês são muito queridos na cidade, todo mundo queria me apresentar a Tata Chama quando eu retornei, só se fala de vocês. Como é fazer arte e música em Jufas?

Tata Chama e as Inflamáveis – Historicamente, Juiz de Fora tem um cenário cultural rico com artistas de diversas áreas. O Encontro de Compositores, que acontece há mais de dez anos anos, é um grande indicador da qualidade musical que a cidade oferece, e esse contato com músicas e artistas de diferentes movimentos e realidades influenciou muito nossa forma de expressar e criar. Nossa música é universal, mas grita Minas Gerais. E claro, ficamos realizados com o reconhecimento e prestígio aqui na Manchester.

Moreira – Em tempos de virais de Tiktok que encurtam e aceleram cada vez mais as músicas, o disco tem canções bem extensas, como o primeiro single, “Histérica”, que tem quase cinco minutos. A ideia é remar contra a maré da indústria?

Tata Chama e as Inflamáveis – Não houve um intuito pensado a respeito da duração das músicas do disco, que realmente são mais longas que o padrão atual. As músicas possuem o formato e a dinâmica com que foram criadas e que fazem sentido para nós e para a estética que viemos trabalhando desde lançamentos anteriores. A ideia é continuar desenvolvendo nossa identidade e nossa musicalidade dentro desse coletivo de misturas e diversidades que formam o grupo.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Fotos Felipe Saleme

Na sextada dedicada ao virtuoso Duo Nascente, eu já avisava a que estava vindo aí o EP solo da violonista juiz-forana Bia Nascimento, o “Brasa Cor”, que chega ao streaming nesta sexta (30) impregnado de leveza, beleza e mineiridade. Entre as inspirações da artista, estão o vermelho do pôr do sol e o verde da Serra da Mantiqueira nesse encontro da música popular com a instrumental.  Bia toca violão desde os oito anos de idade,  é graduada em  Música pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e está fazendo mestrado na área na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), investigando as mulheres no choro. O EP tem participações de Fabrícia Valle (pandeiro em “Chegada”) e Leandro Scio (bateria em “Brasa Cor”).

“Brasa Cor”

Foto: Gabriel Renné,

A primeira vez que eu vi o Thiago Pantaleão foi só aquele barulhão do tabu sendo quebrado em “Bumbum Check”, clipe com Villa e Ruxell no qual Pantaleão rebola como só ele sabe rebolar. É muito controle do bumbum! Passei a seguir em todos os canais, para apreciar (é muita beleza) e acompanhar o artista, que acaba de lançar seu primeiro álbum, “Fim do Mundo”, pela Som Livre,com direção artística de Pablo Bispo e produção musical de Ruxell e Gondim. 

“Desculpa por eu não te amar

O primeiro single lançado,  “Desculpa por eu não te amar , já antecipava o mix gostoso de pop rock e R&B do trabalho e estourou, com mais de 1.5 milhão de plays, falando sobre responsabilidade afetiva. Na playlist da semana passada, destaquei aqui “Mente pra mim”, e também adoro o arrocha pop de “Fim do mundo”. O disco traz parcerias com Day Lins e Lukinhas, e a capa remete ao universo de animes. O disco traz, definitivamente, uma nova abordagem da homoafetividade.

Fotos: Gabriel Renné
Tulipa Ruiz por Nino Andres Biasizzo

Rompendo um jejum de sete anos sem lançar discos de inéditas, Tulipa Ruiz, esse cristal e uma das maiores vozes brasileiras, acaba de dropar “Habilidades extraordinárias”, seu quinto álbum. É um disco pós-confinamento, com as dores decorrentes de tanta violência social, política, ambiental, nos relacionamentos, trabalhista. “Um disco que tenta expurgar o agora, cultivando a coragem em meio a tanta falta de estímulo. Sobre estar viva e presente, sobre renascer a cada dia. Não é à toa que está chegando no primeiro dia de primavera. Sinto que carrego um cajado comigo – literalmente ganhei um de presente, achado nas montanhas de Minas Gerais – que me abre os caminhos e me traz equilíbrio em meio a tantos atravessamentos e desvios”, conta a artista. O disco foi produzido por Gustavo Ruiz, guitarrista, e gravado por captação analógica,na fita, com um gravador Tascam de oito canais, com participações de João Donato e Negro Leo. Uma curiosidade: o título do ábum foi uma pergunta do cônsul em processo de retirada de passaporte para tocar no no Lincoln Center nova-iorquino. “De repente, ele perguntou se tínhamos alguma habilidade extraordinária. Como assim, habilidade extraordinária? Praticar Parkour? Trapézio? Voar? Achei bizarro e, meio sem graça, meio sem habilidade, respondi não:”, brinca, sem saber que ser ganhadora do Grammy é uma dessas habilidades.

Fotos: Pedro Pinho

Tenho uma história de amor muito bonita com a Deize Tigrona. Logo que acabou a Transcultura, no Globo, eu comecei a atender artistas de música, fazendo assessoria de imprensa, no meu escritório Quase Famosos, que estava começando. Uma amiga estava dando uma força na volta à carreira da Deize Tigrona, com o hit instantâneo “Madame”, com produção do meu chapa e irmão Fredi Chernobyl, da Comunidade Nin-jitsu. Comecei a atender a Deize, com um fee simbólico que durou só três meses, e foi um estouro da boiada, todo mundo queria falar com a gata, o que me abriu muitas portas e divulgou o meu escritório, que estava nascendo. Acabei ficando com ela muito mais do que três meses, sem receber, mas recebi foi muito mais, muito mesmo. O escritório fez o maior sucesso e fiz trabalhos muito bacanas com Pabllo Vittar, Alice Caymmi, João Brasil, Dream Team do Passinho, Matheus VK e outros, tudo na esteira desse meteoro que foi a Deize na minha vida. Acho que todo o nosso amor está impresso aqui nessa foto.

Com a Deize em uma Bootie Rio no Rivalzinho

Nessa época, eu nem sabia que a Deize enfrentava uma batalha contra a depressão (tema da música “Pelo amor de Deize”) e que estava trabalhando, há alguns anos, como gari no Rio de Janeiro. Fiquei muito feliz quando ela, finalmente, foi abraçada e envolvida pelo amor da Batekoo Records, responsável pelo lançamento de seu segundo disco,  “Foi Eu Que Fiz”, com as canetadas da diva, que assina todas as letras de suas músicas, embaladas em ritmos como funk, trap, pop, rock e  música eletrônica. O disco foi todo construído em cima de colaborações de Deize com Malka (que assina a producão), JLZ, Teto Preto, DJ Chernobyl, Francêsbeat e Badsista. Sucesso dos anos 90, Deize Tigrona já colaborou com nomes como Diplo, M.I.A. e Buraka Som Sistema. Todo mundo quer um pouco do brilho dela 😉

Banda do Ben no Sensorial. Foto- Estela Loth
Hugo Schettino Blues Triono Beco
“A Família Addams: Um halloween musical”, no Teatro Paschoal Carlos Magno
Alice no Beco. Foto: Natalia Elmor

O Beco segue quente e tem Hugo Schettino Blues Trio e Electric Mood, sexta, e Alice, no sábado, às 20h. No domingo, rola Batuque de Roda, às 18h.

Sábado (1), às 21h, rola o primeiro ensaio para o Carnaval 2023 da Banda do Ben, no Bar da Fábrica, com DJ set de Snupin.

Estreia no sábado (1) a temporada da comédia “A Família Addams: Um halloween musical”, no Teatro Paschoal Carlos Magno, nos dias 1, 2, 8, 9, 29 e 30, sempre às 20h. 

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.

Playlist de clipes com Pabllo Vittar + MC Carol, Alaska Thunderfuck, Rico Nasty, scarlxrd & kordhell, Froid + Major RD, Röyskopp, Dingo, Raul Misturada, Rachel Reis, Bia Nogueira, Félix Robatto, Tia Kofi, Isabella Bretz, Billy Idol, Khalid,  5 seconds of summer, Jovem Dionisio + Marcos Valle, Cravity e Lil Nas X.

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