Jovens, que explodiram no TikTok com as lagartixas que tomam banho nas caixas d´água, acabam de lançar o seu segundo e divertido álbum, “Coisas estranhas”
por Fabiano Moreira
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“Coisas estranhas” andam acontecendo em Florianópolis (SC), aonde moram os integrantes da banda Exclusive os cabides, que acaba de lançar o seu segundo álbum, com uma poética satírica, juvenil, alegre e bem engraçada, por que não? Eles estouraram a bolha com o meme “Lagartixa tropical”, que caiu nas graças dos TikTokers e da criançada com os pequenos animais que fazem festa, no verão, nas caixas d´água, comprometendo nossos cremes dentais. Batemos um papo, por e-mail, eu, João Paulo Pretto (vocalista e guitarrista) e Antônio dos Anjos (voz e percussão), aqui pra Sexta Sei, pra falar de viralização e música, humor e o toque infantil que enche o álbum de charme e água de lagartixa. A banda ainda é formada por Eduardo Possa (guitarra), Jean Lucas (baixo) e Carolina Werutsky (bateria).
Moreira – Falar sobre o nome da banda é também falar de vocês, né, dessa essência hilariante do grupo. O que achei na internet é que o parente de um dos integrantes teve uma loja roubada e deu depoimento à imprensa sobre terem levado tudo, “exclusive os cabides”. Deu um nome muito bom e que fala muito de vocês, né? Uma questão de identidade, que nem todo mundo tem hoje em dia.
João Paulo Pretto (vocalista e guitarrista) – Esse nome, por ser grande, gerou dúvida no início da banda, em questão se ia pegar ou não… Pelo visto, deu certo. Sobre o “nem todo mundo tem hoje em dia”, acho que se a gente for a fundo, na maioria das bandas, tem umas histórias boas por trás do nome. Um nome que me chama atenção é centroleste autopeças, parece um nome de oficina, mas é de uma banda daqui de Floripa, bem legal, inclusive.
Antônio dos Anjos (voz e percussão)- Isso, o nome vem de uma história antiga de família de quando roubaram a loja do nosso avô (meu e do João). Essa essência de humor herdamos de família, o povo é criativo e sabe brincar, crescemos nesse meio e, naturalmente, acabou fazendo parte da nossa personalidade. Eu acho o nome ótimo, mas entendo quem acha tosco, gosto, é claro, pelo valor sentimental, mas também por criar tanto interesse do público na questão, se é só um grupo inventando um nome nada a ver ou se tem algum significado, significado meio que não tem né, é só um nome bom demais que veio a calhar e ainda traz a referência a nossa família. Na verdade, ao escolher o nome da banda, não pensamos nada disso, o meu primo João começou com a onda de tocar, e então nossos amigos organizaram um evento para ele se apresentar (solo antes de ter banda) e, na hora de divulgar o show, usaram o @ do instagram do joão na época, que por acaso era Exclusive Os Cabides, então sim, tem uma história por trás que faz sentido, mas o nome meio que escolheu a gente antes mesmo de nós querermos escolher um nome para o grupo.
Moreira – O meme inspirado na canção “Lagartixa Tropical”, que viralizou no TikTok, em 2023, fez muito pela divulgação da banda, né? Eu mesmo cheguei a vocês vendo comentários do perfil de vocês nos posts, avisando que a música era do grupo. O Tiktok é uma nova plataforma importante para a música? Os meninos da Jovem Dionísio emplacaram dois hits por lá já, eu adoro o som. Como tirar o melhor proveito da ferramenta? Interessante terem feito a nova versão com um coro formado por crianças de 10 a 12 anos, elas adoram essa música… Minhas sobrinhas, de 17 e 9 anos amam. A mais velha tem pavor de lagartixa, mas amou mesmo assim.
Antônio – Se o tiktok é ou não uma plataforma importante para música eu não sei, mas acho legal a ideia de videos rápidos e dessas “trends” que acontecem…. O problema, na minha opinião, é que quando se trata do mundo digital, muitas vezes é temporário e não dá em nada, e não é porque uma música viraliza no tiktok que você fez sucesso. Claro que é legal, claro que ajuda a divulgar a sua música e a banda, mas, em muitos casos, podem rolar coisas como nós, onde grande parte do público que conhece e canta a música completa em qualquer estado do Brasil, na verdade, nem sabe de quem é o som, e por mais que isso possa a ser frustrante em alguns momentos, ainda sim é muito legal ver videos de mais de 3 milhões de pessoas que curtiram o nosso som. Nossa música viralizou a partir de outros vídeos que faziam covers, os covers que viralizaram, em especial o primeiro viral foi da @isafnun (@ do instagram) em seu perfil do tiktok tocando ukulele, depois teve Rafaela Tuma viralizando com o áudio da Isa acelerado e, depois, teve outro rapaz viralizando com seu cover…. É isso, muito legal!! Seria legal se todas essas pessoas que curtem a música independente de onde ouviram que soubessem que fomos nós que a fizemos 🙂 Não sei como tirar o melhor proveito da ferramenta, ainda estou aprendendo até hoje, mas não levo muito a sério não, faço quando quero e quando tenho disposição por diversão, nem sempre tem muito alcance… Como eu falei, às vezes esses hits são passageiros, e faz parte, mas gosto da plataforma e de manter nossos seguidores entretidos com as novidades e brincadeiras que postamos por lá. E então, dentro desse grupo de crianças que você comentou, tem a nossa prima Taciana, uma querida talentosíssima que já tá aí no meio da música há algum tempo por conta do apoio da família. O nome do grupo é As Pulgas Rock Band, e quem sabe, num futuro aí, você ainda venha a ouvir esse nome hehe sucesso!!
Moreira – O humor não é um caminho fácil a se seguir na música, e “Coisas Estranhas” surfa bem bonito nesse estilo. Qual o segredo dessa mistura? Eu sou grande fã dos Mutantes, que faziam com maestria esse rolê, sem nunca deixar a boa música de lado… As melhores canções do álbum são bem engraçadas, como “Coisas estranhas”, “Luminária de lava”, “Rua da lua cheia”, “Lagartixa tropical” e “Verão e brechó”…
João – As músicas têm um toque mais satírico que engraçado na minha visão, talvez sátira das fórmulas de músicas que já existem. “Coisas estranhas” é sobre um tema bem literal, se prestar atenção na letra e imaginar o visual da narrativa sem o instrumental talvez ela já não fique tão divertida, fala sobre ter medo e imaginar coisas que não existem. Claro que tem um arranjo alegre dá a entender isso, e eu acho massa essas interpretações, mas, se parar para analisar, ela é meio perturbadora. de resto elas são bem engraçadinhas mesmo, ou será que não?
Moreira – Vamos falar da capa do álbum. De onde veio a ideia de usar o Bicho-Papão como referência? As crianças se identificam muito com vocês, a capa acena pra elas?
João – Capa do disco é minha namorada quando pequena, achei engraçado ela completamente calma do lado daquele bicho feio, teve um pessoal que achou que era montagem… só me pareceu uma foto boa mesmo, as cores são legais também.
Antônio – Propositalmente, a capa não acena pra elas, mas naturalmente sim, foi uma escolha pessoal nossa por simplesmente gostar muito da foto, e ela ser estranha, rs, além é claro de ser do arquivo pessoal da Laura Brunato, fotos de amigos crianças em um contexto estranho é sempre legal. A foto já é adorada por nós há alguns anos, tão boa que batemos o olho e pensamos, isso tem que ser a capa.
Moreira – Queria falar um pouco também do som que inspira vocês a criar este som juvenil e divertido, refrescante. O release fala de Pixies, Pavement, Flaming Lips, Belle and Sebastian, Tears for fears, Slowdive, The Strokes, Galaxie 500, Fausto Fawcett, Erasmo Carlos, Loudon Wainwright III, o que mais vocês gostam de ouvir e o que mais os influencia?
João – Acho que o que me inspira é sair com meus amigos, beber cerveja e ter vontade de fazer músicas mais animadas, acabo nem prestando muita atenção no que eu escuto. No fim, é essa mistureba aí mesmo que está na pergunta e mais umas mil coisas que nem eu lembro.
Antônio – Tudo pode vir a influenciar, é claro, mas de um tempo pra cá as situações do dia dia me influenciam mais a compor do que a ouvir alguma banda, no álbum novo minha única composição é a “Siris Paradinhos Em Um Cantinho Bem de Boa”. De resto, é obra do meu primo e essa sim foi após escutar muito Erasmo Carlos. Busquei, primeiro, na internet, os acordes de uma de suas músicas para eu tirar no violão, mas acabei tocando tudo errado e saiu uma composição nova rsrsrs. Adoro Alex G e Sonny and the Sunsets, bandas atuais que sinto que partimos do mesmo universo, sei lá eu sinto isso.
Abaixa que é tiro!💥🔫
Carlos do Complexo é um dos artistas mais potentes e criativos de sua geração e, não à toa, sua primeira entrevista aqui na Sexta Sei ficou entre as mais acessadas do ano 2 aqui da página. Fizemos uma segunda entrevista quando ele lançou “Não tengas miedo (NTGM)”, álbum que acaba de ganhar versão deluxe, “NTGMX”, O novo projeto traz faixas enérgicas, pulsantes e que contrastam com a primeira parte do álbum, carregada de uma atmosfera sonora mais sexy. O novo volume estende e expande 0 trabalho anterior com mais dez faixas, sendo cinco inéditas, contando com nomes como Clementaum, IDLIBRA, kontronatura e Podeserdesligado, e mais cinco remixadas. Enquanto o álbum original mergulhava em ritmos latinos, envolto na simbologia afro-surrealista, o novo EP expande a obra original em diversas outras direções. Tem afrobeats de “P NICO!”, parceria com JLZ, a vibração pulsante do funk carioca em “Sextos Sentidos”, com a dupla Menor do Engenho e Marlon do Engenho, música club no remix de “DURO” com BADSISTA, a pulsação do ritmo tribal e do latin club em “Fórmula”, com LAZA, e a versão maravilhosa das Irmãs de Pau que eu amo demais para o hit “SXO”, com Larinhx e Ebony. Essa última ganhou clipe-bafo, destacado aqui na playlist sextante, com personagens da cena do ballroom nacional, como Tanesha, Zaila, Nykkoly e Bruna Mel, em coreografia de Raiana Moraes e Tago Oli. O álbum ganhou uma versão visual que nos mostra, pela primeira vez, o nosso herói, Carlos do Complexo, avesso à exibição da figura, o que só nos aproxima mais do artista que amamos.
Conhecidos, queridos e assíduos aqui em Jufas, o conjunto carioca Oruã está em turnê pelos Estados Unidos com a banda Dad Bod e acaba de lançar o novo álbum, o quarto de sua discografia, “Passe”, pela Transfusão Noise Records. O clipe de “Caboclo” passou aqui na última sexta, na playlist, assim como o de “Miragem”. O álbum traz a sonoridade única da banda, que combina elementos de post-punk, krautrock, guitarra brasileira e noise. O álbum é uma viagem sonora psicodélica e intensa que passa por tensões raciais, sociais e injustiças e foi gravado ao redor do mundo desde 2022, em turnês. “Este álbum foi feito na estrada, entre turnês e momentos oportunos para exercitar o fantástico mundo da ‘gravação em casa’, seja dentro de uma casa ou em um estúdio improvisado. Todas essas gravações foram feitas enquanto estávamos em turnê, enquanto passávamos por mais de dez países. É um reflexo de onde viemos, porque nunca seríamos capazes de viajar e ver esses países se não fosse pela música”, conta Lê Almeida (vocal/guitarra), que forma a banda com Phill Fernandes (bateria), João Casaes (sintetizadores) e Bigú Medine (baixo). A banda está fazendo uma campanha de crowdfunding para financiar os gastos para uma nova turnê pelos Estados Unidos.
Nada vai ser mais emocionante, vivo, virtuoso e pulsante esses dias que “E o tempo agora quer voar”, segundo álbum de Alaíde Costa, 88 anos, produzido por Emicida, Pupillo e Marcus Preto. No volume, a diva da canção gravou canções de Caetano Veloso, Marisa Monte, Nando Reis, Rubel, Carlinhos Brown, Ronaldo Bastos e Rashid escritas especialmente para ela. Este é o segundo volume de uma trilogia que começou com o belíssimo “O que meus calos dizem sobre mim”, que esteve entre os melhores álbuns do ano aqui da página, em 2022, e termina com um último volume, planejado para 2026. O novo álbum é um comentário a respeito do tempo pela artista que teve reconhecimento tardio de sua excelência. O álbum conta com a participação especial da cantora Claudette Soares, amiga de Alaíde Costa há mais de 60 anos, em “Suave embarcação”, que passou aqui pela última playlist. Com o intuito de manter a unidade estética nos três álbuns da trilogia, foi recrutado o mesmo time de músicos e técnicos: Fábio Sá no contrabaixo acústico, Léo Mendes no violão de sete cordas e o próprio Pupillo na bateria.
O Marte Festival, em Ouro Preto, tem mapping do Homem Gaiola todos os dias e shows-bafo dos mitos Teto Preto e Luiza Lian (26), Juçara Marçal e Fausto Fawcett (27). Imperdível.
A única Cida Moreira faz voo duplo, neste final de semana, no Manouche, no Jardim Botânico, no Rio, sempre às 21h, com os shows “Uivo: Um Voo Sem Proteção”, na sexta (26), com Helio Flanders, e “Com o Coração na boca”, no sábado (27), com o talentoso Rodrigo Vellozo, filho de Benito di Paula que sempre passa por aqui.
Day Limns apresenta show da turnê “Vênus≠netuno Tour”,do seu segundo álbum, na sexta (26), às 21h, no Cine Theatro Brasil, em Belo Horizonte.
A turnê de despedida da banda Francisco, el hombre passa pelo Circo Voador nesta sexta (25), às 20h.
A banda Tuyo, que amo acima de todas as coisas, faz show nesta sexta (26), às 21h, na Autêntica, em Beloryhills, com abertura de Gabriela Viegas.
Depois de receber Monobloco, Forróçacana e Alceu Valença, o Arraiá da Fundição encerra a temporada com edição com Lenine, Spokfrevo Orquestra, cortejo do Rio Maracatu, Forró da Taylor e DJ TataOgan, neste sábado (27), às 20h, na Lapa.
No Beco, o finde tem o evento Rise 2.0, na sexta (24), às 21h30, com as bandas Obey!, Disk e Libertá, comemorando a ampliação do ambiente da Rise Together, em São Mateus, que agora tem novo salão com sinuca, a volta do Tropical Pork, o primeiro sanduíche, as tatuagens da Casa 13 e Garimpo Cabeza de Boi. No sábado, no mesmo horário, rola o capítulo final do aniversário do querido Ever Beatz.
S𝗲𝘅𝘁𝗮 (26), 𝗻𝗼 O𝗰𝗰𝗮, tem set de despedida de @cozinhandosample, a partir das 19h, só colar.
O Maquinaria recebe a banda Flor Et (RS) e o músico Peagah no sábado (27), às 21h.
Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023, 2022, 2021 e 2020 nos links
Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes comMichaela Jaé, Assucena, Kings of Leon, Glass Animals, Fireboy DML, Rod Krieger, Rashid, João Fênix + Juliana Linhares, Moonchild Sanelly, La Cruz, Montanee, Álvaro Lancellotti, Sofi Tukker, Doechii, Paul McCartney + Wings, Gorgon City, Anahit Vardanyan, Oehl e The Allergies.
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