Sexta Sei: Renato Medeiros estreia com álbum “A curva dos dias”, sobre a potência, as turbulências e as possíveis mudanças de rota diárias

Produtor, multi-instrumentista, cantor e engenheiro de som conhecido por tocar nas bandas de Jup do Bairro, Giovani Cidreira e Alice Caymmi mostra seu trabalho com sonoridade retrô

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Renato Medeiros em foto de Bárbara Colletto

Segundo as estatísticas, o leitor aqui da Sexta Sei gosta mesmo é de novidade, como o produtor, multi-instrumentista, cantor e engenheiro de som Renato Medeiros, 33 anos, que acaba de lançar seu álbum de estreia, “A curva dos dias”, com dez faixas produzidas por ele e Lucas Gonçalves, da Maglore, marcada pela sonoridade retrô que atravessa as faixas. Conhecido por ter acompanhado artistas como Jup do Bairro, Giovani Cidreira, Alice Caymmi e Ananda Costa, ele me contou como essa experiência o incentivou a colocar suas canções no mundo. Falamos também da parceria com Lucas, com quem já dividiu “casa, trampo, gig, produções, composições”, além de todos os instrumentos do álbum, gravado por eles em camadas. Renato ainda me falou do detox à base de metal 🎸 🤟 e Rosalía para se distanciar das suas influências, que vão de Beatles a Erasmo Carlos, Tim Maia, Guilherme Arantes e Rita Lee. “É um álbum sobre a potência de cada dia, com suas turbulências e possíveis mudanças de rota”, conta. Não resisti e fiz uns comentários em itálico.

A capa de "A curva dos dias" por Camilla Baratucci

Moreira – Oi Renato, me conta essa sua trajetória como músico de banda, acompanhado nomes bacanas como Jup do Bairro, Giovani Cidreira, Alice Caymmi e Ananda Costa, deve ser uma escola e tanto. Como é essa vida na estrada e como isso acabou te levando a criar um trabalho individual e pessoal?

Renato Medeiros – Foi muito importante estar perto de artistas tão completos criativamente e com vozes tão autônomas e diversas. Isso me incentivou a querer colocar no mundo minhas canções e me abrir para esse lado autoral. Tem sido uma experiência incrível.

Foto: Júlia Rabahie

Moreira – E me conta como foi a sua parceria com o Lucas Gonçalves, de quem sou grande fã e amigo virtual (já nos encontramos, mas nossa amizade se dá mais na rede). Ele impactou muito o álbum com essas influências de Beatles e Clube da Esquina? Como foi a troca com ele? E o que achou da música dos Beatles que saiu no começo do mês, “Now and then”?

Renato Medeiros – Eu e Luquinhas temos uma conexão massa, já dividimos casa, trampo, gig, produções, composições. É uma afinidade musical muito grande e as referências são complementares, nós pensamos música de forma parecida. Fora que a gente sempre se diverte muito. A coisa mais legal é sentar pra ouvir som juntos, aliás, precisamos conversar sobre essa nova dos Beatles, por enquanto, não bateu muito pra mim, queria ter gostado mais (lamento demais, ahahaha, achei muito emocionante e reconheci a banda, que forjou meu caráter). Quem sabe tomando uma cerveja com ele eu ouça diferente. Temos duas parcerias no disco, “Livre” e “Um Lugar”, também dividimos produção e os instrumentos em praticamente todas as músicas. Foi um processo de gravação por camadas, um instrumento por vez, até chegar no som. 

Foto: Júlia Rabahie

Moreira – O que você tem ouvido que influenciou diretamente na criação e composição desse álbum?

Renato Medeiros – Durante o processo, ouvi quase exclusivamente músicas bem diferentes do estilo do disco, voltei a escutar metal 🎸 🤟 e fiquei fissurado em Rosalía depois que fui no show (também amo demais, hoje tem feat com a Björk). Foi uma forma de me distanciar das minhas influências mais claras, como Beatles, Erasmo, Tim Maia, Guilherme Arantes (passo mal também) e Rita Lee, entre outros, e tentar chegar em algo mais pessoal.

Fotos: Bárbara Colletto

Moreira – “Honesto” tem uma melodia linda, qual foi a inspiração e como foi o processo dessa composição em especial?

Renato Medeiros – “Honesto” foi uma das últimas a entrar no disco, essa melodia estava perdida nas gravações de voz do celular, quando passei por ela senti que tinha coisa ali, comecei botando os acordes no violão, e o tema foi surgindo espontaneamente, o refrão saiu numa brincadeira de tentar imaginar o que talvez o mestre Tim Maia faria, rs.

Foto: Júlia Rabahie

Moreira – E me conta mais sobre os temas do álbum, no material de divulgação, fala em amor, redenção, depressão e jogos de azar. 

Renato Medeiros – É um álbum sobre a potência de cada dia, com suas turbulências e possíveis mudanças de rota. Esses temas que você comentou estão espalhados pelo álbum, cada música apresenta um ponto de vista, às vezes, de maneira entrelaçada.

*os itálicos são meus comentários

Abaixa que é tiro!💥🔫

Laura Becker por Maria Sekacheva

Alguns singles da cantora, percussionista e compositora Laura Becker passaram por aqui nas playlists sextantes antes que o seu álbum de estreia, “Vento de Lá”, finalmente chegasse, nessa sexta (10). Além de ser uma simpatia, Laura é irmã da também cantora Nina Becker, com quem já trabalhei na fase estilista, em desfile no teatro Dulcina, em junho de 2007, no extinto Fashion Rio. Pois o canto de Laura é encantador, como ela já tinha mostrado com os singles “Forró Silencioso”, com Pedro Luís, “Baião da Meia-Noite”, “Colo de mãe” e a batucada invocada “Inconstante”. Nesta sexta, chegam mais quatro faixas que formam o álbum, criado com o produtor e arranjador Mateus Xavier: o reggae  “Vento de Lá”, o samba de roda  “Amor de Maré”, o blues-xote “Itapuã” e o galope “Gavião”.  A estreia coroa uma trajetória de mais de 15 anos integrando diversos projetos musicais e teatrais, e o álbum foi gravado, durante a pandemia, na Bahia, com recursos de um crowdfunding dos fãs. Um disco bonitão que honra as tradições da nossa MPB.

Haroldo Bontempo e João Donato por Júlio Santa Cecília

“Risada”, do mineiro Haroldo Bontempo e de João Donato, foi a última canção original gravada em estúdio pelo mestre do piano, com sua banda, formada por Robertinho Silva, Luiz Alves e Ricardo Ponte. alguns meses antes de sua partida. Haroldo conta que fez apresentação de abertura para o show do “Síntese do lance” (o álbum gravado por Donato e Jards Macalé) em BeloryHills, na Autêntica. “Apresentei a música a ele durante a minha passagem de som. No palco, pedi para que ele esperasse e toquei a música. Mais tarde, na noite, a Ivone, esposa dele, elogiou e brincou: ‘Cadê o piano para Donato gravar?’”, relembra Haroldo. Donato disse que estava faltando algo e propôs fazer uma segunda parte, selando a parceria.  Músico, cantor e compositor mineiro, Haroldo integrava a banda Mineiros da Lua. A experiência com Donato e sua banda em estúdio foi única. 

 

 

“Eu peguei um ônibus pro Rio, fui pro Marini (histórico estúdio do Kassin) e, pouco a pouco, foram chegando os integrantes da banda e, por fim, Donato. Eu estava ali com medalhões da música brasileira, com um dos criadores da bossa nova e do latin jazz, com integrantes do Clube da Esquina e estávamos trabalhando juntos”, explica. A música é uma bossa nova ensolarada e envolvente, com ritmo contagiante e guitarras modulantes do indie rock. O single fará parte do novo EP de Haroldo, “Indie Retro Brasileiro” que chega no próximo ano. 

Nesse mundo abençoado aonde temos esse último chorinho de Beatles, com o lançamento, na última sexta, de “Now and then” (assista ao mini-doc contando tudo), o guitarrista, compositor e produtor musical Will Magalhães presta homenagem a outra   composição original de Paul McCartney com bela versão instrumental para “Blackbird”, com elementos da MPB, do jazz contemporâneo e do rock. A recriação da faixa contou com banda formada por André Fróes (bateria), Marco Brito (piano), Max Dias (baixo) e o próprio Will Magalhães (guitarra), com produção de Nema Antunes. Will Magalhães é integrante do Sexteto Sucupira e está preparando seu primeiro álbum autoral, “Impressões”, produzido por Nema Antunes.

Depois de “Tempo de Vendaval”, canção que dá título ao álbum de estreia da musicista e compositora Nara Pinheiro, a segunda música mais tocante do volume é “Despertar”, uma homenagem à cantora e compositora Nega Gane, que ganha clipe nesta sexta (10), ao meio-dia, dirigido pelo artista visual Gabriel Rollinos, que já assinou clipes para Toro y Moi, Tim Bernardes, Garotas Suecas, Metronomy, Boogarins, Bruno Berle e muitos outros. “Filmamos tudo com câmera analógica, pintamos em cima de vários frames da montagem, com ferramentas de AI (Inteligência Artificial), grudando uma imagem na outra e quebrando a lógica da AI. Do erro, chegamos no resultado, misturando técnicas antigas e novas“, me contou Rollinos, pelo zap. O clipe aconteceu graças a um concurso internacional da plataforma Groover, que conecta  artistas independentes e profissionais da música. Nara venceu entre 2.257 propostas. Neste sábado (11), Nara faz show do álbum, às 22h30, no Beco, em noite que ainda conta com a excelência do baixista Dudu Lima.

Foto: Marcela Calixto
Luizinho Lopes por Marina Costa
Caparte por Rafaela Urbanin
Amaury Lorenzo em "A luta"

O compositor, cantor e violonista Luizinho Lopes faz show de lançamento do seu oitavo álbum, o belo “Como seria explodir um amor tão concreto duro de partir?”, do qual falei aqui. Vai ser nessa sexta (1o), às 21h, no Teatro Solar.

As bandas jovens Daparte (foto) e Hotelo fazem show nesta sexta (10), às 21h30, no Beco. Na segunda (13), tem Encontro de Compositores e, na terça (14), Roça Nova.

Ator da novela “Terra e Paixão”, na qual fez sucesso como parte do casal LGBTQIA+ Kelmiro, Amaury Lorenzo apresenta o monólogo “A Luta”, com direção de Rose Abdallah, no domingo (12), às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. O espetáculo conta a história de Canudos e a trajetória de seu líder, Antônio Conselheiro, adversário do governo republicano. 

A Banda do Ben estreia novo formato de show, “Ben de tardinha”, misturando sucessos de Jorge Ben Jor e a canções icônicas de samba rock, samba e pagode, sábado (11), das 17h às 22h, no Tenetehara.

Documentário feito por alunos de cinema e audiovisual, o curta-metragem “O legado dos vaga-lumes”, sobre a Rainbow Fest,  estreia na quinta (16), às 16h, na Sala de Cinema Germano Alves, no Instituto de Artes e Design (IAD) da UFJF.

O mais do que tradicional Festival Mix Brasil da Cultura da Diversidade tem a sua 31º edição já rolando até o dia 19. Na internet, até o dia 26, o festival oferece 28 filmes on-line, gratuitamente, pelas plataformas Spcine Play, Sesc Digital e Itaú Cultural Play. A lista de filmes está aqui. Entre eles, está Corpo Presente, de Leonardo Barcelos, que investiga o corpo como forma de arte, expressão e  identidade, traçando um retrato contemporâneo de suas possibilidades, no Itaú Cultural Play. Deu saudades de cobrir o Show do Gongo com Marisa Orth, nos meus tempos de correspondente do site no Rio.

O Maquinaria completa 11 anos, no sábado (11), às 21h, e comemora ao som dos DJs Pedro Paiva, Snup-in, Lagartixa, Elpp Aravena, Ruan Lustosa e Alex Paz.

Também no sábado, Teresa Cristina e o Grupo Semente comemoram 25 anos de estrada, às 22h, no Circo Voador, no Rio.

Entre os dias 14 e 18, acontece, em Belém, o 18º Festival Se Rasgum, no Espaço Náutico Marine Club e Píer das Onze Janelas, em Belém (PA). No line up estrelado, nomes como Planet Hemp, Terno Rei, Keila + Deize Tigrona, Luísa e Os Alquimistas, Rashid, Mukeka di Rato, Silvia Machete, Anelis Assumpção + Mahmundi, Bixarte, Mateus Fazeno Rock + Ruth Clark, ÁTTØØXXÀ + Jadsa + Naieme, Josyara, RAWI + Tiffany Boo e muito mais. Durante o festival, será lançado o  Circuito Amazônico de Festivais, que já conta com os festivais Varadouro (Acre), Calango (Mato Grosso), Quebramar (Amapá), BR-135 (Maranhão), Casarão (Rondônia), Tomarrock (Roraima), Se Rasgum (Pará) e Até o Tucupi (Amazonas). 

Paredão do Digitaldubs na instalação sonora "Quer ver, escute'", no Festival Mutiplicidade

Nos meus anos cariocas, um dos meus programas favoritos era frequentar o Festival Multiplicidade, de Batman Zavarese, aonde mergulhei na piscina de bolinhas do Letuce e vivi tantas aventuras digitais. Pois o festival está completando 18 anos e abraçou a NFT Rio e o Festival Ultrasonidos, como contei aqui na sexta passada. Agora, o festival está em cartaz com a exposição “2050 + Studio Krya”, na galeria 3 do Futuros, no Flamengo. A exposição conta com obras digitais e físicas de Clickbycria, Gean Guilherme, Ottis, Rxbisco e Velez, artistas do morro do Santo Amaro, no Rio, e intervenções do Studio Krya com a obra interativa “Relíquia dos Relíquia”, experimento tecno-artístico que utiliza a AI para explorar as contradições e os limites entre as mídias digitais e os saberes ancestrais. Nesta sexta (10), às 18h, e no domingo (12), às 16h, tem a performance “Abertura do portal do Kryaverso”, ritual orientado pelo artista e músico Mukanya do projeto AfrikaSonora. No dia 25, tem Metabaile, das 15h30 às 22h, uma experiência multissensorial que integra, por meio da música, dimensões da realidade virtual e analógica, com a participação do DJ Crazy Jeff, do Santo Amaro, e dançarinos. “É ontem!”, diz o release. Tudo com entrada franca.

Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists do 2012, 2021 e 2020 nos links.

Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com The Beatles, Mika, Shit Robot + Suzi Horn, MGMT, The Chemical Brothers, Megan Thee Stalion, Bad Bunny, 2 Chainz + Lil Wayne, Green Day, Rael + Gloria Groove + Tropkillaz, Tokischa, Jungle, Tim Bernardes, Chico Chico, Luiza Brina, Bemti, willow, Ana Moura, Ubiratan Marques + Toninho Horta, Chris MC, Nego Max + Magrão + Max B.O. + DropAllien e Audrey Nuna.

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