Sexta Sei: Pisa menos, Natal! Luísa e os Alquimistas e Potyguara Bardo são a nova cara pisante do RN, o brega wave

Artistas lançam hoje a versão piseiro para “Cadernin”, do último e excelente disco de Luísa, que revê o brega pelos olhos do pop atual, é o bregawave, tá pronta?

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fotos:  Ian Rassari

Já tem um tempo que eu estou com olhos e ouvidos voltados para Natal, aonde artistas inventivos e potentes como Luísa e os Alquimistas e Potyguara Bardo estão recriando o brega pelo olhar contemporâneo, o que os jovens chamam de bregawave. Basta ouvir os últimos discos, “Jaguatirica Print”, o terceiro de Luísa, e “Simulacre”, a elogiada estreia conceitual de Poty. Uma delícia caribenha e latina, um convite pra dançar e liberar geral, que só melhora quando elas se juntam, como em “Plene” e na linda versão do hino do forró romântico “Planeta de Cores”, da banda Forrozão Tropykalia.

Clipe lançamento de “Cadernin Piseiro”

Elas acabam de lançar “Cadernin (Piseiro)”, uma versão pisadinha da canção presente no último álbum de Luísa e que ganhou linhas harmônicas de sanfona, novas camadas de voz, baixos e guitarras. O pop do sertão nordestino. O clipe foi gravado no bairro da Copab, em Parnamirim, grande Natal. As locações trazem um clima interiorano, sertanejo, desértico, inóspito e, ao mesmo tempo, remetem às festas de forró que acontecem nas cidades do interior. O clipe é inspirado nos vídeos caseiros do Fundo de Quintal OFC, que já pisaram e são recordistas de acessos aqui na Sexta Sei.

Fotos:  Ian Rassari

O figurino, futurista, foi criado por Luna Isaac, da Bicha Extra Terrestre, uma pauta em si. Claro que eu puxei papo, pois interessado que estou em fazer parte. “Meu nome é Luna Isaac, pessoa trans não binária do agreste, identificada com o gênero feminino. A BET surgiu em 2017, com o objetivo de criar a partir de um lugar de dissidência de gênero, estruturar uma moda mais preocupada com a diversidade de gênero”, me contou, pelo chat do Instagram.

Olhos de Tocha, com Luisa e Poty, eu poderia morar nesse clipe <3

Luísa foi super receptiva ao meu contato, uma graça. Batemos um papo, por e-mail, eu, ela, Poty, que amorzinho, e falamos de Natal, dos points como Beco da Lama e a praia de Ponta Negra, aonde, aos domingos, 16h20, a galera do passinho abala no deck do Astral, da pisadinha que faz a gente mexer e desse amor lindo das potiguares. Amo demais, “boto aquele body de oncinha, busco na rodoviária”…. Um beijo pras duas.

Moreira – Vocês estão lançando novas luzes sobre o Rio Grande do Norte e mostrando o estado de forma viva. O que a gente tem que saber sobre o estado? A cultura? Quais são os melhores rolês? Aonde está a juventude? Quais as festas? O que o povo dança? Quando passar o Covid quero ir aí conhecer.

Luisa Nascim – Natal tem artistas incríveis que não têm medo de misturar e experimentar. Antes de cantar eu fui do circo por quase dez anos, participei da ocupação de uma lona na universidade federal por três anos, então conheço de perto as obras dos grupos de artes cênicas, dos coletivos audiovisuais, da galera da literatura, artes plásticas, das bandas de hard core, reggae… das várias cenas culturais que marcaram minha geração. Posso te garantir que, de onde vem Potyguara e Luísa, tem muito mais coisa foda rolando que deveria ter mais circulação e reconhecimento “nacional”, seja abordando elementos de um imaginario hegemônico de nordeste ou subvertendo totalmente isso. Se você for no Beco da Lama de quinta-feira vai ouvir samba, house, techno, brega funk… 

Na praia de Ponta Negra, aos domingos, 16h20, chega no deck do Astral que vai tá a galera do passinho abalando.

Moreira – Me conta mais sobre o piseiro? Pode dar aula mesmo, quem são os expoentes, o que caracteriza o ritmo . E me conta sobre os soundsystems móveis de “Olhos de Tocha”, eles fazem festas assim aí? E aonde foi gravada aquela parte toda colorida, grafitada, que lugar mais otimista, feliz! Morava fácil nesse clipe.

Luisa Nascim – O registro mais antigo que eu conheço do termo “Pisadinha” é do baiano Nelson Nascimento, que se dizia “o Rei da Pisadinha” em 2004. É um tipo de forró que surgiu das possibilidades do teclado, com timbres de bateria eletrônica bem característicos. O jeito de cantar tem influências do vaneirão, ritmo gaúcho com forte presença da sanfona, ou gaita. Sempre trazendo essa atmosfera da festa do interior, o ritmo vem animando muitos rolês Brasil afora há anos, ganhando novas vertentes e se modificando. Aí veio a banda Barões da Pisadinha com a música “Tá Rocheda” e aquele tecladinho safado que gruda na cabeça, e pronto, lascou, o povo só quer saber de pisar kkkkkkk o verão 2020/ 2021 é da Pisadinha, não tem jeito. Na real já faz tempo que os ritmos populares contemporâneos do nordeste vem apontando as tendências do pop brasileiro. Sobre o beco grafitado que aparece no clipe de “Olhos de Tocha”, é justamente o Beco da Lama, que cito na resposta anterior. Vale muito a pena colar.

Moreira – De onde você conhece a Potyguara? Tem uma cumplicidade, uma química, tão gostosas… Queria dar aquele rolê na praia, bolando um na sedinha de bolinha… Fala mais desse amor.

Luisa Nascim –  Conheci a Potyguara já como drag durante um show nosso em Natal. Ela fez uma performance com tradução em libras na música “Avec Plaisir” do nosso primeiro disco, o “Cobra Coral”. Foi paixão à primeira vista! Quando ela lançou seu primeiro single, “Você não existe” fiquei passadaaaaaaa! hahaha aí pronto… a gente foi se aproximando cada vez mais e ela me chamou pra participar do seu primeiro álbum, “Simulacre”. Tive a honra de participar e ouvir tudo em primeira mão. Hoje em dia posso garantir que Zé Aquino é um dos meus melhores amigos, nossa sintonia é gigantesca mesmo e a gente não vai parar de fazer coisa juntes nuncaaaa. <3

“Curupira”, Potyguara Bardo

Moreira – Potyguara, tu tens noção do fascínio que exerces sobre as crianças? Você recebe muitos feedbacks por mostrar um outro jeito de fazer drag? Acha que durava quantas semanas em RuPaul’s Drag Race? Risos. Muito importante o resgate de lendas brasileiras, o “Curupira Pirou” é demais, lisérgica. Tem mais planos neste sentido? De mostrar o folclore nacional?

Potyguara – Busco sempre expressar a minha criança interior em tudo o que eu faço, pois é na infância que estamos na nossa fase mais autêntica, antes do mundo nos podar. Amo todo tipo de drag e amo mais ainda, a cada cidade que faço show, conhecer as drags de lá e como a cena de cada lugar é diferente, fiz muitas amigas na estrada e não vejo a hora de revê-las. Sou muito fã do formato drag race, então eu com certeza ganharia e, se saísse, seria chamada de injustiçada, o que, às vezes, é até melhor que ganhar kkkk. Quero sempre mostrar o que vem daqui, dessa terra onde eu nasci, e sempre que a inspiração vier, pretendo falar daqui, acredito que não nascemos aonde nascemos por acaso ou sem propósito.

Abaixa que é tiro!??

Sophie Hawley-Weld e Tucker Halpern, a dupla mais do que linda de viver Sofi Tukker, são uma espécie de Teresa Cristina do pop das Américas, com suas lives incríveis e constantes durante toda a pandemia, sempre dançando juntinhos, um amorzinho. Eles são muito fofos, amo as roupas, o som, tudo, quero fazer amizade.

Hoje, ao vivo de Nashville, às 23h, eles lançam um novo conceito de show interativo, no qual poderão ver e ouvir a plateia. Fica disponível por 24h. 

Sophie é alemã, mas já morou no Brasil, fala um belo português e é fã da cultura nacional. O maior sucesso deles, “Drinkee”, indicado ao Grammy em 2017, é uma adaptação de poema do gênio Chacal, com cowbells, bongos, guitarras elétricas e graves profundos.

Amo também esse feat com a Pabllo Vittar , “Energia (Parte 2)”, que está na trilha do reboot da série “Crônicas de San Francisco”, na Netflix. Bafo pra fechar: Tucker Halpern é ex-jogador de basquete,  e abandonou o esporte após lesão. Ponto pra nós.

Em setembro, rolou a terceira edição do festival MUCHO!, que retorna, olha que maravilha, no domingo, dia 6, às 17h. O line-up tá babado e tiroteio com Chico Cesar, Bixiga 70, Mundo Livre S/A, Ju Strassacapa e Raissa Fayet, Braza, Baby, Obinrin Trio, Luciane Dom, Muntchako e Berra Boi. O lindo pôster é do Klas Caricaturas, que também fez o anterior.

O Women’s Music Event WME Awards, primeiro prêmio totalmente dedicado às mulheres do universo musical, chega ao quarto ano e será transmitido pela TNT.  

A premiação será na terça, dia 8, às 21h, com 17 categorias musicais e apresentação de Karol Conká e Preta Gil e participações de Tulipa Ruiz, Teresa Cristina, Drik Barbosa, Assucena Assucena, Daniela Mercury, Majur, MC Tha, Maria Gadú, Luísa Sonza e muito mais. Alcione e Elis Regina serão homenageadas. Elas querem é poder ♪.

Cherolainne
ACAPTCHA
Getúlio Abelha
Getúlio Abelha
Kid from Amazon
Lasmin Turbininha

Sim, existe um festival Clubbers da Esquina, e a primeira edição vai até o dia 13, tudo online, como tem que ser these days. O projeto tem apoio da Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte e oferece 18 dias de web namoro, ead, livestream e festa online. Entre as atrações de Brasil,  Argentina, Uruguai e México, destaque para ACAPTCHA, Getúlio Abelha, Glau Tavares, Iasmin turbininha, que já esteve por aqui, em rolê da Makoomba, meu amigo KID FROM AMAZON, La Puta Inês, Loïc Koutana, Aun Helden, Saskia & DJ Tabu e Cherolainne, dentre outros. Dia 7 tem masterclass com a nossa professora MC Carol,em conversa com o  bom jornalista Guilherme Guedes. 

Fotos lindas demais de Jef Delgado

Segura o coração:  o trailer já anuncia que o choro emocionado é livre em “Emicida AmarElo – É tudo pra ontem”, documentário que estreia dia 8, na Netflix. O show do rapper no Theatro Municipal, em 2019, é a espinha dorsal ao qual o diretor Fred Ouro Preto mescla animações, entrevistas e cenas de bastidores.

O filme explora a produção do projeto de estúdio AmarElo e, ao mesmo tempo, a história da cultura negra brasileira nos últimos cem anos, estabelecendo um elo entre o show,  a Semana de Arte Moderna de 1922 e a fundação do Movimento Negro Unificado (MNU), em 1978. 

“São quatro décadas que separam a nossa ascensão ao palco do Theatro Municipal do encontro das pessoas do MNU naquelas escadarias. Então, subir ali e gritar ‘obrigado, MNU’ pro mundo é para que eles saibam que é da luta deles que nasce um sonhador como o Emicida“, diz o rapper. 

Netflix e Laboratório Fantasma ainda terão um segundo projeto, em 2021, pode vir que eu tô pronto.

Nicolas Krassik
Barbatuques

O festival Som na Faixa faz edição virtual, instrumental e brasileira nos dias 5, 6, 12 e 13 de dezembro, às 19h. A transmissão será no Youtube e no Facebook da Muda Cultural.

Amanhã, sábado, dia 5, o grupo musical Barbatuques se apresenta e faz oficina de percussão. Eles pesquisam, há 20 anos, os sons do corpo. No domingo, 6, tem apresentação do violinista francês Nicolas Krassik, que tocou com nomes como Gilberto Gil e Yamandu Costa.  Neste show, ele convida o violonista Gian Correa.

Esta terceira edição continua semana que vem, com Nailor Proveta e Alessandro Penezzi, dia 12, e Badi Assada, dia 13.

O Festival Internacional de Circo (FIC) 2020 vai até o dia 15,  com mais de 80 espetáculos e números circenses gratuitos, a maioria deles disponível pela internet. As atrações estão divididas nas áreas de comicidade, palhaçaria, circo tradicional e circo contemporâneo.

A cantora Daniela Aragão continua série de boas entrevistas em seu instagram, com Joyce Moreno, hoje, dia 4, Mariana Baltar, dia 11, e Áurea Martins, dia 18, sempre às 19h. 

E temos lives, claro, o único jeito possível de aturar a segunda onda. No sábado, dia 5, tem Trupe Chá de Boldo, às 19h, Rap das Minas e Onze:20, às 20h, Liam Gallagher, às 22h. No domingo, Alessandra Crispin e Caetano Brasil, às 19h, e a Orquestra Ouro Preto e Alceu Valença, às 19h30.  A Orquestra Sinfônica Pró-Música /UFJF e o coral Pró-Música fazem edição virtual do projeto Operando, com peças de Georges Bizet, Pietro Mascagni, Wolgang Mozart, Charles Gounod e Jean-Philippe Rameau, dentre outros, 20h.

A Virada SP Online continua, neste sádado, dia 5, com Ana Cañas cantando Belchior, 17h, e Karol Conka, 22h, cata mais atrações e assista aqui. Segunda, entra no ar o Lab Cultura Viva, com dez transmissões ao vivo, até o dia 11, com debates e coletivos culturais, como Slam das Minas RJ, Agência de Notícias das Favelas, Jongo da Serrinha, Compositores da Baixada Fluminense, Escola Livre de Palhaços e Associação Folia Carioca.

Playlist com as novidades musicais da semana. ALERTA muitas novidades. Clique aqui para todas as playlists.

E, claro, a playlists dos novos clipes da semana, que já é meu novo vício, só vem, tem Paul McCartney, Strokes, Artic Monkeys, Shakira e Black Eyed Peas, Akira Presidente, Gilsons e Flor Gil, Rocha ishi e Elpitxú feat. SS el Patrón e Socílo Xeriff, Mc Rebecca e Elza Soares, Parangolé e Lexa, Gshytt e Coronel Pacheco.

Sexta Sei, por Fabiano Moreira