Sexta Sei: Mais uma do RaMemes, o destruidor do funk, o Skrillex do batidão de Volta Redonda

Depois de feat com Pabllo Vittar, DJ do selo QTV lota bailes no Rio e em São Paulo com seu funk superacelerado a 200bpm

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Essa é mais uma do Ramemes, o destruidor do funk, ou Ramon Henrique, o jovem produtor de 24 anos de Volta Redonda que ganhou atenção nacional ao participar do álbum “Noitada”, de Pabllo Vittar, em 2023, na deliciosa faixa “Calma, amiga”, de apenas 1 minuto, tempo suficiente para o nosso herói brilhar. Só no Spotify, a faixa tem mais de quatro milhões de plays. Foi a música que eu mais ouvi em 2023. “Simpatia é quase amor”, como ensina o bloco ipanemense, e esse filho de ex-candidato reincidente a vereador e dono de botequim-restaurante com sinuca é um dos caras mais simpáticos da Internet, aonde conquista a todos sendo acessível, educado, simpático e boa onda. Sua música, acelerada, explora as barreiras do funk com a música eletrônica experimental. Tanto que ele está no selo QTV, experimental e de vanguarda, ao lado de artistas como Juçara Marçal, cabezadenego, Kiko Dinucci, Eduardo Manso, Tantão e os Fita, Negro Leo, o maravilhoso Índio da Cuíca e muito mais. “Nasty”, como resume o YouTuber americano Fantino, ao recomendar o seu primeiro álbum do ano passado, “Sem limites. Amigo do DJ Crraudio, da Makoomba, ele já veio a Jufas destruir o funk e distribuir a sua carta customizada de Yu-gi-oh! algumas vezes. “Sei que existe muita misoginia em letras de funk, mas o meu foco sempre foi fazer música de funk que não é focado na letra”, conta, só na velocidade.

“Calma, amiga”, com Pabllo Vittar e Anitta

Moreira – As coisas estão acontecendo bem rápido para você, né? Foram dois álbuns de estreia lançados no ano passado, com faixas bem curtas, aceleradas, de alta energia e distorcidas, e uma agenda de shows que parece intensa, pelo que acompanho, com interesse, nas mídias sociais, especialmente no Twitter. A parceria com a Pabllo Vittar trouxe muita atenção para você? “Calma amiga” foi a faixa que eu mais ouvi em 2023, segundo o Spotify, nossa, eu amo… Você terminou o ano com o Fantano apontado seu álbum como subestimado, jamanta, hein?

RaMemes – Sim, trabalhar com a Pabllo Vittar foi algo único, né? É uma coisa que você leva para a vida inteira. E aí isso muda qualquer tipo de carreira, né? Trouxe um mundo que eu nunca tinha visto e, agora, graças a Deus, estou lotando todos os shows, tendo muita festa aí e sempre levando a Pabllo Vittar comigo também, por ter essa música com ela.

“5 minutin da Tropa da Loló” 

Moreira – A aceleração do funk é um movimento sem volta? Porque, do 180bpm, fomos pros insanos 200bpm em algumas de suas faixas… Tem a ver com a sua geração e a velocidade da Internet? Por isso que você usa essa alcunha “destruidor do funk”? Você aprendeu a produzir na rede?

RaMemes – A aceleração do funk é muito de época, tem época que é rápida, tem época que é devagar, mas eu simplesmente não ligo pra época e aí faço o que vier na mente. A parada do “destruidor do funk” veio por conta disso, né? Por ser em época que tá fazendo funk devagar, eu tô fazendo funk muito rápido, aí os cara tá tipo “nossa, você tá estragando funk”. Que eu estou, tipo, fazendo de um jeito que não é normal. De acordo com os cria, tá ligado? Hoje em dia, geral já entendeu meu trampo e o significado de “destruidor do funk”, não como algo ruim. E eu aprendi sozinho no computador. Um amigo me mostrou o programa e eu fui fuçando até aprender.

Foto: Dennis Siqueira

Moreira – Adoro acompanhar as suas mídias sociais, especialmente pela forma como você trata as pessoas, mesmo os haters, sempre respondendo a todos, e sempre falando como um aliado da comunidade LGBTQIA+, com direito a T-shirt inclusiva do seu time de futebol. De onde vem tanta simpatia? Li que você recebe muitos nudes, ahaha… E como é essa carta que você distribui aos fãs? É algo do RPG? (Entreguei a idade aqui?) Percebo que também não há misoginia nas letras, algo mais do que comum na cultura funk.

RaMemes – Ah, a simpatia veio com o meu pai, o meu pai tentou ser político, né? Tentou ser vereador várias vezes e, aí, sempre via ele conversando com todo mundo, todo mundo, todo tipo de gente. E falando com geral, e eu via ele conversando com todo mundo, e eu já quis ser psicólogo, então tudo isso pra eu conseguir ter uma conversa com todo tipo de pessoa do mundo sem problema nenhum. E aí, a carta. Ela é de YuGiOh!. É um anime, um desenho que passava muito tempo atrás, mas que ainda é muito conhecido por bastante gente. Quem pega e conhece se identifica e aí é legal. A pessoa fica tipo, “nossa, você também via esse desenho?”. 

E sobre as letras. É, eu não nem percebo muito bem a Acapela, o que que está sendo dito, porque eu uso muita Acapela como algo que combina com a batida.Mas sim, eu sei que existe muita misoginia em letras de funk, mas o meu foco sempre foi fazer música de funk que não é focado na letra. Então não tem isso mesmo. 

Com o DJ Crraudio que eu gosto na Danke

Moreira – Já deu pra mudar a sua realidade e a da sua família com tantas gigs? Acompanhei que, no final de ano, uma chuva forte destruiu a sua casa, que também é um bar? Quero muito ir jogar uma sinuca lá… Você é viciado em energético, sempre vejo na sua mão? É batizado? Risos

RaMemes – Sim, ajudou bastante, porque o meu pai ainda está desempregado. A gente tem o bar que virou um restaurante que o meu pai está pedindo ajuda para a vizinha aqui, e é meio que eles se juntaram para conseguir fazer o restaurante e agora está dando tudo bom, e eu estou conseguindo ajudar eles a ajudar até com restaurantes e sim, vem jogar sinuca aqui com a gente. 

Moreira – Você já veio tocar em Jufas duas vezes, ponte com o DJ Crraudio, do Makoomba, que eu adoro. Qual a sua relação com a cidade? 

RaMemes –  Sim, já fui tocar muitas vezes aí e sempre com DJ Crraudio, eu o adoro. A relação com a cidade é por ser Minas, né? A minha família é toda de Minas, então meio que já é um lugar aconchegante como todas as Minas Gerais, né?

Foto Dennis Siqueira

Moreira – Quem são os novos nomes do funk e da música eletrônica para prestarmos atenção? Vejo você sempre interagindo com MU540, com o Puterrier (adoro o conceito do AtabaGrime), Clementaum (amo demais, sempre com o mesmo look em diferentes versões e o lequinho), Maffalda (com quem interagia muito na época da minha festa, a Bootie Rio…) 

RaMemes – As pessoas que eu posso indicar são o Caio Prince, a Bonekinha Iraquiana, que você já deve conhecer também, Adame, tem muita gente. Se eu ficar aqui, pelo amor de Deus, só amanhã que acaba.  Tem uma galera boa aí tem. Nossa, realmente, agora fugiu tudo na minha mente, mas realmente tem muita gente.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Arte Daniel Pardal

Fiz uma rota dos shows internacionais e festivais do primeiro semestre para antecipar e planejar os rolês.

Festival de Verão de Salvador, 27 e 28 de janeiro, com Thiaguinho convida Maria Rita, Péricles convida Gloria Groove, Ivete Sangalo e Seu Jorge convida Mano Brown.

Psicodália, 9 a 14 de fevereiro, com música alternativa brasileira na serra do Rio Rufino, em Santa Catarina. Entre as atrações confirmadas, estão Manu Chao, Filipe Catto, Juçara Marçal e Mateus Aleluia.

Carnamango, de 11 a 13 fevereiro, no Circo Voador, com Marcelo D2, Ebony, Dona Onete, Furacão 2000 e FBC.

Rec Beat, de 18 a 21 de fevereiro.

Lollapalooza, de 22 a 24 de março, com SZA, Limp Bizkit, Sam Smith, Blink-182 e Paramore, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo.

Ibitipoca Music Festival, 3o de março, com Pitty, Chico Cesar, Geraldo Azevedo e Benziê.

Pôster por Afro’G

I Wanna Be Tour, 2 de março (SP); 3 de março (Curitiba); 6 de março (Recife); 9 de março (Rio) e 10 de março (BH), com grandes nomes do pop punk e do emo. Simple Plan, Pitty, McFly, Fresno, All Time Low, The Used, NX Zero, A Day To Remember estão entre as atrações.

Queremos! Festival, 15 de abril, na Marina da Glória, com Ana Frango Elétrico, Djavan, Djonga, KENYA20Hz, Lenine & Marcos Suzano e Rubel – além das atrações internacionais Adi Oasis, Alfa Mist e Devendra Banhart. 

Gop Tun, 20 de abril, de música eletrônica, no Estádio do Canindé, em São Paulo, com Robert Hood, Palms Trax, Kornél Kovács, L’Homme Statue e Cashu.

Festival alemão Summer Breeze Open Air, 26, 27 e 28 de abril, no Memorial da América Latina (São Paulo/SP), com Within Temptation, Amorphis, Eclipse e Angra.

C6 Fest, 18 e 19 de maio, em São Paulo, com Pavement, Black Pumas, Cat Power cantando Bob Dylan e Daniel Caesar.

Nômade Festival, 25 e 26 de maio, com Alceu Valença, Pabllo Vittar e Urias no Parque Villa Lobos, Zona Oeste de São Paulo.

Forró da Lua Cheia, de 30 de maio a 2 de junho, em Altinópolis (SP), uma rave de forró, com Natiruts, Lia do Itamaracá e Anelis Assumpção.

João Rock, 8 de junho, em Ribeirão Preto.

Alceu Valença, Falamansa, Barão, Ira! e Nenhum de Nós são as atrações do Festival de Inverno, nos dias 12 e 13 de julho, no estacionamento do Jardim Norte, em Jufas.

E ainda tem shows de Fat Boy Slim 26, 27 e 28 de janeiro (São Paulo, Rio e Brasília),  Manu Chao (1 e 3 de fevereiro no Cine Joia (SP), Men At Work, 17, 20 e 21 de fevereiro (Rio, Curitiba e São Paulo), Morrissey, 22 de fevereiro (São Paulo), McFly, 2 e 5 de março (São Paulo e Rio) Bikini Kill, 5 de março (São Paulo), Placebo, 17 de março (São Paulo), Royal Blood, 13 e 16 de abril (Rio e São Paulo), Megadeth, 18 de abril (São Paulo), Karol G, 9 de maio (São Paulo), Interpol, 7 de junho (São Paulo).

Nervoso, Kassin e Domenico

Eu conheci o baterista, guitarrista, vocalista e multi-instrumentista André Paixão nos anos 90, quando ele atendia por Nervoso e veio à cidade com sua banda Acabou La Tequila em evento que produzi, com o Leo Teixeira, nas ruínas do Teatro Paschoal Magno com a Elza Cohen e que ainda tinha Funk Fuckers, do BNegão, no line up. Era uma ladeira e um poeirão só, não pagamos as contas (drama), mas como a gente se divertia. O CV de Nervoso é enorme, com passagens por  Beach Lizards, Autoramas, banda que fundou, Matanza, Lafayette & Os Tremendões, Nervoso e os Calmantes e Tripa Seca. Ele aproveitou a calmaria dos lançamentos desse janeiro para colocar na praça “Fora de Ritmo”, álbum que consumiu 13 anos em sua feitura e no qual a bateria – um dos símbolos da carreira de André – ganha papel de destaque com diversos artistas icônicos trazendo seu lado autor para o repertório.

Wilson das Neves

“Estar fora do ritmo aqui funciona estar dentro da canção. Aqui, não tem solos ou malabarismos percussivos, mas tentativas de inserir um instrumento, muitas vezes associado à parte rítmica, aos caminhos melódicos da canção”, conta André. Na semana passada, “Vestido Vermelho”, com Pupillo, esteve aqui na playlist, e, esta semana, fui obrigado a colocar “O ladrão de vírgulas”, com Marcelo Callado. A atmosfera é brincalhona, mesmo que virtuosa, e lembra dos Mutantes em vários momentos. 

O álbum ainda tem as participações estreladas do saudoso mestre do samba Wilson das Neves, grandes nomes da cena do rock alternativo como Leonardo Monteiro (Acabou la Tequila) e Bacalhau (ex-Planet Hemp); Rodrigo Barba (Los Hermanos); Guto Goffi, do Barão Vermelho; Dany Roland (Metrô); e nomes de destaque dos últimos anos, como Domenico Lancellotti. Além dos bateristas, o disco conta com instrumentistas de peso, como Kassin, Dengue, Lucio Maia, Billy Brandão e até a Orquestra de St Petersburgo, com o arranjos de André e Guilherme Bernstein sob regência de Kleber Augusto.

GZLZ por Isabelle Nunes

Projeto de música eletrônica alternativa e artes visuais do  laboratório multimídia Gonzalez, o GZLZ lançou, essa semana, o terceiro single, “Ramal”, mais uma reflexão sobre o caos do dia-a-dia e a rotina pelas ruas que estará no EP de estreia do projeto, que chega em breve.

O clipe do primeiro single, “Linha Amarela” foi destaque em festivais de vídeo-arte pelo Brasil e em Portugal com reflexões sobre os conceitos de progresso e desenvolvimento, com suas implicações éticas e estéticas, a partir de um estudo acerca da via expressa localizada no Rio de Janeiro.

Os cariocas da banda Trash No Star fazem show no Necessaire
Pré-carnaval com Muvuka
Mombojó por Luan Cardoso cantado Alceu no Circo
Ensaio da Orquestra Voadora nos jardins do Museu de Arte Moderna. Foto: Renan Areias
Zudizilla e Luedji Luna em foto de Helena Salomão
Nara Pinheiro e Marcio Guelber. Foto: Natalia Elmor

Os clubes da cidade já estão em ritmo de pré-carnaval (especialidade local). No Muzik, todos os sábados do mês terão um bloco e um DJ convidados, com Xota Éfe e Amanda Fie (13), Só Love (20) e Banda do Ben (27), as duas últimas datas com o DJ Felipe Matos. No Beco, tem Bloco do Zezinho e Maracabloco (13), Muvuka e Xota Éfe (19), Bloco das Colheres (20) e Bloco da Bora (27).

No sábado (13), às 17h, o Clube Necessaire apresenta as bandas Trash No Star (RJ), Traste e Saginata.

Enquanto Los Sebosos Postizos canta Jorge Ben Jor, a Mombojó canta Alceu Valença, neste sábado (13), em noite pernambucana no Circo Voador, no Rio. A Mombojó lança, ainda em janeiro, álbum no qual revê a obra de Alceu, como já anteciparam os singles Amor que vai” e “Estação da Luz”. No mesmo dia, a colega e jornalista Kamille Viola autografa o livro “África Brasil: um dia Jorge Ben voou para toda gente ver”, sobre o qual falei aqui.

Luedji Luna, Rico Dalasam e Zudizilla fazem noite especial sábado (13), às 21h30, na Fundição Progresso, no Rio.

Com o tema “Os 15 Carnavais da Orquestra Voadora, a fanfarra carioca faz o seu segundo ensaio aberto no domingo (14), a partir das 16h, nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio.

Todas as segundas-feiras de janeiro, a dupla Nara Pinheiro e Márcio Guelber se apresenta no Brasador, às 19h. Também na segunda, às 19h, tem Encontro de Compositores de Juiz de Fora no Beco.

Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023,  2022, 2021 e 2020 nos links

Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Lil Nas X, Bia Ferreira, Jennifer Lopez, Kali Uchis, ÀTTØØXXÁ & É o Tchan, Boris Way, GZLZ, MGMT, Black Pumas, Froid, Trueno, Lara, Night Club, Alhoca, João Gomes, MC DS, Pedro de Aguiar, Bruna Luchesi e BayanaSystem (Brazook)  

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