Sexta Sei: A Quimera Vermelha, essa pantera digital, personagem de Victor Libório

Artista digital, que já criou capas para vários artistas de música, como Pabllo Vittar, Gabeu, Jup do Bairro e Gloria Groove, dá vida a personagem repleto de erotismo para retomar a própria narrativa

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

A palavra quimera me fascina desde que a ouvi, pela primeira vez, na escola, no poema “Versos Íntimos”, de Augusto dos Anjos, no qual rima com pantera. O monstro mitológico com cabeça de leão, corpo de cabra e cauda de serpente simboliza a combinação de elementos diversos ou ainda o produto da imaginação sem possibilidade de realizar-se, algo absurdo, fantasioso, utópico, a definição perfeita para o trabalho mágico e sensual do jovem artista digital Victor Libório, 25 anos, e sua Quimera Vermelha, uma espécie de armadura fantasiosa que o ajudou a superar traumas reais.

Capa Oficial do Single Rajadão, de Pabllo Vittar.(2020)
Capa de Sugar Daddy, artista Gabeu. (2019)
Capa Promocional do EP Corpo sem Juízo REMIXES, artista_ Jup do Bairro. (2019)
Capa de Deixa Fluir, artista_ Tchelo. Feito em parceria com Vitor M. Muniz. (2020)
Capa para o single O CORRE- Bixurdia Remix de Jup do Bairro (2021)
Capa para o single Nave cor de Rosa - Cyberkills Remix de Boombeat e Gloria Groove.(2020)

Trabalhos de Victor Liborio para artistas de música, como Pabllo Vittar, Gabeu, Jup do Bairro, Quebrada Queer, Tchelo e Gloria Groove

Conheci o trabalho do Victor quando ele criou a capa mitológica para o single “Rajadão”, de Pabllo Vittar, e passei a acompanhar a sua trajetória pelas mídias sociais com muita curiosidade. Batemos um papo, por e-mail, no qual ele me contou sobre o processo de trabalho, desenhando direto no iPad, as inspirações em mangás, Coréia, Studio Ghibli, filmes épicos e doses cavalares de Lady Gaga, e como retoma a sua própria narrativa sobre sexo ao se retratar como um deus no seu trabalho. Confira nosso papo:

Moreira – Você faz os seus desenhos no iPad, com apple pencil? Qual a principal diferença de desenhar no papel? Me fala sobre o seu processo criativo, o que te inspira, quais foram as suas principais influências, parece que gosta muito de animes e cultura japonesa.

Victor Liborio – Sim, atualmente, eu só uso o iPad. Eu desenhei muito no papel durante a vida, mas o digital me oferece ferramentas essenciais. Eu amo a luminosidade da tela, a capacidade de manipulação das obras e dos elementos dela que os softwares digitais disponibilizam.  Eu sou uma grande fã de animes hahah, mas isso se estende para o universo da fantasia em geral. O europeu também me cativa muito, como “O senhor dos anéis” e “Hobbit”. Produções coreanas, como “Ragnarok Online” e outros também são fontes constantes de inspiração. Numa fala geral, eu sou uma das milhares de pessoas que encontram conforto na fantasia, no universo mágico e épico. Sem dúvida, ao crescer, minhas maiores influências foram Lady Gaga e Hayao Myiazaki. Um na música, e o outro, no cinema, essas duas personalidades me impulsionam a querer criar também. Hoje, meu processo possui várias facetas, mas todas elas se encontram no fato de que eu gosto de me representar nas obras. Gosto de me ver no centro e foi esse movimento que gerou estéticas como a da Quimera, que posso aplicar em outras personalidades/trabalhos e fazer sentido também.

Moreira – Seu trabalho é bem alegre, parece que a felicidade é uma filosofia. Fale mais das suas motivações, há algo narcisístico? Você se retrata de  uma forma bem sexy 😉

Victor Liborio – Talvez por influência da cultura pop, como a Lady Gaga mesmo, haha, que tava sempre pelada no palco, e nesse contexto de nudez demonstrando força, dor e entretenimento. Isso, com certeza, foi algo que me permitiu fazer o que eu faço hoje também. Há camadas mais subconscientes claro, por exemplo, eu entendo hoje, depois de alguns anos na terapia, que me retratar de forma sensual e sexualizada é uma forma minha de retomar minha narrativa sobre essas duas coisas. Eu comecei a vida sexual muito cedo e com pessoas bem mais velhas do que eu, e isso se manteve por alguns anos chaves da adolescência. Tem sido um trabalho para mim entender que essas coisas, o sexo e o meu prazer, pertencem a mim e so devem pertencer a mim.

Moreira – O projeto artístico Quimera são justamente essas roupas de anime super sensuais? Já pensou em realidade virtual? Me lembrou um entrevistado recente, o Cyberpathotogy. Me explica melhor o que é….

Victor Liborio – Então a Quimera é o meu personagem, a minha transformação imagética. As roupas são o que eu uso para dar vida a este personagem e elas, com o tempo, poderão ser aplicadas em outros artistas como Pabllo Vittar, Violet Chachki e Jup do Bairro. O que eu sou muito grato. Mas a Quimera não se resume às roupas digitais, essas são apenas uma parte (grande) do universo emocional que envolve ela, a Quimera.

O artista sem o uniforme

Moreira – Impossível falar do seu trabalho sem falar de corpo e  sexo. Qual a sua filosofia? O que você quer mostrar e dizer? Quão relacionado está a experiências sexuais pessoais?

Victor Liborio – Acho que respondi isso antes, mas vou aproveitar para estender então aqui um pouco mais. Minha relação com sexo foi por muitos anos bastante conturbada, ligada em um modo automatico e sem muito pensar sobre as conseqüências. Hoje, na vida adulta e na terapia, é que eu comecei a entender as coisas melhor. Ainda é um trabalho diário. Eu sobrevivi a alguns abusos sexuais, o que é um tanto assustador de se pensar, principalmente pelo fato de que eu só entendi que fui abusado anos depois, conversando sobre e ouvindo depoimentos de outras pessoas sobre suas próprias experiências. A Quimera é a minha retomada dessa narrativa, é onde eu assumo o controle de algo que eu perdi o controle muito cedo. Ela é sexual porque eu quero, e não porque eu sinto que devo fazer isso para alguém.

Abaixa que é tiro!??

Hoje, sexta, o garoto de Ipanema Carlos Lyra completa 88 anos de pura bossa e ganha show, às 21h, com grandes nomes da música brasileira cantando suas composições, no YouTube do Blue Note. O line-up é o mais estelar dos últimos tempos, com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Marcos Valle, Ivan Lins, Jair Oliveira, João Donato, Roberto Menescal, Toquinho, Joyce Moreno, Leila Pinheiro, Zélia Duncan, Roberta Sá, Cris Delanno, Celso Fonseca, Gilson Peranzzetta, Marcos Sacramento, Monica Salmas e Teco Cardoso, Nelson Faria, Nilze Carvalho, Patricia Alvi, Berimbaum e Jaques Morelenbaum, Quarteto do Rio e Wanda Sá.

Neste sábado (15), o DJ juizforano radicado em Belloryhills Jota Januzzi, o nosso Jota Jota, faz a segunda edição do seu novo programa mensal de rádio, “Dreamscapes”. Vai ser das 19h às 21h, na Function.fm, com transmissão em vídeo, pelo YouTube, e streaming, no Soundcloud. Januzzi foi revelado como residente da minha festa, a Electroboogie, nos anos 00. “O programa de sábado à noite nasce da vontade de fazer música em um momento no qual ela é mais necessária. Embalando corpo e alma, faço uma viagem por diversos estilos e ambiências de música eletrônica, apresentando uma paisagem sonora revigorante para ouvir e dançar em seus momentos caseiros”, me conta. Pode apostar que vai ser chique e inteligente.

George Israel

O Circo Voador no ar da sexta (14), às 22h, traz show de George Israel em 2015.

No sábado, 15, tem live da Marília Mendonça, às 20h.

Antes, às 16h, sábado e domingo (15 e 16), tem o IV Slam Batalha da Ágora Virtual, no Facebook do Slam Poético da Ágora.

O Festival Divinas Brasileiras, idealizado pelo Instituto Mpumalanga,vai  homenagear Chiquinha Gonzaga, Dolores Duran e Elizeth Cardoso. O evento acontece aos domingos, nos dias 16, 23 e 30 de maio, sempre às 17h, em formato de documentário, com Fabiana Cozza, Ná Ozzetti, Zélia Duncan, Izzy Gordon, Leila Pinheiro e outras. Na estreia, domingo (16), 17h, tem Nilze Carvalho, Choronas, Hércules Gomes, Maíra Freitas, Luiza Mitres, Cacá Machado e Carô Murgel homenageando Chiquinha Gonzaga.

Na quinta-feira (20), às 19h, tem bate-papo na Casa Natura Musical com Johnny Hooker e Gaby Amarantos.

Hoje chega à Netflix a segunda temporada de “Love, Death & Robots”, com oito capítulos. O teaser anuncia planetas desconhecidos, monstros, humanos gigantes, robôs assassinos, subúrbios futuristas e mais reflexões sobre avanço da tecnologia e relações humanas. Filosófico.

A primeira temporada de Drag Race España estreia dia 30 pelo aplicativo WOW Presents Plus e pelo ATRESplayer PREMIUM. Isso pra quem não segue o FuzzcoNews, que resolve e entrega toda a programação internacional gay de TV com legendas

A edição espanhola será apresentada pela drag queen Supremme de Luxe, tendo, como jurados fixos, Javier Calvo, Javier Ambrossi e Ana Locking. São dez drags espanholas lutando pela coroa, cata aqui mais uma chamada.

Tem ideias que são tão simples e perfeitas que não têm outro destino que não a glória. É o caso do Twitter Coisas encaixando perfeitamente, pura diversão em imagens.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist com os novos videoclipes da semana, com Pabllo Vittar, Little Simz, Marcão Baixada, MV Bill + ADL, Califfa, Kaike, St. Vincent, Saweetie, Carol Biazin + Luisa Sonza, Jaloo + Strobo, Akira Presidente + Sain + Zélia Duncan, Gabeu, Boys Noize + Jake Shears, Jake Bugg, Imagine Dragons, P!nk, Cynthia Luz + Azzy, Fran + Carlos do Complexo + Bibi Caetano e Karol Conká

Sexta Sei, por Fabiano Moreira