Sexta Sei: Mulú retorna com balada de prenúncio de verão com estética oitentista ao lado de Letrux

Produtor acaba de mudar de pseudônimo e dá início a nova fase, na qual faz tudo, em seu estúdio na Serra de Petrópolis

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Autoretrato

Minha amizade com o Antônio Antmaper começou há 11 anos, bem antes de ele adotar qualquer pseudônimo, quando me mandou um mashup lindo de Daft Punk e Sérgio Mendes, “Estrelar around the world”, para incluir nas mixtapes da minha festa, a Bootie Rio. Apesar de ter feitos outros bons mashups, o lado autoral falou mais alto e, sob o pseudônimo Omulu, ele foi um dos criadores e difusores do bom ritmo rasteirinha, como registrei em matéria na coluna Transcultura, no jornal O Globo, e produziu faixas para artistas como Luedji Luna e ÀTTØØXXÁ, Alice Caymmi, Duda Beat. Também tocamos juntos em uma edição da Bootie Rio em Brasília (o flyer é lindo). Hoje, ele dá start em nova fase, sob o nome Mulú, ao lado de outra amiga, a cantora Letrux, com o lançamento de “Me espera”, “balada de prenúncio de verão com estética oitentista”com letra dela. O release, olha só, aponta para “Estrelar”, de Marcos Valle, como referência.

Mulú e Letrux em clima retrô (eu tinha um telefone desses vermelho)

Todo o material de divulgação, criado por ele na Serra de Petrópolis, remete aos anos 80, como a capa diagramada como uma fita cassete, elemento que foi também para a sonoridade, por meio da textura característica. A foto foi tirada em um lindo dia de sol na lagoa do sudoeste em São Pedro da Aldeia, quando Mulú então mostrou uma base misturando batidas de disco music com arranjos de sintetizadores retrô. Alguns dias depois, Letrux respondeu com uma letra quente e envolvente descrevendo um date de verão. E quem não quer, né?

Capa do single “Me espera”, por  Mulú e Fernando Schlaepfer 

Batemos um papo, pelo Whatsapp, para falar da nova faixa e da mudança de nome, feita para não misturar mais a religião com o seu trabalho. Falamos também do primeiro disco, que está vindo aí, Brasil, prepara o quadril, em dois EPs, e feats com o baiano Hiran, que deixou duas letras com o produtor, após recente passagem pelo Rio.

Moreira – Que bacana essa conexão com a Letrux, de onde vocês se conhecem? Como rolou essa parceria? E como foi trabalhar com ela? Ela é uma máquina de criatividade, né…

Mulú – Nos conhecemos há tempos em uma festa que tocamos juntos aqui no Rio, bem antes da pandemia. Quando eu compus o instrumental de “Me Espera” senti que precisava ser uma voz carioca e mandei pra Letrux. Ela curtiu e disse que me devolveria algo em uns dias, dito e feito! Quando juntei a voz e o instrumental achei que a Letrux deu exatamente o que a música pedia. Fluiu muito bem essa parceria, ela dedicou tempo e muito carinho pra nossa música.

“Bola de Meia”, uma rasteirinha para Bituca, uma das minhas favoritas

Moreira – Depois do sucesso da Rasteirinha e todas as novas visões de brasilidade, essa faixa traz novos elementos ao seu universo, com a forte referência à estética oitentista, sintetizadores retrô, textura das fitas k7 dos anos 80… Tem uma nova onda vindo aí?

Mulú – Eu tenho prestado muita atenção nas mixagens das músicas dos anos 80 e 90, a textura da música contemporanea se tornou muito  cristalina e me deu muita vontade de trazer as cores e texturas dessas décadas pro meu som. Tenho experimentado muito com texturas nas minhas coisas novas.

“Meu Jeito De Amar”, Mulú, Duda Beat, Lux e Troia 

 

Moreira –  Como foi esse processo todo de mudança de nome de Omulu para Mulú? Você teve algum feedback de praticantes de umbanda e/ou candomblé? Eu sempre achei o nome lindo, o orixá tem uma história bonita e um visual impactante. Já conseguiu alterar o  nome em todos os canais?

Mulú – Mudar de nome é um processo bem complicado e custoso pra um artista independente, escolhi esse nome porque me encantei pelo orixá há quase dez anos, num momento quando as discussões raciais/culturais não chegavam tanto no mainstream. Por mais que eu tenha conversado com filhos de Omolu ao longo dos anos que não viam problema, com o tempo, fui enxergando o quanto pode ser doloroso para algumas pessoas ver um homem branco, privilegiado utilizando um símbolo de sua religião. Mudar de nome foi a coisa certa a se fazer. Consegui alterar o nome em 90% das plataformas, no Instagram por exemplo consegui mudar o nome, mas o usuário por algum motivo que o suporte não consegue me explicar porque está travado para alterações.

Moreira –  Como está sendo a retomada das gigs? Se sente seguro? Vi no Instagram que você vai tocar em Nova York em 4 de  dezembro, no Nublu, no Brasil Summer Fest.

Mulú – A pandemia está aparentemente cada vez mais controlada nas grandes cidades. Me sinto seguro por estar vacinado e de estar em ambientes arejados com outras pessoas vacinadas. Para muitas coisas, como ir ao supermercado por exemplo continuo a usar n95 e tento ser ligeiro. Nova Iorque foi uma das primeiras cidades a controlar a pandemia, então sinto que vai ser bem tranquilo.

“Tô Te Querendo”, Mulú, Luedji Luna e ÀTTØØXXÁ

Moreira – Você fez algumas músicas de muita qualidade e boa repercussão com Luedji Luna e ÀTTØØXXÁ, com Duda Beat, Lux e Tróia, um forrozinho muito do arretado com a Potyguara Bardo, “Jesus Cristo” com Alice Caymmi. Tem mais planos de FEATs? Tá vindo um com Hiran?

Mulú – Tenho feats muito bacanas em andamento, o Hiran deixou duas letras maravilhosas no meu estúdio, estou sem pressa trabalhando com carinho no instrumental delas. 

Moreira –  E quando vai vir um disco cheio pra gente?

Mulú – Em 2022, com certeza, vem! Como estão saindo várias ondas das parcerias penso em soltar dois EPs, um mais instrumental, e outro mais vocal e, depois, juntar os dois em um álbum.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Fotos: Gabriel Venzi

A Sala da Casa é o mais novo espaço de arte da cidade, que tanto carece de iniciativas do setor, e fica no segundo andar da charmosa Casa da Esquina, na Rua Oswaldo Aranha 163, em São Mateus. O espaço é dedicado à difusão do livro de artista e tocado pela curadora Mariana Bretas, que conduz projeto de pesquisa sobre o tema no Pós-doutorado em Artes, Cultura e Linguagens da UFJF e é professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV). A primeira exposição é “Mecanografia”, do artista Fabrício Carvalho, e pode ser visitada até o dia 12 de novembro. Fui um dia a tarde e visitei a mostra sozinho, tudo como manda a OMS. A cada virada de página, uma nova obra, uma dobradura, uma escultura, uma nova sombra obre sobre a parede. O visitante ganha uma pequena lanterna de mão para iluminar, ele mesmo, os livros sobre as mesas.

A visitação é de quarta a sexta-feira, das 15h às 19h, e aos sábados, das 10h às 13h, exceto feriados. O espaço é uma graça e fica em um conglomerado de coisas bacanas e gente simpática: além da loja de moda que dá nome ao espaço, lá estão a Meraki arquitetura, a Editora Paratexto e a Movimento zen. Falta só um bar com uns bons drinques.

Sávio em foto de Felipe Latgé

Como canta o sábio Tom Zé, “Eu sofro de juventude / essa coisa maldita”, e, por isso mesmo, adoro ver o fogo que está presente no disco de estreia do menino Sávio, de Niterói, o bom “Converso com todas as coisas”, repleto de doçura, juventude e otimismo. Sávio é artista da Pomar Produtora e já tinha ganho notinha, aqui, depois que eu o vi, de papete, na live da gravadora.

Clipe para “Quanto tempo faz” com o Savinho ❤️

O som mistura rock, MPB, folk, indie e pop, em busca de novos caminhos. A faixa “Quanto tempo faz” ganhou clipe gravado na praia de Jurujuba com o Savinho, interpretado pelo menino Gabriel Gomes, que a gente já ama demais. “O disco conta a forma como eu me vejo e sinto tudo, compondo da liberdade que tenho aos vinte e poucos anos. É a maneira como me sinto agora e por isso afirmo que não vai ser por muito tempo”, resume Sávio, que cresceu em uma família de músicos, e também adora a própria juventude.

Foto: Jorge Bispo

Maria Bethânia estreia o programa “Tabuleiro”, dia 4 de novembro, na Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles. A série de seis episódios estabelece diálogos entre a música e a literatura. Os episódios serão lançados uma vez por semana, toda quinta-feira, até 9 de dezembro.

Bethânia lerá textos literários escolhidos pelo poeta Eucanaã Ferraz, intercalando estes momentos com músicas de diversos compositores selecionadas por ela. “É um lugar de oferta. Estou oferecendo textos e músicas”, resume a artista. 

 

Cata a guia dos episódios e só vem

1 – Clarice Lispector e a música negra norte-americana (4/11) 

2 – Brasil, sons, sensações, palavras (11/11)

3 -Vinicius de  Moraes por Vinicius de Moraes (18/11)

4 – Chico Buarque e Carlos Drummond de Andrade (25/11)

5 -A música de Caetano Veloso e traduções de Augusto de Campos (2/12)

6 – Poesia portuguesa (9/12)

O artista, Eduardo Castelo

Antes de ser o criador da maior expressão atual da viadagem, a festa carioca V de Viadão, Eduardo Castelo é artista graduado e de mão cheia e, durante a pandemia, descobriu um novo trabalho, que é criar retratos dos animais de estimação. As pinturas, em guache sobre papel, são pra lá de inspiradas e lindas, custam R$ 300 e levam até 20 dias para ficarem prontas. O que não tem mais é convite pra festa de Réveillon, dia 30, que voaram em duas vendas online.

Ela é tarja preta – Anna Ratto  feat.  Arnaldo Antunes

Chegou hoje ao streaming “Contato Imediato – Anna Ratto visita Arnaldo Antunes”,  álbum no qual a cantora e compositora Anna Ratto mergulha na obra de Arnaldo Antunes, com produção de Liminha, que também produziu Arnaldo nos Titãs e na carreira solo. Arnaldo participa da faixa “Ela é tarja preta”, que ganhou clipe. O disco era pra ter saído no ano passado, em comemoração aos 60 anos do artista, mas foi atrasado pela pandemia. Esse é o primeiro disco da cantora como intérprete. “É um disco solar, colorido, divertido e amoroso”, pontua. Hoje sai clipe para “A casa é sua”.

Elba Ramalho  apresenta o show  “Raízes do Brasil” e recebe convidados como Zeca Baleiro, Toni Garrido e Raimundo Fagner, hoje (29), às 20h, no Teatro Bradesco.

Cinquenta alunos das oficinas de flauta, percussão, violão e violino participam do recital anual do Programa Gente em Primeiro Lugar, hoje (29), às 19h. Logo depois, às 21h, Nilze Carvalho faz live com repertório de Chico Buarque no Blue Note.

O Sesc Jazz continua e tem Bufo Borealis, Fernanda Lira e Rodrigo Carneiro, hoje (29), às 19h, e Romero Lubambo Trio, às 21h. No sábado (30), tem Gabi Guedes, PRADARRUM, e Ellen Oléria, às 19h, e Hurtmold, Paulo Santos e Jorge du Peixe, às 21h. No domingo, às 19h, tem Aniel Y El Quilombo e Luedji Luna

A Mostra Maré de Música chega ao sexto show com o encontro de Priscila Tossan e Rubel neste sábado (30), às 19h. Os últimos shows, com Yoùn e Larissa Luz e Teresa Cristina e Nova Raiz do Samba, foram maravilhosos.

Também no sábado tem Virada SP, com shows de Kamau (16h25) e Meno del Picchia e Otto (21h).

⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣⁣O festival Rock Brasil 40 anos chega ao fim dia 1º de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, com shows  transmitidos pelo YouTube. Sábado e domingo, começa às 17h30, com apresentação da Orquestra Petrobras Sinfônica. No sábado (30), tem Maestro João Carlos Martins (17h30), Nenhum de Nós (19h), George Israel (20h30) e Biquíni Cavadão (21h20).  No domingo (31),  tem Maestro João Carlos Martins (17h30), Flausino & Sideral com Bebel Gilberto (19h), George Israel (20h30) e Marina Lima (21h20).

O Ateliê Casa Bracher promove encontro entre Carlos Bracher e João Candido Portinari em bate-papo sobre a pintura de Candido Portinari, na segunda (1º), às 20h. 

​​A 6ª edição da Mostra de Cinema Chinês de São Paulo começa dia 1º e vai até  o dia 11, online e gratuita. São dez filmes disponíveis por sete dias.

Morto em setembro, o ator Sergio Mamberti está na peça “Visitando o Sr. Green”, que o Palco Instituto Unimed-BH exibe nesta quinta (4), às 20h30.

Que tristeza a partida de Letieres Leite, geral sentiu.

Fizemos uma troca de servidor aqui no site e as colunas do mês de outubro não estão mais disponíveis, mas retornarão em breve.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist de videoclipes com Metronomy,  Bruxa Cósmica, Jup do Bairro + FXO Lab + Sanvtto, Vandal + Djonga + BaianaSystem, A Travestis + Maia , Caetano Veloso + Pretinho da Serrinha, Bivolt + Duda Beat, Kdu dos Anjos, Majur + Liniker, Don L, Christina Aguillera + Becky G + Nicki Nicole + Nathy Peluso, Jack Harlow + Static Major + Bryson Tiller, Kacey Musgrave, Patrícia Marx, Duquesa + Yunk Vino, Letrux, Rei Ami, Laura Januzzi, Rafa Martins e Little Simz

Sexta Sei, por Fabiano Moreira