Álbum é resultado de cinco anos de produção e reflete uma vida mais próxima à natureza, cuidando do filho, Lírio
por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com
Eu comecei a me ligar no trabalho do paulistano Gustavo Galo, 39 anos, logo que passei a fazer a Sexta Sei, há 4 anos, tanto que a canção “Até de manhã” abre a playlist com as melhores canções de 2021, mesmo tendo saído no final de 2020, carinhosa indicação de Carime Elmor, que também é fã. Desde então, tenho acompanhado com fascínio e interesse seu trabalho solo e também a trajetória da Trupe Chá de Boldo, “pra ver se chapa”. O álbum duplo “folhas_fruto”, lançamento do selo Pequeno Imprevisto, é resultado das criações dos últimos cinco anos e reflete transformações importantes, tanto emocionais quanto materiais, que formaram a sua visão de um novo mundo quando foi morar na Serra da Mantiqueira e nasceu seu filho Lírio. Enquanto “folhas” é um disco minimalista que ecoa a relação de Galo com as plantas e toda a natureza ao seu redor, “fruto” traz múltiplas experimentações sonoras, com uma super banda formada por Lucas Gonçalves, Otávio Carvalho, Gongon, Cuca Ferreira, Tomás Oliveira e mais convidados. Batemos um papo, por e-mail, no qual ele me mandou ao botânico “Bomba de estrelas” (1983) e falou mais sobre o processo de plantio do álbum. “Acho que, depois de um tempo, constatando o quanto é difícil sobreviver da música, é preciso radicalizar ao invés de se adequar. Não tenho mais pretensões, como tinha há dez anos. peço somente que, se possível, ouçam uma vez o disco todo”, conta.
Moreira – Em tempos de tantos lançamentos musicais, o que motivou lançar dois álbuns assim, na sequência? É uma reflexão sobre este nosso momento de consumo digital da música? “folhas” é quase sem banda, com beats, e “fruto” tem uma super banda. Quais são os contrastes entre os volumes?
Gustavo Galo – A ideia dos dois discos foi do Otávio Carvalho (produtor de ambos álbuns, “folhas” em parceria com Tiago Frúgoli). pensamos no que não tínhamos feito juntos ainda (gravei com o Ota singles, EPs e discos) e, de repente, pensamos no duplo. No início, eu queria um disco mais minimalista, e ele, um com banda ao vivo. Ouvindo os dois lados de “folhas_fruto”, conseguimos satisfazer os desejos de nós dois. Acho que, depois de um tempo, constatando o quanto é difícil sobreviver da música, é preciso radicalizar ao invés de se adequar. Não tenho mais pretensões como tinha há dez anos. peço somente que, se possível, ouçam uma vez o disco todo.
Moreira – Os álbuns refletem mudanças na sua vida pessoal, como a ida para morar na Serra da Mantiqueira e o nascimento do seu filho, Lírio, que chegou com nome de flor. As capas remetem a essa gestação, ao nascimento, crescimento. Mudou muito a sua perspectiva?
Gustavo Galo – Mudou completamente. Hoje, fico praticamente o dia todo com meu filho. Passo muito mais tempo em casa do que antes. Descubro agora um “interior”, uma paisagem totalmente nova. E, como cantei em “Menino me nina”, sinto que é ele, o meu filho, quem tem me ensinado a caminhar.
Moreira – Os álbuns têm participações pra lá de especiais, como Juçara Marçal, Bruna Lucchesi, Ná Ozetti e Negro Léo, não consigo dizer de quem sou mais fã, hehe. Como foram esses encontros e essas colaborações?
Gustavo Galo – As participações foram muito afetivas. com cada uma dessas pessoas tenho uma relação de proximidade. Para mim, sempre foi esse o critério para convidar pessoas, a admiração e a proximidade. não consigo chamar alguém que nunca conversei na vida. fico tímido, travado. negro léo é um amigo de longa data, artista que me influencia muito, contemporâneo de batalhas musicais. com a Bruna, tenho dividido palcos e a mesma paixão, os poemas musicados. Com Arthur Nogueira, assim como Bruna, me sinto diluindo ainda mais as fronteiras livro-canção (se é que elas existem), me sinto cantando poemas. Juçara Marçal já a encontrei diversas vezes e, para mim, sua voz é a voz do nosso tempo, me sinto vivo demais ouvindo seus discos. E a Ná, uma das vozes que embalou minha infância, adolescência até hoje. Uau, que alegria. Ainda tive o privilégio de contar com participações como as de Zé Pi, Meno del Picchia, Aline Falcão, Luiz Chagas, Gongon, Tomás Oliveira, Lucas Gonçalves, Cuca Ferreira; as parcerias de Alice Ruiz, Peri Pane, Enzo Banzo, Júlia Rocha e Lucina.
Moreira – Me conta as inspirações para as mágicas “Pequena Árvore” e “Pensando em Alzira E”, que tem um desfile de personagens muito importantes para nossa cultura, como Jorge Mautner, Alzira E e suas filhas…
Gustavo Galo – O mote para a canção foi a existência de artistas que ao mesmo tempo quando compõe músicas, cultivam seus jardins. Acho isso da maior importância, visto que é cada vez mais urgente a convivência com outras formas de vida. A música brasileira tem uma lição ecológica fundamental nesse sentido. Desde antigos sambas e marchinhas até hoje, a flora, em muitas letras, aparece não como mera paisagem ou adorno e sim como parceiras. Jorge Mautner e Gil, por exemplo, em “Força secreta daquela alegria” conversam por telepatia com as folhas. O mesmo Gil que, anos antes, já havia afirmado que “nós também somos do mato/ como o pato e o leão”.
Moreira – Tenho adorado acompanhar o seu trabalho também com a Trupe Chá de Boldo, como tem sido essa experiência pra você? É uma criação bem coletiva, né, com muitos integrantes…
Gustavo Galo – – Sim, a Trupe é uma experiência intensa de coletivo. Desde os arranjos até a decisão dos horários de ensaios, tudo é decidido com muita conversa e argumentação. Pode demorar dias para decidirmos questões simplíssimas, mas, no fim, é bem melhor assim.
Abaixa que é tiro!💥🔫
A Sexta Sei vai celebrar quatro anos de militância e resistência cultural com música, pintura, poesia, discotecagem, poesia, drag e performance no Occa, na Rua Pe. João Emílio 11, Passos. Vai ser no dia 13 de julho, sábado, das 16h às 22h, com a exposição de artes plásticas “uns & outros”, de Nickolas Selma, shows de Sil Andrade, Pedrada, o Legítimo e da dupla Ana Liz e Pedro Dias, pista comigo, Moreira, tocando o repertório da Bootie Rio, e Pedro Paiva, do coletivo Vinil é Arte, e as performances “Madame”, de Alice Ruffo, e “AutoraTransa”, de Renata Aparecida, tudo com ambientação luminosa de Tarja. Os ingressos do primeiro lote a R$ 10 podem ser adquiridos por meio de envio de pix a sextaseibaixocentro@gmail.com. faça o pix e envie ao mesmo e-mail o comprovante com o nome a ser inserido na lista que estará na porta do evento.
Meu parceiro do fanzine Bat Macumba e grande quadrinista e animador, Leo Ribeiro visita o Brasil com tour de lançamento de seu novo livro, a novela gráfica “Amazônia – histórias de beira de rio”, que passa por Belo Horizonte, na livraria Quixote, no sábado (13), pelo Rio de Janeiro, na livraria Folha Seca, no dia 16, e por Juiz de Fora, na quinta (18), na Autoria, no Granbery, das 19h às 21h30. Desiludido com os caminhos que a política brasileira demonstrava seguir em 2016, Leo Ribeiro decidiu que era hora de sair do país em busca de novos ares e oportunidades. Mas, antes de se resfriar na Noruega, resolveu viver uma aventura pela bacia do rio Madeira, além de trechos dos rios Amazonas e Negro. Reuniu as histórias nesta novela gráfica, produzida com o apoio do Fundo Norueguês de Ilustração (Norsk Illustrasjonsfond). A HQ é uma declaração de amor ao bioma mais importante do mundo e traz Leo em sua melhor forma. Ouvi rumores de que está no páreo do Prêmio Jabuti. Chique.
Sempre bacana saber da produção de música eletrônica brasileira. Mateus Estrela é produtor musical de Belém do Pará que já trabalhou com os conterrâneos Arthur Nogueira e Sammliz e também com Adriana Calcanhotto, no álbum “Só” (2020). Depois de seu EP de estreia, o introspectivo “Maude” (2023), no qual fez fusão entre lofi house e emotional garage, ele chega com “Perto” , que continua a explorar contrastes entre gêneros musicais e atmosferas. Da house ao jungle, passando por momentos contemplativos e intensos, as músicas propõem uma viagem, dançante, que é o tipo de viagem que gostamos .Em tempo, ele é primo do gênio da raça e guitarrista paraense Lucas Estrela, um grande amigo.
As bandas juiz-foranas Tatá Chama e as Inflamáveis e Varanda se apresentam na sexta (12), a partir das 21h, na Versus. A Varanda está preparando o álbum de estreia e tem viajado bastante pelo Brasil, aproveitem enquanto eles estão por aqui, pois essa turma vai bem longe.
Na sexta (12), às 20h, Anna Ratto leva para BH a turnê do show “Contato Imediato – Anna Ratto visita Arnaldo Antunes” , baseado no álbum de mesmo nome, que reúne canções do compositor paulistano, no Teatro de Bolso SESIMINAS.
O JF Rock City faz noite de encerramento nesta sexta (12, com Edu Falaschi na tour Rebirth Revisited, às 20h.
Luizinho Lopes apresenta o show “Tem pó no tempo”, na sexta (12), às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno.
Após seis anos de temporada com o show “Chico Buarque – Um Outro Olhar”, que sextou aqui, o NU’ZS duo, formado por Max Silva e Marcê Porena, agora revisita a obra de Roberto Carlos e Erasmo Carlos com o show “Amores – A Música e a Palavra de Roberto e Erasmo”, que estreia sábado (13), ‘às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. Cata aqui a versão de “Olha”;
O baile Pancadão faz edição neste sábado (13), às 22h, no Rocket Pub,. com Stwarthz, Submundo e Ever Beatz.
Barão, Ira! e Nenhum de Nós abrem o Festival de Inverno, sexta (12), no estacionamento do Jardim Norte. No sábado, é a vez de Falamansa e Alceu Valença, sempre a partir das 17h.
Em BH. mo sábado (13), o Baile da Bôta faz Arraial com Getúlio Abelha, the sad clown of forró, às 16h, na Arena Ataíde, no Jardim Montanhês
Aqui em Jufas, também no sábado (13), tem Arraiá do Ingoma, às 20h, no Beco.
O calendário Esquinas & Vielas 2024 começa com a edição especial “Nossos passos vêm de longe”, nome.inspirado em frase da ativista feminista Jurema Werneck, neste sábado, às 9 h, no Centro Cultural Dnar Rocha. O evento terá aulas das modalidades amapiano, hip-hop e vogue, além de jam e batalha open style.
Boogarins canta Clube da Esquina com participação de Toninho Horta e abertura do mineiro Haroldo Bontempo e de Julia Guedes, neta do mestre Beto Guedes,. nesta sexta (12), e Céu faz show de lançamento do álbum ”Novela”, com abertura de Bruno Berle, no sábado (13), no Circo Voador.
Mano do céu, a Lauryn Hill faz show no aniversário de 50 anos da Chic Show. sábado (13) , às 13h45, no Allianz Park., em São Paulo, com Sandra Sá, Criolo, Wyclef Jean, Mano Brown, Jimmy “Bo” Horne e Rael.
Neste finde rola o Jardim Sonoro: festival de mùsica de Inhotim, de sexat (12) a a domingo (14), com Zoh Amba (Estados Unidos), na sexta (12), Ballaké Sissoko & Vincent Segal (Mali/França), Joshua Abrams & Natural Information Society (Estados Unidos), Paulinho da Viola e Kalaf Epalanga (Angola), no sábado (13), e Kham Meslien (França), Sambas do Absurdo, com Juçara Marçal, Gui Amabis, Rodrigo Campos e Regis Damasceno (Brasil), e Aguidavi do Jêje (Brasil), no domingo (14).
A versão mineira do grande musical de Chico Buarque, “Os Saltimbancos”, tem apresentação no domingo (14), às 16h, no Teatro Solar, com entrada franca Retirada de ingressos gratuitos na bilheteria do espetáculo, 1h antes da apresentação.
Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023, 2022, 2021 e 2020 nos links
Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Kendrick Lamar, GA31, Os Nana + Phl Noturnboy, Kurt Sutil + 7RD, Rennan da Penha + Tonny Hyung + Danny Bond, AJuliacosta, Jake Bugg, Imagine Dragons, Daya, Mari Fróes, Greyson Chance, Amaarae, Residente + Jessie Reyez, Abbot, Alcione, Camurça + Gabriel Aragão, Glote, Meg Pedrozzo, rinôçérôse + Benjamin Diamond ,Suicidal Tendencies e Tz da Coronel + Neyriellen Ferreira.
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