Sexta Sei: Chegou! A Travestis! Artista baiana incomoda até filhos de Bolsonaro com campanha “abaixa o preço do gás”

Tertuliana foi projetada à cena nacional depois de feat com Pabllo Vittar em “Tímida” e é expoente do pagodão baiano, esse ritmo que mexe com a bunda da gente

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Tertuliana, de A Travestis, em plena ação para abaixar o preço do gás (#abaixa #abaixa)

Comecei a ouvir falar de Tertuliana, 25 anos, a voz e o corpo da banda de pagodão baiano A Travestis, no final do ano passado, quando saiu a versão “111 Deluxe” de Pabllo Vittar, e ela fez as vezes de Taila em nova versão de “Tímida”. Logo caí de amores por “Eu vou cagar no pau”, o feat com a Danny Bond, e passei a acompanhar o projeto, entusiasta que sou do ritmo pagodão baiano.

A gata no clipe de “Surra de bunda nele”

Batemos um papo, por Whatsapp, e falamos sobre os protestos contra a alta do preço do gás, que acabaram em queima de bandeira nacional e posts nas redes dos filhos de Bolsonaro, como ela conheceu Pabllo Vittar, no alto de um trio elétrico, em Salvador, e sobre os nomes das mulheres que defendem esse ritmo contagiante, como Nêssa, Rai Ferreira, A Dama do Pagode, Dai e Maya, do pagotrap, com quem lança, hoje, o single “Violenta”

“Abaixa o preço do gás”, o pagodão baiano de protesto

Moreira – “Sento pro moço do gás” já nasceu hit, quando você teve o click de gravar a nova versão politizada,  “Abaixa o preço do gás”? Deu novo contorno ao seu trabalho, né? Adoro quando grita FORA BOLSONAROOOO ahahah. Teve até queima da bandeira nacional em Campo Grande, como foi isso?

Tertuliana – “Abaixa o preço do gás” surgiu a partir de uma necessidade que eu senti de dar uma resposta política ao momento que a gente está vivendo, né, de inflação, de aumento do custo de vida. Isso se torna muito complicado, é o que eu chamo de gentrificação do Brasil, o país está sendo gentrificado, então, pobre, dificilmente, consegue se manter. E aí teve a queima da bandeira que ajudou a impulsionar. Eu lancei o clipe em um dia e, no outro, fiz um show em Feira de Santana (BA), e nesse show, queimei a bandeira, e isso gerou toda a polêmica, né? Os filhos de Bolsonaro compartilharam e tudo mais, e a gente teve até uma série de campanhas, logo em seguida, para baixar o preço do gás, né? Todo mundo que postou nas redes também deu uma olhada lá no meu single. Se tornou um debate muito forte, em Feira, e até foram feitas várias ações de preço promocional do gás.

“Soco na costela do viado”, em cima do trio, com Pabblo Vittar

Moreira – Ter participado do “111 Deluxe”, de Pabllo Vittar, trouxe muita visibilidade pro seu trabalho, né? O remix de “Tímida” é a sua faixa mais ouvida no Spotify, com mais de 1,2 milhões de hits, depois vem “Murro na costela do viado” com mais de 700 mil. Como pintou esse convite, como foi gravar com ela, vocês chegaram a se conhecer pessoalmente? Mudou as coisas pra você esse spotlight?

Tertuliana – A Pablo me convidou pra gravar “Tímida” depois que a gente se conheceu no carnaval, né, quando ela cantou lá no trio comigo e tudo mais.  Foi super especial esse convite,  na verdade, quem fez o convite foi o Gorky, ela que sugeriu, na época, eles estavam buscando é artistas para fazer remixes. Muita coisa mudou pra mim, né, depois desse feat, acho que muita gente que não me conhecia passou a me conhecer, isso foi muito bom.

“Eu vou cagar no pau”, feat com Danny Bond

Moreira – Adoro o feat com a Danny Bond, “Eu vou cagar no pau”, é muito irreverente. Essa gay quebra a internet, né? Tem muitos projetos legais de travestis no momento, como “Irmãs de Pau”, que acabou de lançar um disco ótimo, com feat com a Jup do Bairro, a Linn da Quebrada, que amadureceu tanto no segundo disco, a paraibana Bixarte, que é muito boa, aqui em Jufas temos a MC Xuxu, que é gigante. Estamos vivendo um novo momento? O que mudou? O que precisa mudar?

Tertuliana – Acredito que sim, estamos vivendo um novo momento quando artistas trans estão finalmente ganhando protagonismo e alguma visibilidadena cena musical brasileira.

No dia que subiu ao trio com Pabllo Vittar

Moreira – Eu sou louco pelo pagodão baiano, acho que meu primeiro contato foi com “Elas Gostam (Popa da Bunda)” de ÀTTØØXXÁ e Psirico. Eu sou louco pelo ÀTTØØXXÁ, acho os maiores do Brasil. O que caracteriza o pagodão baiano? Vi você explicando que a nova da Karol Conká, apesar de ser produzida pelo RDD, não é pagodão (claro). Quais são os artistas mais legais que a gente deve procurar pra ouvir do pagodão? Faz um mapa pra gente seguir! 

Tertuliana – Olha, artistas que eu vou recomendar para vocês escutarem são as mulheres. Infelizmente, no pagode,  as mulheres são sabotadas, a gente vê poucas mulheres cantoras, poucas mulheres tocando instrumentos. É muito triste isso, então vou recomendar algumas artistas mulheres do pagodão. A primeira que vou recomendar é a Nêssa, que canta pagotrap, uma derivação do pagode que eu acho superbacana. Outra artista que eu vou recomendar é a Rai Ferreira, que antigamente se chamava Madame. Ela canta pagodão, e o dela agora tá super batendo nos paredões. Outra que vou recomendar é A Dama do Pagode, também canta pagodão e é uma artista muito boa, em termos de trazer questõees feministas nas suas músicas.  Por fim, vou recomendar a Maya, que também é cantora de pagotrap que está cena e faz umas letras de música bastante políticas. Por fim, vou recomendar a Dai do Swing de mãe, uma artista mulher com quem eu também tenho feat, “Disputa”.

Moreira – Hoje (sexta) tem lançamento de single novo, “Violenta”, com Maya. Conta mais sobre a parceria e a artista? Vi o clipe dela de “Néctar (amo ser sua)” e achei a gata massa, li uma entrevista dela falando sobre o pagotrap, que nome bom 😉 

Tertuliana – O clipe é superinteressante e traz muita cena de ação envolvendo armas. A fala muito sobre transfobia na narrativa do clipe. A música fala muito sobre empoderamento feminino, pra mim, vai ser um grande acerto na minha carreira, além do ritmo do pagotrap, vai ser o meu primeiro lançamento no ritmo, estou super animada. 

Abaixa que é tiro!💥🔫

João Donato e Jards Macalé em foto de Leo Aversa

O acreano João Donato, expoente da bossa nova e do jazz, e o carioca Jards Macalé, nome da vanguarda, esses senhores com alma de criança, finalmente encontram suas trajetórias no disco “Síntese do lance”, que chegou hoje (22) ao mundo. O disco foi produzido por Sylvio Fraga (poeta e músico), Pepê Monnerat e o trombonista Marlon Sette. A irreverência da dupla é patente no single que anunciu o rolê, “Côco Táxi”, homenagem ao triciclo que é pitoresco meio de transporte em Havana, Cuba. Outras faixas são “Um abraço do João”, composta por Macalé e Joyce, “Ontem e hoje” (Macalé e Sylvio Fraga), “Caruru” (Sylvio e Marlon Sette) e “Açafrão” (Donato, Sylvio e Marlon). As duas esposas foram homenageadas com “Dona Castorina”, para Ivone Belém, parceira de Donato há 22 anos, e “O amor vem da paz”, para Rejane Zilles, esposa de Macalé.

“O que é a síntese do lance? Extrair o néctar, o âmago das coisas. É ir direto ao ponto. A música corre fácil, fazendo a vida ficar mais simples e foi inspirada na entidade do Zé Pelintra“, sintetiza Macalé

Fotos: Brendha Torres

A Jufas que eu gosto tem a excelência dos trabalhos do ator Marcos Marinho e do artista visual Ramón Brandão, além da história impressa na beleza estonteante da nossa Praça da Estação e na Sociedade de Belas Artes Antônio Parreiras e no legado vivo de  José Amaro e Sil  Andrade. Toda essa beleza foi muito bem encapsulada pelo ator e agora bom diretor Rodrigo Mangal na segunda edição do Cabaret dos  Seres da Ribalta, que estreia neste sábado (23), às 20h, no YouTube do movimento MARE (Movimento Artístico Evolucionário). O segundo episódio deu um salto, em relação ao primeiro, ao registrar belas imagens externas, na praça e no relógio da estação, que mostram uma Jufas encantadora e potente.

O episódio começa com os atores Deborah  Lisboa, Revelino Mattos e Marcos Marinho conduzindo uma história como palhaços que reverencia o cinema mudo. E ainda tem Marcus Amaral interpretando clássico trecho de monólogo de Chaplin ao lado do relógio da estação, teatro de bonecos de Alexandre  Gutierrez em encenação do clássico Dom Quixote e dança contemporânea de Christine Sílmor. A cena mais emocionante é a do encontro de Sil Andrade e do sambista Revelino Mattos, que conta como usavam barris de vinho para improvisar surdos.

Mangal já vem imprimindo seu nome na história cultural da cidade desde a banda Newpigs e sua participação no Teatro de Quintal (Tq). Vida longa à fase diretor.

Gabriel Acaju e Rafael Scafuto no especial de um ano de Sexta Sei que o artista vai lançar como álbum

O músico Gabriel Acaju lança, hoje, o single “Sei que vai gostar”, gravado ao vivo no especial de um ano da Sexta Sei, no Inhamis, em julho. Tudo pra antecipar o lançamento de “Brasil Acústico”, com o show completo, que chega ao streaming no dia 12 de novembro. No repertório, as canções do álbum “Brasil LoFi”, que foi todo gravado em um celular. No especial da coluna, ele foi acompanhado por Rafael Scafuto ao violão. Os registros que serão lançados têm qualidade de som diferente do especial, pois foram captados por André Medeiros e masterizados por Maurício Ávila.

Essa semana, completamos as figurinhas do álbum “Ana Cañas canta Belchior” com a chegada, ao streaming, das últimas faixas do projeto, que são “Coração selvagem”, “Fotografia 3X4”, “Medo de avião“, “Apenas um rapaz latino-americano”, “Paralelas” e “Como nossos pais”. Bati um papo com ela quando saiu o primeiro dos três EPs. Essa viagem começou há dois anos, em uma live que levou à gravação, financiada pelos fãs. O disco ganhou versão visual assinada pela diretora Ariela Bueno. Na segunda (25), às 23h45, ela estreia como apresentadora do programa “Sobrepostas”, no Canal Brasil e na Globoplay, recebendo mulheres (cis e trans)  e pessoas não-binárias para conversas sobre sexo, prazer e  autoconhecimento. O programa foi criado e dirigido por Lívia Cheibub e Martina Sönksen. Já na estreia, ela recebe a cantora e compositora baiana Luedji Luna (foto).

“Sobrepostas”, no Canal Brasil e na Globoplay

Foto: Marcella Calixto

Minha amiga Nêga Lucas é parceira de Laura Januzzi na faixa “Temporal, segundo single de seu segundo e novo álbum, “Sede da Manhã”, que chega, em novembro, pelo Selo Sensorial. A faixa traz Federico Puppi no cello e tem produção de Raul Misturada, só feras. O clipe foi dirigido por Pri Helena e produzido pelas mulheres do Grilla! no Teatro Paschoal Carlos Magno. Pra ter um gostinho do disco, cata o clipe lindo de “Sede da Manhã”, o primeiro single. Compositora de mão cheia, ela já teve faixas gravadas por Clara Castro, Imbapê, Nêga Lucas, Alice Santiago, Tata Chama e as Inflamáveis e outros.

No festival Rock Brasil 40 anos, esta semana, tem apresentação da Orquestra Petrobras Sinfônica, sábado e domingo, às 17h30, pelo YouTube. No sábado (23), tem Maestro João Carlos Martins (17h30), Plebe Rude (19h), Fernando Magalhães (20h30) e Camisa de Vênus (21h10). No domingo (24), tem Maestro João Carlos Martins (17h30), João Penca e seus Miquinhos Amestrados (19h), George Israel (20h15) e Paulo Ricardo (21h15). Na segunda (25), é a vez de Fausto Fawcett (19h).

Hoje (22), às 20h, tem concerto da Orquestra Sinfônica de Santo André no projeto Concertos Astra-Finamax. Logo depois, às 21h, o Blue Note homenageia Vinícius de Moraes com Isabel Lobo, Georgiana de Moraes, filha do poeta, e o parceiro Toquinho. Às 21h30, Marina Lima vai exibir, no YouTube, show realizado em Nova Iorque, no S.O.B, em 1991, e captado em VHS.

O Sesc Jazz continua, para nossa alegria, com homenagem à Tânia Maria, hoje (22), às 19h, e Pau Brasil, no sábado (23), às 19h, seguido do Jazz das Minas, às 21h. No domingo, às 19h, tem Alissa Sanders, com participação de Anelis Assumpção

No sábado (23), 11h, tem Agnes Nunes no Inhotim em Cena, na Galeria Rivane Neuenschwander. Mais tarde, às 20h, tem Marcelo Falcão na Virada SP.

O musical “A menina Akili e seu tambor falante”, dirigido por Rodrigo França, está em cartaz até 21 de novembro no YouTube do Oi Futuro. As sessões rolam aos sábados e domingos, às 14h e 16h. O musical narra a história de Akili, uma menina africana que, junto ao tambor falante Aláfia, segue jornada para se tornar uma contadora de histórias. 

A Mostra Brasis Possíveis rola até amanhã, online e gratuita, com exibições de filmes, às 19h, e rodas de conversa na seqüência. Os filmes de hoje estão aqui, e os de sábado, aqui.

O grupo de K-Pop BTS faz a live ‘’Permission to dance on stage”, domingo (24), às 6h30 da manhã, pelo Weverse. Ingressos à venda até às 3h da manhã do dia 24, com preços de R$ 230 a R$ 345.

A adoção consciente de animais abandonados é o tema de “ViraLatas – O Musical”, no domingo (24), às 16h.​​

A Funalfa abriu ontem o edital “Pau Brasil”, para apoiar projetos em comemoração aos cem anos da Semana de Arte Moderna de 22. As inscrições vão até 7 de novembro, mais infos aqui.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist de videoclipes com Måneskin, Jão, Glória Groove, Raquel + MC Dellacroix, Anitta + Saweetie, Céu, Willow + Avril Lavigne, Danny Bond, Stromae, Netta, Borgore, Duran Duran, Bastille, Alaska Thunderfuck, Djonga + Froid + BK’, Kaike, Johny Hooker, Joy Crookes, AURORA e Lana Del Rey

A campanha de crowdfunding da coluna continua, já atingimos 65.9%. Prefere fazer um PIX? O pix da coluna é sextaseibaixocentro@gmail.com