Sexta Sei: Pe-sa-do-na, gostosa, toda grandona: Rap Plus Size dá a letra contra a gordofobia

O discurso de corpo livre é importante nessa época quando marcas ainda punem gordos ao não produzirem nestes tamanhos. Essa é a crítica do novo clipe “Só pago o que me cabe”, lançado esta semana.

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fotos por Raquel Pfutzenreuter

Rap Plus Size é o duo de rap, hip hop e funk paulista formado por Sara Donato, 30 anos, e pelo homem trans Jupi77er, 28. Eles combatem a gordofobia, o machismo, o racismo, a LGBTfobia e todo tipo de opressão desde 2016, em dois discos já lançados. Esta semana, saiu o clipe de “Só pago o que me cabe”, dirigido por Laura MC, que questiona os padrões de beleza e a gordofobia na moda. “Esse som fala sobre a indústria e o quanto ela afeta pessoas gordas. Nós temos dinheiro para pagar roupas que nos vestem bem e vamos pagar por roupas que nos servem, não para essas grifes que não têm nossos tamanhos”, explica Jupi77er.

Só pago o que me cabe

Desde 2018, eles firmaram parceria com a festa Toda Grandona, para empoderamento gordo, com foco no body positive, e criaram a música de mesmo nome da festa, que viralizou e virou meu título aqui. Batemos um papo grandão, por e-mail, e falamos do discurso de corpo livre, da exclusão provocada pelos tamanhos das roupas nas lojas, da transição de Jupi77er, do desafio de existir para pessoas trans e sobre a cultura do cancelamento. “É lógico que nós não vai ter dó de pilantra, de jack, de agressor, de lgbtqifobico”, comentaram, sobre o episódio do cancelamento do Djonga, defendendo o parceiro em track. “O erro não pode resumir ninguém”.

“E pra me engolir vai ser foda, hein”, avisa a letra de “Toda grandona”

Toda Grandona

Moreira – Conheci o som de vocês por meio de uma entrevista com a rapper Laura Conceição, daqui de Jufas, ela meteu “Toda Grandona” numa playlist. Aí, passei a ouvir e amar. Inclusive, “Só pago o que me cabe” esteve nas páginas no lançamento, em dezembro, e “Se o grave bate” também. Conhecem o som da Laura? Quem me falou de vocês também foi o Richard XL (Ricardo Lima), que tocava na minha festa, a Bootie Rio, e agora toca na festa Toda Grandona (e até aparece no clipe). Como viram a necessidade de fazer uma festa para esta audiência? É difícil ser gordo em outros rolês? A música que vocês fizeram pra festa gruda na cabeça, amo, pe-sa-do-na.

RPS –  Sim, conhecemos a Laura e, particularmente, gostamos muito do trabalho dela também. Sobre a Toda Grandona, ela foi uma festa criada pelo Coletivo Volume, na época, formado por Alexandra Gurgel, Caio Revela, Beta Fala e outres influencers gordes que trazem o discurso de corpo livre. A gente fazer isso, de alguma forma, foi grandioso e histórico. Porque sim, era uma festa aonde você podia ver pessoas gordas muito à vontade na pista de dança, e isso não acontece em nenhum outro espaço, principalmente os heterocisnormativos. Sabemos que esses espaços sequer são convidativos com pessoas gordas, e ocupar esses espaços é, muitas vezes, violento. Por isso, a Toda Grandona foi foda pra muita gente e pra nós também.

Moreira – O último single, “Só pago o que me cabe”, questiona a gordofobia na indústria da moda. O plus size ainda é algo que fica apenas no marketing  das marcas e falta nas prateleiras? Já chegou ao marketing? Como é buscar roupas para estes tamanhos? Além da questão do tamanho em si, como é o tratamento? Vi que, no clipe, vocês vestem uma marca aqui de Jufas, Me Ghusta Salve Maria, que amo.

RPS – A maioria das marcas que não são exclusivamente Plus Size não pensam em grandes tamanhos, e isso é excludente e gordofóbico. Infelizmente, nem no marketing dessas marcas essas ideias chegam, porque para essas marcas, é uma questão de estética não atrelar a imagem da marca à imagem de pessoas gordas. É opcional, não é que essas marcas não têm conhecimento de um público alvo plus size, elas simplesmente ignoram nossa existência como forma de nos punir por sermos pessoas gordas. As marcas que começaram a pensar em tamanhos grandes de verdade são muito poucas, e se alguma loja tem tamanho grandes que passe do 56 é muito raro. Então, isso tem que ser mais discutido e é isso que queremos passar com essa música: eu tenho dinheiro pra comprar minhas roupas e eu quero me vestir bem, se você não quer vender pra mim eu vou comprar de quem quer, que é o caso dos nossos parceiros Me Ghusta Salve Maria,  que sempre fortalecem nos nossos figurinos, desde o começo.

Moreira – Jupi77er, a sua transição aconteceu com o trabalho da banda já em curso, não é? Vocês também falam sobre isso no trabalho? Quais são os principais desafios para a comunidade trans hoje no Brasil? 

Jupi77er – Sim, eu comecei a me entender uma pessoa trans no final de 2018 pra 2019, foi um momento foda, porque estávamos construindo nosso segundo disco, e algumas letras ainda tinha escrito falando sobre mim com o pronome no feminino, mas já falo sobre isso na musica “Espelho” do mesmo album, que é “A Grandiosa Imersão em Busca do Novo Mundo”, nesse som inclusive, chamamos a Danna Lisboa, que é maravilhosa e, na parte dela mesmo, já trás a resposta pro seu questionamento: “Nos deram uma patologia, falsa ideologia, quero andar a luz do dia de cabeça erguida.” Porque nossos corpos são perseguidos, se tornam públicos, se tornam estigmas sociais e o maior desafio da pessoa trans hoje em dia é simplesmente existir.

Moreira – Vocês já fizeram feat com o Djonga, “Pipeline”. Como acompanharam esse recente episódio de cancelamento dele, após participação em evento com aglomeração? Sou muito fã dele, me chateou um pouco, “Deus pra mim é Djonga”… O que pensam dessa cultura do cancelamento? Cada dia mais, tem sido feito em ritos sumários….

RPS – O Djonga foi cancelado? hahahaha não sabia, pra mim, ele tava trampando, assim como vários artistas do funk aí que não estão sendo sequer citades. Não que elus estejam 100% certos também, mas pra gente, que trabalha com arte e vive de música, tira nosso sustento de show, é muito desesperador ficar um ano parado sem cantar, se não fosse outros trabalhos paralelos para recorrermos não teríamos condições pra comer e fico pensando que ele também tem dois filhes pra criar, saca? É muito complicado. Acredito que falta mais empatia com os artistas que tão no corre, né? Falta mais compreensão. Galera hoje em dia está mais preocupada em apontar o erro e não em trocar uma ideia, dar chance de repensar seus atos. É lógico que nós não vai ter dó de pilantra, de jack, de agressor, de lgbtqifobico. A gente tem que ter noção das paradas, não vamo também fechar as portas e tirar o sustento de algum dos nossos que errou, porque o erro não pode resumir ninguém, mas sim o caráter e a atitude das pessoas, né? Faz parte também do momento que a gente tá vivendo, tem muito ódio em todo lugar, e acho que a galera acaba confundindo e jogando no mesmo time de quem odeia.

Moreira – Quais sons mais influenciam vocês hoje? Tem mais artistas falando dessa pauta de vocês no mundo? Como é o processo criativo de vocês?

RPS – É raro ver artistas internacionais abordando as pautas que abordamos e ainda mais pessoas gordas, saca? Porque a mídia massacra mesmo e não dá nenhuma visibilidade. Algumas artistas que admiramos são Lizzo, Chika, Blimes And Gab, que têm trazido com seus corpos a representatividade que nossas pautas trazem também. Aqui no Brasil, tem a MC Carol, que nos inspira muito, e a Jojo Todynho, que por si só, com suas existências, trazem as pautas que debatemos também. Antes de nós, na América Latina, já tinha as Krudas Cubensis que falavam sobre gordofobia no RAP, e o primeiro rapper que falou sobre gordofobia em um som foi o Markão Aborígene, de Brasília. Mas, antes dele, ainda tinha a Rubia do RPW que já ocupava os espaços do Hip Hop e do Hardcore representando demais nossa luta. Essas referências também influenciam no nosso processo criativo, e buscamos ter ideias sobre as pautas que circundam nossas vivências, desenvolvemos algum refrão e, depois, junto com es produtories, fazemos o beat, que vai chegar pra gente finalizar nossos versos. Gostamos de compor com o beat pronto pra encaixar melodias e flow.

Abaixa que é tiro!??

Ben De La Creme Black and White Runway Look Rupaul’s Drag Race Season 6
Bianca Del Rio Luau Party Runway Look Rupaul’s Drag Race Season 6
Manila Luzon Period Dress
Crystal Methyd Promo Look Rupaul’s Drag Race Season 12
Katya Entrance Look Rupaul’s Drag Race All Stars Season 2
Yvie Oddly Crowning Look Rupaul’s Drag Race Season 11
Bianca Del Rio Finale Look Rupaul’s Drag Race Season 7
Vanessa Vanjie Mateo Zodaic Runway Look RuPaul’s Drag Race Season 11
Raja Finale Look Rupaul’s Drag Race Season 4
Bob The Drag Queen Finale Look Rupaul’s Drag Race Season 8

Quem é  louco e psicologicamente dependente de Ru Paul’s Drag Race, como eu, vai cair de amores pelos  Pops de biscuit criados pelo artista Hercules Oliveira, 31 anos, de Sergipe, com inspiração nas drags do programa. Ele faz até cinco bonecas por semana, em processo de escala, começando pelas cabeças e corpos, passando pelas roupas e, para finalizar, detalhes da cabeça e perucas.O material base utilizado é a porcelana fria, mais conhecido como biscuit, mas cristais, tecidos, aplicações, resina e glitter, entre outras coisas, ajudam a enriquecer e acrescentar detalhes que deixam o resultado final muito mais atraente”, me conta o simpático Hércules, que eu conheci por indicação das gays do Fuzzco News, minhas fornecedoras de episódios da corrida. “A ideia de trabalhar com bonecos colecionáveis surgiu durante a quarentena, pois estava com a agenda vazia, eu, antes, fazia peças para festas infantis. Sempre quis trabalhar com colecionáveis, e percebi que muitos dos artesãos não tinham em seu portfólio drag queens“, explica. As peças custam, em média, de R$ 80 a R$ 120. Shantay, you stay, fica gay!

Ah, já que a pauta é drag, Oandardebaixo está selecionando drags que arrasam no lip synk para batalha no festival “O berro  que eu dei”. As inscricões podem ser feitas aqui até o dia 3 de março, e esse é mais um projeto apoiado pela Lei Aldir Blanc estadual. Cada artista selecionado terá ajuda de custo de R$ 500. O bafo mesmo rola de 14 a 18 de abril.

Lembra que eu falei da Cervejaria Sapatona, produzida aqui em Jufas? Todo poder sapatão emana da mulher sapatão! Quer vestir a camisa? Depois molhar com cerveja? Aahaha… Pois, agora, temos na praça a marca Sapabrand, criada pelas mulheres lésbicas Lohany Monteiro, 22 anos, e Ana Clara Souza, 20, em outubro do ano passado. A marca surgiu da necesidade das meninas de ter estampas e cortes que combinassem com elas e refletissem seus valores. “Mulheres lésbicas podem se vestir de forma confortável e estilosa, sem precisar recorrer a roupas ditas masculinas”, analisa Lohany. “As estampas são inspiradas por simbologias que representam o afeto entre mulheres e releituras históricas, da Grécia antiga à antropofagia brasileira“, explica Ana Clara. Já que é pra colar, elas  são amigas da Cervejaria Sapatona e já fizeram até promo conjunta ?. Façamos, vamos colar.

O Sons da Rua chega à quinta edição virtual, entre os dias 2 e 4, com shows de BK’ e de Xamã. A transmissão acontece direto da Casa das Caldeiras, em São Paulo. A primeira noite, terça (2), será dedicada às batalhas de rimas, com 8 MC’s duelando. Na quarta (3), rola o concurso “Novos Talentos Sons da Rua”, com dez novos nomes disputando duas vagas para o show final, com votações aqui. Na quinta (3) os vencedores se apresentam no show de encerramento, com BK e Xamã.

O evento foi idealizado por Juliano Libman e Luiz Restiffe, da Agência InHaus. Todos os dias, começa às 20h.

O Festival Feminino faz a sua terceira edição, on-line, entre os dias 4 e 7 de março, abrindo o calendário do Dia Internacional da Mulher. Entre os dias 4 e 6 de março, a programação tem início às 19h, com as apresentações de Naruna Costa e Luedji Luna (dia 4), de Mel Lisboa e Mariana Aydar (5) e de Kimani e de As Baías (6). Já no domingo, dia 7, a Funmilayo Afrobeat Orquestra abre a série de shows, às 13h, no topo de um edifício no Centro da capital paulista. As apresentações continuam com Clarianas (15h), Josyara (17h) e Anelis Assumpção (19h). Além de shows e performances, o evento contará com graffite, mostra de filmes e rodas de bate-papo, cata a programação aqui.

O Circo Voador no ar exibe show que os pernambucanos do Cordel do Fogo Encantado fizeram na lona, em 2019, para apresentar “Viagem ao Coração do Sol”, seu último disco, nesta sexta, 26, às 22h.

Ainda hoje, 26, o Blues Etílicos faz show, às 20h, abrindo o Festival Criasom. Logo depois, 20h30, tem Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. No sábado, 27, às 19h,  Luís Lobianco, Éber Inácio, Palloma Maremoto e Karoline Absinto performam no festival Joana Getúlio. Também no sábado, tem Virada SP com Maria Rita (18h) e BNegão e os Seletores de Frequência (22h30).         

No domingo, Estelinha Scandurra, do Pequeno Cidadão, faz live, em dois horários, às 11h e às 17h.

Daniela Aragão segue o ciclo de entrevistas “Afinando a prosa” com Paula Santoro, hoje, Lucina, dia 5, Clarisse Grova, dia 12, e Ná Ozzetti, dia 19, sempre às 19h.

O 1ºFestRio – Mulheres da Bateria e da Percussão rola entre os dias 1º e 6 de março, no Instagram, reunindo 46 bateristas e percussionistas em 14 oficinas (com inscrições até hoje, 26) e oito rodas de conversa, tudo gratuito.

Em sua terceira edição, a Mostra Cinemulti, de Itacaré (BA), irá exibir, ao longo do mês de março, 55 curta-metragens brasileiros, dos quais 30 são animações infantis, e 5 longas baianos voltados para o público infanto-juvenil e adulto, tudo pelo YouTube. A partir do dia 1º de março, a cada segunda-feira, às 18h40, será exibido, em live, um longa-metragem baiano, seguido de bate-papo online com membros da equipe. A programação também conta com bate-papo online, duas oficinas de capacitação e um laboratório de roteiros. O evento conta com uma galera pesada da minha época na Facom/UFJF na coordenação e na curadoria, como Juliana Machado no comando, Patricia Almeida, Helena Brito, Elizabeth Salgado e Marcos Pimentel. E é mais um bom projeto com selo da Lei Aldir Blanc.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.


Playlist com os videoclipes da semana, com Ludmilla + Major Lazer + ÀTTØØXXÁ, Jão, Tagore, Davi Sabbag + Kafé, Caio Nunez e Tássia Reis, Yoùn + Adrian Jean, Years & Years, Alice Phoebe Lou, Manchester Orchestra, Kelly Rowland, Gilberto Gil + Gilson + Bem Gil, Flora Matos, Mustta, Costa Gold + Rebecca + Jovem Dex, Selena Gomez + Rauw Alejandro, Alok + Vize, RT Mallone, Jaloo + Gaby Amarantos, Fundo de Quintal OFC e +

Sexta Sei, por Fabiano Moreira