Sexta Sei: O mundo fantasioso, colorido, musical e cheio de sereias de Noé C.K.

Artista e músico carioca usou a pandemia para pintar, produzir e compor, resultado são exposição “Inconsciente Consciente” em seu estúdio no Rio e 20 músicas que estão vindo aí

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

O artista plástico e músico carioca Noé C.K., 40 anos, em seu estúdio

O artista plástico e músico carioca Noé C.K., 40 anos, aproveitou a pandemia para mergulhar em seu mundo fantasioso, colorido e musical, o que rendeu uma exposição, “Inconsciente Consciente”, que abre no próximo dia 15, em seu estúdio, no Jardim Oceânico, e 20 músicas que estão em processo de mixagem e masterização. Batemos um papo, por e-mail, sobre o sereísmo presente em suas obras, que são as mulheres amadas pelo artista, as bonecas que ele monta e desmonta e de como foi parar nas páginas da Dazed Magazine.

Moreira – Como tem sido fazer arte nesses tempos de pandemia? Afetou diretamente o seu trabalho, a realização de exposições, aumentou a sua produção com o tempo em casa? Você já criou obras que falam desse período?

Noé C.K. – Essa pandemia me tirou a ansiedade de fazer exposição e shows, permitindo fazer a parte isolada e solitária do meu trabalho tranquilamente. Eu trabalhei em desenhos bem detalhados que demoravam entre dois a quatro meses para serem concluídos, e também trabalhei na gravação e na produção de 20 músicas de minha autoria. Na parte de gravações, usei meu home studio, e nas gravações com outros instrumentistas, tive que me atualizar ao conceito de parcerias à distância, cada um gravando no seu estúdio e enviando arquivos musicais por e-mail… Não entrei no tema “pandemia” diretamente, pra ser sincero, eu queria falar de tudo, menos isso, que era só o que se falava e eu não aguentava mais, fugi disso tudo e mergulhei no meu mundo fantasioso, colorido e musical das artes, que foi uma salvação.

Moreira – O material de divulgação da exposição  diz “Bem-vindos ao circo da vida”. A ideia de fazer a exposição no seu estúdio tem a ver com os tempos pandêmicos? É preciso criar novas formas  para driblar essas dificuldades do encontro? As visitas são de até quantas pessoas?

Noé C.K. –  No texto de apresentação eu me refiro à exposição “Inconsciente Consciente” como um “circo da vida” sim… Vejo essa vida como um show com mil acontecimentos incríveis, externamente e internamente, aventuras, amores, mortes e nascimentos, ciclos que se fecham e se abrem… Tento retratar esse show da vida de alguma maneira no meu trabalho, que é colorido e cheio de criaturas loucas, como num circo. A ideia de fazer a exposição no meu estúdio não tem a ver com a pandemia diretamente não, indiretamente, acho que funciona muito bem, mas a razão principal é que eu quis experimentar uma nova forma de apresentação que me dê mais liberdade pra fazer do jeito que quero, no tempo que quero, sem pressa nem ansiedade e, no meu espaço, tenho esse controle. Essa forma também da oportunidade do visitante poder conhecer o lugar de produção, ver a mesa de arte, as tintas e pincéis usados, o uniforme de trabalho todo pintado, e ter a chance de ser recebido pelo próprio artista e fazer suas perguntas diretamente. Além de tudo isso, os tempos mudaram, estamos vivendo agora a era da tecnologia, diferente de 30 anos atrás, hoje podemos divulgar nosso trabalho de forma muito eficiente usando as mídias sociais, e as pessoas conseguem entrar em contato, comprar e vender qualquer coisa em instantes por meio de smartphone e computador. As visitas serão agendadas em grupos pequenos de, no máximo, seis ou sete pessoas.

Liberdade em cativeiro – grafite e tinta acrílica sobre papel

Moreira – E o sereísmo? Tem sereia alada com celular na mão, fazendo selfie, sereia siamesa, sereia invertida de meia calça, sereias pescadoras… Porquê essa obsessão? 

Noé C.K. – Realmente, deve ser uma obsessão! Os temas de amor e relacionamentos, tentações e frustrações, quase sempre aparecem nos meus trabalhos, como imagino que da mesma maneira deva aparecer também nos consultórios dos analistas, sendo o meu trabalho a arte do inconsciente, acho natural… E as sereias vêm representando as mulheres que aparecem na minha vida. Uma das lendas das sereias é que elas encantavam os marinheiros com suas belezas e seus cantos, atraindo os barcos pra depois afundá-los… O amor tem dessas coisas, entramos em êxtase e sofremos… Somos encantados e afogados por ele…

Moreira – Também tem uma coisa com bonecas, eu adoro arte com bonecas. Você gosta de experimentar materiais, há uma grande variedade deles.

Noé C.K. – As bonecas são esculturas prontas que podemos desmontar e remontar de outra maneira, acho simples e prático usá-las como material… Sim, me permito usar  qualquer material que me atrair e que acredito que terá uma boa durabilidade e interação com os outros materiais. Já tive problemas com bonecas feitas de materiais que não aceitavam certos tipos de tinta, mas, com o tempo e as experimentações, vamos  aprendendo o que funciona e o que não funciona.

Moreira – Você  é autodidata? Como foi o seu caminho como artista? Como é o seu processo criativo?

Noé C.K. – Eu fiz cursos de arte de forma despretensiosa, aulas particulares, curso na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e na Central Saint Martins, em Londres. Minha primeira exposição aconteceu porque eu não tinha mais onde guardar tantos trabalhos e um amigo me sugeriu fazer uma exposição no hostel dele no Leblon para vendê-los, eu aceitei, e por incrível que pareça, uma das maiores colecionadoras de arte do Brasil entrou lá e comprou duas obras, depois um curador me convidou pra fazer uma exposição num centro cultural em Botafogo, e uma coisa foi levando a outra, quando vi eu estava montando uma exposição em Londres e sendo entrevistado pela Dazed Magazine. Meu processo criativo é assim: uma ideia me vem à cabeça e tenho a necessidade de dar vida àquilo, é quase uma obrigação que sinto, como se eu não tivesse outra opção. Primeiro penso onde vou trabalhar, ajeito o espaço, adquiro e organizo os materiais, e depois executo o trabalho minucioso de artista, desenhando, pintando, cortando e colando os materiais todos, até nascer.

Serviço

“Inconsciente Consciente” de Noé C.K – de 15 de outubro a 14 de novembro, com visitas agendadas pelo Whatsapp (21) 99984-3380 ou instagram

Abaixa que é tiro!💥🔫

Só a Biltre consegue ser, ao mesmo tempo, romântica, fofinha e extremamente política, sem perder o bom humor, características da banda dos meus amigos Billy Crocanty e Dioclau Serrano, companheiros de tantas Bananobike na porta da Bootie Rio. Essa semana, eles lançaram o primeiro single, “Lá fora”, de um novo disco, gravado durante a pandemia e que deve ser lançado ainda esse ano, comemorando dez anos de banda. A inspiração para a letra veio de “San Junipero”, episódio de “Black Mirror”.

A banda, que é formada também por Arthur Ferreira, autor da música, e Diogo Godoy, focou em canções românticas nesse trabalho, que sucede dois bons discos, “Bananobikelogia” (2015) e “Nosso amor vai dançar”(2017). No clipe, dirigido por André Morbach, responsável por “Pissaucou” e “Nosso amor foi um gif”, Duda Beat aparece performando como Walter Mercado.  “Presidente miliciano não é capaz de compreender o amor”, denuncia o repórter Billy, finalmente de cabelo quase normal, rs. O clipe estreou na plataforma Odysee, que remunera o artista em criptomoeda, inshalá.

Foto: Pedro Habibey

O mundo se digitalizou tão rápido que perdemos a dimensão material da fotografia: o manuseio, os porta-retratos, o envio por carta, as dedicatórias. Por isso mesmo, achei tão sensível, mágico e impressionante o Instagram Impressão solar, que mostra experiências com a fitotipia, processo fotográfico que revela imagens sobre folhas de plantas por meio da exposição extrema ao sol. A “revelação” das fotos ocorre quando se danifica pigmentos, como a clorofila ou antocianina, em processo que leva até sete dias. Pouca química é usada, apenas para a conservação, como resina, bicarbonato de sódio e sulfato de cobre, além de se evitar nova exposição ao sol. O projeto é de Fernanda Líder, de Barra Mansa.

O festival Rock Brasil 40 anos rola até 1º de novembro, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) do Rio de Janeiro, com extensa programação e shows  transmitidos pelo YouTube e pelo Canal Brasil. Sábado e domingo, começa às 17h30, com apresentação da Orquestra Petrobras Sinfônica. No sábado, ainda tem Hanói Hanói  (19h), George Israel (20h15) e Fernanda Abreu e Fausto Fawcett (21h15). No domingo, é a vez de Leoni (19h) e Leo Jaime (21h15). A programação segue na segunda (11) com Paulinho Moska (18h), Frejat (20h). Na próxima coluna, conto os shows que ainda vão rolar a partir do dia 15. O evento ainda se repete,  no ano que vem, nos CCBBs de Belo Horizonte (de 26 de janeiro a 21 de fevereiro) e de São Paulo (23 de março a 21 de abril).

A Pró-reitoria de Cultura (Procult) da UFJF está selecionando artistas visuais para exposição em tributo aos povos indígenas, “TODO DIA ERA É DIA DE ÍNDIO INDÍGENA”. A exposição será realizada na galeria do Espaço Reitoria da UFJF, no campus, e transmitida, virtualmente, nas plataformas digitais da Procult. Cada artista poderá inscrever até três obras autorais para a mostra pelo pelo e-mail cultura.ufjf@gmail.com, edital com as regras aqui. As inscrições vão até o dia 24 de outubro, e o resultado será divulgado no site da Pró-reitoria de Cultura no dia 27 de outubro.

O novo Parque Municipal em foto de Carlos Mendonça

Olha que alegria, minha gente, o antigo Sesc pousada, localizado na Rua do Contorno s/n, no bairro Nova Califórnia, passa a funcionar como Parque Municipal, com abertura prevista para o dia 12. São 5.779,24 m² com campos de futebol, ginásio esportivo, piscinas, quadras, salão de jogos, playground, centro de convenções, teatro de arena, pista de caminhada ecológica e ampla área verde. O parque vai funcionar de terça a domingo, das 8h às 17h.  A alegria é sem fim pra quem curte um rolê ao ar livre com a reabertura do parque do Museu Mariano Procópio, fechado desde o início da pandemia, no mesmo dia 12. O parque funciona de terça a domingo, das 9h às 17h, regras aqui.

Neste “sábado à noite” (9), às 20h, tem “Lulu Live” na Globoplay, com sinal liberado e participação da banda Melim, com quem ele acaba de lançar o single “Inocentes”. Já contei minha história com o Lulu Santos?  Toquei na festa de 60 anos dele, no Copacabana Palace, e fui convidado pelo Twitter. Quase morri de emoção, somatizei, morri por dentro três vezes, passei mal, mas toquei. Ele fez o show cantando o repertório de Rita Lee, a Xuxa entrou com o bolo,cantando parabéns, e, logo depois, a gente entrou em um carrinho, quase alegórico, mandando os mashups proibidão com funk. Ele foi um gentleman comigo e adorava os nossos mashups da Bootie Rio e ganhou nossa camiseta. Meses deois, ele me mandou uma caneca escito “Gente  fina, elegante e sincera”. Fizemos um EP só com mashups dele, pena que caiu tudo na chon, tinha um clipe lindo. Contei.

O Sesc São Paulo apresenta a “Mostra de Cinema Africanos”, até domingo, com 30 títulos de 16 países do continente, acesso aqui

Também tem a 12ª edição da Bienal Sesc de Dança, com apresentações ao vivo de países como Coreia do Sul, Portugal, França, Estados Unidos e Uruguai.

No sábado, já sabe, é dia de Virada SP, com Roberta Miranda (19h) e Funk Orquestra (22h10).

A Orquestra Ouro Preto que eu gosto recebe a cantora juizforana Ana Carolina para concerto, sábado (9), às 20h30.

O mineiro Grupo Galpão mergulha no universo infantil com o filme  “A primeira perda da minha vida”. O curta-metragem mescla cinema e teatro, ao revelar encontro entre Kafka e a inconsolável garotinha que perde uma boneca. A estreia é no dia das crianças, terça (12), às 10h, no YouTube, aonde o filme fica disponível por 24 horas. Depois, pode ser visto, a partir do dia 16 e até o dia 7 de novembro, às 10h e às 16h (disponível por 60 minutos).

A 10ª edição do Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba está rolando, 100% on-line, até o dia 14, com 77 filmes, entre longas e curtas-metragens. Os filmes custam R$ 5, e os ingressos já estão à venda. Os filmes podem ser vistos apenas dentro do seu dia de exibição, das 6h da manhã até às 5h59 do dia seguinte.

O BacaFest, promovido pelo tremendo boa-praça Bacalhau, ex-Planet Hemp, comemora 5 anos de rolê entre os dias 14 e 17, às 20h, na Áudio Rebel, com transmissões ao vivo para a galera de casa. É só showzera com Marcelo CalladoMelvin & Os Inoxidáveis (14), Ricardo Richaid e Tambellini Trio (15), Barba Ruiva e Totonho (16) e Luiz Lopez e Mauk e os Cadillacs Malditos (17).

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist de videoclipes com Karol Conká + RDD, Heavy Baile + ÀTTØØXXÁ, Uana + WR no Beat, Bomba Estéreo + Leonel García, Joy Crookes, Fabio Santanna, Mahalia, BRAZA + Nêgamanda, C. Tangana + Nathy Peluso, Potyguara Bardo + Luisa e os Alquimistas + Kaya Conky + Malka, CL, Arca + Sia, Garbage, Kylie Minogue + Years & Years, Atitude 67, Lucas Lucco + MC Don Juan, Naldo Benny + Nelson Gucci + Rio Santana, Filipe Catto, Tony Bennett + Lady Gaga, Tim Maia

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