Álbum “dançando sem ninguém me ouvir” tem mistura de melancolia tropical com eletrônico
por Fabiano Moreira
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Eu comecei a curtir o rock romântico da banda pernambucana bule logo após ouvir a “Vinte e muitos anos”, o primeiro single do álbum “dançando sem ninguém me ouvir”, que chega nesta sexta (30) ao streaming com 11 faixas, pelo selo e editora carioca Toca Discos. Pedro Lião (voz, synth), Carlos Filizola (guitarra, synth), Berna Coimbra (contrabaixo), Kildare Nascimento (bateria) e Damba (percussão, programações) apresentam um indie pop dançante, com atmosfera nostálgica oitentista e uma melancólica mistura do tropical com o eletrônico. Batemos um papo, por e-mail, no qual falamos sobre sofrimento, em “abraçar a tristeza e convidá-la a dançar”, a efervescente cena de Recife, viva na arte das bandas Guma e Quanto Tempo e de artistas como Tagore, Barro, Sofia Freire, Mazuli e Jáder, das influências musicais que vão de The Smiths a Dua Lipa e do trabalho com o selo carioca Toca Discos. Tudo pra mim 🎶
Moreira – Vocês apresentam o som como um indie pop dançante, com atmosfera oitentista e uma melancólica mistura do tropical com o eletrônico. Mas também tem muito da Jovem Guarda na temática, né? Falo isso de um lugar de quem adora o iê-iê-iê… Um amor juvenil, né…
Pedro Lião (voz, synth) – Talvez sim, mas sem trazer à mesa objetivamente essa referência. A temática do disco é o sentimento da perda. O sofrimento, a impotência diante dela. Mas pode também esbarrar num amor juvenil em algum ponto, principalmente ali em “ainda é verdade” ou “pensando em você” porque uma perda de um amor na juventude é também um sentimento que envolve sofrimento.
Moreira – Pernambuco influenciou muito o rock e a MPB nacional com o movimento do mangue bit, que formou o meu caráter e aconteceu bem no momento quando eu era jovem e estava entrando na faculdade, nos anos 90. Vocês fazem um rock sem regionalismo, além do sotaque (que eu amo) nos vocais. Tem uma nova cena de rock por aí? Contem pra nós, mineiros, em quem prestar atenção. Tenho um amigo que fala que os pernambucanos estão anos à frente de nós…
Damba (percussão, programações) – Recife tá sempre se reinventando, eu diria. Tem sempre algo legal acontecendo por aqui. Apesar de existir uma dificuldade de casas de shows nesse momento na cidade, já vejo um pessoal mais novo fazendo rolês interessantes e promissores. Desde 2018, quando começamos a tocar por aqui, sempre teve uma galera massa ao redor, posso citar as bandas Guma e Quanto Tempo, que são bandas que surgiram praticamente na mesma época e rolou uma afinidade musical e pessoal. Artistas como Tagore, Barro, Sofia Freire, que já tavam na ativa antes e um pouco mais recente tem Mazuli, que alguns de nós da bule participamos do trabalho e Jáder, que apesar de tá na cena há um tempo com as bandas Projeto Sal e Mulungu, lançou seu disco solo. Não é necessariamente uma cena de rock, alguns que citei são mais pop, MPB e forró, mas uma cena de música autoral diversa e criativa.
Moreira – O pé na bunda sempre influenciou a música e a arte em geral. O álbum fala sobre o sentimento de perda, foi pautado em algo que aconteceu com vocês? Acho legal as letras falarem sobre isso e ainda serem alegres, como no dark pop… “Abraçar a tristeza como parte da nossa trajetória e convidá-la para dançar”, diz Lião no release… Dançar com a tristeza é uma imagem tipo jogar xadrez com a morte, né…
Pedro Lião (voz, synth) – Acho que não, porque no caso do xadrez com a morte, estaríamos tentando vencê-la. Aqui, não acontece isso. Nós chamamos pra dançar porque ela faz parte da nossa vida, e aceitar isso é libertador. Esse convite parte de um lugar onde fazemos as pazes com esses sentimentos e nos permitimos sentí-los.
Moreira – Quais foram os sons que fizeram a cabeça de vocês durante o processo de composição do álbum? “Tudo Pra Mim” teve forte influência do disco mais recente de The Strokes, “The New Abnormal”, diz o material de divulgação.
Carlos Filizola (guitarra, synth) – Percebemos com o tema das letras que as canções se complementariam bem com uma sonoridade pós-punk oitentista. A gente sempre foi muito fã de músicas de ritmo intenso com melodias e letras melancólicas. E nisso, temos muitas influências em bandas e artistas gringos. Escutamos muito The Cure, Joy Division, The Smiths e New Order. A música eletrônica industrial também compartilhando dessa energia, bandas como Depeche Mode, Kraftwerk e Radiohead. Mas sempre temos na pegada os sons tropicais pra somar. Surf music, brega pernambucano e outras latinidades. Características carregadas pelos artistas brasileiros que emplacaram hits nos anos 80, como Guilherme Arantes, Rita Lee e Pepeu Gomes. Nunca deixamos de nos atualizar com os nomes do pop atual. Dua Lipa, The Weeknd, Taylor Swift, Tame Impala. Podemos dizer que também flertamos com o rock e solos de guitarra com o disco ganhador de Grammy “The New Abnormal” dos Strokes. Tudo isso sem esquecermos dos clássicos do pop dançante. Daft Punk, Duran Duran, Madonna, Prince.
Moreira – Como tem sido o trabalho com os cariocas da Toca Discos? Eles lançam várias coisas legais, né, como The Baggios, que eu adoro demais, já fizeram Fresno, Erika Martins….
Damba (percussão, programações) – O trabalho com a Toca tem sido bem legal, a gente não tinha lançado nosso primeiro trabalho por selo/editora e ver que nossa relação com a Toca começou justamente por que eles gostaram do som, confiaram na gente e assim a gente foi selecionado em um edital pra gravar uns singles com eles. Viajamos ao Rio, conhecemos a Toca do Bandido, que é um estúdio clássico e com um clima único e a partir daí, seguimos com eles até hoje com alguns singles, um EP e um álbum.
Abaixa que é tiro!💥🔫
Depois de tanto climão e prantos, nossa amada Letrux está toda feliz da vida e transante, livre, de topless, na capa de “Letrux como Mulher Girafa”, seu terceiro álbum, que chega sexta (30), para nossa alegria, com produção musical de João Brasil. De um jeito bem letruxiano e divertido, o álbum é uma espécie de “A Arca de Noé” da nossa girafona de 1,85m, que nos conduz pelo reino animal com canções sobre “As hienas, essas queridas”, “Louva deusa”, a pantera megera, e temas de formiga, zebra (com participação especial de Lulu Santos), crocodilo, aranha, hienas e abelha, terminando com a obviedade humana. O título do álbum exorciza um apelido pejorativo que ela ganhou. “Logo percebi que a girafa era um bicho lindo, e quem me chamasse assim, estava, na verdade, me elogiando”, explica Letrux, que compôs o álbum durante a pandemia, isolada no mato. O álbum chega com clipe para “As Feras, Essas Queridas” e tem shows de lançamento marcados 7 e 8 de julho, no Teatro Prudential, no Rio, e 13, 14 e 15 de julho, no Sesc Pompeia, em São Paulo.
Como todo bom juiz-forano, mesmo adotado, como eu, fui criado ao som do blues nos diversos shows dos Blues Etílicos no Prova Oral (semente do Cultural, aonde trabalhei como garçom durante toda a faculdade) e ainda em Ibitipoca. Quem acompanha aqui as playlists sextantes já sacou a guitarra alucinante de Joe Abujamra, cantor e compositor que é filho do músico Andre Abujamra, assina como Ilegal Joe e lança seu álbum de estreia, “Found“, nesta sexta (30). A parada é tão pica que o release é assinado por Andreas Kisser, do Sepultura. “O Brasil tem um blues que, ao mesmo tempo, respeita a tradição de suas formas e melodias, mas traz também o toque brasileiro para o estilo, o que o deixa mais interessante e original. É o que Joe Abujamra traz neste trabalho magistral. Joe faz um blues com propriedade. Muito feeling e técnica na guitarra e uma voz muito versátil, que vai da mais rasgada e pesada até a mais sublime e delicada. As influências da tradição do blues estão todas aqui: desde Robert Johnson, passando por Clapton no Cream, até os mais recentes, desde Stevie Ray Vaughn até Joe Bonamassa“, ensina.
Umas das páginas mais bacanas de fazer esse ano aqui na Sexta Sei foi a do artista mineiro Nickolas Garcia, talentoso a valer. O mais divertido foi o tanto que conversamos durante o processo, no qual atuei como coach de viado triste, ahahahaha, estimulando o amigo virtual a responder. Pois ele acaba de lançar o site com seu trabalhos, no qual disponibiliza reproduções de suas obras em Fine Art, impressão com ótima definição de imagem,com tintas minerais e papéis especiais, nos formatos A1/A2/A3. As obras vêm sem moldura, em papel fotográfico Canson Imaging Matte 200g.
“Todo canceriano tem lar”, contradizendo a música do Raulzito, na festa que a banda que eu gosto faz tempo Eminência Parda dá, nessa sexta (30), às 21h, no Bar da Fábrica, para celebrar o aniversário do baterista Marcelão Panisset.
Saudosismo pouco é bobagem, e o Cultural reúne as bandas Detonautas e Charlie Brown Jr, nesta sexta (30), às 22h.
Sábado (1º), das 10h às 12h30, o Parque Halfeld recebe o projeto “Arte na Praça”, com oficinas, vivências e apresentações realizadas por artistas mineiros de circo, música, dança, teatro e artes visuais. Na programação, Oficinas de Formas Animadas (Grupo Girino) e Bolhoterapia (com bolhas de sabão), Cortejo e Invasão de Palhaços, encontro musical com o Grupo Trampulim (Belo Horizonte) e espetáculo “Aplausos e Vaias”, do palhaço Filipe Bregantim (SP).
A Sala de Giz faz Arraiá LGBTQIA+ no sábado (1º), às 18h, na nova sede do Granbery, com o DJ Stwarthz.
O Fórum de Coletivos e Mulheres Feministas de Juiz de Fora (Fórum 8M-JF) realiza, a partir de 30 de junho, a segunda edição do “Julho das Pretas”, com diversas atividades gratuitas e abertas à comunidade até o dia 29 de julho. No dia 2, às 13h, no Teatro Paschoal Carlos Magno, tem Feira de livros e apresentação musical de Sil Andrade, contação de histórias com Grupo Nzinga e mais.
Com 34 artistas no palco e banda ao vivo, “Moulin Rouge, o Musical”, da Entreato Produções, estreia sábado (1), no Teatro Solar, e fica em temporada por todo o mês de julho, sábados e domingos, sempre às 20h.
Selo musical e produtora de eventos focado na difusão e promoção do discurso feminino que, volta e meia, aparece por aqui, aqui e aqui, a PWR Records abre inscrições para uma aceleradora criativa gratuita, até o dia 15. Durante três meses, os projetos selecionados serão acompanhados pelo time do selo.
R$ 10 mil em premiações serão distribuídos a 21 jovens qie venceram nas categorias batalha de poesia (Slam), breaking; Skate (masculino e feminino) e Ballroom (Vogue Femme e Realness) no Festival de Arte e Cultura da Juventude, promodio pela Prefeitura. Jovens entre 14 e 35 anos poderão se inscrever pelo Prefeitura Ágil até o dia 5 de julho. O edital completo está aqui. O evento acontece no dia 12 de agosto, no viaduto Helio Fádel Araújo,
Os artistas Flavita e Ramon Brandão abrem a exposição conjunta “DisFarces”, na terça (4), às 19h, no Espaço Contemporão. Fica um mês em cartaz.
Comemorando cinco anos, a MangoLab dá início ao projeto MangoLab convida, recebendo artistas para estudar linguagens sonoras que influenciam a música brasileira. A estreia foi com a carioca Alulu Paranhos e o EP “Pra Dançar Colada” , com três faixas de forró, mesclando batidas tradicionais do xote com elementos eletrônicos mais atuais. Uma faixa é releitura de um clássico do gênero,“Até Mais Ver”, com a participação de Elba Ramalho, que passou aqui na playlist sextante semana passada. “É um movimento completo com aprendizados para além da música, é pessoa com pessoa, toque, afeto e brincar”, resume a artista. “Pra Dançar Colada” ainda reúne os singles “Menina Namoradeira” e “Cantar do Grilo”. O belo registro audiovisual foi dirigido por Júlia Juazeira. em produção lúdica, artesanal e sexy.
As comemorações pelos cinco anos da MangoLab seguem com o projeto de exposição musical e laboratório artístico MANGO, em 2 de setembro, no jardim ecológico Uaná Etê, em Sacra Família do Tinguá, cidade do interior do Rio de Janeiro. No line-up, Jorge Aragão, Céu, Rodrigo Amarante, Marina Lima; Ana Frango Elétrico cantando Bjork a Jorge Ben, Julia Mestre, Rodrigo Penna e grande elenco.
Playlist com as novidades musicais da semana. Todas as playlists do 2012, 2021 e 2020 nos links. A playlist do streaming consolida lá pelas 2h de sexta.
Playlist de clipes com Everything but the girl, Jungle, scarlxrd, Demi Lovato, Anitta, Galantis, FBC, Zudizilla, Carlos do Complexo, Fireboy DML, Nicki Minaj & Ice Spice, PVRIS, Carlos Sales, Clarice Falcão, Julia Branco , Romero Ferro + Danny Bond + DJ Zullu, Carmem Red Light, Enzo Cello + Kweller + Bobs e Puro Suco
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