Duo baiano formado por Jadsa e João João Milet Meirelles, do BaianaSystem, lança álbum de estreia, “Vera Cruz Island”
por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com
Dando sequência à linguagem única, experimental e eletrônica apresentada em dois EPs, “Vol. 1” (2020) “Outro volume” (2021). o duo Taxidermia, formado pelos baianos Jadsa, 29 anos, e João Milet Meirelles, 39, conhecido por seu trabalho com o BaianaSystem, apresenta “Vera Cruz Island”, seu primeiro e esperado álbum, reverberando esse encontro de artistas que começou há uma década. Batemos um papo, por e-mail no qual falamos de como o taxidermia é um “espaço de união de universos sonoros” e pesquisa, mas também de encontros provocativos com artistas que estão no afeto “pessoal ou musical” do duo e da inspiração no município de Vera Cruz, na Ilha de Itaparica, visível de Salvador “de grande afeto para Jadsa, por fazer parte de sua infância” e praia favorita da mãe de João, e dos extremos do subgrave e do superagudo no tuin de “Sangue Fervendo”. “Isso de relacionar com Tantão acho que tem a ver com explorar o universo de dentro pra fora, da raiva, pra mim isso é revolucionário, acho que foi mesmo uma grande referência. Mas a faixa surgiu mesmo a partir da frase “meu sangue fervendo”, novamente uma sensação, o sangue quente, o corpo em movimento”, conta Jadsa.
Moreira – Como pintou esse encontro entre vocês., como se conheceram? Dois EPs eram pouco pra química e teve que virar álbum, né?
João – Nos encontramos no teatro 10 anos atrás. Esse álbum, de certa forma, celebra esse encontro. Trabalhamos juntos em muitos momentos. No teatro, no primeiro EP e primeiro álbum da carreira solo de Jadsa (“Olho de Vidro” – 2021) e, desde 2020, no taxidermia. O Taxidermia é nosso espaço de união de universos sonoros. A vontade que temos é de já fazer um novo disco.
Jadsa – Conheci João no Teatro Vila Velha, há 10 anos atrás. Depois de ter conhecido ele, vi uma possibilidade de gravar minhas primeiras músicas solo e acabamos construindo o EP “Godê” (2015), ao lado do coletivo Tropical Selvagem. Já em 2019, eu tive a oportunidade de gravar o disco “Olho de Vidro” e convidei João pra fazer a produção musical. Junto com o projeto, veio o desejo de fazermos algo que comunicasse as nossas linguagens artisticas e foi assim que surgiu o Taxidermia, no fim de 2019. Os EP`s nunca tiveram esse pensamento de que era “pouco”, o que a gente quis mesmo foi fazer nossa pesquisa e apresentar ela para as pessoas, não sabiamos muito bem o que ia acontecer depois.
Moreira – O volume tem participações bem especiais de Bruno Berle, Tuyo, Iara Rennó, Rei Lacoste, Yan Cloud, Tori, Pedro Bienemann, Chico Correa, Virus e Vuto, como foram essas escolhas e encontros? A colaboração hoje é um fator muito importante na criação musical, né?
João – Sim, a colaboração é muito importante. Gostamos de chamar pessoas queridas que estão no nosso afeto pessoal ou musical. Alguns desses nomes estão presentes desde o primeiro EP, como Chico Correa e Bruno Abdala. É uma forma de nos desafiarmos ao pedir a essas pessoas que interfiram na nossa música. Também gostamos de propor algo fora do comum em relação ao que essas pessoas normalmente fazem, ou ao que se espera delas nesse lugar do feat. Gostamos muito de nos surpreender com o que fazemos e com a proposta que vem desses parceiros.
Jadsa – Ah, acho que as escolhas foram feitas a partir de um alinhamento artístico com o que a gente buscava pro disco. Acreditávamos que a fusão do trabalho dessas pessoas com o nosso funcionaria para o Vera Cruz Island.
Moreira – Me contem mais da ilha de Vera-Cruz, situada na Ilha de Itaparica, como foi essa influência sonora, temática e estética na construção de toda a experiência proposta pelo álbum? Qual a importância afetiva do local para vocês? Foi aonde os portugueses chegaram, né? “Num dia de baita chuva…”
João – Na verdade, a referência de ‘Vera Cruz’ é ao município de Vera Cruz, que se localiza na Ilha de Itaparica, visível de Salvador. Nesse município, encontra-se a praia de Conceição, de grande afeto para Jadsa, por fazer parte de sua infância, e também por ser a praia favorita de minha mãe, razão pela qual a frequentei muito. Tenho um afeto pela ilha de modo geral, pois frequentei muito o município de Itaparica (na mesma ilha). Falar sobre a ilha é localizar e dar unidade ao nosso disco. É criar um chão sólido que permeia toda a narrativa do álbum. É falar das nossas ilhas internas e das ilhas de quem escuta. Mas isso não tem a ver com a ‘Vera Cruz’ da chegada da invasão portuguesa. Gostamos da ideia de contar e cantar uma Bahia diferente daquela que é vendida no senso comum e no imaginário padrão. Propomos imagens sobre uma Vera Cruz que abraça quem ouve e leva quem ouve a percorrer essa ilha interna.
Jadsa – Então, não tem nada a ver com essa história de invasão portuguesa, é um outro território, que fica na Baía de Todos os Santos. Acho que a influência no disco tem a ver com tudo que existe lá, a beleza, o mar, o céu, o tempo dilatado, a conversa, a admiração. Não tenho muito a dizer além das sensações que eu sinto, de respirar o ar de lá e enxergar Salvador do outro lado, existe uma magia nisso pra mim, porque me parece que tenho o privilégio de estar em um lugar maravilhoso e enxergar algo maravilhoso. MIL SENSATIONS! O lance afetivo mesmo é de ter muitas lembranças desde pequena desse lugar, é um sentimento familiar, tem a ver com crescer e veranear lá.
Moreira – “Sangue fervendo” parece saída do repertório do Tantão, né? Tem horas que é bom e necessário dar uns gritos. Como foi a inspiração pra essa faixa?
João – “Sangue Fervendo” surgiu do meu contato com o Tuin (subgênero do funk carioca). Fui apresentado a essa vertente musical por Filipe Cartaxo e isso me marcou muito na época. Fiquei fascinado com a ideia de fazer música que enfatiza os extremos: o subgrave e o superagudo. E isso veio a partir da manipulação do som de outra canção de Jadsa, que continha a frase: ‘meu sangue fervendo…’ e o corte trouxe tudo. Mas a faixa realmente ganhou vida com a chegada da participação de Vuto e Virus, dois artistas de Salvador que admiramos muito. E sim! Amo o trabalho de Tantão e ele é definitivamente uma forte referência para mim.
Jadsa – Isso de relacionar com Tantão acho que tem a ver com explorar o universo de dentro pra fora, da raiva, pra mim isso é revolucionário, acho que foi mesmo uma grande referência. Mas a faixa surgiu mesmo a partir da frase “meu sangue fervendo”, novamente uma sensação, o sangue quente, o corpo em movimento. Na parte sonora, o TAXI enquanto plataforma de pesquisa também, teve essa coisa de explorar um gênero musical que pra gente era uma novidade, o Tuin, que tem tudo a ver com o corpo em movimento.
Moreira – Esse trabalho amadurece as experimentações já realizadas e traça novos caminhos na sonoridade marcada pelo eletrônico, mas agora enriquecida por sons orgânicos. Como foi essa mistura?
João – É uma mistura muito natural para nós. Como mencionei antes, o ‘Taxi’ é a união de nossos universos sonoros. Acontece que toco instrumentos eletrônicos, mas também guitarra, baixo, sintetizadores… e Jadsa canta, toca guitarra, violão, baixo, percussão. Gostamos de incluir todas as nossas potências no som. Trazer parceiros musicais que contribuam com essa variedade de instrumentação nos parece quase óbvio. É simplesmente como fazemos.
Jadsa – Acho que o difícil foi o vol. 1 e o outro volume (os nossos EP’s), que não tinham o orgânico, as percussões, o violão kkkkk. O resultado do “Vera Cruz Island”, sonoramente falando, já estava na nossa cabeça, em desejo, então a gente conseguiu concluir o que a gente tava pensando, sem muita estratégia em relação a isso.
Abaixa que é tiro!💥🔫
“Estamos sempre, voltando /Todo mundo já foi preto um dia”, diz a letra de “Perpétuo”, faixa que abre o álbum homônimo, o quarto da carreira da banda de Uberaba, Black Pantera, em mais um libelo contra o racismo, temática da banda. “Quero me afrobetizar também / Deixa eu me aquilombar também”, continua a letra. Este é, certamente, um dos melhores álbuns do ano. As letras são simplesmente sensacionais. Em “Promissória”, é mais dedo na ferida: “Não identificamos o pagamento / A dívida histórica segue ativa no momento”. Também em “Candeia”, “é melhor deixar queimar / cura pra racista não existe”. Uma novidade é a absorção de influências da música latina, fruto da percepção deles mesmos como parte desse grupo após passagem pelo Festival Rockdromo. no Chile, quando passaram a se chamar de afro-latinos, como está em “Provérbios”, com trechos em espanhol, como
“Soy la revolución / E trouxe o bairro todo”. “Lá em Valparaíso, vendo tantas bandas de países vizinhos terem tanto orgulho e personalidade, passamos a ver o tamanho da importância de entendermos o contexto no qual estamos inseridos. Desde nosso show por lá o termo ‘afrolatino’ não saiu mais da minha cabeça. Falo isso porque a gente sempre olha para outros continentes e não enxerga a arte, a história e a cultura sul-americana. E essa música faz parte do processo de nos entendermos como homens negros que fazem parte da América Latina. E esse é um dos conceitos base desse disco”, conta Chaene da Gama (baixo). O som da banda continua sendo um crossover de rock, punk, hardcore, funk e metal e se mantém pesado, mas traz novidades: acrescentando instrumentos de percussão, a banda se aproxima de seus laços ancestrais, dialogando cada vez mais com a estética tribal e acaba entregando em ritmo e poesia um álbum afro-latino, um chamado à união. O Black Pantera fala sobre a tentativa de Golpe no Brasil em “Sem Anistia”, narra uma abordagem racista da polícia em na surpreendente “Fudeu”, com influências do rap, cita a dívida por todos os anos de escravidão em “Promissórias”, citam trecho do poema “Ainda Assim Eu Me Levanto”, de Maya Angelou e, “Mete Marcha” e a luta contra o racismo em “Candeia”. Uma pedrada, como o show que eles fizeram na cidade, no ano passado, marcando nossas vidas para sempre.
Hermeto Pascoal, 87 anos, lança no dia 28 “Pra você, Ilza”, um álbum de inéditas que chega pela gravadora carioca Rocinante.. Reconhecido no mundo inteiro como um dos grandes gênios vivos da música, gravado até por Miles Davis e recém condecorado com um título honoris causa pela prestigiada Juilliard de Nova York, o “bruxo” dedica este trabalho à memória de sua esposa Ilza da Silva, com quem viveu 46 anos e teve seis filhos. O álbum surge 24 anos após a partida de Ilza, “a morena linda da foto, filha do violonista regional Romualdo Miranda”, com quem Hermeto morou quando se mudou de Lagoa da Canoa, Alagoas, para Recife. “Tudo o que eu fiz, tudo o que eu faço, tudo o que eu continuo fazendo, a Dona Ilza está presente, maravilhosamente presente. A Dona Ilza sempre esteve presente para mim, para me ajudar de todas as maneiras. Que maravilha e graças a Deus estou aqui. E ela está lá onde Deus a levou. (…) O nosso amor, o nosso espírito, a nossa alma continua junto. Todos continuam desabando,” reflete Hermeto. Para homenagear a “eterna patroa”, Hermeto escolheu 13 músicas de um total de 198 partituras registradas em um caderno dedicado a ela, escrito entre 1999 e 2000, repleto de choros. Acompanharam o músico na gravação o seu grupo formado por André Marques (piano), Jota P (saxofone), Itiberê Zwarg (baixo), Ajurinã Zwarg (bateria) e Fábio Pascoal (percussão). “Pra Você, Ilza” foi gravado no Estúdio Rocinante, localizado na região serrana do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2024.
“Cai o Sol e Sobe a Lua” foi a única canção composta em Lisboa pelo brasileiro Rod Krieger, que se divide entre Rio e o oeste português. na aldeia Sobral do Parelhão. O single é o primeiro de seu próximo álbum, o segundo solo, que chega em outubro, influenciado pela música portuguesa de Jorge Palma. A canção é um space rock com batidas eletrônicas e melodias pop psicodélicas, com todos os instrumentos registrados pelo artista, com exceção da flauta por João Mello, e das teclas que ficaram por conta de João Nogueira. Krieger assina também a direção audiovisual – todas as canções do álbum terão um vídeo que, juntos, farão parte de um filme experimental surrealista protagonizado pelo artista e com co-direção de fotografia e captação pelo fotógrafo Daryan Dornelles. Daryan e Krieger seguem parceiros desde o primeiro disco do artista, “A Elasticidade do Tempo”.
Um dos produtores de música eletrônica mais em evidência da atualidade, o carioca Papatinho é a atração principal da festa Trap Club, sexta (24), às 21h, no Cultural.
A Hiato Galeria abre a exposição coletiva “Juiz de Fora 174 anos”, na sexta (24), às 20h, com artistas da cidade fazendo uma leitura plástica e poética de sua visão sobre a cidade. A exposição fica em cartaz até o dia 15 de junho. Com trabalhos de Guilherme Melich, Ramon Brandão, Petrillo, Ricardo Cristtófaro. Tomil Braz, Valéria Faria, Yure Mendes e grande elenco.
Depois de empunhar a enxada no evento Feminikaos, no Museu Ferroviário, a banda punk antifascista Valla se une às minas da Innouside para show no Maquinaria, nesta sexta (24), às 21h.
Ever Beaz e Submundo comandam a Pancadão, na sexta (24) com entrada franca até meia-noite, no Beco.
A terceira edição da Festa da Cerveja acontece entre os dias 24 e 26 no estacionamento do Estádio Municipal de Juiz de Fora, com 23 cervejarias participantes e shows de ETC e José Elias e Só Parênt (24), Leoni (25) e Silva Soul e Rapadura, Roça Nova,, Ingoma e Rita Bennedito e DJ Negralha (26) com entrada franvca.
Sil Andrade faz show, sábado (25), às 19h30, no Farol do Saber, no Monte Castelo.
O Ponto de Partida, grupo com 43 anos de trajetória, fundador da escola Bituca de música, apresenta o espetáculo “!Na corda bamba de sombrinha”, baseado na obra de Aldir Blanc, sábado e domingo, às 19h,.no Teatro Paschoal Carlos Magno.
A diva maior Filipe Catto apresenta show do álbum “Belezas são coisas acesas por dentro”, cantando o repertório de Gal Costa, na Autêntica, em Beloryhills, no sábado (25), às 21h, com abertura de Jennifer Souza.
O festival Doce Maravilha acontece sábado (25) e domingo (26), no Jockey Club da Gávea, no Rio de Janeiro, com Jorge Ben Jor, Jorge Aragão convida BK´, Negra Li, Ana Carolina, Djonga & Xamã, Criolo, Mano Brown & Rael, Mayra Andrade convida Rachel Reis, Luedji Luna, Larissa Luz & Xênia França, Letrux canta: O último Romântico, ÀTTØØXXÁ & É o Tchan, Orquestra Imperial, Donatinho & Marcos Valle e DJs Larinhx, VHOOR e Nepal (25) e Maria Bethânia convida Xande de Pilares, Capital Inicial com Zélia Duncan & Kiko Zambianchi, Os Paralamas do Sucesso, Nação Zumbi & Lia de Itamaracá, Falamansa convida Lucy Alves, Ana Frango Elétrico convida FBC & Bruno Berle, ÀVUÁ convida Bela Ciavatta, Nova Orquestra, com Buchecha, Deize Tigrona & Gabriel do Borel e DJs Marcelinho da Lua, GLAU e Tamenpi (26)
O Bourbon Festival Paraty realiza sua 14ª edição nos dias 24, 25 e 26, com doze horas por dia de muita música em mais de 30 apresentações gratuitas de nomes como Paula Lima, Terrie Odabi, Marcos Valle, Artur Menezes, Robin Eubanks e Emanuel Casablanca. Chique.
O I Prio Blues & Jazz Festival tem a primeira noite na quinta (30), às 17h, no Jockey Club Brasileiro, no Rio, com A Cor do Som e André Vasconcellos Jazz & Blues Trio. O festival vai até 9 de junho, com entrada franca;
A Sexta Sei vai ficar de feriado e não circula no dia 31 de maio, voltando à programação normal no dia 7 de junho
Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023, 2022, 2021 e 2020 nos links
Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Antdot, + Maz + Letícia Fialho, d4vd, Tyla + Gunna, Empire Of The Sun, Nathy Peluso, London Grammar, Jake Bugg, Tantão e Os Fita, Billie Eilish, SHAED, WILLOW, Dua Lipa, João Gordo, Sawetie, Hardy, Tim Bernardes, Sleaford Mods, Cage The Elephant, Camila Cabello + Lil Nas X, The Mönic e Planet Hemp
A campanha de crowdfunding da coluna continua, já atingimos 65,2%. Prefere fazer um PIX? O pix da coluna é sextaseibaixocentro@gmail.com