Sexta Sei: Alceu Valença nasce agreste e deságua no litoral pelas lentes amorosas da Mombojó

Este é o primeiro álbum não-autoral da banda, referência da cena criada na esteira do manguebit

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fotos por Laura Proto

“Carne de Caju” é o primeiro álbum não-autoral da banda pernambucana que amamos Mombojó, com releituras de canções consideradas “lados B” do músico e compositor lá da terrinha, esse monumento que é Alceu Valença, agora com riffs e sintetizadores. O próprio Alceu se celebra, nesta sexta, com o álbum “Bicho Maluco Beleza – É Carnaval”, em duetos com Ivete Sangalo, Maria Bethânia, Elba Ramalho, Lenine, Geraldo Azevedo, Almério, Lia de Itamaracá e Juba. E não é por menos: sua obra é a síntese do carnaval plural, popular, brasileiro, crítico e imensamente feliz. Os “meninos” da Mombojó gravaram canções dos anos 80, quando nasceram, neste sétimo álbum da carreira, e lançam clipe para  “Romance da Bela Inês”, nesta sexta, às 16h20, que tudo tem hora, né? Segundo o vocalista Felipe S, que bateu um papo comigo, por e-mail, o desejo de homenagear Alceu surgiu da admiração pela sua obra atemporal. Falamos também dos nomes pernambucanos a se prestar atenção, como Sofia Freire, Siba, Almério, Martins e Amaro Freitas, que estão sempre aqui, sextando, e a nova banda de rock Estesia, uma novidade-delícia da terra de Brennand.

Moreira – Este é o primeiro álbum não autoral da Mombojó em mais de 20 anos de carreira e seis álbuns com composições da banda. Como surgiu esse desejo de homenagear as canções de Alceu Valença em “Carne de Caju”?

Felipe S – Olá! Depois de vinte anos de banda surgiu a vontade de fazer algo diferente e assim veio a vontade de homenagear algum artista. O desejo de homenagear Alceu Valença surgiu da admiração pela sua obra atemporal.

Moreira – Vocês privilegiaram músicas dos anos 80, época na qual a maioria dos integrantes da Mombojó nasceu. Como a música do Alceu esteve presente na vida de vocês, qual a primeira lembrança?

Felipe S – Lembro da minha mãe ouvindo o disco: “Maracatu, batuques e ladeiras”. A escolha pelos anos 80 reflete nossa conexão com aquela época, remetendo a memórias marcantes. Ao revisitar e recriar a obra, buscamos uma perspectiva contemporânea. Alceu, com sua musicalidade única, tem muito a dizer às novas gerações, transmitindo uma essência que transcende o tempo.

Moreira – Qual foi a perspectiva que vocês tiveram ao revistar e recriar essa obra? A pegada roqueira fica clara nos novos arranjos repletos de riffs e sintetizadores. O que Alceu tem a dizer às novas gerações?

Felipe S – Nos fez aprofundar em uma obra riquíssima. No início dos anos 80, Alceu estava vivendo um grande momento em sua carreira, o que fez com que algumas de suas músicas fossem ofuscadas pelos seus grandes sucessos, como “Coração Bobo”, “Tropicana” e “Anunciação”. Quisemos revisitar algumas dessas músicas menos conhecidas para lembrar que são belas canções. Atualmente, Alceu demonstra, na prática, que sua música é atemporal, sendo descoberto e aclamado por uma nova geração. Sua arte é rica, carregada de uma bagagem forte que nasce agreste e deságua no litoral. Ele sabe como poucos sintetizar a diversidade pernambucana.

Moreira – Pupillo lançou, na semana que passou, um tributo ao Moraes Moreira, “Moraes é Frevo”, dentro do projeto Orquestra Frevo do Mundo. É um lado pernambucano de Moraes Moreira?

Felipe S – Acho que foi uma época quando o frevo chegou à Bahia por meio dos trio elétricos. Moraes Moreira, que sempre citou Dodô e Osmar, deve ter se contaminado nesse momento. Pupillo é, pra mim, um dos grandes produtores do Brasil e faz um trabalho muito importante de valorização do frevo.

Moreira – Minha geração foi profundamente impactada pela obra de Chico Science. Eu estava entrando na faculdade, e o mangue bit me pegou legal. Como a música dele ainda impacta a música feita hoje em Pernambuco e quais são os novos nomes da cena pra se prestar atenção, além da banda bule, que entrevistei aqui? Adoro Recife, a galeria Joana Darc, o sotaque, o mangue bit, o Museu no ateliê do Brennand é o lugar mais lindo do mundo…

Felipe S – Eu adoro muito a Sofia Freire, acho incrível como ela se envolve desde a produção musical como na produção de vídeos. Sou muito fã de Siba, que fez parte da criação do manguebeat com o Mestre Ambrósio e, já há uns anos, tem os seus discos solo. Temos Almério e Martins que já são artistas imensos e tenho convicção que vão crescer muito mais. Tem o pianista Amaro Freitas que é um grande nome do jazz no mundo. Das bandas novas, tem a Estesia, que tem se destacado muito em Recife com um belíssimo show.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Antínoo por Victor Affaro

Goiano radicado em São Paulo, Antínoo foi personagem aqui da página quando lançou o single Púrpura”, que mistura samba-reggae, house music e uma narrativa sobre vingança, ponta de lança do álbum “Antínoo Passa o Recado”, com produção de Adriano Cintra, o segundo do artista, que chegou esta semana com gêneros como pop, samba-reggae, house, rock e disco. As canções do álbum refletem a história pessoal do artista com a metrópole paulistana. A capa, de  Estelle Flores,  é o encontro de diversas referências, como o álbum “London calling”, do The Clash, e o livro “Quem quebrou meu violão”, de Sérgio Ricardo. “

O que conecta essas duas obras é a imagem de personagens destruindo seus instrumentos musicais, uma cena impactante. No meu caso, o teclado é o instrumento central. Comecei com um Yamaha PSR-E343, com o qual compus todas as canções do meu disco. Por ser um instrumento eletrônico, a maneira de destruí-lo seria lançá-lo na água, simbolizando não só a destruição, mas também a desconstrução. Isso reflete minha abordagem musical de desmontar e reconstruir o que já existe, buscando uma nova arquitetura sonora“, conta Antínoo. “Artificial” foi inspirada pelo Chat GPT. Além das faixas autorais, ganham destaque no volume três regravações: “Vampiro”, obra de Jorge Mautner, “Andy’s Chest”, de Lou Reed, e uma nova versão de “Arrombou a Festa III”, de autoria de Rita Lee e Paulo Coelho, com versos atualizados. Sobrou até pra Legião Urbana.

Pupillo
Kassin e Davi Moraes

Idealizado por Pupillo, Davi Moraes e Marcelo Soares, “Moraes é Frevo”, da Orquestra Frevo do Mundo, reúne canções do compositor relidas por cantores como Maria Rita, Criolo, Lenine e Céu, com arranjos de maestros das ruas de Pernambuco. A ideia do volume surgiu na turnê “Portas”, de Marisa Monte, que tem o guitarrista Davi Moraes e o baterista Pupillo. Esse volume de frevo traz arranjos de sopro feitos pelos arranjadores de Pernambuco que Moraes tanto amava. Muitos destes frevos foram gravados com produção de Lincoln Olivetti, e Moraes nunca gravou com essa escola de arranjadores de Recife, como os maestros Duda, Nilsinho Amarante, Spok e Henrique Albino, que dividem os arranjos do álbum. Representantes de Pernambuco também estão presentes na lista de cantores. Lenine, Otto e Uana sustentam o sotaque. Também estão no álbum Agnes Nunes, Moreno Veloso, Luiz Caldas e Criolo. Na semana passada, “Preta pretinha”, interpretada por Criolo, no único arranjo do disco assinado por Spok, passou aqui na playlist sextante.

Adriano Grineberg em fotos de Matheus Leite

Para homenagear a obra de Dorival Caymmi, pra quem seria “doce morrer no mar”, o artista paulistano Adriano Grineberg, um dos maiores nomes do blues no Brasil, traz o álbum “Eufótico”, batizado com um conceito da ecologia. A zona eufótica é a camada mais superficial do oceano, na qual penetra a luz solar e onde ocorre a maior incidência de vida marinha. Também é aonde navegamos, assim como o artista mergulha, em seu quinto álbum, na obra imortal de Caymmi. Essa é a primeira vez que Grineberg trabalha com a cancão brasileira e grava em sua língua pátria. O lançamento foi preparado com os belos singles “É Doce Morrer no Mar”, “Promessa de Pescador” e “Canoeiro”. Grineberg encontra, na polirritmia de Caymmi, levadas de muitos outros ritmos que sempre dão a deixa pra algum acorde do blues. 

O mar não é azul à toa. Assim como Caymmi, Grineberg é filho de Xangô e revista a obra do mestre com seu teclado de escola blueseira que ele costura com rock progressivo,  música africana e até mesmo os Ícaros, cantos sagrados de seu outro berço de influências, o Xamanismo e as medicinas da Floresta. Adriano é acompanhado por Edu Gomes (guitarra), Fabá Jimenez (guitarra), Fabio Sá (contra-baixo), Carlos Bala (bateria) e Mestre Dalua (percussão). No repertório, estão “A Lenda do Abaeté”, “Promessa de Pescador”, “O Vento” (com Badi Assad), “Morena do Mar”, “Canoeiro”, “Canto de Nanã”, “Vou Ver Juliana”, “Noite de Temporal” e “É Doce Morrer no Mar”.

O Muvuka desfila a partir do São Matheus
Ravell, do programa Queen Stars, da HBO Max
Zegon na Wobble
Femmenino na Teknu
Dudu Lima. Foto: Fernando Priamo
Brooke Lynn Hytes no festival drag The Realness
Feijoada da Mangueira
Filipe Catto em foto de Juliana Robin
Ana Frango Elétrico em foto de Hick Duarte
Titiago e o Bloco das Cores
Marcelo D2 e Luiza Machado. Foto: Caiano Midam
Foto de Wilmore Oliveira na exposição “Linhagem Suburbana”
III Marcha Trans de Juiz de Fora

O carnaval vai começar pra valer com o desfile de carnaval do Bloco Afro Muvuka, que vai ocupar as ruas de Jufas no sábado (27) 🥁🔥. A concentração será ao meio-dia,  na Praça Jarbas de Lery, em São Mateus, com desfile até a Praça da Estação, sob o tema as “Folias de Minas”. Antes, na mesma praça, em São Mateus, às 9h, tem o Meleka de Jacaré. O “Concentra, mas não sai” rola na Praça Ministrinho, às 13h, no Jardim Glória.

Também no sábado, às 16h, na praça Antônio Carlos, o carnaval LGBTQIA+ começa com o Bloco da Majestosa, da drag cantora Ravell, com Sandra Portella, Titiago e mais. O Xotaefe rola no mesmo dia, às 17h, na Praça da Estação.

Tem Parangolé Valvulado, Tokaê, Charmosas do Tamborim no pré-carnaval do Clube Cascatinha, sábado (27), às 16h.

Tem bateria da escola de samba carioca na Feijoada da Mangueira, sábado (27), ao meio-dia, na Versus, com direito a passistas, mestre sala e porta-bandeira da escola carioca. 

Os clubes da cidade seguem em ritmo de pré-carnaval, com Banda do Ben e DJ Felipe Matos (27), no Muzik, e o Bora! Bloco (27) no Beco.

Wobble convida Zegon, sábado (27), na D-Edge Rio, em noite que ainda tem, no line-up, Bia Marques, Bibs, Rodrigo S e Chànce da Silva e Duvalle.

Filipe Catto apresenta o show do álbum “Belezas são coisas acesas por dentro”, cantando repertório de Gal Costa, dias 26 e 27, no Manouche, no Rio.

Chico César comemora 60 anos, no Circo Voador, na sexta (26), e Ana Frango Elétrico lança o álbum “Me Chama de Gato que Sou Sua”, no sábado (27), com participação de Índio da Cuíca. A casa abre às 20h.

Marcelo D2 e Luiza Machado abrem as portas do Centro de Pesquisa Avançada do Novo Samba Tradicional Onde o Coro Come – IBORU, no centro histórico do Rio de Janeiro, na Av. Sete de Setembro 43, até 22 de março, com a exposição “Linhagem Suburbana”, do fotógrafo Wilmore Oliveira, AKA Youknowmyface, com curadoria de Marcelo e Luiza.

No domingo (28), às 17h, o trio elétrico do Bloco das Cores sai da Praça do Riachuelo em direção à Praça Antônio Carlos, com Titiago, Fabio Laroque e grande elenco.   

O espetáculo “O Circo dos sonhos no mundo da fantasia”, da companhia de Marcos Frota, está em cartaz no estacionamento do Jardim Norte, de terça a sexta-feira, sempre às 20h, e aos sábados, domingos e feriados, às 15h, 17h30 e 20h.

No sábado (27), tem edição da Teknu, no Rocket Pub, celebrando aniversário de Femminino, que está no line up com Crraudio e Amanda Fie, da Makoomba, Is on the edge, Cafezin (BH) e HRKN.

Comemorando 20 anos de visibilidade trans no Brasil, segunda (29),, das 17h às 21h, acontece a III Marcha Trans de Juiz de Fora, com sarau, acolhimento, tenda da secretaria de saúde e Hospital Universitário (HU) e feira de produtos feitos por artistas trans. A concentração é no Parque Halfeld.

Na segunda, dupla Nara Pinheiro e Márcio Guelber se apresenta no Brasador, às 19h, abrindo pro showzaço imperdível de Dudu Lima e Victor Biglione.

O festival drag The Realness chega à terceira edição dia 6 de julho, na Audio Club, em São Paulo, com estrelas de cinco países aonde acontecem edições de Drag Race, com Valentina (México), Alaska, Gottmik, Monét X Change (Estados Unidos), Brooke Lynn Hytes (Canadá), Keiona (França), Organzza, Betina Polaroid, Naza, Hellena Malditta, Shannon Skarllet e Rubi Ocean (Brasil). Além das estrelas internacionais, o festival também contará com a presença de lendas da cena drag brasileira, como Ikaro Kadoshi, Natasha Princess, Frimes, Desireé Beck, Marcinha do Corintho, Dacota Monteiro, Halessia e mais.

Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023,  2022, 2021 e 2020 nos links

Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Jup do Bairro, JÀTTØØXXÁ & Baco Exu do Blues,, Justice + Tame Impala, Gossip, Green Day, The Black Keys, Kelela, Wilco, Gabriella Lima, Jacob Collier + Camilo,  Irmãs de Pau + Cyberkills + Pepita, Pabllo Vittar, Clara x Sofia + Mac Júlia, Liza Lou + Clara Valverde + Duda Brack, Carne Doce, Aurora, Russo Passapusso + Melly + VANDAL, DurangoKid + OVERDELIVERY, Budah + Sotam + Aka Rasta, Paulo Franco,  Khruangbin e Chinese Man + Stogie T + KT Gorique & FP 

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