Sexta Sei: A Bruxa Cósmica, Rafa Elmi, Paulo Ohana, Muvuka, Sala de Giz e +

Em novembro de 2021, eu já estava interessado na cultura ballroom e entrevistei aqui na página A Bruxa Cósmica, 27 anos, dançarina experiente no showbiz, com performances com Fernanda Abreu, Teto Preto e Sofi Tukker em “Throw some ass”. Aliás, eu entrevisto a dupla na próxima semana para falar de “BREAD”, seu novo álbum, que chega dia 23 de agosto, aqui pra Sexta Sei. Mas, voltando à bruxaria cósmica, a gata lançou, na semana passada, seu EP de estreia, “Vogue Club”, e a boa faixa “Bote” passou aqui pela playlist sextante. A artista foi inspirada a entrar no mundo da arte pelos seus pais. Em 2015, conheceu o movimento ballroom pela internet e mergulhou fundo, organizando, no ano seguinte, a primeira batalha de vogue no Rio de Janeiro. Este ano, ela estrelou o episódio de estreia de “Segura essa Pose”, do Globoplay, que desvenda a cena ballroom carioca. O álbum traz beats de vogue e club e dá uma ideia da sonoridade que embala a cultura. “Cheguei no Rio sozinha com 17 anos para realizar meus sonhos, e a Vogue me acolheu, me deu força e fez eu me afirmar como artista. Eu me sinto honrada por ter  encontrado algo tão forte”, conta.

Uma das coisas mais legais da festa de 4 anos da Sexta Sei no Occa foi conhecer o artista plástico Rafa Elmi, 20 anos, estudante de artes e designer de moda na marca UPCO BR, que acaba de vestir o amigo Romero Ferro. Como bem diz Tom Zé, “eu sofro é de juventude”, e adorei a forma como ele se veste e interage com as pessoas. Fresh. Ele está em cartaz no primeiro andar da Occa com a exposição “É bonito ser feio”, que traz figuras distorcidas, trituradas, machucadas, muito vermelho vivo, dentes expostos de forma agoniante, com aparelhos, em uma poética provocativa sobre o feio. “As imagens criadas por Rafael não são agradáveis. Construídas durante os últimos quatro meses, a partir do uso do pastel oleoso, arames, acrílica e papel, ele nos fez dar um mergulho em suas referências: o pai dentista, os filmes de terror, a fixação por imagens de estudos anatômicos. Acima de tudo, elas representam um convite desse jovem artista para lidarmos com o nosso incômodo e darmos um passo na direção de suas obras. É preciso ver mais de perto e como ele mesmo me disse, abraçar a feiura”, analisa sua professora e historiadora da arte Renata Oliveira Caetano, no texto de apresentação.  Tem uma boca com aparelhos que me lembrou um brinquedo de dentista dos anos 80 com uma boneca que dava uns gritinhos quando a gente encostava o “aparelho” na “gengiva” dela. Tão antigo que nem o Google alcançou.

Quando bati o papo bacana com Gustavo Galo sobre o álbum duplo “folhas_fruto”, a turma do selo Pequeno Imprevisto aproveitou para colocar no meu radar o terceiro álbum do cantor e compositor brasiliense radicado em Sâo Paulo Paulo Ohana, o delicioso “Língua na Orelha”, que transita por estilos como indie rock, folk e jazz-pop. A faixa “Querer Quisera” passou aqui pela última playlist e também foi direto pra playlist passarinha. O álbum tem sonoridade nova em relação aos trabalhos anteriores, com o presença constante da guitarra, além do saxofone, bateria e baixo nos arranjos. Um estilo rockzinho dos anos 1990 que embala todo o disco. Tô ouvindo bastante. Em 2023, ele colaborou no álbum “Quem Faz Amor Faz Barulho”, da cantora Bruna Lucchesi, sextante, com canções do poeta e compositor curitibano Paulo Leminski. A banda que o acompanha agora é formada por Bianca Godoi na bateria, Fernando Sagawa nos saxofones e flautas, Ivan Santarém na guitarra, e Ivan Gomes – que também assina a produção musical do álbum e bate ponto aqui sempre  – no baixo. Alzira E, que no álbum de Gallo criava folhas com as filhas, aqui participa em “Pedra por pedra”.