Colaborador dos dois lindos discos de Walfredo em Busca da Simbiose cria expectativa com lançamento de seu álbum de estreia, “Por Fora, Por Dentro”, que chega em novembro
por Fabiano Moreira
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Eu segui uma dica do meu amigo virtual Felipe Andrade, o Polvo Manco, um desbravador das novidades, e cheguei ao perfil do baiano radicado em São Paulo Uiu Lopes, que participa de discos e shows do projeto cool Walfredo em Busca da Simbiose, da Balaclava Records. Ele chamou a atenção com o clipe cheio de referências cinematográficas de Ingmar Bergman e do Cinema Novo para “Horizonte”, ponta de lança do disco de estreia que chega em novembro, “Por Fora, Por Dentro”, pela Matraca Records, e que já tem os singles “Lulu” e “Desejos de um Leão” lançados.
Batemos um papo, que começou pela DM do Twitter e se realizou por e-mail, no qual falamos da narrativa dos símbolos e números do clipe como uma reflexão sobre esse momento definido pela quantidade de acessos e como isso tem mexe com a nossa forma de ver o mundo. Falamos também como o disco flerta com a canção brasileira, com a produção de Fernando Rischbieter, das colaborações com Lou Alves e YMA e de como ele é, essencialmente, um romântico existencialista que, a partir das vivências, vai transformando histórias e pensamentos em música.
“Horizonte”
Moreira – Uiu é um apelido carinhosamente brasileiro para Will, Wilson? Muito simpático.
Uiu Lopes – Obrigado, sim é um jeito abrasileirado de se escrever Will 🙂
Moreira – Eu adoro demais o clipe de “Horizonte”, há tantos símbolos, narrativas, teatralidade… Quais foram as principais inspirações visuais e cinematográficas? O release fala de futuro pós-pandêmico a caos ideológico no ambiente digital…
Uiu Lopes – A gente deu uma viajada nos filmes do Bergman e também no Cinema Novo, conversando depois de algumas reuniões com o Mooluscos, diretor do clipe, que a narrativa dos símbolos e números, tão presentes no nosso dia a dia, fosse como uma reflexão pra esse momento em que tudo é muito definido pela quantidade de acessos e como isso tem mexido com a nossa forma de ver o mundo.
Moreira – “Horizonte” mistura ijexá, sintetizadores e samples, é um dos caminhos que pretende explorar no disco, “Por Fora, Por Dentro”? Já tem previsão de lançamento?
Uiu Lopes – O disco chega em novembro, no próximo mês. Acredito que essa miscelânea me contempla em diversos momentos, sou muito eclético nas referências musicais. Esse disco, para mim, é a inauguração de vários anos de pesquisa e acúmulo de assuntos, inquietações.
Moreira – O que podemos esperar desse disco de estreia? A produção é de Fernando Rischbieter? Como está sendo esse trabalho com ele?
Uiu Lopes – É um disco que flerta o tempo todo com a canção brasileira, é o meu quintal cheio de frutos e de coração aberto para receber quem chegar. O Fernando trouxe um olhar atento para tudo que eu quero dizer com esse trabalho, tem sido muito enriquecedor ter a produção e o direcionamento dele. Esse encontro não é novidade para a gente, já trabalhamos com a YMA em “Par de Olhos” e “Summer Lover”, faixa que dividimos a produção, mas é um lugar novo e outra perspectiva com certeza.
Moreira – Em outro single lançado do disco, “Desejos de um leão”,você teve a participação de Lou Alves, líder da banda Walfredo em Busca da Simbiose, que é um grupo muito interessante, começando até por este nome maravilhoso. Vi que você participou do disco “Maiúsculas Cósmicas” (2019). O disco também vai ter participação da YMA, que também é ótima. Como foram esses encontros? E como é a participação dela no disco?
Uiu Lopes – “Desejos de um Leão” é a recíproca de Ravel Ribeiro, pois gosto muito dessas parcerias com o Lou Alves e decidi chamá-lo para o meu disco dessa vez. Lou também está mixando boa parte das faixas, esse trabalho tem sido feito pelos encontros e apoio que recebo, tipo a YMA, que conheço desde a época do ensino médio e sempre esteve presente em todas as minhas fases, a participação dela no disco é maravilhosa, foi uma música que compus pra ela, e ela arrasou, como sempre.
Moreira – Em um dos releases dos singles, no de “Lulu”, fala sobre a “justaposição de beleza e feiura” no seu trabalho, “atitude despreocupada, quase desalinhada, mudando vocalmente de serenatas celestiais para conversas mal-humoradas como se fosse para si mesmo, enquanto, sem remorso, derrama seus esforços românticos para quem ouvir”. É um bom resumo de quem é Uiu Lopes?
Uiu Lopes – É um bom caminho, mas acredito ser uma pessoa um tanto imprevisível, me sinto livre para transitar os vários lugares que a arte permite, resumidamente, sou um romântico existencialista que a partir das vivências vai transformando histórias e pensamentos em música.
Abaixa que é tiro!💥🔫
Antivacinas e vivendo com febre aftosa terminal, a inglesa criada no Sri Lanka M.I.A., 47 anos, lançou o primeiro disco em seis anos, o bom e reflexivo “Mata”, que abre e fecha a playlist sextante de hoje. Polêmica, a artista, que acaba de se converter ao cristianismo, abandonando o hinduísmo, apoiou, recentemente, o teórico da conspiração de direita Alex Jones. “Se Alex Jones paga por mentir, não deveria toda celebridade empurrando vacinas também pagar?”, tuitou.
O disco segue a trajetória da artista e é eletrizante, inovador, singular e contemplativo, com batidas periféricas. “Eu tentei fazer você ver que eu estava dizendo a verdade”, ela canta em “Beep”, lembrando que foi pioneira em denunciar a espionagem sobre cidadãos americanos via telas de celular. O álbum rítmico é baseado em samples e batidas anárquicas que lembram reggaeton e funk carioca. M.IA. se converteu ao cristianismo em 2015, depois de gravar um vídeo na Índia para o single “Borders”, quando adoeceu e teve uma visão de Jesus Cristo.
Adoro acompanhar a trajetória do gentil compositor carioca Qinhones, que acaba de lançar o álbum “Centelha”, com dez faixas inéditas em parceria com Alberto Continentino que sucedem os excelentes EPs “Gota” (2021) e “Qinho canta Marina” (2018), no qual relê canções de Marina Lima. O novo trabalho é um ensaio dançante sobre a falência e a potência do Rio de Janeiro, com as participações das cantoras Bebé Salvego em “Água” e Silvia Machete, que declama texto de Gustav Mahler em “Sweet Narciso I”.
Adoro o samba-rock “O Rio Continua Rindo”, single carioquérrimo que saiu antes do disco, entre a exaltação ufanista e a crítica ácida, e “Cidade Narciso”, que veio hoje na playlist sextante. A sonoridade é herdeira da linhagem de Marcos Valle, Lincoln Olivetti, Tim Maia, Azymuth e Hyldon.
“Pois é armado de suavidade e delicadeza, afrontando a brutalidade dos homens e das ruas, que Paulinho da Viola tece na calada da noite sonhos que tocam fundo na alma e nos dedos de Cristovão e Mauro. Um antídoto para os venenosos dias de hoje, um maná para nossos anseios mais profundos”,diz o jornalista Roberto Muggiati no release de “Choro Negro – Cristovão Bastos e Mauro Senise tocam Paulinho da Viola”, delicioso disco instrumental que chegou ao streaming e já passou aqui pela playlist sextante, homenageando os 80 anos do artista.
“Coração leviano”
Com este álbum, Senise acrescenta mais um grande compositor da MPB à sua série de songbooks, que já inclui Edu Lobo (“Casa Forte”), Dolores Duran e Sueli Costa (“Lua Cheia”), Noel Rosa (com Gilson Peranzzetta), Gilberto Gil (“Amor até o fim”) e Johnny Alf (“Ilusão à toa”).
Hoje (21), às 20h, o Beco recebe o show de lançamento de “Fogo-Fátuo”, o disco de estreia de Tatá Chama e as Inflamáveis. No domingo (23), às 17h, tem Forró Sagarana.
Estreia hoje (21), às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno, o novo show do cantor Alexandre Pereira e do multiartista Marcus Amaral, “Eles e a Mineira – um tributo a Clara Nunes”.
No sábado (22), às 17h, a Necessaire apresenta o grupo de artrock carioca Kartas (RJ) e a produtora musical e performer Davis DelAnus.
No sábado (22), às 23h, Paulinho Moska faz show no Sensorial.
A oitava edição do projeto “Slam da História” acontece no domingo (23), às 14h, no vão sob o Viaduto Hélio Fadel, no Centro.
No domingo (23), às 19h, Jão faz show da turnê do disco “Pirata” no Terrazzo.
O Primeiro Plano – Festival de Cinema de Juiz de Fora e Mercocidades – volta a acontecer de forma presencial em 2022, entre os dias 22 e 27 de novembro, em local ainda a ser revelado. O festival está com inscrições abertas, até o dia 6 de novembro, por e-mail, para 12 vagas na oficina de roteiros, o Laboratório Luzes da Cidade, com foco no tratamento do roteiro, direção e produção e prêmio de R$ 10 mil para a realização do filme proposto.
Em 16 de novembro, chega à Netflix o documentário “Racionais: Das Ruas de São Paulo pro Mundo”, que conta a trajetória do grupo mais influente do rap nacional, com direção de Juliana Vicente.
As Irmãs de Pau passaram aqui pela página, no ano passado, falando do disco de estreia, o ótimo “Dotadas”. Pois a nova era do segundo disco acabou de começar com o lançamento de “Shambaralai”, que veio na última playlist e, hoje, chega com clipe babadeiro. O som, potente e dançante, tem beats inspirados na música eletrônica, no rap, no funk e no trap, com referências do vogue e da cultura ballroom.
No clipe, Isma Almeida e Vita Pereira dão início à metamorfose para o segundo trabalho e tocam a dominação das travestis em um espaço que sempre foi visto como cis, hétero e masculino: o universo automotivo. No clipe dirigido por Mariana Borga, elas invertem a lógica de liderança daquele ambiente, agora são as travas quem comandam. “Sonhamos em ser pilotas de carros e de nossas próprias vidas também”, reflete Isma. Como não amar as balaclavas da Agemó?
Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.
Playlist de clipes com Blink-182, Red Hot Chili Peppers, The 1975, half-alive, Far from Alaska, Luisa e os Alquimistas, Thiago Pantaleão, Mykki Blanco, Boss in Drama, Tristesse Contemporaine, Bala Desejo, Echosmith, Márcia Novo + Vitinho Imperador + Buxxitv, DJ Oreia + MC IG, MC Ryan SP + vários MCs, Pedro Sampaio + Zé Felipe, Valesca Popouzuda + Os Hawaianos, Pocah, Caroline Polachek, Natália Matos + Fafá de Belém e Cazwell + Nathan Hayes.
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