Grupo lança hoje seu segundo single, “Espírito Seco”, um afrobeat que é mais um gostinho do disco de estreia, “Tramóia”, que chega em 22 de janeiro
por Fabiano Moreira
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“Roça Nova é ser muito com pouco”, avisa a letra de “Roça nova”, single de estreia da banda mineira que lança seu primeiro disco, “Tramóia”, no dia 22 de janeiro. Todos nós ainda vamos ouvir falar muito desses mineiros espalhados por Juiz de Fora, Manhuaçu, Muriaé, Simonésia e Patrimônio da Penha (ES). Hoje, eles botam na rua mais uma faixa, “Espírito Seco”, um afrobeat de inspiração xamânica que ganhou lindo clipe feito só com material vindo de banco de imagens.
Clipe maneiríssimo de “Roça Nova”
O single de estreia, “Roça Nova”, tem um refrão que gruda feito chiclete (tanto que virou nosso título) e mistura rock, música caipira e ritmos afro-latinos, com inspirações que vão de Naná Vasconcelos, Jimmy Hendrix, Os Tincoãs, Nação Zumbi a Cordel do Fogo Encantado. “Apresentamos a proposta lírica e musical da banda com essa canção. Nos pautamos pela ode à psicodelia sentimental do sertão mineiro. Isso culmina em linhas instrumentais recheadas de balanço e visceralidade. Por isso, identificamos a nossa obra sob um gênero musical, que nós chamamos de ‘caipigroove’, conta o vocalista, Pedro Tasca.
O clipe traz deliciosas imagens de arquivo e mostram os meninos, que são bonitos pra caramba, em locações como Beach Park (BR-262), em Manhuaçu, nas cachoeiras de montanha do Poço das Antas/Panelão do Tardém, no Parque Nacional do Caparaó (ES), no Hostel Kajoama, em Patrimônio da Penha (ES), lar e hostel do baterista João Manga, Morro da Forca (Ouro Preto) e Bar do Zezinho, Feira Livre da Avenida Brasil e o Mercado Municipal do Espaço Mascarenhas, isso tudo aqui em Juiz de Fora.
O clipe de Espírito Seco, lançado hoje
Confesso que nunca tinha visto um clipe feito com banco de imagens, mas os meninos supreendem com o resultado de “Espírito Seco”, lançado hoje, faixa que ressalta o talento vocal de Tasca, aqui, etéreo. Uivos hipnóticos e vocalizações primitivas trazem o poder xamânico do single, revelando um lado mais enigmático e sinestésico da musicalidade da banda. O groove do baixo e da bateria e os demais elementos percussivos remontam à atmosfera do afrobeat da década de 70.
As ilustrações de são um espetáculo, pago muito pau, essa capa é uma quimera com lobo guará e urubu
O disco foi gravado no Estúdio Nave, em Juiz de Fora, e mixado e masterizado por Henrique Villela. As artes das capas e o clipe de “Espírito Seco” são de ATM, irmão de um dos integrantes e talentoso pra caramba. As fotos de divulgação foram feitas por Vitória Dantas na Bolha Verde – Casa de Criação, do meu irmão Tuta Discotecário, aqui em Juiz de Fora. Tatu cheira tatu, né? Está tudo conectado.
Os meninos com o bruxão Tuta ao meio
Queria falar com os meninos antes mesmo de eles terem uma música lançada ou eu, uma coluna, apenas porque amei demais o nome. Taí, espero que gostem do nosso papo, por e-mail. A banda é formada por Pedro Tasca (voz e violão), João Manga (voz e bateria), Marco Maia (guitarra), Hector Eiterer (baixo) e Bernardo Leitão (percussão).
Moreira – Mano do céu, aonde fica essa pista de skate do clipe de “Roça Nova”? No meio do mato? Ficou muito doida a seqüência de imagens com fogo, à noite.
João Manga (bateria) – Ali é um paraíso na terra, o Beach Park, que fica na margem da BR-262, próximo à Manhuaçu (MG), aonde nascemos eu, Pedro e Bernardo. É um antigo parque aquático, desativado e abandonado, que vem sendo ocupado, há anos, por vários skatistas e amigos artistas da nossa região. Encontramos no espaço um local ideal para prática dessas paixões e, no skateboard, uma forma de manifestação sócio-cultural. Eu tenho muito amor pelo Beach e por tudo que vivi lá, assim como o Pedro e o Bernardo. Todos nós da banda somos gratos porque crescemos tendo contato com o skate. O sonho do coletivo que se formou lá é que um dia o nosso querido Beach seja um skatepark inclusivo, como ferramenta de resgate e evolução social. Para que isso aconteça, o primeiro passo é mostrar que a gente apoia a causa: acompanhe o perfil @beachparkskate e, se possível, ande de skate.
Moreira – Vocês são todos de Juiz de Fora? Porque este clipe tem imagens de tantas cidades…
Hector Eiterer (baixo) – Na Roça Nova, apenas eu sou nascido em Juiz de Fora, onde moro até hoje. Pedro, João e Bernardo, amigos de infância, são de Manhuaçu (MG,) e, até hoje, o Leitão mora por ali, em Simonésia. João Manga também mora na região do Caparaó, em Patrimônio da Penha (ES), sua casa é o Hostel Kajoama, onde realizamos a pré-produção do nosso álbum. O Marco, nascido em Lavras, e hoje, após muitos anos em Juiz de Fora, mora na metade do caminho, em Muriaé. O Pedro, que também é nosso produtor, mora em Juiz de Fora, por isso a maior parte das nossas produções partem daqui, e envolvem muitas pessoas que moram aqui, mas de fato, somos cidadãos do mundo e nosso público também se espalha por esse interior da Zona da Mata.
Moreira – No release, fala-se de “psicodelia sentimental do sertão mineiro”, e o gênero musical da banda como o “caipigroove”. Explica o conceito de Roça Nova, que nome bom para caramba, me colocou atrás de vocês antes mesmo de vocês terem uma música.
Pedro Tasca (vocal) – Roça Nova vem da junção da cultura rural com a possibilidade de experimentações. A palavra “roça” vem, naturalmente, se ressignificando ao longo dos anos e, hoje, além da velha definição de um espaço destinado ao cultivo rural, também se refere aos “interiores” do país como um todo, e às características culturais interioranas em si, por vezes em conotações negativas, por vezes em conotações positivas. “Cê é muito da roça” ou “isso é muito da roça”. Nós assumimos essa identidade, deixando para trás a velha condição de um interior limitado, usando os estilhaços da revolução digital à nosso favor. Buscamos produzir nosso som de forma independente, nos conectando com nosso público e com os demais interiores, de onde sempre surgiram artistas tão incríveis, nas mais diversas áreas. Acreditamos na possibilidade de sermos ouvidos pela metrópole e estabelecermos esse diálogo, que antigamente era unidirecional, o centro falava e o interior captava. Hoje, também podemos e precisamos falar. Os vagalumes são bem representativos, eles emitem luz própria lá do brejo, numa rede comunicativa tão artística.
Moreira – O que podemos esperar do disco de estreia? Tem quantos singles antes do lançamento? Sai quando? As duas primeiras ficaram demais.
Pedro Tasca – “Depois de “Espírito Seco” a gente já parte pro lançamento oficial do álbum “Tramóia”, que já tá batendo na porta, vai sair mês que vem, dia 22 de janeiro. São dez faixas autorais que misturam ritmos tradicionais brasileiros (como o baião, congado e música caipira), com o rock psicodélico e a lírica do sertão. Algumas músicas também transitam entre outros gêneros afro-latinos e a MPB. Tem percussões pra descarrego, guitarras cortantes, linhas de baixo e bateria com muito groove, violões hipnóticos e vozes viscerais e únicas. Vocês podem esperar muita verdade dessa nossa produção que foi completamente independente, com a nossa cara do jeito que ela é. Além disso, a grande diversidade que compõe a Roça Nova está escancarada ali, com a musicalidade marcante de cada um de nós cinco, e dos amigos que nos completam, em função do amor e da coletividade.
Moreira – “Espírito Seco” é, segundo vocês mesmos, um afrobeat seco. Acho que o público precisa de um guia para o clipe e a letra. Aonde foram captadas as imagens? Falei que tá bonito pra caramba? Achei deslumbrante de bonito, como tudo que fizeram até agora 😉
Bernardo Leitão (percussão) – Tentar evoluir, buscar ver a vida sem medo, enxergar mais o outro, tentar ver que não existe um caminho ideal, mas caminhos que sejam para cada um. Assumir imperfeição, entender que beleza é gosto. “Revolução que é mentira” é uma crítica às revoluções que muitas vezes não saem das palavras… Que você tanto fala e não faz… Às vezes, esperar por uma revolução coletiva pode mascarar responsabilidades individuais e a necessidade de revoluções internas, que por vezes são necessárias para preceder uma evolução social. “Espírito” é, no sentido popular da palavra, não tem a ver com definições corretas sobre. Oração, reza, culto, conexões entre corpo e alma em respeito à verdade dooutro. Quem não está errado nunca vai poder estar certo, o choro é sobre isso, rever, assumir, refazer, limpar e evoluir. O urubu somos nós mesmos, sobrevoando com as asas cheias de lixo a sujeira dos outros e se esquecendo da nossa própria imundice, esperando uma carniça qualquer para se satisfazer. A alegria não precisa ser sobre muito, só precisa ser…. As imagens foram selecionadas de bancos de imagens pelo artista ATM, que produziu o vídeo. Em resumo… A vida não é para estar certa ou errada, ela é isso. Enquanto couber tristeza, cabe alegria… É sobre olhar de verdade paro o seu próprio lixo.”
Abaixa que é tiro!??
Ama Hot Chip? Também, mas passei a amar mais depois de ver esse evento que rola hoje, Hot Chip and Friends “Straight To The Morning”, com B2B DJ set em benefício de pessoas sem casa, a partir das 15h. O line up tem Jarvis Cocker, Superorganism, Dillon Francis e mais, com ingresso a partir de £5, que o rolê é londrino.
Sábado, dia 19, olha que benção sobre nós, vai ter #LivedoCaetanodeNatal! , às 21h, no Youtube, de grátis que é mais gostoso! Antes, 16h30, eu vou tomar um tacacá na live da Joelma, que sempre bate muito cabelo e arrasa. Antes do Caetano, 20h, tem Leila Pinheiro.
Ainda hoje, sexta, 19h, tem Samuca e a Selva, e amanhã, no mesmo horário, Alaíde Costa canta José Miguel Wisnik, no aclamado programa de 2019 Em Casa com o Sesc, tudo transmitido, ao vivo, do Sesc Pinheiros.
Hoje, sexta, as mulheres da Amazônia tocam o Festival Mana, com shows gratuitos, no Twitch. Hoje tem a dupla de rappers Brabas do Norte, 17h, e a maravilhosa Mc Tha, 20h. Amanhã segue no clima com Keila, 19h, e Tulipa Ruiz, 20h.
Neste sábado, 19, às 21h, a Petrobras Sinfônica apresenta concerto com repertório de Coldplay, ao vivo, do Vivo Rio, com ingressos a partir de R$ 20. No domingo, dia 20, às 16h, rola o encontro de Mundo Bita e a Petrobras Sinfônica, com ingressos também a partir de R$ 20. Na quinta, dia 24, a orquestra faz tradicional Concerto de Natal, de grátis, às 11h, no YouTube, com clássicos como O Quebra-Nozes (Piotr Ilitch Tchaikovsky), “Noite Feliz”, “O Velhinho (Sapatinho de Natal)” e “Jingle Bells”.
Sábado tem Virada SP Online, de Caraguatatuba, e os destaques são os shows de Elomar, 17h, Margareth Menezes, 18h30, e Planta e Raiz, 00h.
No domingo, às 17h, rola o Baile Bonitinho de Natal do Lencinho, patrimônio do Circo Voador e do Rio, com transmissão direto do Galpão Ladeira das Artes, for free
A live Energia Pra Cantar, rola sábado, com Jota Quest, Melim e Nando Reis, e domingo, com Mart’nália, Xande de Pilares e Mumuzinho, sempre às 17h, com transmissão direto do Caminho Niemeyer, em Niterói.
Ainda no domingo, 17h, tem live de 35 anos da Tribo de Jah. No mesmo horário, 17h, o pianista, regente e professor André Pires é o astro do Musicamamm, evento dos 15 anos do Museu de Arte Murilo Mendes. Ele vai interpretar “Bitu” de Francisco Valle.
No domingo, 18h, se joga que é de grátis o espetáculo “A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa I”, que celebra o centenário de Clarice Lispector com sua poesia musicada por Chico César e interpretada por Laila Garin, que canta muito, com arranjos de Marcelo Caldi. A transmissão será pelo canal Arte 1 e também pelo YouTube, é nóis.
Foto: Edmar Luciano
A partir de sábado, dia 19, será lançado, na web, o Ateliê Casa Bracher, com direito a tour virtual pela casa de Ouro Preto. Para comemorar, às 19h, será exibido um minidoc da trajetória de vida e artística de Carlos Bracher, em comemoração aos seus 80 anos.
“É a nossa maneira de distribuir arte e amor em um momento tão delicado”, disse o artista. A transmissão acontece pelo Facebook e pelo YouTube (vale dar um rolê e conferir os muitos vídeos postados, esta semana, Carlinhos pintando é uma epifania). O filme traz depoimentos de Maria Bethânia, Samuel Rosa, Lô Borges, João Cândido Portinari, Irene Ravache, Ronaldo Fraga, Ferreira Gullar e uma homenagem da Orquestra Ouro Preto.
A primeira vez que visitei o Castelinho dos Bracher, em Juiz de Fora, em 1993, era repórter do Caderno Dois da Tribuna de Minas e estava trabalhando na série “Casarões da Memória”, que começava justamente com o Castelinho, pintado por Carlos Bracher para a série. Os leitores do jornal recebiam uma reprodução da pintura de Carlinhos, e de outros 15 artistas, cada um responsável por retratar um desses tantos casarões que povoam o imaginário da cidade.
Começar pelo castelinho era fundamental. Uma de suas moradoras, Nívea Bracher, foi uma das maiores defensoras do patrimônio histórico e cultural da cidade, com a campanha “Mascarenhas, meu amor”, a luta em defesa do prédio do Stella Matutina e tantas outras batalhas, das quais ela saiu, muitas vezes, com partes dos imóveis que ela mesmo salvava e, depois, reaproveitava no próprio castelinho. Uma visionária, estava muito à frente do seu tempo. Leia a matéria aqui.
Foto que eu fiz da réplica do interior do castelinho na exposição no CCBB do Rio, emocionante
Fiz várias visitas ao Castelinho, com Décio Bracher e Nívea ainda vivos, um verdadeiro privilégio. Serviam café e um bolo muito gostoso, mas eu gostava mesmo era do papo, ficava hipnotizado, eu era tão menino ainda e dois artistas daquele tamanho. Segundo Décio, que gostava da minha companhia, eu era um “interessado interessante”, presenteado com alguns desenhos dele que tenho até hoje. Agradeço, Décio, a boa companhia e estes momentos que guardei no coração <3
O festival de cinema mais antigo do país, o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), vai até domingo, 20. As transmissões rolam às 23h, pela internet e pelo Canal Brasil. Entre os filmes, estão os documentários “Por Onde Anda Makunaíma?”, de Rodrigo Séllos, hoje, “Entre Nós Talvez Estejam Multidões”, de Aiano Bemfica e Pedro Maia de Brito, sábado, e “Ivan, O TerrirVel”, de Mario Abbade, domingo.
O Porão se reinventa e edição online, nos dias 19 e 20 de dezembro, ao vivo pelo Youtube, No sábado, 19, tem Krisiun (RS), DFC (DF), Estamira (DF), Cãos Lúdico (DF), Autoramas e BNegão pisando muito (RJ), Mariana Camelo (DF), Dead Fish (ES) e Edu Falaschi (SP). No domingo, 20, a festa continua com Marcelo D2, Lupa (DF), Surf Sessions (DF), Tuyo que eu gosto (SP), Alf Sá (DF), Realleza (DF) e Francisco, El Hombre (SP).
Quem ama Ru Paul’s Drag Race, como eu, não vai querer perder o show de Natal com Bianca Del Rio, que odeia o Natal, Aquaria, Asia O’Hara, Kameron Michaels, Naomi Smalls, Plastique Tiara e Violet Chachki. Vai ser domingo, dia 20, às 17h.
Paul McCartney, 78 anos, ressuscitou e retrabalhou músicas inacabadas durante o confinamento pelo coronavírus em seu estúdio caseiro em Sussex, no sul da Inglaterra. e lança, hoje, o álbum “McCartney III”. O lançamento coincide com o 50º aniversário do lançamento de seu primeiro projeto solo, após a separação dos Beatles, em 1970, “McCartney I“, seguido, uma década depois, por “McCartney II” (1980).
Lembra que outro dia eu tava falando de Luísa e os Alquimistas? Saiu um doc, “Jaguatirica Print”, sobre a feitura do disco. Gosto demais.
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Playlist com as novidades em videoclipes da semana, com Paul McCartney, Herbert Vianna, Tame Impala, Borgore, King Princess, Nu Azeite, Edgar, As Baías e Xand Avião, Clara Castro, Marcelo Tofani e Dada Yute, dentre outros