Sexta Sei: O traço certeiro de Leo Ribeiro, animador juizforano na Noruega

Em longa conversa, falamos sobre o triunfo de seu retorno aos quadrinhos, sua desilusão com o Brasil, nosso fanzine Bat Macumba e cinema de animação

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Autoretrato

Esta semana, fiz uma viagem afetiva ao escolher como pauta o meu amigo, arquiteto, ilustrador, quadrinista, animador e diretor de cinema Leo Ribeiro, 45 anos, um dos meus parceiros nessa viagem editorial que foi o Bat Macumba, nosso fanzine dos anos 90. Ele me contou como foi abandonar a arquitetura pela animação e, prevendo tempos difíceis no Brasil após o impedimento de Dilma Rousseff, trocar a Santa Teresa que tanto amava pelo frio de 7 graus negativos de Stavanger, terceira maior cidade da Noruega, e voltar com tudo a fazer quadrinhos

Toda a estrutura de produção cultural está sendo desmontada e sabotada no Brasil”, avalia. Com mestrado e doutorado em design e especialização em animação, Leo dirigiu curtas de animação e faturou alguns prêmios em mostras nacionais, como Festival de Animação do Agreste, Mostra Ibero-Americana de Cinema de Animação, MUMIA – Mostra Udigrudi Mundial de Animação, Locomotiva, Mostra Curta Fantástico e o mais importante, o Troféu Andorinha Digital de melhor curta de animação no I Cine Port.

Na Noruega, ele começou a colaborar com a revista Bare Snabel e teve um trabalho selecionado para exposição. O papo foi bom demais, um reencontro de amigos de longa data, e ficou enorme, aqui na página está um edit, mas, aqui, dá pra ler o papo na íntegra.

Foto: Jonas

Moreira – Quando nos conhecemos, nos anos 90, estávamos começando na faculdade, e você cursava arquitetura e já fazia quadrinhos. Você chegou a exercer a arquitetura? Quando percebeu que o seu lance era realmente a animação? Você continua a fazer animação? Fiquei muito feliz que voltou a fazer quadrinhos, aliás.

Leo Ribeiro – Eu fazia arquitetura, mas com exceção de alguns colegas, não me identificava com meus pares. Acabei descobrindo uma maior afinidade com a turma da comunicação. Naquela época, a Facom vivia uma efervescência, e acabei me envolvendo com uma produção cultural além do desenho propriamente dito. Eu cheguei a fazer uns três ou quatro projetos de arquitetura, alguns ficaram muito bons. Mas arquitetura não é só desenho, é canteiro de obras… eu não nasci pra isso. O que eu gosto mesmo  é de sentar a bunda na prancheta e desenhar. Os quadrinhos foram uma escolha óbvia. É um modo de representação visual muito prático e democrático. (…) Acho que este é o ponto forte dos quadrinhos mas também o seu calcanhar de Aquiles, pois justamente por ter essa simplicidade e liberdade, ainda não é bem visto no Brasil. Pelo menos é mais mal visto do que o cinema. Por outro lado, quadrinhos ainda tem aquela aura de marginalidade. No Brasil, o cinema está cada vez mais institucionalizado. (…) Naquela época, havia um projeto de se transformar Juiz de Fora em um Polo de Produção Audiovisual. Vi que existiam cursos de treinamento e mecanismos de financiamento e incentivo à produção de cinema na cidade. O que não ocorria com os quadrinhos. Muitos amigos meus da Facom estavam envolvidos na produção de cinema, havia a figura mítica do Zé Sette filmando em Juiz de Fora. Percebi que existia uma brecha para mim, pois se estavam produzindo cinema, ninguém produzia animação. Então, aliei a minha capacidade de desenho com as possibilidades de se fazer cinema e caí no mundo da animação. (…) Peguei um ônibus rumo ao Rio de Janeiro e fui direto à sede do Centro Técnico Audiovisual (CTAv (…), onde fui recebido pelos animadores Ana Rita Nemer e Telmo Carvalho. Eles me mostraram a sala de artes com suas mesas de luz, o storyboard do filme que o Telmo estava produzindo pregado na parede, a ilha de edição, os computadores, os programas de edição não linear, a truca cinematográfica. Tudo um pouco abandonado, empoeirado e esquecido. Mas essa visita repentina foi fundamental para mim. Lembro do Telmo em uma frase sintética: “Você precisa de um registro para nivelar as folhas, nas quais você vai animar pose a pose um movimento. E precisa saber que para completar um segundo é preciso desenhar 24 poses e depois fotografá-las. Assim se faz um filme.” Era tudo que precisava saber. Voltei para Juiz de Fora, reuni alguns amigos que faziam quadrinhos (Ricardo Coimbra e Pedro Henrique) e disse: “Vamos fazer um desenho animado”? (…) Eles toparam, e foi assim que produzi meu primeiro curta, “As Aventuras do Lobo no Reino da Especulação Imobiliária”. Isso já faz 20 anos. Quando me mudei para a Noruega, em dezembro de 2018, fui obrigado a desmontar toda a estrutura que possuía para produzir animação. Deixei tudo no Brasil. Era um novo começo, um recomeço. E, aos 45 anos de idade, me vi novamente como um jovem universitário, redescobrindo o meu caminho como produtor de obras visuais. Optei por retornar às origens, às histórias em quadrinhos. Foi revigorante! O último trabalho que tinha publicado, ainda em Juiz de Fora, foi no Thorazine, se não me engano, em 2005. Mas eu não perdi o jeito não, a minha mão ainda está muito boa para os quadrinhos. Sobre animação, na mesma semana dessa entrevista, recebi uma proposta para fazer um clipe musical para um amigo que vive na Suíça. Então, agora animação e HQ estão lado a lado na minha mesa de trabalho. A prancheta, eu deixei no Brasil.

Sviaz, 2015, curta de animação produzido coletivamente que é adaptação livre de conto do russo Daniil Kharms

Moreira- Você está vivendo na Noruega, é isso? Sua esposa é daí? Já está trabalhando?  Você tinha comentado comigo que ia morar em uma espécie de comunidade, rolou? Quais as dificuldades, além da língua? Já está se movimentando para trabalhar nessa área aí?

Leo Ribeiro – Era um domingo, eu acabava de sair de uma sessão de cinema no Odeon. Um belo longa de animação, dentro da programação do Anima Mundi, “A Tartaruga Vermelha”. Passei pela Lapa a caminho de casa, quando cai na dura realidade. Assisti aquele show de horrores que foi a votação do impedimento. tinha um telão nos Arcos da Lapa, as pessoas chorando. “Deus, pátria e família”. Eu entendi que o Brasil que estava se formatando a partir de então, não teria espaço para o meu trabalho. Assim, desde o impedimento da Dilma, em 2016, que vinha preparando minha mudança. Vi que meu ganha pão estaria ameaçado e eu tenho uma filha para criar. Por sorte, minha esposa é norueguesa, então, eu tive essa oportunidade de sair do país. E não deu outra, toda a estrutura de produção cultural está sendo desmontada e sabotada no Brasil. Mas esse nem é o pior dos problemas, estão sabotando o controle de uma epidemia no país! Eu tive sorte de me mudar. Mas ser imigrante também não é fácil, é um processo lento de adaptação. Além da cultura, da língua, do clima frio, é preciso construir toda uma rede de contatos para se trabalhar. Eu ainda estou neste processo, aprendendo pouco a pouco como as coisas funcionam por aqui. E a pandemia dificulta ainda mais este processo, por causa do isolamento social. Mas já comecei a colaborar com uma revista local, Bare Snabel. E tive um trabalho selecionado para a exposição 10 Lokale Designere tolker 2020, promovida pela Grafill, que é uma associação profissional de designers e artistas gráficos aqui da Noruega. Então, as oportunidades estão aparecendo e estou otimista com o meu progresso. Eu moro em um edifício residencial bem moderno, com todas as chancelas e requisitos das construções ambientalmente responsáveis. Dentro dessa visão de arquitetura os espaços de convivência são prioritários aos privados. Vivo em um pequeno apartamento, mínimo, mas tenho acesso a uma oficina e marcenaria, horta, cozinha, lavanderia, biblioteca e outros espaços comunitários. O projeto do prédio foi pensado para se criar encontros e viver juntos. Os moradores são unidos, regularmente fazemos refeições coletivas e até fabricamos nossa própria cerveja. Então eu não sei se eu estou morando em um coletivo, em uma comunidade ou em uma república. Só sei que funciona muito bem. Não tem gambiarra. Os noruegueses sabem trabalhar coletivamente. É uma sociedade muito homogênea no que se diz respeito ao nível educacional e econômico. Então não se tem muitos conflitos de interesse, nem mal uso do que é coletivo e ainda respeitam a sua privacidade. Eu estou gostando, pois, normalmente, o norueguês é muito reservado. É difícil fazer amizades.  E acabei encontrando nos moradores do prédio essa amizade e convivência social que sentia falta por aqui. O prédio fica em uma antiga zona industrial que está em constante remodelação para um zoneamento residencial, muitos bares, mercados, restaurantes e centros culturais. O meu barzinho preferido fica na mesma rua, a menos de dez minutos de caminhada. Acabei que eu achei uma espécie de Santa Teresa por aqui, que era o bairro que eu morava no Rio e adorava.

Filme de abertura do festival Uranium Film Festival, 2014

Moreira – Acabei indo ao Nécessaire, que você elogiou tanto, e confirmou, é muito a nossa cara mesmo! Virou o meu lugar. Foi o meu último rolê antes do Covid, pra ver a Ana Frango Elétrico. Acabou fechando, como a maioria dos lugares maneiros aqui, durante a pandemia, como a Casabsurda, o Uthopia, o Breu, que reabriu em versão “rural”. Quando voltar tudo ao normal, se voltar, vamos ter que sentar na porta do 620… Como está esse movimento aí, os lugares estão conseguindo se manter?

Leo Ribeiro – Desde de que me mudei para o Rio, por volta de 2006, eu perdi o contato com a boemia juizforana. Então quando voltei, mesmo que por um período muito curto (um mês) a morar na cidade, comecei a procurar um lugar para me divertir. Você lembrou muito bem do 620, mas ele era um bar de aquecimento para o DCE. Era este tipo de “inferninho” que eu estava procurando.  E encontrei esse espírito no Nécessaire. Uma pena que fechou. Por aqui, os bares não estavam fechados, mas havia restrições tanto no horário de funcionamento, até a meia-noite e no número de pessoas que podiam frequentar cada estabelecimento, proporcional ao número de mesas disponíveis. Atendimento no balcão, dançar ou transitar entre as mesas era proibido. Também era necessário, através de um aplicativo de celular, registrar-se o horário de chegada e saída. Assim, se por um acaso, alguma pessoa infectada fosse identificada no mesmo local e horário em que você estava, você era avisado através do SMS, orientado a ficar em isolamento e fazer o teste viral. No entanto, devido à nova cepa inglesa, resolveram fechar todos os bares e proibir a venda de bebida alcoólica fora dos supermercados. Aqui o trabalho do governo e a colaboração das pessoas em seguir as regras, conteve a epidemia. Faz três dias que não se registram novas contaminações e já estão pensando em reavaliar pouco a pouco algumas dessas restrições. Eu não tenho como saber as condições das finanças dos bares e restaurantes, mas o Estado não deixa ninguém descoberto por aqui. Quem perdeu o trabalho ganha uma compensação da previdência social e existem mecanismos para ajudar as empresas em dificuldades. E viva o Estado de bem estar social! Stavanger não é uma cidade propriamente boêmia, talvez Bergen ou Oslo sejam mais interessantes nesse sentido. A cultura de bar aqui na Noruega é bem diferente da brasileira. Os bares são fechados, como os pubs ingleses, não tem esquina, gente em pé na calçada ou bebendo sentada no meio fio. Bar pra mim é frequência. É na arte de se frequentar que se encontra o seu lugar. Eu tinha isso no Bar do Gomez em Santa Teresa, sabia que lá eu iria encontrar os amigos, um bom papo, sem precisar combinar nada com ninguém. Os garçons me conheciam, já sabiam do que eu gostava e nos dias de dificuldade, não se importavam em anotar na caderneta as minhas despesas. Eu já estava começando a encontrar um lugar assim por aqui, o Martinique. Ia lá todas as tardes de domingo, jogar xadrez, papear e beber cerveja. Comecei a fazer a minha turma. Mas com as restrições sanitárias, o jogo de xadrez foi proibido, e a turma, desmobilizada. Depois do Corona a gente volta, espero.

Art

Moreira – Adorei muito que você voltou a fazer HQ, e voltou com tudo, hein? Com o pé na porta! É notória a influência do cinema nos enquadramentos e pontos de vista. Você voltou melhor? A experiência de dirigir animações te fez um quadrinista melhor?

Leo Ribeiro – Voltar aos quadrinhos foi revigorante e necessário para mim. Os quadrinhos e o cinema são meios de expressão que surgiram na mesma época e para atender o mesmo tipo de público, as massas populares dos grandes centros urbanos da Europa e dos EUA, na virada do século XIX para o XX. Portanto, são artes irmãs, têm muito em comum, mas são meios de comunicação diferentes. Como disse Scott Mcloud: “O filme é só um gibi muito, muito, lento”. É grande o número de personagens e profissionais que circulam em ambas as formas de representação visual. E a experiência que carregam em um meio é aproveitada no outro. O primeiro filme que produzi, foi uma passagem entre as histórias em quadrinhos e a animação. Eu não possuía ainda o domínio completo das convenções usadas nos filmes de animação. Hoje, percebo as transições entre as cenas e o ritmo de edição realizados no primeiro filme do Lobo Guará, rígidos, sem a fluência de trabalhos futuros que realizei.

Naquela época, ainda tinha na cabeça uma página de uma HQ e não um plano cinematográfico. Do mesmo modo, ao realizar a história em quadrinhos para o concurso da Grafill, percebi elementos procedentes da animação ou do cinema na estruturação da página e composição dos requadros. Mas ao contrário do meu primeiro filme, estes elementos oriundos do cinema, ao contrário de revelar limitações de domínio técnico, enriqueceram a construção narrativa e a representação gráfica dessa HQ. Muita gente diz que meus quadrinhos são cinematográficos, encaro isso como um elogio.

 “De olhos fechados”, com cor de Pedro Barreto

 

Moreira – Essa viagem à Amazônia mudou mesmo a sua vida, hein? O quadrinho que se passa lá é maravilhoso.

Leo Ribeiro – Essa viagem foi a minha despedida do Brasil, um mês em um barco no meio da floresta amazônica. De repente, troquei os 40° à sombra pelos -15° do inverno norueguês. Quando me vi pensando no Brasil, não me vieram à mente minha cidade natal, São João Del Rei; Juiz de Fora, onde passei minha infância e juventude; ou o Rio de Janeiro, onde morei nos últimos 10 anos. O que me veio à mente foi a floresta, o barco e as pessoas que conheci por lá.  Não sei te explicar porque não fiz isso antes, morei em Santa Teresa por tanto tempo, um lugar cheio de histórias e figuras humanas riquíssimas. Nunca escrevi nada sobre as minhas experiências vividas por lá. E fui me aventurar a escrever sobre um mundo nada familiar. Mas talvez seja essa distância que me proporcionou o sentido da narrativa. Já estou trabalhando nessas histórias há dois anos, um ano de preparação e estudos e um ano para desenhar quatro histórias. O projeto completo será de oito histórias, espero conseguir terminar ainda este ano. Cada  história é baseada em um relato de uma pessoa que conheci por lá, o caçador, o palhaço, o capitão, o piloto, o cacique. São histórias independentes, podem ser lidas separadamente, todas tem começo, meio e fim. Mas, se lidas em sequência, formam uma história maior. Apesar da narração em primeira pessoa, as histórias não são focadas em mim, eu apenas sirvo de ponte para esses vários relatos. Não é estritamente um documentário ou uma reportagem, eu parto de situações reais e personagens reais, coisas que vivenciei. Mas foi  preciso formatá-las ao tipo de história que desejei contar e ao meio de expressão que escolhi para contá-las. Tenho uma amiga também quadrinhista, Thais Linhares, que me apresentou o termo “autoficção” para classificar um trabalho como este. Mas toda a obra de ficção é baseada na realidade, então eu não tenho muita certeza se esse termo explicaria tudo, mas é o mais próximo que me ocorre por agora.

Moreira – Viu que a gente digitalizou e disponibilizou o Bat Macumba? O que achou de rever a publicação, depois de 20 anos? Obrigado, aliás, você e a Mônica Ribeiro foram os colaboradores mais assíduos.

Leo Ribeiro – Eu sempre fui muito voluntarioso, eu gostava de participar, fazia um esforço para estar à altura dos outros colaboradores da revista. Eu era muito menos maduro artisticamente do que você ou a Mônica, por exemplo. Mas dei minha cara a tapa. Fui aprendendo aos poucos, arriscando, experimentando e desenvolvendo o meu desenho. Olhando para trás, eu acho muito ingênuo o que publiquei na revista. Mas, para o artista, é importante ter essa visão de caminho percorrido. Ajuda a se entender aonde se chegou e a se visualizar o que ainda há por vir. A primeira HQ do Bat Macumba tinha apenas uma página, depois gradativamente as histórias foram crescendo. Acho que o ponto alto dessa produção foi a quadrinização da música “Sobremesa” do Chico Science. Apesar de alguns probleminhas de execução do desenho, a diagramação e o ritmo da história são muito satisfatórios ainda hoje. É um trabalho que não envelheceu e poderia estar lado a lado com o que faço hoje. O Bat Macumba foi uma escola para mim, não só como artista. Não se resumia apenas à revista ou às festas.  Acho que todos nós estávamos vivendo um momento de descobertas e formação de caráter. Então, toda a camaradagem, todos os conflitos, todos os afetos,  todas as decepções e todas as alegrias vividas naquela época foram importantes. E rever a revista só me trouxe boas lembranças. No final, o que permanece é a amizade, e é por isso que estamos aqui conversando. Obrigado, Fabiano, obrigado Bat Macumba.

Abaixa que é tiro!??

O documentário “Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”, de Bárbara Paz, que concorre ao Oscar em duas categorias (melhor documentário e melhor filme internacional), estreia no Canal Brasil neste domingo, dia 21, às 22h. O documentário acompanha os últimos meses de vida do cineasta, que morreu em 2016.

Lembra que eu falei aqui da Barca dos Corações Partidos e do excelente espetáculo Jacksons do Pandeiro?  Este sábado, dia 20, às 20h, eles estreiam novo espetáculo virtual, Desancora”, no YouTube. O primeiro show autoral do grupo tem apoio da Lei Aldir Blanc e parceiros como Chico César, Braulio Tavares e Paulo César Pinheiro, além de participação especial de Lucas dos Prazeres. No espetáculo, a companhia de teatro musical se assume como banda. A transmissão acontece do Teatro Riachuelo, no Rio. Quer colaborar com a caixinha? Clica aqui.

Dois festivais cariocas vão alegrar a programação caseira na semana. O SiAcalme Festival, da produtora Emilly Krüger, começa hoje e vai até dia 21. Logo na estreia, é tiro no nosso coração com a dupla que eu amo Chico Chico e Fran, que carregam o dom ancestral de Cássia Eller e Gilberto Gil e fazem show às 22h. No domingo, às 20h, Juliana Martins faz estreia do monólogo “O prazer é todo nosso”, com direção de Bel Kutner. O festival ainda tem aulas de yoga, culinária, fotografia e tarot. A programação completa está aqui.

Inspirado na lenda Karajá em que o pássaro Cajubi rasga as trevas com o seu vôo, criando o dia e a noite, o Festival Cajubi: Ruptura e Reencanto acontece entre os dias 23 e 25, reunindo nomes como Tom Zé, Letrux, Ailton Krenak, Juçara Marçal, Luiz Antonio Simas, Elisa Lucinda, Tiganá Santana e Decio 7. A ideia  é abrir uma fresta, iluminando a realidade distópica que vivemos. Toda a programação será transmitida gratuitamente pelo YouTube. Em cada dia, haverá um debate, uma performance musical e uma sessão de cinema. Anota os shows, sempre às 20h30, com Juçara Marçal + Décio 7, dia 23, Tiganá Santana, dia 24, e Letrux, dia 25.

O Circo Voador no ar exibe show que a diva Marina Lima fez na lona, em 2018, para apresentar “Novas Famílias”, seu 21º disco, nesta sexta, às 22h.

Angela Ro Ro faz a segunda da série de lives apoiadas pela Lei Aldir Blanc hoje, às 19h. Ela será acompanhada pelo pianista e arranjador Ricardo MacCord. Tem mais lives nos dias 12 e 26 de março. Perdeu a primeira? Cata aqui.

O festival Toca rola hoje, a partir das 19h, pelo YouTube, homenageando o instrumentista, cantor e compositor pernambucano Dominguinhos, no dia quando ele completaria 80 anos de idade. São três shows com direção musical de Marcelo Caldi, transmitidos do Teatro Riachuelo, no Rio, com Orquestra Sanfônica (19h), Cameristica Safônica ,Durval Pereira, Beto Lemos, Marfa Kourakina, Marcelo Mimoso e Juliana Linhares (20h) e O Pé de Serra Durval Pereira, Beto Lemos,  Marfa Kourakina e Lucy Alves (21h).

Hoje, 19, tem Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, às 19h. Amanhã, 20, rola Vintage Culture, às 16h. Ainda no sábado, tem Virada SP, com Carlos Dafé, às 14h30, e Cordel Do Fogo Encantado, às 22h10.

Na quinta-feira, dia 25, Russo Passapusso e Pedro Luís participam de bate-papo de camarim íntimo, às 19h, no programa Afetos, da Natura Musical.

Renata Cortes Pinheiro, 28 anos, autora trans, acaba de ser selecionada pelo projeto de leituras dramatizadas  “Saí do armário”, do OAndardeBaixo, que completa cinco anos de bons serviços prestados à cultura local. “No texto “A estória de sujar o chão de palavra” eu sou aquela que rasteja e você?”, me conta, pelo e-mail, sobre o trabalho escolhido, belamente digramado e ilustrado pelo artista e craque Francisco Luís Brandão. Renata veio de Muriaé e é graduada em ciências sociais pela UFJF. “Renata significa nascida de novo; renascida; renascer. Não sou o que era ontem. Conto sobre o que me atravessa. Conto sobre fantasia e o calor. Iluminada pela mulher e musa Suely Rolnik, digo que cada atravessamento vivido me obrigou a criar um novo corpo através dessas marcas. O corpo lido é a minha carne. Travesti, simples e fantástica como qualquer outra”, me conta.  Gostou da lírica? Tem outro conto para leitura no site do poeta Gustavo Lazzarin.

Lembra que eu falei aqui do Washington Selva? Pois a sua série de bordados “Social Jungle” venceu o concurso da Revista DasArtes. A última edição, de fevereiro, tanto traz o nome do artista na capa quanto uma matéria de dez páginas sobre esse trabalho maravilhoso. Merecido.

O Terno
Mateus Aleluia
Luíza Lian
Luiza Lian
Céu

O Rec-Beat, que rolou na segunda de carnaval, lançou novos parâmetros para lives e shows on-line ao olhar com ternura carnavalesca para a solidão e o vazio das cidades de São Paulo e Recife. Com line up e sonorização impecáveis, marcou. Getúlio Abelha estava apenas icônico na Praça Antônio Prado, que show arretado. E ainda teve Seu Mateus Aleluia, quase sagrado, dentro da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, O Terno a geometria e os passantes, no Viaduto Santa Ifigênia, Luiza Lian, incandescente, na escadaria do Theatro Municipal, e Céu, elegantérrima, no alto de um terraço. Dá pra ver o festival na íntegra aqui, ainda com Spokfrevo Orquestra, MC Troia e Ilú Obá de Min no line-up, foi pipoco do começo ao fim.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist com os novos videoclipes da semana, com BaianaSystem + Makaveli + Jay Mita, Chico Chico, Clarice Falcão, ÀTTØØXXÁ + Hiran, Dua Lipa, Rosalía + Bad Bunny, Ariana Grande + Doja Cat + Megan Tee Stallion, Papatinho + Seu Jorge + Black Alien, Haikaiss + Kawe, Lubeka, Mayra Andrade, Leona Vingativa, Monica Salmaso e +

Sexta Sei, por Fabiano Moreira