Musa da música eletrônica nacional e ícone pop com 40 anos de estrada lança EP com texturas e camadas musicais
por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com
Fotos de Leandro Pagliaro
Musa da música eletrônica nacional e ícone pop desde a dupla Xicotinho e Salto Alto, nos anos 90, passando pela abertura do Fantástico e pelo casting das louraças-belzebu de Fausto Fawcett em “Básico Instinto”, Katia B, 56 anos, completa 40 anos de vida artística no lindo EP “Canções de Outro Mundo”, que chega hoje (15) ao streaming, com canções inéditas de Antonio Saraiva especialmente escritas para a artista a partir de títulos propostos por ela.
No EP, ela interpreta canções com subdivisões rítmicas pouco presentes no seu trabalho e se desafia nas melodias com intervalos incomuns e complexos. Boa de papo, ela tomou as rédeas da entrevista, na qual relembra momentos icônicos da cultura pop nacional, elogia os parceiros Pedro Luís, Marcos Suzano e Luis Filipe de Lima, convidados do EP, anuncia versão de remixes do lançamento de hoje e reflete sobre as mudanças da indústria nesses 40 anos de estrada. Foi um grande prazer falar com você, Katia B.
“Âmbar”, primeiro single de “Canções de outro mundo”
Moreira – No EP “Canções de outro mundo”, que chega hoje ao streaming, você interpreta cinco composições inéditas de Antonio Saraiva, escritas a partir de títulos que você mesma sugeriu. Como chegou a essas palavras e como foi o processo? No release, você fala que são canções difíceis de se cantar.
Katia B – O diálogo artístico com o Antonio Saraiva, compositor que conheço desde a criação do Circo Voador do Arpoador, nos anos 80, começou quando gravei uma canção dele, “Sem História”, no disco “Pra Mim Você é Lindo” lançado em 2012. De lá pra cá, tocamos e cantamos muito, fizemos shows juntos e gravamos algumas coisas como a canção dele, “Samsara”. A evolução desse diálogo foi o desejo de trabalharmos a partir de material novo. Expressei minha vontade de cantar canções com subdivisões rítmicas pouco presentes no meu trabalho, assim como me desafiar nas melodias com intervalos incomuns e complexos, característicos das composições do Antonio. Em seguida, começou a brincadeira, Antonio pediu que eu sugerisse títulos, títulos estes que foram surgindo ao longo de uns dois, três meses, e ele, compositor de mão cheia que é, escreveu as letras partindo desses títulos. Depois das letras ele compôs as canções. Temos uma coleção de 12! Por hora, estamos lançando cinco. Uma curiosidade sobre a faixa “Âmbar”, que abre o EP e que também tem um clipe, é que descobri, recentemente, e muito depois de ter escolhido esse título, que meu sobrenome Bronstein significa Âmbar (pedra marrom).
Moreira – Como foi a escolha dos parceiros para esse EP? Tem Pedro Luís (voz), Marcos Suzano (percussão) e Luis Filipe de Lima (violão de 7 cordas). A música com o Pedro Luís ficou muito boa, aliás.
Katia B – Foi uma escolha muito intuitiva, eu praticamente “escutava” esses músicos, que são muito próximos, participando das faixas antes mesmo deles gravarem. Suzano e Luís Filipe são meus parceiros no Coletivo Samba Noir, um quarteto ( completado por Guilherme Gê) que gravou um disco e circulou pelo país com o espetáculo Samba Noir. Com direção de arte e videocenário do Batman Zavarese, o repertório desse trabalho é composto por clássicos brasileiros do samba canção e da fossa. Voltando para o EP “Canções de Outro Mundo”, na mântrica “Âmbar”, o pandeiro e o bendir do Suzano completaram o groove. E o berimbau trouxe um som muito particular. Eu adoro usar instrumentos que são característicos de um determinado estilo em outro contexto e, por meio do tratamento do som, criar uma sonoridade singular. Luís Filipe de Lima, exímio violonista das 7 cordas, habitué dos sambas da vida nos quais é um especialista, foi instigado a tocar seu 7 numa harmonia modal, o que resultou, mais uma vez numa sonoridade singular. Pedro Luís, que é meu parceiro na canção “Outra Estação” (que está no disco “Só Deixo Meu Coração na Mão de Quem Pode”) e parceiro do Antonio em inúmeras canções deslumbrantes, era tiro certo na cortante canção “Seco”. A voz dele trouxe o que a música pedia, dando um contraponto importante na suavidade que minha voz imprime e resulta. Outra figura importante na colaboração desse trabalho foi o produtor Inglês radicado no Rio, David Brinkworth. Ele entendeu a ideia das texturas e camadas musicais que meu som propõe e trouxe uma expertise incrível no processo e resultado do trabalho.
“Doida Demais”, dupla Xicotinho e Salto Alto
Moreira – Você foi louraça-belzebu de Fausto Fawcett? Uau! Eu fui a um show muito icônico aqui em Jufas, no clube Front. Deve ter sido bem divertido esse rolê com Fausto, fala mais dessa época e do trabalho com ele? Esses discos marcaram a história da gente 😉 Você também estava na abertura mais icônica do Fantástico, com Isadora Ribeiro, integrou a dupla Xicotinho e Salto Alto, apenas icônica demais. Conta histórias 😉
Katia B – Ah, mas aí é muita história, você tem tempo? Rs… Lembro desse show em Juiz de Fora! Eu passei o dia desse show gravando com o saudoso ator Felipe Pinheiro e fui do set direto para a estrada. Minha trajetória de ação em diversas formas de expressão já me custou um pouco, pois os dançarinos me achavam cantora, os atores dançarina, e os músicos não entendiam muito bem qual apito eu tocava. O “Básico Instinto” foi um divisor de águas pra mim. Eu fazia aula de dança da Débora Colker e soube por ela que o Fausto ia montar um show. Acabei entrando na trupe e ganhando a canção “Katia Talismã”. O que mais curti nesse espetáculo, além da alta voltação energética e poética, foi estar num diálogo musical com aquela All Star Band E, sim, a gente se divertiu HORRORES! A abertura do Fantásico foi um pouco antes. Mais uma vez, uma certa tensão, pois eu era destaque e também dançarina. Ficou lindo, mas deu trabalho até eu encontrar um lugar de fala. A dupla com a Stella Miranda é um xodó. A gente curtiu demais. Fizemos um disco, muitos shows e um clipe sensacional dirigido pelo Gringo Cardia, que foi filmado em Nashville e Nova Iorque. Temos planos de reeditar o trabalho, assim que as agendas permitirem… Mas, voltando ao “Básico Instinto”, foi depois deste espetáculo que decidi que era hora de olhar pra dentro e pensar no trabalho musical/autoral que eu queria fazer. Montei um pequeno estúdio em casa que nunca mais larguei… Fiz discos, vários shows pelo mundo e me encontrei num lugar particular de expressão por meio da música.
Moreira – Você sempre foi muito identificada com o movimento da música eletrônica, uma diva do estilo, tanto que tem Dolores, Marcelinho da Lua, Zé Pedro e Lucas Santanna no remake de “Só deixo meu coração na mão de quem pode”, de 2003, relançado em fevereiro agora. Você ainda vai gravar mais coisas nesse estilo? Grava sim que a gente adora, viu…
Katia B – Que legal saber disso! E sim, tô toda trabalhada na ideia de fazer remixes desse novo EP. E, em breve, vou relançar o meu primeiro disco de 1999, o “Katia B”, que ficará disponível primeira vez nas plataformas digitais.
Como “Katia Talismã” em “Básico Instinto”
Moreira – Você está completando 40 anos de vida artística, é um número e tanto. O que mais mudou nesse tempo na forma de se fazer música? Como a indústria mudou?
Katia B – Mudou tudo, né? A começar pelo acesso, agora é possível ouvir real time a música que está tocando numa rádio em Istambul ou em (quase) qualquer parte do mundo. Mudou a forma de fazer, pode-se registrar som com equipamentos acessíveis e obter bom resultado. Mudou a forma de ouvir! Mudou a forma de monetizar. Mudou, ou ampliou a forma de compor. Ufa, não é pra amador, tem que rebolar! Comecei a trabalhar profissionalmente aos 17, contratada pelo Walter Clark em São Paulo, com carteira assinada, integrando o elenco original da montagem brasileira do musical Chorus Line. Sim, são 40 anos, mas numa boa, parece que foi ontem, eu quero é mais!
Abaixa que é tiro!💥🔫
Instamoments no Meiuca
O que pode ser mais justo do que o mate gelado, em Minas, vir acompanhado de uma boa cachacinha? E se, na falta de areia, as cadeiras de praia fossem colocadas em uma charmosa e escondida vila em São Mateus? A caipimate e o mobiliário são as boas ideias atrás do café-jardim Meiuca, que abre de quarta a sábado na Rua Manoel Bernardino, em São Mateus. Uma amiga que não curte mate recomendou a versão com chá de hibisco, o Hibisquim. Ambas as bebidas são produzidas pelo sócio Márcio Jorge. A casa é tocada também pelas sócias Luiza Reis (barista) e Amanda Soldati (chef de cozinha) e tem, como grande atrativo, a experiência de sair um pouco da cidade, abstrair e relaxar no quintal. No dia quando passei lá, senti uma vibração de felicidade. Eles dividem o espaço com o estúdio de tatuagem João Reis.
Fotos: Natália Ferreira
Se tem uma coisa que a quarentena deixou a gente foi com fome. Fome de viver, curtir, amar, ser feliz, dar uma volta por aí e, claro, comer e beber muito. Até o dia 1º de maio, 30 estabelecimentos de Jufas participam do tradicional concurso Comida di Buteco que, este ano, tem tema livre. O preço é um convite a passear pelos botecos da cidade: por R$ 27, dá para experimentar delícias como o pirulito de frango do Bar du Boneco, os dedinhos de tapioca do Birosca, o Uaicarajé (acarajé de millho verde com queijo curado, ora-pro-nobis, costeilha de porco e molho de goiabada) do Reza Forte, o polvo da roça da Petisqueira e o kinder do Bar do Abílio. O setor sofreu muito com a pandemia: 30% dos botecos participantes do concurso fecharam as portas de 2020 pra cá em todo o Brasil.
Vanessa da Mata apresenta show do disco “Quando deixamos nossos beijos na esquina”, quarta (2o), no Cultural. Na quinta (21), é noite de rap, com o casal Froid e Cynthia Luz e o nosso Kalli kallidade. Os eventos começam às 22h.
Amanhã (16), no Café Muzik, tem shows com Basement Tracks e Baapz, com discotecagem de Marizotica, às 22h. No domingo (17), a partir das 18h, tem Samba da Colher. Na Ncssresort, sábado (16), às 16h, tem Rock fora de moda com discotecagem em vinil de Rosa Martins.
Está em cartaz, até o dia 8 de maio, no estacionamento do Shopping Jardim Norte, o Circo dos Sonhos no Mundo da Fantasia, de Marcos Frota. No picadeiro, palhaços, acrobatas, malabaristas e contorcionistas entram em cena para apresentar a Ly, uma criança que não desgruda um só minuto do videogame, o Mundo da Fantasia. As apresentações rolam de terça a sexta-feira, sempre às 20h, e sábados, domingos e feriados, às 15h, 17h30 e 20h. Ingressos a partir de R$ 20 aqui.
A sexta edição do Rock the Mountain Festival rola sábado (16) e domingo (17), aqui do lado, em Itaipava (RJ), com ingressos esgotados, e segunda rodada no finde que vem, nos dias 23 e 24, aí sim, com ingressos ainda a venda para ver um timão de artistas. Na extensa lista, estão nomes como Caetano Veloso, Gal Costa, Silva, Alceu Valença, BaianaSystem, Criolo, Majur, Djonga, Luedji Luna, Black Alien, Marina Lima, Marina Sena, Marcos Valle, Jaloo, MC Tha, Tropkillaz, Luisa & os Alquimistas, Ana Frango Elétrico, Potyguara Bardo, Bixiga 70, Malia, Julia Mestre e Carlos do Complexo, dentre outros.
Capa do EP “Bárbara”. Foto de Gustavo Delgado com arte de Gabriel Gahesa
A jovem rapper travesti Boombeat é uma das integrantes do Quebrada Queer, o primeiro coletivo de rap LGBTQIA+ do Brasil. Ela acaba de lançar, ao lado dos jovens produtores Rodrigo Oliveira (SP) e Gabriel Diniz (PB), o duo CyberKills, seu EP de estreia, “Bárbara”. As faixas atravessam o processo da rapper de se tornar travesti, em 2021, e mostram a potência da raiva e da aceitação e a busca pelo acolhimento. O título faz referência ao adjetivo que ela e outras travestis vestem e também ao nome da amiga que fala na primeira faixa a introdutória “Amiga”. CyberKills buscou um caminho entre o eletrônico, o rap e o trap para musicalizar a profundidade das rimas. “Todos Os Olhos Em Mim”, faixa que estava na nossa última playlist, fala sobre todos os olhares sobre a artista. “Quando me entendi travesti, comecei a vivenciar todos os olhos em mim. No ônibus, metrô, shopping, academia. Fiz a música para eu mesma escutar enquanto estiver na rua e me sentir forte. É como um mantra”, explica a cantora. “Poder Fatal” fala da transição com trap e miami bass. Já conhecida do público, “Bonita de Costas” também rodou aqui nas playlists e mistura trap e funk de maneira fluída. “Trava Drama” é feat com Bixarte e faz alusão à clássica “Nego Drama”, dos Racionais MC’s. “Cresci ouvindo essa música dos Racionais. Me toca muito porque foi o primeiro rap que acessei”, conta.
Felipe de Freitas e Silva, 36 anos, mais conhecido como Xodó, é sulmatogrossense e mora em Araçatuba. A vocação para as artes sempre foi vista, por ele, como “um destino de vida” e, já na escola, fazia capas de cadernos e apostilas com as cores fortes e impactantes que caracterizam o seu trabalho até hoje. Como diz a bio de seu instagram, ele serve “cores, flores, tropicalismo e exagero”. Sua arte valoriza elementos da natureza, como as flores e a representação do cosmos. Autodidata, ele abandonou a carreira no Direito para se dedicar à pintura. Desde 2016, criou o projeto Colores, para a revitalização de escolas e creches públicas. De noite, ele vira onça em um perfil +18, fica a dica.
Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.
Playlist de clipes com Rammstein, Camila Cabello + Wilow, Chlöe, Metronomy, Mavi Veloso, Doechii, Arca, Oxa, L7NNON + Os Hawaianos, Léo Santana + MC Don Juan + Mari Fernandez, EarthGang + Future, Alicia Keys, FKA Twigs, Diogo Nogueira + Hamilton de Holanda, Lizzo, Simone, FKJ + Santana, Flume + Caroline Polachek, Interpol, Bruno Capinan
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