Sexta Sei: em caixa baixa é mais bonito: a voz que levanta de dadá Joãozinho

Álbum de estreia do niteroiense radicado em São Paulo João Rocha, “tds bem Global”, provoca os limites da música popular na fusão de gêneros

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Em "Habitrual", por Marina Zabenzi
Em "Ô Lulu", por Ana Santos
Em "Pai e Mãe", por Luisa Cerino

Em tempos da “maisculinização” dos nomes de artistas, álbuns e faixas, o cantor, compositor e músico João Rocha, 25 anos, achou bonito batizar seu projeto de música experimental em caixa baixa, dadá Joãozinho, porque é mais bonito mesmo. Não é apenas esse o diferencial de seu trabalho, essencialmente novo e inventivo, experimental, que pode ser ouvido no álbum de estreia, “tds bem Global”, desse niteroiense radicado em São Paulo. Aqui nas playlists sextantes, já passaram “Pai e mãe”e “Veja”. A mudança para São Paulo foi uma das inspirações do álbum, que provoca os limites da música popular na fusão de gêneros como pop, samba, reggae, punk, rock e trap. “O aterramento desse trabalho na história da música brasileira torna ele mais próximo do nosso ouvido“, me contou, no papo abaixo.

“Pai e mãe”

Moreira – Esse mês eu comentei, na coluna mensal na Revista Híbrida, como estamos vivendo uma “maiusculização” dos nomes próprios, como em IZA e no título do álbum do Jão, “SUPER”. Em um mundo gritando, em CAIXA ALTA, me aparece essa delicadeza que é dada Joãzinho. Qual foi a ideia atrás dessa escolha pela minúscula? Já começou me ganhando, danado.

dada Joãozinho – Ficou mais bonito assim pra mim, meio curioso.

“Cuidado”, com Bebé e Alceu

Moreira – Seu álbum “tds bem Global” é uma grata surpresa do ano, e tô achando isso desde que assisti a “Pai e mãe”  e fiquei com as antenas no on. É experimental, usando muito da colagem digital, e também direto, provocando os limites da música popular, mas sem entrar na área do cabeça demais para ser entendido pelas massas. Quais foram os conceitos atrás do álbum? Tô curtindo demais, e os vídeos, também.

Dada Joãozinho – O que é popular tem a ver com os códigos que se usa pra comunicar, eu me conectei com o que mais gosto nisso tudo, e sigo aprendendo a traduzir meus sentimentos nesses e outros códigos . Eu quis que o álbum fosse pop, falava isso durante as gravações e às vezes era até mal entendido por isso, dado às experimentações que estavam acontecendo no estúdio. Na minha visão, essas coisas cabem juntas. E sentia que o contexto se beneficiaria de algo assim. E também estou ilustrando um universo que é comum, “tds bem Global”, carrega um olhar pro que é coletivo, mesmo a partir da minha ótica específica. Não teria graça pra mim provocar esse debate com um som que não fosse assimilado pelo o que é. O aterramento desse trabalho na história da música brasileira torna ele mais próximo do nosso ouvido. Mesmo com tudo isso, é um trabalho que faz mais perguntas do que dá respostas, tanto na música como nos vídeos.

Ö Lulu”

Moreira – Você anda com um pessoal massa, né, como Bebé e Alceu no clipe de “Cuidado”, e, no resto do álbum, com JOCA, Eduardo Santana, Antônio Neves, Oswaldo Lessa, Vitor Milagres, Duvô e Gui Held (nossa, amo os trabalhos que ele fez com a Banda Bike e com Nei Zigma esse ano, tô bem fã). Fala mais desses encontros e de como foi trabalhar com essa turma. 

dada Joãozinho – Meu trabalho só é possível a partir do encontro. Inicio muitas coisas sozinho, mas tudo ganha dimensões muito mais interessantes quando se abre pro outro. E na construção do som e imagem foi assim. Alguns já eram meus amigos próximos, outros, nos aproximamos no intuito de criar junto. Fazer esse álbum me mostrou muito da força desse coletivo que não se define e não se encerra em si, é um coletivo mutante, e do meu papel nisso tudo. Foi muito interessante pra mim juntar pessoas de lugares e gerações distantes nessa obra, isso deixou mais concreta a dimensão atemporal que essas músicas e videos tem. Esse trabalho não existiria assim sem essas pessoas.

“Habitual”

Moreira – O álbum fala muito da sua chegada a São Paulo, vindo de Niterói. Como a cidade impactou seu trabalho? Foi uma resposta artística sobre estar na cidade e sob a pressão do capital? Adoro essa camada revolucionária.

dada Joãozinho – Com certeza, a mudança impacta muito. Para além da cidade, o momento de vida que eu atravessava foi muito sensível a isso. Vir pra São Paulo transformou a minha percepção sobre mim mesmo, o que naturalmente vazou pro que eu tinha de urgências pra expressar, e esse trabalho foi ganhando corpo nisso. Quando eu cheguei, tinha outras ideias do que seria meu disco. Precisei tomar um tempo pra reavaliar o que eu tinha a dizer. A onipresença do trabalho e do dinheiro no clima da cidade com certeza me fez perceber questões fundamentais pra construir esse disco e os vídeos.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Skate Arte por Matheus Pereira. Vinícius Costa, em Visconde do Rio Branco
Achiles Barbosa para reportagem sobre o uso da cidade na Tribuna de Minas
A nova Praça Antônio Carlos
No São Pedro
Matheus Pereira em ação
jufas Skate Day na Necessaire
Vulgo Rua: marca dos grafiteiros CND e Task em muro na Avenida Brasil

Já faz um tempo que eu estou de olho nas imagens produzidas pelo fotógrafo Matheus Pereira, 25 anos, especialmente registrando a prática do skate em Jufas, além da arte de rua, do rolê dos barbeiros e ainda de MCs e dançarinos. Dá pra conferir a tour completa no site. Ele faz parte da equipe da New Stone, skateshop que começou em São João Nepomuceno, e pratica o skate há 12 anos. “Além da cultura do skate, minha fotografia tem como foco a cultura independente, o hip hop e o graffiti”, me conta, em papo por e-mail. Ao lados dos amigos Pedro Taylor e Vinícius Costa, ele criou o Coletivo Inconsistência, que faz registros em vídeo dos rolês de skate na cidade. Ele me conta que a nova Praça Antônio Carlos tornou-se o ambiente perfeito para a prática após a reforma que eliminou a pista de skate, a primeira da cidade. “Para fotografar skate, nós usamos o ápice da manobra, o que chamamos de “moment”, entender o moment ajuda, por isso, precisa, no mínimo, entender as manobras, por isso que andar de skate é um grande diferencial, o olhar é diferente, costumamos dizer que quem fotografa skate consegue fotografar outras coisas, mas quem fotografa qualquer coisa pode ter maior dificuldade ao fotografar o movimento“, explica. “Hoje em dia, com as Olimpíadas, houve um aumento da procura pelo skate, antigamente, éramos mais marginalizados e menos aceitos. O skate é uma expressão, é importante utilizar os espaços, que muitas vezes, são vazios, trazendo vida para a cidade”, conta sobre a prática que, por aqui em Jufas, pode ser observada na nova Praça Vovó Elvira, no Bom Jardim, e nos tradicionais picos, como o campus da UFJF e o bairro Granbery.

Yan Gamonal

Faz tempo que não fico tão ansioso para um álbum como estou para o aguardado terceiro trabalho de estúdio de Oliver Tree, “Alone in a crowd”, com lançamento previsto para 29 de setembro. Semana passada, saiu o último single, “Essence” (feat. Super Computer), que foi escolhido pelos fãs, a partir de três opções oferecidas pelo artista. Ele logo gravou um clipe, em dias, interpretando  Cornelius Cummings, estilista que é seu alter ego nesse  trabalho e já veio aparecendo nos singles anteriores “One & Only”, “Bounce” e “Here we go again”. Pode vir, me sinto pronto!

A “personagem digital com alma humana” noonoouri foi  criada em Munique, na Alemanha, e é a primeira de sua linha com representação mundial pela IMG Models, além de agora ter contrato com gravadora, a Warner, por quem acaba de lançar seu single de estreia, “Dominoes”, em parceria com o produtor e DJ berlinense Alle Farben. noonoouri fez sua primeira aparição pública em 2018, na New York Fashion Week, e já esteve nas capas das revistas Vogue, Cosmopolitan e Glamour, além de ter sido modelo para marcas como Dior, Versace e Lacoste. Um grande número de celebridades está entre seus seguidores, incluindo Anitta, Naomi Campbell, Alessandra Ambrosio, Lewis Hamilton, Donatella Versace e Heidi Klum, entre outros. Ela se entende como uma “voz dos que não têm voz” e tem compromissos sociais com a UNICEF e a União Internaciona de Conservação da Natureza (UICN), apoia ao movimento LGBTQIA+ e participa de campanhas pela sustentabilidade e bem-estar animal, além de ser contra  a discriminação e o racismo.

Aldo Sena e Saulo Duarte com figurino de Livia Cady em foto de José de Holanda

Conheci o mestre da guitarrada Aldo Sena por caminho gostoso, mas tortuoso, o belíssimo mashup “Guitarrada é Top”, do meu querido DJ JAK, do Rio Grande do Sul, que misturou a guitarra do mestre ao funkhit “Ela é Top”, do MC Bola. Pois o homem acaba de anunciar seu primeiro álbum de inéditas em 30 anos, “Jamevú”, uma abreviação de “já me vou”, com direção artística e produção musical do também guitarrista e paraense Saulo Duarte que chega no dia 29 de setembro. O lançamento é do selo ybmusic, cada dia maior em nossos corações. “A ideia principal era respeitar a tradição e a história do Aldo com os ritmos latino-amazônicos, mas também propor uma nova versão disso e, às vezes, colocar a guitarra dele em ritmos ainda não exploradas, como é o caso de “Sinto um clima tropical”, que é uma disco music a brasileira. O uso de beats e outras possibilidades digitais também trazem uma cor diferente para esse trabalho. Além disso, tenho a honra de tocar o tema de “Cumbia reggae”, música de Aldo Sena que regravamos para esse trabalho”, comemora Saulo Duarte.

A capa e o projeto visual foram feitos pela artista Lola Ramos
Imperdível a mostra “Giramundo 50 Anos”
“É Dia de Feira!” de Mariana de Andrade e Rodrigo Dias
Caio Luccas
Lê Almeida por Samuel Esteves
Varanda por Yan Gabriel
Batalha no Espaço Hip Hop por Matheus Pereira Pires
Terno Rei por Samuel Esteves no The Town
Mrcos Valle comemora 80 anos
"Tiranos de Plástico" Viridiana e a banda de indie rock Recreio

A história do mineiro Grupo Giramundo, referência mundial em teatro de bonecos, está sendo contada com 150 bonecos no Paço Municipal, no Parque Halfeld, na mostra “Giramundo 50 Anos”. A visitação é gratuita até o dia 14 de setembro, de terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e aos sábados e domingos, das 10h às 14h. Muito legal.

Ali perto, na Galeria Ruth de Souza, no Paschoal, está em cartaz a mostra “É Dia de Feira!”, que reúne dez painéis artísticos em técnica mista, com colagem e pintura acrílica, de Mariana de Andrade e Rodrigo Dias, até o próximo dia 22. Na mostra, vendedores da tradicional Feira da Pechincha são recriados a partir de colagens com os objetos que vendem. A feira está há mais de 50 anos nas ruas próximas à Feira Livre da Avenida Brasil. A série dá continuidade a outra, “Entrega efetuada” (2022)”, um grande painel com caixas e embalagens de transporte de alimentos criando uma espécie de álbum de retratos de entregadores, como se fossem formados por manchas e marcas de gordura e vapor. A visitação é gratuita de terça a sexta-feira, das 9h às 21h. 

Cria de Belford Roxo, na Baixada Fluminense carioca, o rapper Caio Luccas é novo nome do rap que faz show sexta (8), às 22h, no Cultural.

Sábado (9), uma gauchada maneira chega com a turnê Tiranos de Plástico” à Necessaire, com shows da diva pop e eletrônica Viridiana, personagem que já sextou por aqui, e da banda de indie rock Recreio. Eles se juntaram para essa turnê juntos, com sete pessoas viajando por mais de 5 mil quilômetros, por 13 cidades ao longo de um mês.  Gostoso, né?

O cantor, compositor e multi-instrumentista Lê Almeida, da banda Oruã, faz show sábado (9), às 22h, no Muzik, logo após ter lançado o belo single “Bicho Solto”, primeiro de seu novo álbum “I Feel the sky”, que chega dia 6 de outubro. Ele está indo fazer uma residência artística em Seaview, Washington, em outubro. E quem se junta a ele no show são os lindos demais da banda Varanda que eu gosto e que já emplacou duas faixas no meu best of 2023, “Leva e vem” e “Gostei”. Essa semana, eles lançaram a bela “Vontade”, no caminho do bem. 

O JF Rock City segue a sua programação, até domingo (10) na nova Praça Antônio Carlos. entre 13h e 22h, com shows gratuitos de Black Buterfly, Sensorium e Glitter Magic, na sexta (8), Roça Nova, Madhu e Martiataka, no sábado (9), e Kyndra, Eminência Parda e RockStory, no domingo (10). Ainda tem exposição de fotos, de trabalhos do artista Vitor Merij, arena gamer e tudo termina com after no Bar da Fábrica.

O festival The Town também segue sua segunda semana, em São Paulo, nos dias 9 e 10 de setembro, na Cidade da Música, no autódromo de Interlagos, com shows de Pitty, Garbage, Queens Of The Stone Age, Foo Fighters, Terno Rei convida Fernanda Takai e Mahmundi (WOW), Detonautas, Barão Vermelho convida Samuel Rosa, Grag Queen, MC Dricka,  Hamilton de Holanda e Stanley Jordan (9), e IZA, Kim Petras, H.E.R., Bruno Mars, Pabllo Vittar convida Liniker e Jup do Bairro, Jão, N.I.N.A., Cynthia Luz, Tássia Reis, Xênia França e Banda Mantiqueira & Mônica Salmaso (10).

No domingo (10), a partir das 13h, tem ocupação no nosso Espaço Hip Hop, no  Viaduto Hélio Fadel Araújo, com edição especial da batalha de MC’s, com o confronto entre a crews Space e Bandeirantes. Vai ser pra comemorar os 50 anos do Hip Hop, ao som do DJs Dehco Wanlu e com pocket show do Mestre Pê.

Na quinta (14), Marcos Valle comemora 80 anos com festerê no Circo Voador, no Rio, com participações de Roberta Sá, Marcelo D2, Frejat, Joyce Moreno e Azymuth.

Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida lá pelas 2h de sexta. Todas as playlists do 2012, 2021 e 2020 nos links.

Playlist de clipes com Jaloo, Doja Cat, Geese, Måneskin, Royal Club, La Roux + Chromeo, MIKA, Kylie Minogue, Luisa e os Alauimistas + Getúlio Abelha, Arismar do Espírito Santo + Gabriel Grossi, Capela, Venusto, Mayah, Alcione, Bivolt + Nave + Veigh + Nagalli, Romeo Santos, Angélica Duarte, Trupe Chá de Boldo e Björk.

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