Paixão pelo Brasil, pela música brasileira e pelo nosso português chega ao ápice em “BREAD”, o terceiro álbum, que tem o país como terceiro integrante da banda
por Fabiano Moreira
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Nesta sexta (23), chega às plataformas “BREAD”, um acrônimo de “Be Really Energetic and Dance”, terceiro e melhor álbum do duo de dance music Sofi Tukker, um disco quase que totalmente criado no Brasil, em três meses por aqui, com grande parte das letras em português, com participações do nosso MC Bola, que recria “Ela é top”, agora “Goddess in disguise”, Kah-Lo em “Woof”, que ganha clipe nesa sexta (23), e Channel Tres, que está na faixa “Cafuné”, inspirada no nosso poeta Chacal, que também estava em “Jacaré”, uma faixa que fala sobre amor lésbico de maneira divertida. Esse álbum é uma declaração de amor do Brasil, país que encantou cantora, violonista e compositora Sophie Hawley-Weld e que vem aparecendo na obra da banda desde 2015, quando estrearam com “Drinkee”, com letra inspirada em poema de Chacal, e foram nominados ao Grammy. O encanto pela nossa língua começou há mais de dez anos, quando Sophie ouviu a João Gilberto pela primeira vez e decidiu que só ia cantar assim, na mesma língua. “Meu amor pelo português brasileiro começou com João Gilberto… Fiquei tão cativada por sua voz, seu estilo de cantar e a maneira como a língua soava na música, isso simplesmente me iluminou”, me contou a acessível e simpática Sophie, em delicioso papo por e-mail, sobre a inspiração no Brasil, que aparece já na capa do álbum, clicada, um uma trupe do ballroom nacional, incluindo a nossa Bruxa Cósmica, nas escadarias do Palácio das Laranjeiras. ““Sinto orgulho pelo País por causa do papel que ele desempenha em nossa música. O Brasil é como um integrante da banda”, conclui Tucker Halpern.
Moreira – Esse fascínio pela língua portuguesa vem desde a estreia de vocês, com “Drinkee”, que tem letra inspirada pelo poema poema “Relógio”, do nosso poeta Chacal, assim como “Energia (parte 2)”, com Pabllo Vittar. “Jacaré” também foi inspirada em outro poema dele, né? Eu adorava frequentar o CEP 20000, evento que ele organiza, nos meus 15 anos morando no Rio. Como começou esse fascínio pela língua portuguesa, algo que foi levado à enésima potência em “BREAD”, que tem trechos em português em quase todas as faixas.
Sophie Hawley-Weld – Meu amor pelo português brasileiro começou com João Gilberto… Fiquei tão cativada por sua voz, seu estilo de cantar e a maneira como a língua soava na música, isso simplesmente me iluminou. Comecei a ouvir muita música brasileira e, então, percebi que só queria cantar em português, então eu poderia muito bem aprender a língua e entender sobre o que estava cantando. Então me mudei para o Rio e me apaixonei mais profundamente pela cultura e pela música. Eu trabalho com o Chacal desde a faculdade, e nós pudemos sair no ano passado, no Rio, onde falamos sobre nosso amor pela palavra “Cafuné”, daí a nova música com um poema que ele escreveu baseado nessa interação. Ele foi um colaborador próximo neste álbum. Na verdade, passamos muito tempo no Brasil durante a produção deste álbum, trabalhando com músicos e produtores como Márcio Arantes, mas também apenas passando tempo nos inspirando, indo ao Carnaval e, realmente, nos reconectando mais profundamente com um lugar que significou muito para mim e agora significa muito para o Tuck também.
Moreira – O Brasil aparece demais no álbum, seja na capa, fotografada na escadaria do Palácio das Laranjeiras, seja nas tantas letras em português ou ainda nas influências musicais de funk carioca, na participação do nosso MC Bola na versão de “Ela é top”, em “BREAD” convertida em “Goddess in disguise”, no Rio de Janeiro que vibra no clipe de “Jacaré” e na bossa nova tão presente. Quanto tempo vocês têm gasto por aqui e como o país os inspira?
Sophie Hawley-Weld – Passamos cerca de três meses no Brasil durante a produção do álbum, em diferentes viagens. Muitas das músicas vêm do Brasil, então parecia certo ter o visual combinando. Os dançarinos retratados na arte da capa são todos brasileiros… E todos são realmente extraordinários. Esperávamos capturar a beleza deles, assim como a beleza do lugar. Eu morava no Rio há dez anos, e passamos muito tempo durante a produção do álbum entre o Rio e São Paulo. Foi muito divertido mostrar ao Tucker o que eu tanto amo sobre isso… O calor das pessoas, a importância da música e da dança, os estilos completamente únicos e incríveis de música e dança…
Moreira – Eu, apesar de ser bem queer, tenho o Gaydar (nome de um site de relacionamentos que virou sinônimo, no Brasil, para “radar gay”) meio quebrado e precisei que vocês mostrassem de forma bem óbvia que fazem parte da nossa comunidade, em algumas canções desse álbum. Com qual letra da sigla LGBTQIA+ vocês se identificam? Qual a importância de os artistas se manifestarem sobre a sua sexualidade? Há quatro anos, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo, e isso torna tão urgente falarmos disso por aqui.
Sophie Hawley-Weld – A comunidade LGBTQIA+ é essencial para quem somos. Quase todos com quem trabalhamos e somos amigos fazem parte dessa comunidade… Nós realmente compartilhamos os mesmos valores e a vibração com pessoas que são tão assumidamente elas mesmas. Achamos importante que os artistas falem sobre sua sexualidade, mas apenas na medida em que se sintam confortáveis. Cada um tem um ritmo e nível de conforto diferentes e até mesmo compreensão de sua sexualidade e isso é ok. Nós dois somos heterossexuais, mas eu, Sophie, às vezes me identifiquei com a palavra queer e às vezes sinto que nenhuma palavra parece certa, em parte porque acho sexualidade algo bastante fluido e cheio de surpresas.
Moreira – Difícil não ser tocado pela música e pelo clipe tão afetivo de “Hey Homie”, que fala da amizade de vocês. Como vocês se conheceram, como começaram a colaborar, quem faz o quê nesta parceria? Qual canção em português é citada ao final, no trecho “quero te amar baixinho, para ninguém mais ouvir meu amor”?
Sophie Hawley-Weld – Nós nos conhecemos na faculdade, mas nossa amizade demorou um pouco para florescer. No começo, era tudo sobre a parceria musical. Mas, com o tempo, nos tornamos melhores amigos. Passamos por tanta coisa juntos e somos muito gratos por poder compartilhar essa vida e sermos constantemente desafiados. Cada um de nós é uma fonte de tanto crescimento e inspiração para 0 outro. Não escrevemos a música “Hey Homie” sobre o outro ou sobre nós, na verdade, era sobre histórias de amor separadas em nossas vidas, mas parecia certo fazer do videoclipe uma homenagem à nossa amizade.
Moreira – Eu adoro assistir a Sophie cantando “Sonhos”, do Peninha, no Instagram. Quais são as cinco canções brasileiras que vocês mais amam?
Sophie Hawley-Weld – Obrigado, eu amo essa música demais, é uma das minhas músicas favoritas de todos os tempos, com certeza. Top 5 é difícil, hein?
Abaixa que é tiro!💥🔫
Lílian Rocha passou recentemente por Jufas, a convite da Damata Cultural, apresentando o repertório de seu brilhante primeiro álbum de estúdio, “Do Nilo”, explorando as conexões entre as artes brasileiras e africanas, celebrando a cultura afro-diaspórica com co-direção musical do moçambicano Otis Selimane. Com treze faixas, o “trabalho transmite uma mensagem de reconhecimento histórico da cultura brasileira em sua dimensão afro-diaspórica e dos diálogos interculturais entre a América e a África”, comenta Lílian, que conecta influências das musicalidades do Oeste Africano, da região do Vale do Rio Zambeze, a sotaques musicais afro brasileiros. Entre as participações, estão grandes nomes, como a baiana Josyara em “Cumbuca”, Jota.Pê em “Lua Nova”, Bia Doxum em “O perfume do caju”, Ballet Koteban em “Brinco de princesa de Mali”, Lenna Bahule em “Amefricana” e Júlia Tizumba e Amauri Falabella em “Ventre Minas” . Um disco bom do início ao fim.
O futebolismo virou trend da nova geração de bandas de pop-rock-indie nacionais, na semana que passou, com dois lançamentos nos campos de futebol. O primeiro deles foi “Vida Pacata”, que faz parte do álbum de estreia dos juiz-foranos da Varanda, “Beirada”, que chega no dia 29, e o segundo foi “Camisa do Flamengo”, que antecede ao lançamento do segundo álbum de estúdio da banda carioca Aquino. Em “Vida Pacata”, a banda de Mario Lorenzi (guitarra), Amélia do Carmo (voz), Augusto Vargas (baixo e voz) e Bernardo Merhy (bateria) usa o futebol como metáfora poética do fim de um relacionamento. “A gente entra num campo enorme para, lá no meio, jogar uma partida de futebol de botão. Eu pensei nessa ideia meio absurda, de brincar com essa coisa das proporções, da pequenez da vida real às idealizações homéricas”, explica a vocalista e compositora Amélia, que faz tudo inclusive dar receitas divertidas, no Instagram, que assina o roteiro com Carolina Cardoso.
Já a Aquino fez até a camiseta do uniforme da Aquino F.C. para o clipe de “Camisa do Flamengo”, canção que aposta em timbres clássicos da década de 70 e 80 para criar um clima sarcástico e nonsense e contar a história de um amor perdido. A faixa é pra quem gosta de música brasileira, groove, verão, banho de mar, pelada de domingo e dançar”, conta o compositor, o guitarrista João Vazquez. O clipe mostra um duelo intenso pela disputada camisa da Aquino. “Nossa ideia foi de aproximar dois universos aparentemente distantes, a moda e o futebol. A moda transparece mais na estética geral do disco novo e transborda em momentos do clipe, com cenas de estúdio. Com o futebol, procuramos trabalhar o movimento, a estética vintage, além das expressões e maneirismos exagerados dos jogadores. De referência buscamos revistas antigas do Flamengo, a maioria sendo de uma herança de família do nosso baixista e designer João Soto. O objetivo final é encontrar o limite entre o moderno e o clássico, sem perder a veia rubro negra”, resume João, que integra o trio do lado de . Vale lembrar que os pinheiros no futebolismo são os “Novos Baianos Futebol Clube”, que estrelaram álbum e documentário com o título nos anos 70. Inclusive, é desse álbum a minha canção favorita da banda, “Os pingo da chuva”, que abre a minha playlist “Deixa chover”.
“James”, é a única faixa em inglês do álbum de estreia de Renato Medeiros, o bom “A curva dos dias”, e ganhou um clipe gravado no Reino Unido e dirigido pelo premiado diretor Alfie Dale. No filme, o personagem principal desce fundo no “buraco do coelho” do fliperama, forma de mostrar seu afastamento crescente da realidade e falar sobre dependência. James é puxado para o espaço do purgatório, onde se depara com sua obsessão e pode se entregar e abraçar sua dependência. O filme evoca a sensação de entorpecimento. A canção tem influência direta dos Beatles, mais especificamente de Paul McCartney, e é melancólica e percussivamente latina, uma sombria canção de ninar. Achei o protagosnista muito Black Mirror e a cara desse meme ao lado. O diretor é conhecido pelo documentário “My brother is a mermaid”.
A turnê de Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, “As V Estações”, celebra os álbuns da Legião Urbana com uma super banda formada por Dado (guitarra e vocais), Bonfá (bateria e vocais), André Frateschi (vocal e bateria), Mauro Berman (direção musical, baixo e teclados), o meu amigo sextante Lucas Vasconcellos (guitarra e violão) e Pedro Augusto (teclados), nesta sexta (23), às 21h30, no Cine-Theatro Central.
Ocupação do Baixo Centro que foi a gente quem pediu, a Marginal Lab continua prestando serviços à juventude sexta, com Amanda Fie, Crraudio, Grelin e JuliØ, e no sábado, com Zappaz, Asterix & Obelix, Envolvency, Sensus Basic & Allyx, QTR e mais JuliØ.
No Maquinaria, o finde está bem chique. Na sexta (23), tem show dos mineiros Sessa e Haroldo Bontempo, que já sextou aqui e aqui, e no sábado (24), do craque gentil Renato da Lapa, que lança “Sotaque”, seu EP de estreia, que sextou aqui, com show de abertura dos indígenas o cacique Huni Kuin Txuã Pakamayte e o multiartista tupi-guarani Kuaray O’Ea. No sábado, a querida Vila Irineu tem seu primeiro festival, a partir das 15h, com roda de Chora Éfe.
Na sexta (23), às 21h30, a Pancadão desembarca no Beco com Ruan_f50. HRKN, Gregori Matheus, Roko e Ever Beatz.
O Festival de Bandas Novas 2024, patrimônio cultural de Juiz de Fora e celeiro dos camisas-preta, faz edição dupla de encerramento, comemorando 26 anos de tradição. Começa às 14h, sábado (24), com Covil, Tarantina, Kymera e +, e domingo (25), com Shot in the dark, Ossiação, Ecdise e +.
A cantora de soul Afrodite faz show sexta (23), na Versus, com discotecagem do boa praça e cósmico DJ Ricco Mattos. No sábado (24), a casa recebe o Ráfia Festival, a partir das 14h, com oficinas com Sala de Giz (teatro), Luiza Costa (desenho) e Fabíola Vicente (hip hop) e Taíssa Classo (muralismo), shows da banda Afrojazz (RJ), Assis, Cland’Estúdio e Batalha do Bandeirantes, Lobo Trio, ballroom e baile charme.
A Virada Cultural de Belo Horizonte rola sábado (24) e domingo (25), com 24h de MPB, pop, funk, hip hop, samba, jazz, rock e mais, com shows de Lenine e Marcos Suzano, Héloa e o Grupo Sabuká Kariri-Xocó, a banda Lagum, MC Marechal, Luiza Brina, Nath Rodrigues, Toninho Geraes, Dudu do Cavaco, Ricardo Aleixo, Iza Sabino com o show do belo álbum recém-lançado “Grande” e mais, tudo de-grátis, que é mais gostoso.
Gabriel, O Pensador, Mart’nália, Rooftime, ETC, tributo a Bob Marley com Reggae Feelings com Rafael Cardoso e Josh David Barrett (ex-vocalista do The Wailers) e a festa Súbita, com o carioca João Pinaud, são as atrações da festa Cores do Engenho, sábado (24), em Ibitipoca, no Ibiti Projeto, na Fazenda do Engenho.
No Circo Voador, o Mundo Livre S/A comemora 30 anos do álbum fundamental “Samba Esquema Noise”, no sábado (24). Taí um álbum que formou o meu caráter!
Se tem um homem que lança disco, é o prodigioso bandolinista Hamílton de Holanda, que não descansa e faz show, sexta (23), na Autêntica, em BH, com seu Trio e o violonista mineiro Thiago Delegado e a DelegasCia.
A Jup do Bairro fez uma playlist com cem novos nomes da música, destacando talentos de Jufas, como Ocrioulo, Renato da Lapa e Varanda.
No dia 29, dia da Visibilidade Lésbica, Maria Beraldo e Zélia Duncan lançam “Matagal”, segundo single do próximo álbum de Beraldo, que chega depois de “I can´t stand my father anymore”. “Colinho”, o disco, chega em outubro.
Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023, 2022, 2021 e 2020 nos links
Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Renato Medeiros, Hozier, Lisa + Rosalía, Kiesza, Halsey, Aquino, DFonsso + Jessé Aguiar, Juliano Costa + Snowfuks, Fiakra, Sevdaliza + Pabllo Vittar + Yseult, Diego Martins, Marilyn Manson, Thiago Pantaleão + Karol Conká, Lady Gaga + Bruno Mars, O Terno, Jade Faria + Luiza Brina, swave, Ti Doido, Sidoka, Salma & Mac, Letrux, Ale Sater e Pet Shop Boys.
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