Sexta Sei: A combinação de nostalgia e futurismo no universo atemporal de “Nas Colinas Astrais”, da banda Fantástico Caramelo

Catarinenses mostram lado místico enquanto transitam por rock alternativo, indie pop e psicodelia em seu segundo álbum

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fantástico Caramelo por Eduardo Pasqualini

No próximo dia 23, a boa banda de indie e pop rock catarinense Fantástico Caramelo lança, oficialmente, o seu segundo álbum,  Nas Colinas Astrais”, cujas oito faixas já estão disponíveis nos canais da banda, em uma estratégia acertada e no ritmo da indústria fonográfica de ir lançando os singles, mensalmente, até que o volume estivesse todo no ar. No novo trabalho, eles mostram seu lado místico enquanto transitam por rock alternativo,  indie pop e psicodelia, conduzidos pela doce voz de sua vocalista e compositora, Nayara Lamego, que bateu um papo bem gostoso comigo, por e-mail, no qual falamos dessa estratégia de lançamento que manteve o público conectado com a música da banda, prolongando a visibilidade do álbum. Também falamos da azeitada identidade visual, assinada por Grazzus Cunha. “Essa combinação de nostalgia e futurismo reforça a ideia de que estamos navegando por um universo atemporal, onde o passado e o futuro se encontram”, me contou. Também falamos como é importante ter mulheres liderando bandas e inspirando outras mulheres a fazerem rock´n´roll. “A inserção feminina no meio musical é cada vez mais significativa, e acredito que estamos ajudando a construir um cenário onde as mulheres têm voz ativa e ocupam espaços que antes eram mais restritos”, me contou, falando sobre o álbum, que mistura influências como MPB, pop, psicodelia, indie, rock alternativo, reggae e blues.

Moreira – Vocês optaram por lançar este álbum single a single, construindo o volume aos poucos no perfil de vocês nos canais de streaming. Como foi o resultado da experiência, essa escolha foi devido à velocidade do mercado de música? Lançar assim faz “render” mais?

Nayara Lamego (vocalista e compositora) – A ideia de lançar o álbum single a single foi uma forma de manter o público sempre conectado com a nossa música. A experiência foi positiva, pois cada lançamento possibilitou um novo momento de engajamento com os fãs. Dessa forma, a gente  conseguiu dar destaque para cada faixa e não apenas como parte de um álbum completo. Conseguimos prolongar a visibilidade do projeto e manter uma presença constante nas plataformas de streaming.  

Moreira – Este é um álbum místico e esotérico, enamorado da ficção científica, que explora temas como astrologia, naves espaciais, pirâmides amazônicas e formigas que carregam lembranças. De onde vieram essas inspirações e como vocês desenvolveram essas temáticas?

Nayara Lamego – Nossas composições surgem em momentos bem aleatórios, tudo no dia a dia vira música. Quando o Henrique (Henrique Marquez, guitarra e letras) fala algo, eu já anoto porque sei que vamos usar em alguma letra. Cada integrante da banda traz suas próprias referências sonoras e  curiosidades, que variam desde a astrologia até histórias sobre civilizações antigas e suas tecnologias misteriosas. Gostamos de pensar nas músicas como pequenas viagens.

A capa do álbum "Nas colinas astrais", na identidade visual assinada por Grazzus Cunha
"Formigas australianas"
"Antes dos 30"
"Salada de flores"
"Quase virei astróloga"
"Spaceship"
"Melhor assim"
"Goteira de amor"
"Alquimia"

Moreira – Muito linda e especial a identidade visual do álbum, assinada por Grazzus Cunha, com uma viagem visual inspirada pelos anos 80. Como esse material ajuda a contar a história, como uma extensão visual das composições?

Nayara Lamego – A identidade visual criada por Grazzus Cunha foi fundamental para traduzir a essência do nosso álbum em imagens. Foram longas reuniões até a gente chegar no resultado. A escolha de uma estética inspirada pelos anos 80, com suas cores vibrantes, a mistura de elementos em cada capa das oito faixas, faz uma conexão direta com as temáticas que exploramos nas músicas. Essa combinação de nostalgia e futurismo reforça a ideia de que estamos navegando por um universo atemporal, onde o passado e o futuro se encontram. Assim como a música, a arte visual instiga a imaginação e permite que cada pessoa crie sua própria interpretação e experiência ao se conectar com o álbum.  

Moreira – Nayara Lamego, como é liderar uma banda formada por homens? O rock ainda é essencialmente um ambiente masculino? Como você vê essa inserção feminina no meio musical? Podemos dizer que suas voz e composições contribuem bastante para o DNA da banda, cool até a medula… Sua presença ajuda a inspirar meninas e mulheres, sem dúvidas.

Nayara Lamego – Liderar uma banda formada por homens tem sido uma experiência enriquecedora. Eu sinto que, apesar do rock ainda ter uma forte presença masculina, a dinâmica na nossa banda é de muita colaboração e respeito mútuo. A inserção feminina no meio musical é cada vez mais significativa, e acredito que estamos ajudando a construir um cenário onde as mulheres têm voz ativa e ocupam espaços que antes eram mais restritos. Eu vejo a minha presença na banda como uma oportunidade de trazer diferentes perspectivas e emoções para nossas músicas, o que acaba moldando o DNA da Fantástico Caramelo. Minha voz e minhas composições refletem muito do que eu acredito e sinto, e acho que isso se conecta com muitas pessoas. Se essa conexão inspira outras meninas e mulheres a seguirem seus caminhos na música, fico extremamente feliz. É um sinal de que estamos avançando, e que o rock pode e deve ser um ambiente inclusivo e diverso, onde todos podem expressar sua criatividade e paixão pela arte. 

Moreira – Quais foram as inspirações sonoras de vocês na composição e na construção desse álbum? O que vocês estão ouvindo e fez a cabeça da banda no fazer do disco?

Nayara Lamego – As inspirações sonoras para o nosso álbum são um reflexo da diversidade musical que faz parte do DNA da banda Fantástico Caramelo. Durante o processo de composição, estávamos imersos em uma variedade de estilos e referências, desde a MPB e o pop até lendas da psicodelia mundial, como a Pink Floyd. Isso fica evidente em faixas como “Alquimia”, na qual o indie pop psicodélico se destaca, e em “Goteira de Amor”, que mistura rock alternativo, psicodélico e até reggae, tudo isso com letras em três idiomas. Outras faixas, como “Melhor assim”, trazem uma fusão de pop e rock, com influências que vão de Os Mutantes a Pond, criando um som espacial e envolvente. Já “Spaceship” resgata a nostalgia dos anos 70, misturando elementos de ABBA com nossa identidade psicodélica. Faixas como “Quase virei astróloga” e “Salada de flores” exploram o rock gaúcho, Rita Lee e blues rock, sempre mantendo a atmosfera esotérica e alternativa que caracteriza o álbum. Essa mistura de influências nos permitiu criar um trabalho que navega entre o passado e o presente, sempre com um toque inovador. Durante a produção, ouvimos de tudo, desde rock clássico até novos sons da cena indie, o que nos ajudou a moldar um álbum que é, ao mesmo tempo, diverso e coeso, representando a essência da Fantástico Caramelo.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Fotos Heder Novaes

“Não saia no Sereno” é o bom EP de estreia do jovem baiano Guilherme Mendes, 30 anos, conhecido artisticamente como s3reno, xará do filho de mãeana e neto de Gilberto Gil. Sua música mistura crítica social, reverência à cultura afro-brasileira e celebração do amor com uma mistura rítmica singular que passeia pelos gêneros rap, trap, afropop, groove arrastado do pagodão baiano que eu amo e influências nordestinas, entre tambores e sanfona. Adorei a lovesong “foda”, que canta “a nossa foda é foda”, e a anti-capitalista “planos pra roubar um banco (robin hood)”, na qual ele pensou em “fazer igual ao Fidel, me juntava com o Che e passava você”. “Só na revolta não resolve, os problemas lá da quebrada”, canta, matando “mais um beat sem pegar nas armas”. Nascido em Boa Vista de São Caetano, bairro periférico de Salvador (BA), o artista traz composições que refletem uma abordagem contracolonial, antiegemônica e antirracista.  “O EP fala de lealdade, de amor, de violência e colonização, fala de vida como quem ginga seguro de si, apesar toda carnificina que se acumula nessas madrugadas.  Um manifesto íntimo, muito bem lapidado e que se constitui enquanto importante relato de memória sobre como é se manter de pé em meio a guerra racial na Bahia”, destaca o artista.

O Pará exerce imenso fascínio por causa da exuberância da Amazônia, da gastronomia única e dos sabores de sorvetes, do carnaval sobre as águas de Cametá, do tecnobrega, do carimbó e dos tantos encantos que conferem um “Elã” único a essa região amazônica. A palavra foi escolhida pelo artista Reiner para nomear a faixa-título de seu primeiro álbum de estúdio, a partir de um conceito emprestado do filósofo francês Henri Bergson, que cunhou o termo “Elã Vital”, um desejo de criação, um impulso produtivo. O artista natural de Belém usa esta ideia para lançar luz às expressões artísticas de sua região. “A cultura do Norte é deixada para trás em várias discussões até dentro da própria Amazônia. O Elã seria uma força que perdura desde quando o primeiro português colocou os pés em Belém. Essa força inexplicável não deixou os batuques de carimbó, lundu, ijexá e outros ritmos afro-indígenas desaparecem”, explica. O visualizer tem  imagens de Duda Santana e direção criativa de Vinny Araújo, com distorções visuais que representam uma falha no sistema. A produção musical é de Léo Chermont (Strobo, os Amantes) e do próprio artista, provocando a partir de dualidades: guitarras e sintetizadores com distorção unem-se a ritmos de terreiro como o Congo de Ouro, coros de vozes inspirados em Os Tincoãs desaguam em batidas de funk, e as referências vão de Jup do Bairro e Mateus Fazeno Rock a Massive Attack e Portishead. O disco chega em outubro.

Capa de Elã com foto de Duda Santana e design de Rodrigo Cantalicio

Quem acompanha aqui o sextamento sabe que eu sou um grande entusiasta do pocnejo e fã dos talentos vocais e da ousadia de Gabeu, filho do Solimões. Ser artista é isso, né, estar à frente e mostrar novas possibilidades. Ele se juntou a outro talento vocal, a drag queen Reddy Allor, uma das vencedoras do reality show “Queen stars Brasil”, da HBO Max, ao lado de Diego Martins e Leyllah Diva Black, para lançar o álbum “Cavalo de Troia”. O volume mescla ritmos mais tradicionais, como a moda de viola, a sonoridades mais contemporâneas, como pop, brega e piseiro, fiel à essência sertaneja de ambos os artistas. O álbum conta a história de dois artistas LGBTQIAP+ saindo do interior e partindo em uma jornada para conquistar a cidade grande (Troia). “Todo o conceito de guerra atrelado à estratégia “Cavalo de Troia” surgiu para representar a luta que nós enfrentamos todos os dias, seja como pessoas LGBTQIAP+ ou como artistas que partem em busca de um sonho”, comenta Reddy. O álbum conta com participações de Gaby Amarantos, Alice Marcone e Romero Ferro.

São 42 anos de referência em direitos LGBTQIA+ no Miss Brasil Gay.. Na foto, a vencedora do ano passado, Muriel Lorensoni
MC Carol de Niterói tá na área
Tangolo Mangos em foto de Pedro Gusavaqui
Maria Gadu no Cultural
Nickolas Selma por Larissa Noé
A Companhia Sala de Giz apresenta o espetáculo "Terra Sem Acalanto". Foto: Lucas Guimarães
Bloco da Bicicletinha e 8 anos de Master Plano
Joss Stone em BH

Há 42 anos, Jufas é uma referência em direitos LGBTQIA+ por causa da realização do Miss Brasil Gay, o maior concurso transformista do Brasil, que acontece sábado (17), pela primeira vez no Ginásio Municipal Jornalista Antônio Marcos. Em paralelo e na sequência, acontecerão as festas Baile do Manifesto, com a expressão contemporânea do ballroom, às 20h, FunHouse, às 23h, com MC Carol, e Stomp, logo após ao concurso. Vai ter transmissão ao vivo aqui.

As bandas Tangolo Mangos (BA) e Varanda tocam no Maquinaria nesta sexta (16), às 20h. No sábado (17), às 16h, é dia de Diáspora Disco, com Pedro Paiva e Aravena.

Maria Gadu celebra 20 anos de carreira em turnê com seu quarto álbum de estúdio, “Quem sabe isso quer dizer amor”, sexta (16), às 22h, no Cultural. No sábado (17), às 22h, a banda ETC que eu gosto comemora 13 anos de estrada.

No sábado, Rosa Martins discoteca com discos de vinil, a partir das 17h, na Praça Menelick de Carvalho.

Maior artista de sua geração em Jufas, Nickolas Selma faz o encerramento da exposição “uns & outros”, montada para a comemoração dos quatro anos de Sexta Sei, sábado (17), às 20h30, na Occa da gente.

O Ibitipoca Blues 2024 acontece nos dias 16 e 17 no Camping do Ibitilua, com Sergio Duarte, Little Butter, Ivan Mariz e DJ Roberto Freire, Laretha Weathersby & Bruno Marques e apresentação de dança “MilTons de Milton, Brasil a fora (16), Blues Box Street Band, Ivan Mariz e DJ Roberto Freire, Lorena Fernandes e banda, Irmandade do Blues, Ale Ravanello Blues Combo, Marcelo Naves & The Tigermen e Eric Assmar, Jefferson Gonçalves & Gustavo Andrade (17).

 O Festival Os Sons do Brasil chega a Ouro Preto com Margareth Reali, Jaques Morelenbaum e Gabriel Sater, na sexta (16), e Bocato Quinteto, Kaemy e Lino Krizz, no sábado (17), com entrada franca, só retirar o ingresso nos links.

A Companhia Sala de Giz  apresenta o espetáculo “Terra Sem Acalanto”, de sexta (16) a domingo (18), sempre às 2oh, na sede do Granbery.

No sábado (17), tem festa dupla em BH, com o Bloco da Bicicletinha saindo às 10h, do Incc Café, rumo ao Parque Guilherme, ao som de jungle e drum and bass.

Na quinta (22), às 20h, Joss Stone faz show no BeFly Hall, em BH.

Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023 2022, 2021 e 2020 nos links

Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Black Pantera, Varanda, Boombeat + Cynthia Luz  + Emicida, Ebony, Katy Perry, Pedro Sampaio + DJ Topo, Megan Thee Stallion + Yuki Chiba, Latto, Kings of Leon, The Killers, The Driver Era + Ross Lynch, Shawn Mendes, Peso Pluma + The Double P, Rincon Sapiência + Gus Beats, Hamilton de Holanda + C4 Trío, Magic! + Akatu + FBC,  Kaike, Yemi Alade + Ziggy Marley, Northern Lite e ¥$ + Ye + Ty Dolla $ign.

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