Um dos músicos mais primorosos de sua geração em Juiz de Fora, violonista, cantor e compositor lança seu EP solo de estreia
por Fabiano Moreira
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Renato da Lapa, 37 anos, é, certamente, um dos músicos mais charmosos e talentosos de sua geração em Juiz de Fora, onde tem atuado no Encontro de Compositores, no coletivo de arte Difluência e em bandas de músicos de sua geração, como Clara Castro, Laura Jannuzzi, Carolina Serdeira, Nêga Lucas, Dudu Costa, Rafa Castro e Roger Resende. Nesta sexta (5), ele faz a sua estreia solo com o EP “Sotaque” que, como o nome entrega, vem carregado da mineiridade e “uma necessidade filosófica de busca das raízes, por isso a procura pela tradição popular, pelas manifestações de nossos ancestrais, o congado, o maracatu, a folia de reis, o carnaval, enfim, essa procura infindável de saber-nos de onde viemos”, me contou, em papo gostoso por e-mail. Com vocês, Renato da Lapa;
Moreira – Esse trabalho do EP começou ainda na pandemia, né, lembro que “Depois” entrou na playlist de melhores de 2022 aqui da Sexta Sei. Eu adoro essa canção, acho que remete muito ao conversê do mineiro, do encontro entre amigos… E foi composta justamente neste período de retorno ao convívio, né?
Renato da Lapa – Exatamente, os trabalhos começaram em janeiro de 202,2 e “Depois” foi composta no réveillon de 21 pra 22, com os amigos Rogerio Arantes, Lucas Lemos e Ricardo Vilela. Alugamos um sítio em Machado, no sul de Minas, e fomos pra lá, como primeiro refúgio durante a pandemia. E o nascimento da canção se fez nessa mesmo de experimentar, cada um sugerir um verso, dar um pitaco no violão. Aquele processo mineiríssimo.
Moreira – Você tem maturado este EP nestes últimos dois anos? Como é o seu processo de composição? Há uma grande expressão de mineiridade, né, nas percussões com perfume de congada… Uma Minas profunda… Quais foram as inspirações nesse trabalho?
Renato da Lapa – Acontece que, em maio de 22, eu sofri um pequeno acidente, tive que passar por duas cirurgias e a minha recuperação total demorou cerca de um ano. Isso atrasou o processo todo de confecção do disco, uma vez que os instrumentos foram todos gravados na minha casa, com produção do Pedro Brum. Sobre as inspirações, acredito que seja a soma de tudo que eu ouvi até aqui na minha vida, mas principalmente a música mineira, a música juizforana, a música brasileira que é enorme. E, pra mim, o processo de composição desperta uma necessidade filosófica de busca das raízes, por isso a procura pela tradição popular, pelas manifestações de nossos ancestrais, o congado, o maracatu, a folia de reis, o carnaval, enfim, essa procura infindável de saber-nos de onde viemos.
Moreira – Você faz parte de uma turma da pesada que se formou na Bituca, né. mesmo sem ter estudado lá. Carolina Serdeira, com quem te vi no palco em uma noite bem legal, no Paço Municipal, Juliana Stanzani, que dirigiu o mesmo show, Clara Castro, tão intelectual, Raquel Lara, que tem voz de anjo…. Vocês são uma geração da cidade, da pesada… Qual a importância da Bituca aqui pra região?
Renato da Lapa – Com certeza, a Bituca é muito importante pra nossa região, e digo mais, o Ponto de Partida, que é o grupo de teatro de Barbacena que gestou e gere essa faculdade de música popular, é muito importante nacionalmente. Juliana Stanzani, Raquel Lara, Carolina Serdeira, Laura Jannuzzi, Clara Castro, Douglas Poerner, Caetano Brasil, Nathan Itaborahy, Alice Santiago, Sarah Vieira, Victor Rozeni, Wiliam Tonasso, todos esses são meus companheiros de cena, dessa cena linda de JF, e todos esses passaram pela Bituca. Eu mesmo tentei duas vezes e não consegui entrar. Atualmente, estou cursando bacharelado em Composição na UFJF, e tenho observado um grande número de músicos incríveis que também passam por aqui e pelo Conservatório de Juiz de Fora. Acho que essa trinca de formação de músicos junto com a formação espontânea de grupos de estudo de tradição popular de percussão e oralidade, tudo isso aponta pra um promissor futuro para a cultura de nossa região.
Moreira – Me conta como foi o processo das parcerias e dos encontros do álbum, que tem parcerias com Alice Santiago, Lucas Lemos, Pablo Quaresma, Raquel Lara, Ricardo Vilela e Rogério Arantes… E acho que tem uma participação importante do produtor, Pedro Brum, que fez as belas guitarras. Ele é danado.
Renato da Lapa – As parcerias aconteceram antes e de forma meio doida, como deve ser.” Couraça”, que é uma parceria com Alice Santiago e Pablo Quaresma aconteceu assim: tinha ido em um espetáculo do Grupo Nun, que é um grupo de dança contemporânea de Juiz de Fora, e uma coreografia me chamou muito a atenção e fiquei mexido com a aquilo e logo quando cheguei pensei nos versos “Tira essa pele falsa, essa vil couraçaaaa…” Aí mandei pra Alice, que mandou versos lindos que foram encaixando, mas faltava mais uma parte musical, aí recebi a visita do Pablo Quaresma que chegou e arrematou a canção com a ponte: “Nosso coro agora…”. A canção que abre o EP, “Na curva do rio”, se fez também presencialmente com o Pablo. Pablo é um mestre da composição de canções, um grande artista, e no meu quintal demos nascimento a essa canção. “Voz de Dentro”, parceria com a Raquel Lara Resende, artista e cantautora maravilhosa, aconteceu de forma quase acidental, ela mandou a letra pra uma outra música que estava em processo, só que ela não falou pra qual que era. Aí eu fiz uma música nova em cima dessa letra, mas gostamos tanto que entrou no meu EP e também no disco dela com Tiago Guimarães, o “Consciência do Ser”. E “Depois”, como dito, foi no rolê do réveillon, amigos reunidos à mesa. Os outros encontros por conta das gravações foram igualmente lindos. A base do disco foi o meu violão, as guitarras do Pedro Brum, que também assinou a produção musical, e as percussões do Eduardo Yroxe. Passamos dias e mais dias aqui em casa, experimentando, cozinhando a coisa até que chegasse no nosso gosto. Pedro e Yroxe são mestres, pessoas extremamente capazes e comunicativas. Ainda tivemos o auxílio luxuoso da Laura Jannuzzi no feat em “Voz de dentro” e nos vocais do disco. Laura é uma inspiração pra mim e uma grande artista. A Alice Santiago é outra, que é gigante, uma artista incrível, cantora e compositora, que foi convidada pra cantar “Couraça”, que é uma parceria nossa. Para os baixos, chamei um amigo pra cada canção: Douglas Poerner em “Na curva do rio”, Victor Rozeni em “Voz de dentro”, Wiliam Tonasso em “Depois” e Augusto Vargas em “Couraça”. Quem assinou a produção executiva foi Rogério Arantes, meu parceiro, filósofo, compositor, escritor. A concepção artística foi da Livilds, minha companheira. As fotos ficaram por conta de Estela Loth, comunicadora, fotógrafa, percussionista. Enfim, nada se faz sozinho. São muitas mãos para a coisa acontecer e eu sou todo agradecimentos.
Abaixa que é tiro!💥🔫
Quem acompanha aqui as playlists sextantes certamente já ouviu as canções do TRAGO, grupo formado por Tulipa e seu irmão, Gustavo Ruiz d s músicos Rica Amabis e Alexandre Orion. O nome brinca com as iniciais dos nomes dos integrantes. Os singles que anunciaram o grande álbum foram “Porvir”, “Sou eu que vou trabalhar”, lançada no dia do trabalho, e “Dolores Prestes A Levitar”. O lançamento do álbum homônimo pelo Selo Sesc que eu amo é resultado de um projeto híbrido, que funde imagem, som e realidade aumentada. São oito canções inéditas, fruto de um processo criativo de apenas três meses. Tulipa encontrou potencial nos sons dos vídeos que gravava pela cidade e compartilhava em suas redes sociais, quando tocados em loop. Rica Amabis converteu esses loops em programações e samples, enquanto Orion adicionou beats da sua MPC e Gustavo gravou baixos e guitarras. Com as bases prontas, Tulipa criou as melodias e letras utilizando desenhos do seu acervo pessoal como inspiração para cada música dando vida a personagens que antes estavam guardados, transformando-os em “desenhos musicados”. “Fumante padrão” ganhou a participação luxuosa de João Donato no piano elétrico. A faixa foi gravada no estúdio do ícone da MPB, em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, em 2017.
“Pra me derrubar, você vai ter que me levantar primeiro”, ironiza a cantora, compositora e atriz pernambucana Bruna Alimonda na faixa de abertura do seu álbum “Estado Febril”, a irônica “Fundo do poço”. O álbum, que teve as duas faixas e “Para de me curtir e me ama” destacadas aqui nas playlists sextantes, ganhou deliciosa versão visual, um filme dirigido por Duda Portella e Millena Rosado que mostra o dia em um bar, contemplando visualmente todas as músicas e celebrando o amor LGBTQIA+. O belo álbum de estreia solo da artista traz fusão de influências musicais que abrangem ritmos latino-americanos e a tradicional MPB, além de referências ao brega romântico recifense. Alimonda é também a compositora de muitas das canções da banda que integra, Abacaxepa, que já sextou também.
Está no ar a coluna Playlist de junho, na Revista Híbrida, destacando os lançamentos LGBTQIA+ do mês com álbuns de Katy da Voz e as Abusadas, Charli XCX, Jão e Ayrton Montarroyos, EPs de Jup do Bairro, Victin e Paulete Lindacelva e singles de Sofi Tukker, Diego Bragà e Reddy Alor e Gabeu. Nada foi mais gay em junho do que o álbum “Atormentadas e Remixadas”, de Katy da Voz e as Abusadas. “Olha que bacana: a oportunidade de engolir essas bananas”, ironiza em “Frutaria da putaria 2” o grupo formado por Katy da Voz, Palladino Proibida e Degoncé Rabetão no bairro do Grajaú, em São Paulo. A poética é pra lá de marginal, como em “Vtnc”, “Te dei tudo o que eu tinha / Sendo que eu não tenho nada”, antes de desejar a introdução de “um canavial de r*la no seu c*”. “Vou fazer uma chupetinha, vou mostrar que eu sou galinha”, manda em “Tira a mão do c*” . O grupo existe desde 2019 e já lançou as mixtapes “Cantigas de amor pra se cantar na roda” (2021) e “Entrando na garrafa” (2022). o álbum “Sacolão das Faveladas” (2022) e o EP “Prostitutions” (2023). O álbum de remixes chega no barulho do tuin com remixes de grandes DJs da cena, como Caio Prince, Clementaum e Rianriot. As três travestis da Zona Sul de São Paulo quebram o (cis)tema com apresentaçãoes que pode ser um show de rock, de funk ou será de pop? O álbum de remixes anuncia uma nova era, totalmente experimental. Me sinto pronto. “Mais uma vez, atormentadas”.
O finde no Cultural tem ETC comandando o Arraiá Roots, na sexta (5), e JF Rock City no sábado (6) e no domingo (7), com entrada gratuita com retirada de ingresso nos links e doação de 2kg de alimentos.
A banda paulistana Guaribas e a local Assombro de Bixo fazem noite no Maquinaria na sexta (5), a partir das 21h.
Na sexta (5), às 20h, começa o julho Beatz, mês de comemorações do aniversário do Ever Beatz, que grava o terceiro episódio da série House Mix.
No sábado (6), às 19h30, tem Yoga gratuita no Museu Mariano Procópio.
Contest, Future Inc, Qtr, Monkey, John Bittar, AllChord e Capute foram o line-up da festa de música eletrônica Electric Pulse, sábado (6), às 21h, na Versus. Na sexta (5), o querido Marcelo Panisset comemora 60 anos.
No sábado à tarde, a partir das 14h30, o programa esperto é curtir o Batuque Delas na Praça do Cruzeiro.
O Soweto faz show da turnê comemorativa de 30 anos, sábado (6), às 20h, Terrazzo.
O Circo Voador faz Arraiá, sexta e sábado (5 e 6), às 20h, com Geraldo Azevedo convidando Xangai.
O I Love PRIO Festival de Inverno 2024 acontece na Marina da Glória, no Rio, neste finde e no próximo e, nesta tem Marcelo D2, Ney Matogrosso e Criolo (5), Arnaldo Antunes, Frejat e Nando Reis (6) e Alcione, Maria Rita e Péricles (7).
No sábado (6), em São Paulo, acontece o The Realness BR, com Valentina, Nymphia Wind, Alaska, Gottmik, Keiona e Monet X Change no palco da Audio.
Em Beagà, tem Metá Metá sábado (6), às 21h, na Autêntica.
Na segunda (8), tem mais uma edição do Encontro de Compositores, no Beco, com entrada gratuita até às 20h.
Na quinta (11), às 19h, estreia o clipe da música “Raspa de Cipó”, da banda Traste que amamos, e rola “première” no Armazém do campo.
E, sábado que vem, no dia 13, tem festerê de quatros anos de Sexta Sei, no Occa, com shows de Sil Andrade, Pedrada, o Legítimo e Ana Liz e Pedro Dias, exposição de pinturas “uns & outros”, de Nickolas Selma, pista comigo e Pedro Paiva e as performances “Madame”, de Alice Ruffo, e “AutoraTransa”, de Renata Aparecida.
Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023, 2022, 2021 e 2020 nos links
Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Disclosure, Carlos do Complexo + Larinhx + Irmãs de Pau + Ebony, Sevdaliza + Pabllo Vittar + Yseult, Jup do Bairro + Edgar + Mateus Fazeno Rock, Nabiyah Be, FBC + Letrux + Jackson Ganga + Pepito, MGMT, Tiago Caetano, Jota 3 + Leo Grijó, Natania Borges, Tove Lo + SG Lewis, Omar Apollo, Emanuelle Araújo, Spark, Denzel Curry + That Mexican OT, efan + Dizzee Rascal, Tinashe, Normani, Dj Gabriel do Borel + Mc Lucy + MC Gw, Xamã + Leall, WIU e Orquestra Petrobras Sinfônica
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