Sexta Sei: Vai tomar madeirada! 🗣️ Juçara Marçal do avesso, reprocessada, remixada e levada a um lugar inimaginado

Volume de remixes do álbum “Delta Estácio Blues” e do “EPDEB” traz novas visões de artistas como Clementaum e Idlibra, Mbé, Telefunksoul e Werson Collabaiana e Wallace Função

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Juçara Marçal por Pablo Saborido

Nome de destaque da cena musical brasileira, a cantora e compositora Juçara Marçal lança “DEB RMX”, um álbum com 15 remixes das faixas do premiado álbum “Delta Estácio Blues” (2021) e do “EPDEB” (2022). O lançamento tem concepção de Juçara Marçal, curadoria de Mariana Mansur e é uma realização do QTV Selo. Falei com Juçara, por e-mail, sobre como foi escolher os nomes para este volume, a partir da personalidade que esses produtores imprimiam em seus sets e remixes e pelo gosto por experimentar novas sonoridades, novas rítmicas. Também conversei com Clementaum e Idlibra, Mbé, Telefunksoul e Werson Collabaiana e Wallace Função sobre como foi reprocessar o trabalho, que já partia de cortes e sampleamentos. O volume ainda traz as visões de Bartira, Chrisman,  Marley No Beat, White Prata, Moor Mother, Os Fita,  Saskia, DJ RaMeMes, Podeserdesligado e Nãovenhasemrosto, VHOOR e Kenya20Hz.

Moreira – Como foram feitas as escolhas dos artistas para os remixes desse volume “DEB RMX”? Você tem seus favoritos entre as faixas, quais se destacam mais? A lógica fragmentada de “Delta Estácio Blues” aqui é levada à máxima potência, com samples e cortes… Quais conceitos quiseram explorar?

Juçara Marçal – Quando imaginamos um “Delta Estácio Blues: de remixes, a vontade inicial era colocar na mão de DJs cujos trabalhos nós já curtíamos, seja pela personalidade que imprimiam em seus sets, seus remixes, seja pelo gosto por experimentar novas sonoridades, novas rítmicas. Então, de cara, pensei em chamar Os Fita, o Vhoor, Saskia, Ramemes, Mbé, Moor Mother. A partir desses nomes, a produtora do QTV, Mariana Mansur, foi quem seguiu na pesquisa e convite dos demais artistas da cena eletrônica pra compor o time, afinal são 15 faixas, somando as 11 do disco com as 4 do EP. O critério foi sempre o de adensar algo muito presente no disco, que é o jogo com as cacos, os fragmentos de sons, levadas inusuais.

Favoritas? Acho o remix do DJ Ramemes delicioso. O da Saskia e da Bartira conseguem algo muito especial de tirar a música do lugar e explorar jogadas rítmicas inusitadas, tornando a faixa muito divertida, com lances inesperados no arranjo. Isso me agrada muito. Mudar a forma, picotar a voz, ou nem usar, como fez o Lek Mbé. Vira um outro som. Achei isso maravilhoso. Todas as faixas têm seu quê de experimentação, cada uma dentro das linguagens das pessoas envolvidas, e esse é o charme do disco.

Conceito? Não existiu nunca um conceito pré-determinado. A ideia foi justamente colocar a faixa na mão dessas pessoas e deixar que elas pirassem. O grande barato é esse. Cada qual com sua onda, cada qual revirando a música do avesso. Se há um conceito, talvez seja esse: DEB do avesso, reprocessado, as músicas trazidas pra um lugar que nem eu nem Kiko *Dinucci) imaginaríamos.

Clementaum po Rony Hernandes
Idibra

Moreira – Qual a sua relação com a obra da Juçara e como vocês trabalharam na produção desses remixes?

Clementaum – Fiquei muito honrada com o convite, eu não conhecia tanto a obra da Juçara, conhecia mais o Matá Metá. Foi uma surpresa.

Idlibra – Eu conheci Juçara no show do Meta Meta do festival Coquetel Molotov, em Recife, em 2013, eu ainda era adolescente, mas lembro de ficar muito hipnotizado pela experiência do show da banda, porque era muito diferente de tudo que eu consumia nessa época… Só muitos anos depois conheci o trabalho da Juçara novamente, por meio do “Padê” (2008). Quando conheci os trabalhos mais experimentais, então, como o show de improviso, pirei muito! A subjetividade presente nos trabalhos dela sempre foram realmente inspiradores pra mim, sempre me convida a escutar a minha com atenção. Poder trabalhar agora com ela é, sem dúvidas, uma realização e uma confirmação de várias coisas pra mim. A Clementaum veio falar comigo em novembro de 2023 me convidando pra fazer o remix junto com ela, nunca tínhamos feito uma música juntas e tínhamos pouco tempo, foi intenso. Mas o destino foi lindo e amei trabalhar com a “cleme” porque temos um work flow bem parecido! Pra mim, foi uma responsa fazer “Vi De Relance A Coroa”, é uma das minhas músicas preferidas e por vários motivos também abre o álbum, mas sinto muito nitidamente as nuances da identidade dela e minha na música e fiquei muito contente com o resultado mesmo! Muito animada pra ver isso no mundo!

Mbé por Vitor Granete

MbéJuçara apareceu na minha vida de maneira inusitada, quando eu era apenas um transeunte na Audio Rebel. Sua primeira aparição pra mim foi fazendo “Encarnado”. Lembro de sair atordoado, sem entender muita coisa, mas sempre foi aquilo que me fascinou nos eventos produzidos pela QTV na Rebel. Seguido a isso, trabalhamos dezenas de vezes nesse mesmo espaço, no qual  trabalhei anos fazendo administração do local. Minha admiração pela Ju sempre foi gigante, era um prazer inenarrável receber ela e a trupe paulista pra tocar. Esse remix chegou ate mim por um convite da Mari Mansur, uma das produtoras do disco e da QTV, quando estava numa fase de produção de funk muito intensa, tanto para o “Mimosa”  quanto para uma série de streaming. Minha cabeça estava reverberando muito o universo do funk e foi justamente essa mistura que saiu no meu remix. 

Wallace Função

Wallace Função – Minha relação com a obra da Juçara começou há uns dez anos, fazendo o som dos shows do Encarnado e do Metá Metá no antigo evento semanal de música experimetal que faziamos aqui no Rio de Janeiro, o “Quintavant”, e que, em 2014, se desdobrou no selo “QTV” (por onde saiu o DEB). Sempre fui fã do conceito, da sonoridade que ela imprimia nos discos e shows ao lado dos amigos músicos de São Paulo. Depois desses anos de muito trabalho e construção, tive a honra de passar de admirador da obra para colaborador. Meu background vem do estúdio de gravação e, nessa caminhada. um dos trabalhos que tive a alegria de mixar foi o “Delta Estácio Blues” em 2021. Então posso afirmar que ouvi bastante esse disco, conheço de trás pra frente hehe. Já sabia que queria fazer “Crash”, mas não sabia que onda iria seguir. Todos nós que remixamos tivemos total liberdade, então, entrei numa de usar aquele loop de jungle pra emular uma cadência de samba reggae. Depois, fui jogando uns elementos de pagodão, piseiro, editando os synths originais de acordo com a levada, e a coisa foi tomando forma. A idéia era criar um blend esquisito que remetesse a um Brasil apocalíptico, pós 2013, mas que suingasse.

Telefunksoul e DJ Werson Collabaiana. Foto: Jailton Souza

Telefunksoul – Cara, eu curto o trampo da Juçara há mais de dez anos, já tocamos juntos no Festival Eletronika, em BH, mas confesso que esse disco eu não tinha ouvido ainda, a produtora e minha amiga de décadas Mari Mansur me cutucou e me ofereceu a música “Um Choro”, achei muito boa e aceitei na hora, como estou com um projeto com DJ Werson de Juazeiro, provoquei ele e acabamos fazendo uma linha bem Amapiano, porquê batia certo com o groove da original. Trabalhamos via Internet e finalizamos os dois juntos, aqui em Salvador, no meu home estúdio.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Adorei “Bad Feeling (Oompa Loompa)”, que usa o refrão e a melodia da trilha de “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e foi lançado pela sensação do pop alternativo americano Jagwar Twin. A música não está na nova versão do filme e traz um clima assustador de canção de ninar distorcida e assobios. O clipe distorce de forma divertida os limites da realidade com o apoio de uma trupe de dançarinos, peças de xadrez e rodas giratórias hipnóticas e carrosséis de outro mundo. O clipe foi dirigido pela visionária criadora ucraniana Ganna Bogdan e filmado no icônico LA Circus com clima de circo eslavo.“Bad Feeling (Oompa Loompa)” chegou à parada Viral 50 Chart do TikTok, a Global Spotify Viral 50 charts e está subindo nas paradas da Billboard. Jagwar Twin é o alter-ego quase sobrenatural do cantor, compositor, produtor e contador de histórias Roy English, cujo trabalho é marcado pelas guitarras de rock de garagem, breakbeats sombrios e um toque de electro-pop.

A banda de rock alternativo Justine, de Sorocaba, interior de São Paulo, apresenta o single-clipe Blush, abrindo caminhos para o álbum inédito “Justine“. O lançamento, uma parceria com o selo midsummer madness, celebra dez anos da banda e acompanha mini turnê que passa por São Paulo, Santo André (15) e Sorocaba (16) ao lado da banda nova-iorquina Your 33 Black Angels.  “Essa canção teve um processo de composição um pouco diferente do que de costume, ela surgiu pelas linhas de synth que soam no decorrer da música toda, seguido pela bateria eletrônica, com guitarras vindo só no final do processo, fazendo um contraponto de polirritmia”, explica  Gabriel Wiltemburg, compositor da faixa, que é a primeira da banda com ele como voz principal. A Justine começou na estrada em 2013 como Justine Never Knew the Rules e já lançou EP homônimo (2013) e .o álbum “Overseas”. Essa é a segunda canção em português. O álbum terá participação da banda Wry.

Justibe por Marceli Marques
Foto @xfotofotografia

Um grande e lindo álbum “Find Yourself”, a estreia do Hugo Schettino Blues Trio, formado por Hugo (guitarra e vocal), Fellipe Mancini (contrabaixo), Guillermo Negrito (bateria) e Moisés Veriato (gaita). A filosofia do álbum se confunde com a própria definição de blues, uma forma de aliviar os sofrimentos da vida. Seguindo a tradição do blues, as canções são todas em inglês, mas a banda tem guardadas composições em português engavetadas e adora o blues brasileiro. “Meu maior ídolo é Celso Blues Boy, inclusive já até autografou uma guitarra minha quando eu tinha uns 17 anos”, me conta Hugo, num papo no chat do Instagram. “Pretendemos fazer o próximo disco todo em português, não pode faltar”, finaliza. Falamos da tradição blueseira de Jufas.

“Acho que tudo começou nos anos 90 e nos 2000, ou até antes… Juiz de Fora tinha uma cena forte de rock e, consequentemente, também de blues… Lembro da época do Celso Blues Boy, Big Joe Manfra, Jefferson Gonçalves, Big Gilson, Blues Etílicos, Baseado em Blues… “, relembra, sobre uma fase da qual eu também participei, especialmente no Prova Oral. O álbum traz várias versões do ritmo, como o blues tradicional ou elétrico da escola de Chicago (“That’s All Right”, “No More Rain” e “I Will See You Again”) , o shuffle “com rítmica mais forte e animada, uma bateria com bumbos constantes” (“Find Yourself”, que esteve aqui na playlist da semana passada, e “The Way You Look me” e “Let me Be”) boogie woogie, rockabilly (mais animados na temática e dançantes), o blues jazz “:com elementos rítmicos do jazz, principalmente a marcação do prato de condução da bateria”  (“Don’t Play With My Heart”) e o blues acústico do Delta do Mississipi (“Blues Boy”).

Oruã no Maquinaria
BNegão e os Seletores de Frequência. oto: -Felipe Diniz
Bixiga 70
Obey! que eu gosto
O Bordel do Femmenino
Luizfa no clipe de 'Txaísmo" e no Beco
Placebo no Brasil
Rodirgo Mangal e o "Cabaret dos Seres da Ribalta"
Interpol fará mais um show em São Paulo

Tem Samba de Colher, sexta (15), às 18h, no Armazém do Campo.

A Oruã toca no Maquinaria na sexta-feira (15), às 21h. A banda é formada por Lê Almeida (guitarra e voz), João Casaes (synth), Bigú Medine (baixo) e Phill Fernandes  (bateria) e está gravando o próximo disco, “Passe”, nova era anunciada com o single “Me Acontece”, no ano passado.

Esta sexta (15), às 20h, tem BNegão e os Seletores de Frequência encerrando a turnê de dez anos de “Sintoniza Lá”, e os craques do Bixiga 70 lançando o álbum “Vapor”, às 20h, no Circo Voador.

A banda Obey! que eu gosto faz o primeiro show do ano, sábado (16), às 14h, na nova sede do Motoclube Insubordinados 🏍 , com entrada franca, na Avenida Senhor dos Passos 2.277, em São Pedro. Saoko papi saoko 🏍. 

Tem Batuque na Roda na Praça do Cruzeiro, sábado (16), das 14h às 18h, só chegar.

O Bordel do Femmenino rola sábado (17), às 22h, no Muzik, com sets de Femmenino, Isontheedge e Shyoty.

O talentoso Luizga está de tour pelo Brasil e passa pelo Beco, no domingo (17), com abertra do geial Renato da Lapa.

No domingo (17), às 18h, tem show da banda Placebo, em São Paulo, no Espaço Unimed.

No domingo (17), das 18h às 22h, no Stúdio Viga, na Floriano Peixoto 42/301, parte baixa, o Dilfluência faz sua décima edição, com exposição de trabalhos de Alice Ruffo e Rosane Preciosa e apresentações musicais.

A série “Cabaret dos Seres da Ribalta” apresenta seu quarto episódio, que tem como cenário a Praça da Estação e seus prédios históricos no entorno. O lançamento desta nova edição será na terça (19), às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno, com entrada franca e live de lançamento para as plataformas digitais no dia 22 de março, às 21h, na página do Facebook Cabaré Ribalta. Nas cenas e no elenco, estão os atores Marcos Bavuso e Marcus Amaral, a dança de Silvana e Davi  Marques e do grupo Emcenacem, o Bar do Abílio e os músicos Zezinho da Guitarra, Dudu Lima, Caetano Brasil, Leandro Scio e Gabriel Acaju. Mais uma vez, Ramón Brandão desenha as cenas.

Com ingressos esgotados para a primeira data em São Paulo, no dia 7 de junho, a banda americana Interpol fará mais uma apresentação, no dia 8, na Audio, em São Paulo. Ainda tem ingressos disponíveis para o dia 5 no Vivo Rio.

Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023,  2022, 2021 e 2020 nos links

Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Night Club, Gorgon City, Tripolism + Nandu & Radeckt, The Driver Era, Heidi Klum + Tiësto, The Marías,  UTOPIXXXTA + Noporn, Arthur Melo, PNAU + Empire Of The Sun  (Anfisa Letyago Remix), The Black Keys, Bryan Behr + Duda Beat, Jota.pê + Gilsons, Olly Alexander, Ariana Grande, Norah Jones, Benziê, Katia e Marielle Labèque Willow e Metronomy + Pan Amsterdam.

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