Sexta Sei: DurangoKid mostra o Flow Petrópolis com playlist de artistas da cena rap da Serra Fluminense

Artista revelação da cidade imperial acaba de lançar o disco conceitual “DKMERON – Delírios Distópicos” e desvela uma cena potente, com artistas como Nega Preto,  Wallbenta, July 217, Coq, e YNC Younco.

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

DurangoKid nos stills do clipe de “Flow Petrópolis”

Aqui nas playlists da Sexta Sei, já passaram algumas faixas do novíssimo rap petropolitano, como “Liricanalha”, “Flow Petrópolis” e “Pisada”, todas do bom disco de estreia de DurangoKid, 36 anos,  “DKMERON – Delírios Distópicos” , e a potente e contestadora “Do Ruço pra cá”, da rapper trans Nega Preto, em parceria com Torpe. Essas faixas despertaram a minha curiosidade sobre a cena da cidade vizinha, conhecida, justamente, por ser imperial, elitista e branca. A meu pedido, DurangoKid elaborou uma playlist #RapSerra, de pouco mais de uma hora, com bons nomes da cena, como Wallbenta, July 217 , Coq e YNC Younco. Tá pedrada!

“A música “Flow Petrópolis” apresenta as ruas de Petrópolis pela minha visão, de quem foi criado combatendo os paradigmas estéticos e sociais da  cidade. A letra fala dessas situações de subversão, rebeldia e ambições artísticas”, resume o artista DurangoKid, minha antena fincada na Serra. O seu disco de estreia, o bom e conceitual  “DKMERON – Delírios Distópicos”, filho da pandemia, faz uma ponte entre o Brasil bolsonarista de 2021 e a Europa sob a peste bubônica de Giovanni Boccaccio em “Decamerão” (1353), misturando rap, trap, funk e reggaeton para embalar versos sobre uma sociedade em colapso.

“DKMERON – Delírios Distópicos”, na capa de Matheus Quinan

“A cena em Petrópolis tem alicerces profundos, porque existe uma mobilização do movimento hip hop forte aqui, e quando digo forte, digo combativa, né? Que tem força pra persistir mesmo com tanta dificuldade“, conta DurangoKid. O centro histórico da cidade imperial, com toda sua pompa, acabou virando o palco.”O núcleo nervoso, na minha visão, é a rua. No centro histórico, tem muita praça, chão liso, esquina. E muita gente passa pelo centro, entre casa, trabalho e escola. Aqui, temos a Roda Cultural do CDC, há 9 anos, semanalmente, e essa organização do movimento promoveu muitos eventos de rua“, relata o rapper.

Roda Cultural do CDC (sdds aglomeração)

Música produzida por jovens periféricos, sem recursos ou incentivos, só pode ser mesmo feita na rua. Acho que essa acessibilidade incentivou muita gente a botar a cara, a se articular.  E, como nos últimos anos, o rap cresceu muito no Brasil, um movimento amplificou o outro, e a cena tá nesse momento que a gente pode ver. Muita qualidade musical, produções sérias, selos, bandas, grupos”, analisa o rapper, que se considera da primeira geração do rap da cidade, “apesar de ser o caçula”.

ADL

Ele já pensa na articulação do Rap Serra como próximo passo. “A região já vem se destacando há uns anos, com ADL, Gabrá, agora o Choji, furaram a bolha. O desafio é trazer estrutura pra cena daqui, fomentar toda a diversidade envolvida e criar um calendário que movimente o público e traga recursos pras produções. Pra mim, é um privilégio acompanhar essa história e foi muito difícil indicar alguns nomes pra essa matéria, porque tem muita gente talentosa e que vem se dedicando cada vez mais aqui, espero que, em breve, role uma continuação, haha”, finaliza. Ah, não contei que a playlist tem uma versão extendida de 2h46 que inspirou todo o rolê?

Nega Preto

Nega Preto, 23 anos, lançou um dos melhores discos de rap do ano, o bom “Boiola retinta”, produzido por ela com um notebook e um microfone USB. Sua lírica contundente já é conhecida na cena de slam do Brasil. Ela participou, por dois anos consecutivos, do Slam BR, representando Rio e Minas. O disco traz instrumentais que misturam funk, trap e batucada a letras que falam sobre cultura preta, bissexualidade e transgeneridade. Quase uma Linn da Quebrada serrana! Ah, o disco tem participação do nosso Yhoung S.M.O.K.E.

“Afro Intro”: “Se os pretinho sorrir, já valeu cantar”

Junto ao álbum, a artista lançou o mini clipe acima para “Afro Intro”, exaltando a beleza preta com um elenco composto por pessoas cis e transgêneras, gays, hétero e bissexuais. Falar preto também é falar de trans /  É falar de bi / É falar de nós tudo”, diz a letra. Eu adoro “Do Ruço pra cá”, que saiu em EP logo depois do disco, “Canções do Lar”. “E quando eu falo que é RJ, mano, cês nem imagina / Que interior do Rio é diferente aqui pra cima / Mó tentativa de Europa, ah, se não fosse a poesia / Eu não acredito que cês acredita nisso / Que aqui não tem mendigo, na Bauern rola o sumiço”, diz a letra.

Eu disse princesa do drill! É a July 2.1.7., 16 anos

Entre a novíssima geração, o ritmo da hora é o drill. Ele nasceu em Chicago, há cerca de dez anos, como um desdobramento do trap, e é marcado pelo clima sinistro e pelos graves que “deslizam”, criando uma atmosfera violenta. A referência é o rapper Pop Smoke. Em Petrópolis, a jovem July 2.1.7., 16 anos, lançou “Drillstar”, decolando mais que a NASA” para o topo, que é seu lugar, como diz a letra. Júlia começou na dança e sempre gostou de música, fazendo as suas primeiras composições aos 13 anos. Dá pra assistir à gata em “Trap hunter “ (adoro a juventude sendo feliz e bonita) e “Sauce”. Ela arrasa. “A cena aqui evoluiu muito. As mulheres estão presentes, mas nem sempre obtêm o espaço e o reconhecimento que merecem”, conta, pelo e-mail.

Wallbenta
Coq
YNC Yunco

Como o DurangoKid já meteu o spoiler, é muita  juventude que brilha para caber em uma coluna só. Wallbenta tem 25 anos e mostra o alto nível da sua rima e da elaboração de todo o seu conteúdo com o clipe maneiro e esperto de “Corta vento e russo”, com direito a final surpreendente em homenagem ao seu pai. O cara é o Lil Nas X da Serra, muito criativo nos clipes, como no “Pra elas2”. Ele tem estilo “objetivo com swing diferente“, e faz parte do coletivo Home Grow. É mais um entusiasta do drill.

“Pra elas2”, de Wallbenta 

Coq (Lucas), 29, começou a trajetória no rap em 2006. Ele integra o grupo Ictus Rap, pelo qual lançou o disco “Diamante Safira, com participações femininas, este ano. Eu adoro “Dia de Folga”. Ah, ele tem mais um disco na agulha, pra sair ainda este ano, “SportMafia”, com beats de drill e trap (eu avisei). YNC Younco, 24 anos, é um dos pioneiros do trap na serra, com o grupo Killa Beat Gang, em 2015. Apesar de não ter lançådo um ábum cheio, ele tem mais de 60 músicas gravadas. Sua primeira fitinha, a “Mixtape elas”, foi lançada em 2019, falando sobre as meninas, e a música com mais hits no Spotify é “Joia cravejada.

Abaixa que é tiro!??

Hoje a Sexta Sei dá o pontapé na campanha de crowdfunding mensal pra custear a Internet e o Spotify usados para fazer a coluna e suas playlists. Precisamos de R$ 220/mensais pra pagar esses boletos, e só você, leitor, que curte aqui o rolê, pode nos defender! Com R$ 5, você já pode ajudar! Vinte pessoas dando essa contribuição, salvou o baile 😉 Tamo aí mandando brasa ?

“Alma Despejada”, Irene Ravache
SCinestesia, da Cia De Danças De Diadema. Foto: Carol Vidal

Sucesso da Cia. Barca dos Corações Partidos, o espetáculo “Auê” tem temporada online, até 19 de setembro, de sexta a domingo, às 20h, no Teatro Sérgio Cardoso. Com 18 prêmios na bagagem, “Auê” apresenta 21 canções autorais do grupo e mescla teatro, música, dança e performance. A direção é de Duda Maia. Os ingressos custam a partir de R$ 15. A sala de transmissão digital abre com 15 minutos de antecedência. A companhia sempre impressiona, como nas montagens de “Gonzagão – A Lenda”, “Ópera do Malandro”, “Suassuna – O Auto do Reino do Sol”, “Macunaíma” e “Jacksons do Pandeiro”.

A Armazém Companhia de Teatro apresenta o teatro de jogo “Parece loucura, mas há método a dois”, continuação da pesquisa iniciada em “Parece loucura, mas há método”, nestes sábado e domingo, às 20h. Novamente, a experiência é baseada em personagens da obra de William Shakespeare,  a partir de fragmentos das peças “Medida por Medida”, “Tróilo e Cressida”, “Julio César” e “Henrique IV”. Quatro duplas de personagens se enfrentam no tablado digital, conduzidas por um mestre de cerimônias. O grande diferencial é que os atores não sabem os personagens que irão interpretar, o que é definido, por sorteio, no início da apresentação. O público ajuda a tomar as decisões. Tem Simone Mazzer e o nosso juizforano Ricardo Martins no elenco, e a direção é de Paulo de Moraes. O púbico quem define o valor a ser pago. O rolê é pelo Zoom, e atrasados, que prejudicam a dinâmuca, não são aceitos.

A Companhia de Danças de Diadema faz turnê virtual de seu novo espetáculo “SCinestesia”, com concepção e direção de Ana Bottosso. As sessões rolam, sempre às 20h, hoje (3), em Caraguatatuba, sábado (4), em Mogi das Cruzes, e dia 17, em Diadema e Pirassununga.

Teatro, contação de história, música e interatividade do público ajudam a recontar o clássico de Hans Christian Andersen “Soldadinho de chumbo”, domingo (5), às 16h.

No monólogo “Alma Despejada”, Irene Ravache interpreta Teresa, uma professora de classe média, já morta, que visita a sua casa e tem a alma despejada com a venda do imóvel. O texto é de Andrea Bassitt, de “As Turca” e “Operilda na Orquestra Amazônica”. A montagem será exibida na quinta-feira (9), às 20h30, no Youtube do Sesc em Minas (com intérprete de libras).

La Casa de Papel
Lúcifer
Sex Education
Sex Education
Sex Education
Cara Gente Branca

“Quando entrar setembro” na Netflix vai ser babado, risos. Hoje mesmo estreia a quinta e última temporada da série mais assistida no Brasil e a produção de língua não inglesa mais vista na plataforma, a maravilhosa “La Casa de Papel. Mais de 600 macacões vermelhos foram usados até aqui, com redução de outras cores primárias para destacar a escolha do criador Álex Pina. Vamos acompanhar o final do assalto ao Banco da Espanha, com o professor capturado e o Exército em cena. Passo mal com Rio, sou mau? No dia 10, é a vez da temporada final de Lucífer, sempre diversão garantida com o bom ator Tom Ellis, que agora é Deus, um gostoso também.

Quem também está de volta é a divertida “Sex Education”, que chega com a terceira temporada no dia 17, com participação de Gillian Anderson. Maeve não consegue ouvir a mensagem deixada por Otis no final da última temporada. No dia 21, entra a segunda temporada de “Amor no espectro”, que mostra como pessoas no espectro autista lidam com as relações amorosas. Delicado e surpreendente. No dia 22, chega o quarto e último volume da maravilhosa “Cara Gente Branca”, em clima de flashback anos 90, com Sam e Lionel relembrando o último ano em Winchester.

A cantora e compositora Juçara Marçal acaba de lançar “Crash”, single que revela as cores e as camadas de seu segundo disco solo, “Delta Estácio Blues”, com produção musical de Kiko Dinucci. A música, uma pedrada só, foi composta em parceria com Rodrigo Ogi. O clipe  é assinado pela diretora carioca Ana Julia Theodoro e vai ao ar no IGTV nessa sexta.

O disco é sucessor do aclamado “Encarnado”. “Delta Estácio Blues” trará a forte presença de Juçara como compositora. O primeiro single aproxima a linguagem da artista do rap e do hip hop. O novo disco trará também parcerias de composição com Tulipa Ruiz, Siba, Rodrigo Campos, Maria Beraldo e Douglas Germano, além de participação de Catatau. A ideia é abordar a música eletrônica fora de clichês e gêneros.

Maglore na Virada Cultural. Foto: Duane Carvalho
Sérgio Dias na Virada Cultural
Renato Teixeira e Yassir Chediak na Virada Cultural
Nelson Ayres e Ricardo Herz
Fundição Progresso

No sábado (4), tem #ViradaSP, sempre um primor, com Renato Teixeira convida Yassir Chediak (17h), Sérgio Dias (19h), Rolando Boldrin (20h30) e os amigos baianos do Maglore (21h40).

No sábado (4), às 20h, Nelson Ayres e Ricardo Herz se apresentam no projeto Concertos Astra-Finamax.

No Acorde, do Circo Voador, domingo (5), ao meio-dia, tem show de Rafa Costta e Augusto Guabiraba, encerrando a primeira temporada do projeto. “O tempo tá passando ligeiro demais” ♩ ♪ ♫

Termina hoje (3) o prazo para inscrições de trabalhos autorais de artistas residentes na Zona da Mata mineira no FAC – Festival Audiovisual de Cultura de Minas Gerais. Nesta edição, serão aceitos trabalhos de Música , Artes do Corpo, Audiovisual e Híbridos. As propostas selecionadas irão receber um prêmio de R$ 500 para veicular o conteúdo na plataforma do FAC a partir de novembro. O edital e o formulário de inscrição estão disponíveis no www.festivalfac.com.br.

O projeto Niterói em Cena RESISTE! lança o Programa de Capacitação em Teatro Virtual, que terá inscrições abertas a profissionais de teatro de todo o país de 6 a 22 de setembro. Serão oferecidas 30 vagas, sendo dez para residentes de Niterói e 20 para moradores das demais cidades do Brasil, com bolsas equivalentes a 340 euros (valor total) por aluno. No fim do período, obras criadas pelos alunos farão parte de um festival de teatro virtual, realizado em janeiro. O regulamento completo está aqui

A Funalfa lançou o segundo edital do Programa Cultural Murilo Mendes em 2021. Disponibilizando R$ 200 mil, o edital “Fernanda Müller de Cultura Trans” recebe inscrições a partir desta terça-feira, 31, até o dia 19 de setembro, de forma presencial ou on-line. O edital completo está disponível no site. Serão premiados os melhores projetos artísticos que valorizem a cultura e/ou a comunidade trans

A Fundição Progresso, sem eventos presenciais devido à pandemia apresenta o Fundição Multicultural 2021, A programação reúne cursos, debates e palestras, tudo online. Entre os cursos, a R$ 50, estão temas como etnoculinária, ilustração, comunicação, batucada de ritmos brasileiros na panela, consciência corporal, direção teatral, atuação, filosofia, maquiagem, cavaquinho, canto, dança afro e cosmética natural.

Ilustração de André Ribeiro Silva

Lamento a partida, essa semana, do meu professor Juarez Polisseni Braga, que moldou o meu caráter com suas aulas descontruídas e sua militância sindical. Vai fazer falta, professor. Deve ter chegado no céu com uma bela pauta de reivindicações e pedido a minha tia Soninha Moreira em casamento umas 20 vezes. Será que no céu ela aceita?

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist de videoclipes com Halsey, Jake Bugg, Gaby Amarantos + Dona Onete + Alcione, Olympic, Luedji Luna, Kendrick Lamar + Baby Keem, Seat, Pejota + Victor Negg, Ramonzin + L&NNON, Cabal + Ogi + Tropkillaz, Rod 3030 + The Game, Papatinho + Luccas Carlos + Orochi + L&NNON, Haikaiss, Burna Boy, MC Tikão + Djonga + Cabelinho, Lia de Itamaracá, Konai + Knust, Jorja Smith, Čao Laru, Charli XCX e Luan Santana.

Sexta Sei, por Fabiano Moreira