É tocando na rua, no projeto Esquina do Jazz, que ela se sente livre, como um cavalo correndo no potreiro, como se mostra em seu quinto álbum, “Eu viro bicho”
por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com
“As flores do jardim gritaram: mas mulher, tu é bela”, para o eu-lírico da compositora, cantora e artista pública Carolina Zingler, 45 anos, gaúcha radicada em Portugal, em “Mais linda”, segundo single lançado de “Eu viro bicho”, seu quinto disco de estúdio, que chegou esta semana. O volume foi gravado de forma a manter o espírito da execução musical, com os músicos tocando em salas próximas, interligadas, para preservar a sensação única da performance ao vivo. A trajetória da artista é marcada pelo projeto “Esquina do Jazz”, que já aconteceu nas ruas de Lisboa, São Paulo e Florianópolis. É nessa pergunta que, mesmo por e-mail, dá para sentir a alma de Carolina se iluminar. “Conheci tanta gente legal performando nas ruas que, só por isso, valeu. Além de experimentar repertórios, me deu uma outra visão sobre minha relação com meu ofício. É uma troca sincera com o público e, ao mesmo tempo, simples, porque tu vai lá, se apresenta sem depender de estruturas maiores. Me sinto livre, como um cavalo correndo no potreiro (campos como chamamos nos pampas gaúchos rsrs), no seu ritmo e verdade”, revela. Que prazer conversar com Carolina.
Moreira – Nossa, eu sou totalmente obcecado com “Mais Linda”, o segundo single a apresentar o álbum. Já é uma das cinco melhores músicas do ano. É uma canção dançante e alto astral, uma mensagem para todas as mulheres (e pras gays também). Amor próprio é importante demais? Como amar o outro sem amar a si mesmo, né?
Carolina Zingler – Ahh que legal, eu adoro essa música também . É super importante essa boa relação com a gente mesmo e com as escolhas que fazemos. Conseguir silenciar em si, se dar os momentos de tranquilidade e prazeres que precisamos pra recarregar as energias. Às vezes, a gente esquece de se proporcionar momentos deliciosos pra viver no meio do movimento da nossa vida.
Moreira – O conceito do álbum “Eu viro bicho” é falar de como os animais lutam para preservar o que é importante para eles, e de como o nosso lado bicho luta para manter nossa essência. O álbum fala sobre a paixão que nos move? Quais as paixões que te movem?
Carolina Zingler – Eu acho que o álbum fala dessa conexão com a gente mesmo que protege essas sementes que guardam os sonhos em potencial que temos na nossa essência. Esses sonhos, desejos, vontades que nos movem pela nossa caminhada pela vida, e assim vamos fazendo escolhas a partir disso e construindo mundos dentro e fora da gente. Os bichos são conectados consigo e sua natureza. Sabem, instintivamente, sobre seu viver, não pensam sobre nada, são! Se a gente está conectado com essa força da nossa própria natureza, florescemos de uma forma especial. A música e a conexão que ela promove me inspiram: são os encontros com as pessoas, culturas variadas, sonoridades de diferentes lugares. E a arte de rua como performance urbana também. Isso de fazer da cidade um palco vivo, me traz sempre um presente. Adoro horizontes, e tocar violão vendo imagens mentais que esses lugares promovem, me fascina. É massa chegar num espaço e despretensiosamente, tocar! Da um frio na barriga e, quando alguém conecta, a gente sente, é mágico.
Moreira – A única canção do álbum que não foi composta por você é “Meu amor e meu cansaço! de Jards Macalé, Thomas Harres, Kiko Dinucci e Romulo Fróes. Só feras, essas queridas. Como ela entrou nesse volume autoral? É a música que sua companheira, Vanessa, mandou quando vocês se conheceram?
Carolina Zingler – Foi! Era pandemia, e a gente trocava mensagens, sem se conhecer pessoalmente, e eu pedia a ela pra mandar músicas que ela gostava. A gente tinha todo tempo do mundo, mas tanto eu como ela ficávamos ocupadas o dia todo, ela é atriz, diretora, professora, musicista, tá sempre criando algo. Mas, quando era tipo 11h da noite, ficávamos conversando. Nossa … quando ela me mandou essa música, eu fiquei hipnotizada! A música é fantástica. A gravação do Jards tem uma atmosfera ímpar, aquele solo de guitarra entrava de um jeito que eu não acreditava! Fazia todo sentido pra mim, colocar no disco. Os compositores são maravilhosos.
Moreira – Me fala mais sobre o seu projeto, “Esquina do Jazz”, que já aconteceu em Lisboa, São Paulo e Florianópolis. Uma artista aqui de Juiz de Fora, a Sil Andrade, se chama de “artista pública”. Você costuma pensar suas performances na rua como uma intervenção urbana?
Carolina Zingler – Ah! Que legal, vou procurar a Sil Andrade! Eu acho que é sempre muito especial tocar na rua, além de ser um ato democrático no qual quem quiser curtir pode chegar, é mágico. Acho que meus encontros mais importantes aconteceram assim. Conheci tanta gente legal performando nas ruas que, só por isso, valeu. Além de experimentar repertórios, me deu uma outra visão sobre minha relação com meu ofício. É uma troca sincera com o público e, ao mesmo tempo, simples, porque tu vai lá, se apresenta sem depender de estruturas maiores. Me sinto livre, como um cavalo correndo no potreiro (campos como chamamos nos pampas gaúchos rsrs), no seu ritmo e verdade. Isso, como uma boa sagitariana, me move, me encanta! E eu amo tocar e, quando descobri a arte de rua, um universo de infinitas possibilidades se abriu pra mim. A primeira vez que toquei numa metrópole foi em Buenos Aires, em 2011. Depois, em São Paulo, tive a ideia de ir pra Paulista apresentar meu segundo disco e escolhi uma esquina charmosa da avenida. Cheguei perguntando para artesãos que já estavam ali se seria legal eu tocar perto deles e fui super bem recebida. Pra minha surpresa, juntou um monte de gente, vendi CDs e acabei voltando no dia seguinte e assim foi, ia todos os dias, quando não chovia e não ventava muito. Era julho de 2015, ainda não tinha a Paulista fechada, e havia muito espaço e poucos músicos tocando lá. Foi um paraíso até 2018, quando muita gente começou a tocar lá e ficou um pouco cheio. Eu perdi um pouco o encanto pela pela Paulista e fui para os parques. Foi legal também, mas senti que era hora de mover. Meu sócio no meu estúdio, Gerência Records, Tomas Gleiser, que também gravou no disco (baixo), me falou que tinha ido pra Portugal com a banda dele (que também faz arte de rua, os Mustaches & os Apaches) e que era incrível para performances na rua. Eu fui experimentar. Marquei uma viagem de 20 dias, que viraram 2 meses e depois seis. E, depois disso, senti que tinha que voltar todo ano para Lisboa. Em 2019, gravei meu webdoc sobre arte de rua “Take my soul to fly”, no qual passamos por oito países, performando nas ruas de cidades lindas e fascinantes. Dá pra assistir na íntegra no meu canal do YouTube, são oito episódios, um para cada cidade. Dessa experiência, também surgiu meu quarto álbum, “Inspiration Sessions Vol. I”, no qual fiz uma canção para cada cidade que passamos.
Moreira – Me fala mais sobre o seu projeto, “Esquina do Jazz”, que já aconteceu em Lisboa, São Paulo e Florianópolis. Uma artista aqui de Juiz de Fora, a Sil Andrade, se chama de “artista pública”. Você costuma pensar suas performances na rua como uma intervenção urbana?
Carolina Zingler – Ah! Que legal, vou procurar a Sil Andrade! Eu acho que é sempre muito especial tocar na rua, além de ser um ato democrático no qual quem quiser curtir pode chegar, é mágico. Acho que meus encontros mais importantes aconteceram assim. Conheci tanta gente legal performando nas ruas que, só por isso, valeu. Além de experimentar repertórios, me deu uma outra visão sobre minha relação com meu ofício. É uma troca sincera com o público e, ao mesmo tempo, simples, porque tu vai lá, se apresenta sem depender de estruturas maiores. Me sinto livre, como um cavalo correndo no potreiro (campos como chamamos nos pampas gaúchos rsrs), no seu ritmo e verdade. Isso, como uma boa sagitariana, me move, me encanta! E eu amo tocar e, quando descobri a arte de rua, um universo de infinitas possibilidades se abriu pra mim. A primeira vez que toquei numa metrópole foi em Buenos Aires, em 2011. Depois, em São Paulo, tive a ideia de ir pra Paulista apresentar meu segundo disco e escolhi uma esquina charmosa da avenida. Cheguei perguntando para artesãos que já estavam ali se seria legal eu tocar perto deles e fui super bem recebida. Pra minha surpresa, juntou um monte de gente, vendi CDs e acabei voltando no dia seguinte e assim foi, ia todos os dias, quando não chovia e não ventava muito. Era julho de 2015, ainda não tinha a Paulista fechada, e havia muito espaço e poucos músicos tocando lá. Foi um paraíso até 2018, quando muita gente começou a tocar lá e ficou um pouco cheio. Eu perdi um pouco o encanto pela pela Paulista e fui para os parques. Foi legal também, mas senti que era hora de mover. Meu sócio no meu estúdio, Gerência Records, Tomas Gleiser, que também gravou no disco (baixo), me falou que tinha ido pra Portugal com a banda dele (que também faz arte de rua, os Mustaches & os Apaches) e que era incrível para performances na rua. Eu fui experimentar. Marquei uma viagem de 20 dias, que viraram 2 meses e depois seis. E, depois disso, senti que tinha que voltar todo ano para Lisboa. Em 2019, gravei meu webdoc sobre arte de rua “Take my soul to fly”, no qual passamos por oito países, performando nas ruas de cidades lindas e fascinantes. Dá pra assistir na íntegra no meu canal do YouTube, são oito episódios, um para cada cidade. Dessa experiência, também surgiu meu quarto álbum, “Inspiration Sessions Vol. I”, no qual fiz uma canção para cada cidade que passamos.
Abaixa que é tiro!💥🔫
Só cresce a expectativa para o álbum de estreia solo de Dora Morelenbaun, “Pìque”, que tem produção de Ana Frango Elétrico e coprodução da artista e está previsto para outubro . Depois do single “Caco”, lançado em agosto, chegou “Essa Confusão”, em setembro, uma experiência bela, inquietante, ruidosa e nada óbvia. Os lançamentos são em parceria dos selos Coala Records e Mr Bongo. “Essa Confusão” foi composta no fim da produção do álbum “Sim Sim Sim”, da Bala Desejo, e a música entrou para o repertório de algumas apresentações do grupo, fazendo com que ela se tornasse conhecida entre os fãs. A letra fala da dualidade de emoções de uma paixão que desafia a lógica e a razão. Já “Caco” abraça o humor, a ironia, a frustração e o otimismo do amor. “É uma letra de amor não tão usual, uma perspectiva tanto frustrada como otimista”, resume a cantora.
*Paulo Novaes, vencedor do Grammy Latino por melhor canção em 2021, e Luizga, grande compositor mineiro, conhecido por fundar as bandas Graveola e Rosa Neon, se unem no projeto Txai Band, que acaba de lançar o primeiro single, “Tamani”, lançamento pela LOCO Records, que chega acompanhado por um documentário. Tamani é uma liderança, filha mais velha do cacique da aldeia Chico Curumim, com nome de registro Maria do Socorro, encarregada dos assuntos da comunidade, e incumbida da tarefa de manter seu povo unido, tornando-se uma figura de responsabilidade espiritual, afetiva e política muito ampla. A canção surgiu a partir de observações de Paulo acerca das interações familiares dentro da comunidade e toda a relação de parentesco, pois toda a aldeia é estruturada a partir dessas relações. “Tem várias imagens que gosto muito na canção. Família grande, confusão, porque é o que experimenta vendo essa dinâmica”, relata Luiz Gabriel Lopes. O projeto Txai Band é uma colaboração os dois artistas e jovens do povo Huni Kuin, representados por Tuyn Kaya, Mística Samany e Maspã Huni Kuin, da aldeia Chico Curumim, no estado do Acre, coração da Amazônia. Colaboram ainda Mestrinho, Kabé Pinheiro, Breno Ruiz e Nyron Higor.
Eu adoro os lançamentos do selo Cavaca Records, que tem, na cartela, eliminadorzinho, Salmos, Pessoas Estranhas, Helo Cleaver, Jandaia e Felipe Neiva. O último é ”Pantufas”, do Meu Nome Não É Portugas, novo projeto de Rubens Adati. O single anuncia a chegada de seu novo álbum, “Perdi minhas pernas em Shangri-La”, gravado no Inhamestúdio, em Cotia (SP). Confortável como uma espreguiçada, mas com um groove que chama pra dancinha, “Pantufas” reflete sobre curtir o tempo das coisas, com elementos de hip-hop, R&B e uma pegada Lo-Fi beats. O single conta com as colaborações de Pedro Lacerda (Glue Trip / Castello Branco) na bateria, Bruno Bruni nos teclados e Henrique Kehde (Monstro Extraordinário) nas congas.
Depois de 14 anos, Mariah Carey volta ao Brasil com show em São Paulo, sexta (20), às 17h, no Allianz Parque.
Nesta sexta (20) te o trapper Black Panther na Batalha do Bandeirantes, às 20h. Depois, ás 22h, tem Club Shy na Marginal Lab, com Shyoty, Crraudio, Amanda Fie e Femmenino.
As bandas Velotrol e Hugo Schettino Trio fazem show, nesta sexta (20), às 22h, no Cultural. No sábado, por lá, tem showzera com o jovem Luccas Carlos que eu gosto.
No sábado (21), às 20h, Oswaldo Montenegro apresenta show da turnê “Celebrando 50 anos de estrada”, no Cine-Theatro Central. O artista interage com imagens de sua vida e carreira projetadas num imenso painel de led. No palco, ele se reveza entre os violões de 6 e de 12 cordas e, nas imagens, aparece ao piano.
As bandas punk de Niterói Mototaxi e Klitoria fazem o último show de série pelo Brasil, lançando o EP “Com as próprias pernas”, ao lado da local Valla , domingo (22), às 17h, no Maquinaria.
O The Wall Reggae Festival rola em Ibitipoca, com Rafael Cardoso, Junior Dread (SP), sexta (20) e Fernando Pessôa & Emmano (RJ) e Vitin (ex-Onze:20), sábado (21). A banda Reggae Feelings acompanhar as atrações, e os intervalos tem discotecagem de Villela, guitarrista da banda Soul Rueiro e produtor musical. O evento tem traslado Jufas-serra, bacana.
Vai rolar o Afropunk Experience Belém, sábado (21), às 17h, no Espaço Náutico Marine Club, sempre com o compromisso em valorizar a cultura negra do Brasil, com shows de Dona Onete, Olodum, Black Alien, Mega Príncipe, e o momento Rock Doido do Psica, nome do festival que mistura tecnobrega e aparelhagem, o mais puro suco de Belém.
No sábado (21), às 21h3o, tem aniversário da Fundação Ricardo Moysés Jr. com showzera dos Beatles Forever, no Clube Cascatinha.
Aa bandas Vanguart e Peso fazem show, sexta (21), às 21h, na Autêntica, em BH.
Los Sebosos Postizos tocam o “A Tábua da Esmeralda”, de Jorge Ben Jor, álbum que completa 50 anos, sexta (20) às 20h, no Circo Voador.
O mestre Jards Macalé e o percussionista Sergio Krakowski apresentam o show “Mascarada”, álbum que homenageia o sambista carioca Zé Keti, no Manouche, no Rio, no sábado (21).
Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023, 2022, 2021 e 2020 nos links
Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com FKA Twigs, Jamie xx, Coucou Chloe, Arca + Tokischa, Katy Perry +Doechi, WhoMadeWho, MHD, Rod Krieger. Branko + Sam the kid, Michael Kiwanuka, Frost Children, Tiago Caetano, Jack White, Residente + Arcanjel, The Weeknd, Tare McRae, Shawn Mendes, Sleaford Mods e Jean Tassy + Don L + Iuri Rio Branco.
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