Sexta Sei: Pernambucano Jam da Silva lança disco “Vuko Vuko”, um abuso de energia

A ideia foi criar uma obra que fosse companheira dos ouvintes em tempos pandêmicos, trazendo mensagens de esperança, fé e autoconfiança

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fotos: Thais Lima

O músico pernambucano Jam da Silva, 45 anos, trabalhou por dois anos no fazer do disco “Vuko Vuko”, que ele lança, hoje, em todas as plataformas de música, pela gravadora digital Koro Koro Music. “Sabia que não teríamos shows e queria fazer um disco que fosse companheiro das pessoas em mais mensagens de esperança, fé, autoconfiança. Ainda mais em tempos assim que estamos a viver”, analisa o músico, que fala sobre o desejo coletivo de voltar a aglomerar em um grande “Vuko Vuko”.

Leve de brisa

O disco já mostra a força da canção nos dois singles que saíram antes do lançamento, “Leve de Brisa” e “Meu jardim secreto”, ambas com clipes. Hoje sai um terceiro clipe para a faixa-título, “Vuko Vuko”. O álbum mistura samba de roda da Bahia, coco de roda de Pernambuco, ijexa, linhas de baixo jamaicanas, toque de kizomba de Angola, um resumo das andanças do artista, que passou por África, Brasil e Caribe. Esse é o terceiro disco solo da carreira do artista, que lançou, antes, “Dia Santo” (2008) e “Nord” (2014).

Meu jardim secreto

Vencedor do Grammy latino por participação em disco de Elba Ramalho, Jam já tocou com Marcelo Yuka, na banda Furto, e teve músicas entre as mais tocadas na BBC em Londres. Ele também participou do projeto paralelo Orchestra Santa Massa, com o qual tocou na festa de encerramento das Olimpíadas do Rio de Janeiro. Suas músicas já foram gravadas por nomes como Roberta Sá (“O Pedido”), Elba Ramalho (“Gaiola da Saudade”) e Bárbara Eugênia (“Haru”).

Batemos um papo legal, pelo e-mail, além das horas de whatsapp que não estão transcritas, e falamos sobre o fazer do disco novo, as saudades de aglomerar e suar junto, o fato de esse ser o disco mais dançante da sua carreira, o nomadismo cultural que acaba permeando a sua trajetória, a gentileza de Marcelo Yuka ao recebê-lo em sua casa, no Rio, e de como fomos apresentados pelos amigos talentosos de OEstúdio, que assinam a capa do novo disco.

Capa de OEstúdio

Moreira – Você está apaixonado? Está um “abuso de energia”o disco, o Jam tá diferente. Tem uma força da canção que não havia nos outros discos, uma leveza e pureza do sentimento. Você me disse que levou dois anos fazendo esse álbum, foi mais demorado dessa vez? Como foi o processo? Marca também a sua volta ao Recife, né? Os músicos são todos daí?

Jam – Sempre apaixonado, sou apaixonado por música, pelos encontros, pelas pessoas, apaixonado pela diversidade e pelas infinitas esquinas do mundo. Minha busca é exatamente essa, a cada disco um ambiente novo, uma estética que não fiz anteriormente, encarar novos desafios, conceito e sonoridades e, por ser diferente, é complementar aos discos anteriores. 

Sempre gosto de fazer um disco com calma, meus discos geralmente são, em média, dois anos fazendo. Sempre tiveram canções, como “Dia santo”“O Pedido”, que levavam o disco pra esse lado canção, aí me vieram haicais como inspiração inicial de formas de composição também, o que me remete ao conceito de “pós canção”. Já nesse disco, “Vuko Vuko”, a canção se fez presente, pois sabia que não teríamos shows e queria fazer um disco que fosse companheiro das pessoas em mais mensagens de esperança, fé, autoconfiança. Ainda mais em tempos assim que estamos vivendo. 

Sim, gravei todo em Recife, de fora de Recife tem o guitarrista francês Seb Martel, e o carioca Marcos Lobato, que gravou harmond, Steel Drums, harmonium e wurtlizer.

Moreira – Você me falou, pelo zap, que segurou o disco, no ano passado, e que resolveu lançar agora, diante das incertezas desses tempos pandêmicos. Aí você vem com esse “Vuko Vuko”, de “tumulto, agitacão, confusão”. O que mudou? O release fala em levar a plateia a uma “paisagem de sonhos”.

Jam – “Vuko vuko” é uma expressão popular que escutei muito nas ruas de Recife e que quer dizer, pelo menos aqui, um lugar onde passou muitas pessoas, onde tem um “Vuko Vuko” tem história, teve algum acontecimento, mas o “Vuko Vuko”, na pandemia, tomou um novo significado, ele é a saudade de estarmos todos juntos, é a saudade de aglomerar

Tem mil significados e vai mudando a cada região do Brasil, cada lugar vai remeter a alguma coisa inusitada.  

Tipo, isso que me interessa, saber das pessoas o que elas sentem.  “Vuko vuko”, pra mim, é dança e música, é movimento de corpo, vuko vuko pode ser eu dançando com o mundo, você dançando com o mundo, com o seu coração criança. O “Vuko Vuko” não se cansa! 

A cada disco, gosto de juntar músicos e compositores parceiros que nunca fiz nada antes, como a Victória, a Manuela Cavadas, o Mani Carneiro para ,através deles, ter um possível reflexo da minha própria identidade. 

Moreira – O disco mistura samba de roda da Bahia, coco de roda de Pernambuco, ijexa, linhas de baixo jamaicanas, toque de kizomba de Angola. Esqueci algum ritmo? Fala sobre o processo de criação e o que te influenciou para criar este disco tão bonito.

Jam – “Vuko vuko” é o disco mais dançante que fiz. Pra cima. O que influenciou foi olhar pra todas essas vivências que tive viajando por aí e, ao passar por países como Angola, onde fiquei por dois meses. A brasilidade que tem no disco, juntando-se a outros universos sonoros da global music. Um som que fosse daqui e de qualquer lugar.

Moreira – Você ganhou o Grammy latino 2008, com a sua participacão em ¿Qual o assunto que mais lhe interessa” , de Elba Ramalho. O que muda na carreira de um artista com um prêmio desses? E o que aconteceu com Elba e esse rolê de a “pandemia ser ação de comunistas destinada a destruir cristãos”. Sempre pareceu uma pessoa vanguardista. Uma pena.

Jam – Bom demais estar preparando um disco e receber um prêmio de um trabalho do passado. Fiquei três dias gravando, na casa dela, o disco “Qual o assunto que mais lhe interessa?”, que ganhou como melhor disco do ano 2008. Ela foi uma grande pessoa e sempre foi uma grande artista, foi bom o tempo que pude conviver com ela e sua equipe.  

Vuko Vuko

Moreira – Você sempre fala do bom desempenho das suas músicas em rádios gringas, como a BBC,. Há uma grande abertura para o produto nacional lá fora?

Jam – O mais legal da música, enquanto linguagem, é poder quebrar  as barreiras culturais, geográficas e estéticas. Sim, tem abertura sim, acho que as esquinas do mundo estão todas aí pra gente ir visitar fisicamente logo mais e conectar do jeito que for possível, no momento, de forma virtual, por meio do som. Conectar com pessoas e artistas através da música é o que mais me interessa, a música é uma forma de comunicação muito imediata e que curto muito. A musica é uma a maneira mais fácil de me expressar que encontrei, eu tenho necessidade de alma de me comunicar com o mundo, uma liberdade artística e trago essa liberdade artística de Recife. Gosto muito de andarilhar, uma espécie de nomadismo cultural e musical. 

Moreira – Você foi morar no Rio em 2004, aceitando convite do Marcelo Yuka para participar da banda Furto. Como foi trabalhar com ele?

Jam – Yuka é um cara que faz muita falta aqui, uma gentileza em pessoa e me apresentou o Rio de uma forma muito especial, nos divertimos muito!  Fui pra um mês e fiquei dez anos. Morei um tempo com ele e foi muito bom, só tenho a agradecer a ele e toda sua família.

Moreira – A gente tem se falado tanto nessa pandemia, nesses nossos retornos pra casa, e tem uma coisa que eu sempre quero perguntar. De onde nos conhecemos? kkkk Desconfio que tem alguma coisa a ver com o pessoal de OEstúdio e aquela casa na Gávea”

Jam – Ahahaha Fabiano! Foi da mesma galera do RJ. Sim, Oestudio quem apresentou, inclusive é com eles que faço minhas capas de disco e todo o design do site e redes sociais. Amo.

Abaixa que é tiro!??

Duda Brack
Otto
Caio Prado
Tuyo
Luedji Luna
Natascha Falcão
Zé Manoel
Nouvelle Vague

Patrimônio cultural brasileiro há 16 anos, o MIMO Festival faz edição digital, para nossa alegria, de hoje a domingo, cada dia dedicado a uma cidade que faz parte de seu roteiro presencial: São Paulo (hoje), Rio de Janeiro (sábado) e Olinda (domingo). Na programação, tem shows inéditos e exclusivos, filmes, palestras e workshops com transmissão pelo YouTube. 

O line up é tiro, porrada e bomba, com Cristina Braga, Marcus Ribeiro e Ricardo Medeiros, Duda Brack, Cida Moreira e Otto (hoje, 26, a partir das 18h30), Duo Santoro, Luciane Dom, Caio Prado, Tuyo, Pedro Luis e Luedji Luna (27, a partir das 17h) Ana de Oliveira e Sergio Ferraz, Natascha Falcão, Almério, Zé Manoel e Nouvelle Vague (28, a partir das 17h). DJ Montano abre todos os dias. Cata aqui playlist pra aquecer.

Seis fimes serão exibidos pelo canal de Vimeo, enquanto durar o festival. Todos os dias, ao meio-dia, rolam workshops voltados para o universo do áudio nas produções musicais, sob a coordenação de Daniela Pastore. Este é mais um projeto com apoio da Lei Aldir Blanc, c om curadoria e direção artística de Lu Araújo e  direção de Jodele Larcher, que é daqui de Jufas.

Fotos: Luan Cardoso

Rômulo Fróes segue apresentando, no YouTube, a série “Agora É Minha Voz”, na qual toca clássicos da sua discografia em prédios ou espaços públicos da capital paulista, com direção de Luan Cardoso. “No Chão sem o Chão” será transmitido no dia 30 e foi gravado no ateliê do artista plástico e parceiro Nuno Ramos, no bairro do Cambuci.

Em abril, a programação segue com  “Um Labirinto em Cada Pé”, no dia 8, registrado na Associação Escola da Cidade, escola de arquitetura e urbanismo no centro de SP; “Barulho Feio”, no dia 20, gravado no Centro de São Paulo, entre a Praça da República e a Catedral da Sé. O encerramento é com “O Disco das Horas”, dia 29, com o show feito no Andar43, espaço de exposição no 43º andar do Edifício Mirante do Vale no Anhangabaú, o edifício mais alto de São Paulo. 

Mais um projeto com selo Aldir Blanc  ? . Os shows são exibidos às 20h.

Biltre
Ângela Ro Ro
No Porn
Tiago Nacarato
Vida: relatos de uma mulher só, ou quase isso
A peça-filme “27’s”
Constância
Carlos Bracher
Céu

Hoje tem a festinha virtual da coluna, no Google Meet, a Mini DJ Festival, às 20h, com limite de cem primeiros a chegar. Teremos Tuta e Pedro Discotecário, do Vinil é Arte, Alex Paz, da Feira de Discos de Juiz de Fora, e Crraudio, da Makoomba, em sets de 40 minutos cada. Só vem.

Mais cedo, 16h20, a banda Biltre recebe, na Bananobike, as minas do Abronca e MC Tchelinho, do Heavy Baile. O show foi gravado em Laranjeiras.

Angela Ro Ro encerra hoje, 26, às 19h, a série de quatro lives realizadas com recursos da Lei Aldir Blanc, acompanhada pelo pianista e arranjador Ricardo MacCord. Volta logo, queen. No mesmo horário, tem Lula Queiroga no Sesc SP.

Hoje, às 20h, o NoPorn segue na agenda de shows com  apoio da Aldir Blanc, com hits como “Maiô da Mulher Maravilha” e “Cavalo”. Para assistir, se inscreva no canal da dupla no Youtube.

Hoje, às 20h, rola live dos pernambucanos do Mundo Livre S/A! ?, que  volta às origens em seu bairro natal, Candeias, “A Ilha Grande”, em show mais do que especial.

Diretamente do Porto, Tiago Nacarato chega ao Circo Voador no ar hoje, 26, às 22h, para reviver o show que rolou em setembro de 2019, com cordas bem dedilhadas e voz macia.

Amanhã, 27, Maíra Freitas faz show no Palco Virtual IC,  misturando músicas autorais a sucessos de Martinho da Vila, Gilberto Gil, Chico Buarque e Milton Nascimento, às 20h. 

Após um ano sem pisar no palco, o grupo Corpo Coletivo, de Oandardebaixo, reuniu suas vivências no mundo virtual para criar o novo espetáculo, “Vida: relatos de uma mulher só, ou quase isso”,  que estreia neste sábado, 27, Dia Mundial do Teatro, às 20h, no YouTube.

Domingo também tem o 1° Festival Forró na Rede – João Pessoa, às 16h, com Os Gonzagas, Corda Bamba, Os Fulano, Xumbrego de Rabeca e mais.

A peça-filme “27’s” (vinte setes), dirigida por Vera Holtz, Guilherme Leme Garcia e Gustavo Leme, sobre o lendário “Clube dos 27”, de músicos que morreram aos 27 anos, está em cartaz no YouTube, de 27 a 31. A peça foi gravada na casa do ator Gustavo Rodrigues, na Tijuca. Nos dias 28, 29 e 30, rola às às 19h e às 21h, e, no dia 31, às 19h. Teaser aqui.

A peça “Constância” está em cartaz, no YouTube,  com dramaturgia e direção de Joana Marinho, até domingo, sempre às 20h. O espetáculo fala da perseverança e luta pela sobrevivência do negro nos sertões do Brasil e foi filmado no Instituto Silo Cultural, em Paraty. Os ingressos, gratuitos, devem ser retirados no Sympla.

Na terça, 30, às 19h, nosso Carlos Bracher faz palestra ao vivo sobre Van Gogh, ídolo e inspiração. O artista pintou a série “Homenagem a Van Gogh”, que percorreu países da Europa, Ásia e América. 

Céu vai postar vídeos em seu canal, no YouTube, às quintas-feiras, “Uma sessão pintada por Céu”, sempre ao meio-dia. O primeiro foi “O golpe tá aí” , de Matheuzinho e Menor Nico.

A mostra “Sexta Delas”, com cinco filmes dirigidos por mulheres, chega ao final, hoje, às 20h,  no YouTube da Funalfa e também na TV Câmara (Canal 35,1). 

26/03

Encerra a programação o documentário “Sempre Amor”, de 70 minutos, de Mariana Musse. O filme fala sobre as diversas formas de amar na terceira idade, acompanhando 13 personagens que revivem suas trajetórias. “Alegre, melancólico, vivo”, diz o release. 

Todos os filmes da mostra estão disponíveis no YouTube da Funalfa. Veja a programação completa aqui.

Metá Metá
Anelis Assumpção
Urias

O festival Mundo Pensante chega ao segundo final de semana, só prazer, só shows, hoje e amanhã, a partir das 19h, com Metá Metá, Anelis Assumpção e  DJ Vivian Marques, hoje, e Luê, Urias (amooooooooo), Funmilayo Afrobeat Orquestra, Chico César e DJ Nuts. Classe.

Fióti
Bruno Sartori
Luiza Lian

O Marte Festival, um dos principais festivais de Minas, chega à terceira edição ainda com a dúvida da existência de vida em Marte. Com curadoria de  Tony Aiex, do Tenho mais discos que amigos,  o festival vai até dia 28, com nomes como Fióti, Bruno Sartori, Giovani Cidreira e Luiza Lian. A transmissão rola no Grupo UN Music. Entre os temas, novas formas de criar e produzir música. realidade virtual, deepfake, 360º e novos formatos de festivais. Programação completa aqui.

Hoje, 26, 18h, o Craca Beat que eu gosto faz performance de videomapping com drone virtual na Casa da Ópera de Ouro Preto, o teatro mais antigo da América Latina. Amanhã, 27, rola show do cantor Giovani Cidreira e a experiência de realidade virtual “Sacred Geometry”, por Darklight Studio & Pedra Branca. No dia 28, às 17h, Erick Krulikowsdo ki entrevista Luiza Lian, e Barral Lima entrevista Fióti, tudo seguido do show “Paisagem Sonora”, por Adriano Campagnani e Ed Zimerer.

Nos dias 27 e 28, a programação é matutina. No dia 27, o  coletivo 1quarto insere o público na instalação virtual “Além de Marte”, às 10h. No dia 28, Aline Krupkoski dá uma oficina de bordado inspirada em lendas do universo musical. Luiza Lian bate papo sobre tecnologia e espiritualidade com o músico e professor Erick Krulikowski, às 17h. O encerramento é com o show “Paisagem Sonora”, com ambientes virtuais construídos com animações abstratas movidas pelos acordes das músicas.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Playlist com videoclipes com a última do Rosa Neon, Lila + Larinx Noporn, Imbapê, Urias, Marcelo Falcão + Hungria, Gilberto Gil + Lenine + Rodrigo Shan + DJ Mam + Coral Guarani Tenonderã, Thiago Elniño + Zé Manoel, Kali Uchis, Lana del Rey, IMÃ, Natiruts + Pedro Capó, Filipe Ret + MC Cacau, ÀTTØØXXÁ, Dax, Trix e +

Sexta Sei, por Fabiano Moreira

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