Sexta Sei: A poderosa voz de Fernanda Porto encontra livramento em disco ao piano

Após sofrer bullying artístico com enorme sucesso nos anos 00, cantora ressurge com disco cantando novos talentos, com direção artística de Zé Pedro

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fernanda Porto em fotos de Millena Rosado

Fernanda Porto, 56 anos, ressurge inteira em sua própria voz no lindo e tocante disco “Contemporâne@”, que chegou ao mercado no último dia 10, com a musicista interpretando, ao piano, nomes da novíssima geração, como Bemti, Jão, Chico Chico, Paulo Vieira, César Lacerda, Nina Oliveira, Mallu Magalhães, Castello Branco, Mahmundi, Rubel,  Gulherme Held, Arthur Nogueira, Barbara Eugenia e Bruno Berle. O lançamento chegou pela gravadora Joia Moderna Discos, do DJ Zé Pedro, também responsável pelo retorno de Fafá de Belém. Fernanda gravou o disco em duas sessões.

Batemos um papo, por e-mail, para falar de como ela tem superado o “bullying artístico” que quase a impediu de confirmar sua versatilidade como multi-instrumentista interessada em tantas vertentes depois do sucesso estrondoso de seus disco de estreia, autointitulado, que misturava o drum and bass à bossa-nova e às tradições da música brasileira e completa 20 anos. Também falamos desse encontro com a novíssima geração, de como o piano a faz se sentir em casa, da seleção de artistas que já conhecia grande maioria, com exceção de Bruno Berle, e de como é apaixonada pela paixão pela música de Zé Pedro. 

Moreira – Toda aquela produção e os beats dos anos 00, no seu trabalho de estreia, estavam nos impedindo de ouvir as suas bela voz e  interpretação? Em “Contemporâne@”, pega a gente e emociona, viu…

Fernanda Porto – Ah…sou apaixonada por mistura de ritmos. Misturar o samba e o maracatu com beats sincopados foi um grande desafio. Agora confesso que tenho adorado visitar canções de novos autores que, como diz Milton Nascimento, “Certas canções que ouço, cabem tão dentro de mim” . E o piano é um instrumento que me faz me sentir em casa. Um grande aliado na hora de cantar.

Moreira – Quais desses artistas de “Contemporâne@” você já conhecia e quais lhe foram apresentados pelo Zé Pedro?  

Fernanda Porto – Em 2017, fui convidada para fazer um “piloto” de um programa de TV onde eu entrevistaria jovens artistas e faria releituras das suas músicas. O projeto não vingou, mas, ali, começava uma pesquisa cuidadosa e apaixonada. Em 2020, logo após o lançamento do meu disco “Corpo elétrico e alma acústica”, iniciei um projeto que chamava Contemporâne@s.  Escolhi dez novos artistas que pretendia fazer lives semanais. Uma coincidência incrível foi quando o Zé Pedro me chamou pra gravar um disco de piano e voz e começou a me mandar somente músicas de novos artistas! Eu amei … e aí contei e mostrei pra ele as minhas mil playlists. Entre os artistas que entraram no álbum, o único que eu não conhecia e amei foi o Bruno Berle.

“Olhos vermelhos”, de Jão

Moreira – “Livramento”, do Bemti, ganhou novas cores na sua interpretação, mais profundidade, acho que é a minha favorita do disco. Na versão original, ela é mais brincalhona. Você viu novas camadas?

Fernanda Porto – Simmmm. Acho que você está certo, essa música me pegou de uma forma mais intensa. Essa letra em especial tem um conteúdo que, pra mim, chega de forma mais “dramática”. E, assim, o piano acompanha um pouco esse sentimento. Obrigada, eu também a adoro!

Moreira – Zé Pedro tem prestado serviços de valor inestimável à música brasileira, eu sou fascinado pelas coletâneas estilo songbook, com artistas da nova geração interpretando Angela Ro Ro, Cazuza, Adriana Calcanhotto, Lulu Santos… O retorno de Fafá de Belém merece um Nobel da Paz…. E tem Cida Moreira, Zé Manoel, a veia é gigante demais, né? Como é trabalhar com ele? 

Fernanda Porto – Eu sou apaixonada por ele. Sou apaixonada por sua paixão pela música. Tudo que ele faz é de total entrega. Esse disco gravado ao vivo com ele dentro do estúdio … eu brinco, no meu cangote! Isso fez toda a diferença pra mim. Ele aí, sentindo comigo as canções e legitimando com toda propriedade tudo o que fazia. Aprendo muito perto dele.

“Sambassim”

Moreira – “Sambassim” foi um caso muito gigante, né? O disco vendeu mais de cem mil cópias.  A execução da música era até meio que opressora, onipresente. Eu, que sempre fui um entusiasta, militante e defensor dos ritmos eletrônicos, confesso que tomei certo repúdio à repetição.  Esses fenômenos podem ser bem opressores para o artista, né? O Los Hermanos parou de tocar “Ana Júlia”, por exemplo, com razão. No release, você fala que sofreu bullying artístico após todo esse sucesso. Foi uma faca de dois gumes? Em tempo:  na época, eu não tinha ouvido ao disco todo, é um baita disco, one woman show, demais.

Fernanda Porto – “Sambassim”, acima de qualquer coisa é uma grande vitória pra mim. A canção se propunha a uma mistura inusitada e conseguiu ser aprovada pelos ingleses, criadores do gênero. Também não gosto da exposição exaustiva que aconteceu. Não tenho controle sobre isso, a música seguiu sozinha por aí. Fazia muitos shows, cheguei a fazer 25 em 28 dias em uma tour na Europa. Não acho saudável não. Que bom que você gostou do disco, em outubro desse ano ele fará 20 anos e estamos negociando um relançamento em vinil. Estou na torcida.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Formado há 50 anos em Engenharia Civil pela UFJF, o artista plástico fluminense radicado em Jufas e autodidata Edmundo Schmidt volta à instituição com a mostra “Ecos”, em cartaz, no Espaço Reitoria, com trabalhos tridimensionais, de esculturas em madeira a “colagens” de ladrilhos, azulejos, cortiças, pedaços de árvores, e outros materiais pouco usuais. O trabalho tem ainda contornos ecológicos com a reciclagem de materiais destinados ao descarte. A mostra reúne 30 obras e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.

Acósmica no show de Laura Conceição
Amanda Chang. Foto: Luciano Viana
Pedro Paiva na festa de dois anos da Sexta Sei. Foto: Natalia Elmor

Acósmica, DJ do coletivo Makoomba que eu gosto, toca antes e depois do show de lançamento do disco “Espelho”, de Laura Conceição, às 19h, no soft opening do Beco. No mesmo evento, tem Nega Preto e Loba, Laura Januzzi, Baile do Cambará e Samba de Colher.

O projeto Canal estreia, sábado (13), das 14h às 21h, com evento com entrada franca no Museu Ferroviário que propõe mergulho nas artes sonoras e visuais, com apresentação de DJs e VJs. Tem live do projeto Chang Rodrigues, de Amanda Chang, O projeto, aliás, faz apresentação no Rock in Rio, no dia 2 de setembro. No museu, ainda tem apresentação dos DJs Emuni, Kureb, Mafê e Simão. Na exposição de arte contemporânea de Guto Mattos e do iluminador Taian Martins, alteração e mapeamento de luz. Ainda rolam exposição de equipamentos eletrônicos e venda de discos​.

Também no sábado (13), das 16h às 20h, Pedro Paiva, um dos nossos discotecários favoritos, comanda a cabine na festa Stereo, no Espaço Manufato, na Fonseca Hermes.

Adoro DJs.

"Johan", na mostra do cineasta Philippe Vallois
"Nós somos um só homem"
"Halterofilia: A serpente arco-íris"

Agosto em Jufas, graças à tradição do Miss Brasil Gay, é tempo dos eventos que debatem as questões LGBTQIAPN+. O Agosto Multicor apresenta a mostra “Philippe Vallois: Cartografias do desejo” com três filmes do cineasta francês, dos dias 16 a 19 de agosto, sempre às 19h, no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM). Vallois produziu o primeiro filme gay francês, o clássico “Johan” (1976), que mistura documentário, musical e pornografia, podendo ser considerado um filme da New Wave, e será exibido na terça-feira (16). “Johan” conta a história de um cineasta, interpretado por Vallois, que busca um ator para interpretar seu amante, Johan, que está preso. Claro que ele faz vários testes, risos.

A mostra ainda traz “Nós somos um só homem” (1979), sobre jovem silvicultor que recolhe e esconde em sua fazenda um soldado alemão ferido, na quarta (17), e “Halterofilia: A serpente arco-íris” (1983), que conta a iniciação de um policial que investiga a vida de um fisiculturista.  Boa oportunidade para conferir o trabalho de um cineasta que enfrentou época hostil à temática.

O Agosto Multicor segue com a mostra “JF + Cor” no Espaço Cidade e, hoje e amanhã, das  10h às 18h, tem Feira Rainbow Astra JF, com artesanato, no Parque Halfeld. O espetáculos teatrais “Réquiem para um rapaz triste” e “Cerimônia do adeus”, com Rodolfo Lima, têm apresentações, sábado e domingo (13 e 14), às 19h, no Museu Ferroviário.

A programação ainda traz exibição de filmes, como “Xica Manicongo”, de Úrsula Scavolini, domingo (14), e “Tynna Medsan”, de Rodrigo Medsan, ambos às 19h, no Anfiteatro João Carriço, e “Adoráveis senhoras”, de Dandara Felícia, que estreia, no dia 16, às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. O teatro recebe, no dia 17,  às 20h, o show “Les Girls Forever – Nem tudo que balança é rabo”, com a artista transformista Safira Bengel e as convidadas Angela Leclery, Brenda Bacall e Úrsula Scavolini.

Dudu Lima. Foto: Fernando Priamo
Caetano Brasil por Igor Tibiriçá
Fabiano de Castro
Leandro Scio
Alice Santiago, Tatá Rocha e Sarah Vieira
Carlos Malta. Foto: Adrian Levesque

O Ibitipoca Jazz Festival chega à sua 22ª edição, neste sábado (13), das 13h às 18h, de graça, na praça de eventos da Associação de Moradores e Amigos do Distrito de Conceição de Ibitipoca (Amai). Consagrado como um dos maiores nomes da música instrumental brasileira na atualidade,  o baixista e gentil Dudu Lima recebe Carlos Malta (saxofone, flauta e clarinete), Caetano Brasil (clarinete e saxofone), Leandro Scio (bateria), Fabiano de Castro (piano), Hermanes Abreu (violão), Alice Santiago, Tatá Rocha e Sarah Vieira (voz). Depois, sobe material gravado lá no YouTube.

Museu Mariano Procópio por Matheus Teutschbein
Fonte do Museu Mariano Procópio
Escola Normal
Rio Paraibuna
Estação Ferroviária
Cihe Theatro Central

Tatu cheira tatu, né, e o professor de História Matheus Teutschbein, 30 anos, começou a me seguir no Instagram, aonde também posta belas imagens de Jufas, feitas por meio de celular e câmera semiprofissional. Assim como meu caso, as caminhadas e cliques são terapêuticos.  “É um hobby que me ajudou e ainda ajuda a superar minhas crises de ansiedade”, me conta, por e-mail. “O que eu mais gosto de fotografar são os locais históricos, como Museu Mariano Procópio, Museu Ferroviário, Morro do Mirante, e os naturais, como Jardim Botânico, Parque Halfeld, Parque da Lajinha, o movimento da população no Calçadão da Rua Halfeld, além dos prédios históricos tombados, como Villa Iracema, Escola Normal, Catedral Metropolitana, antigo Hotel Príncipe, Hotel Renascença”, conta.

Essa é pra planejar: o Belle & Sebastian, que lançou um dos melhores discos do ano, em maio, “A bit of a previous” ,faz show único em São Paulo em 9 de dezembro, na Audio.

O GP Week acontece em 12 de novembro, no Allianz Parque, em São Paulo, com Hot Chip, The Killers, Twenty One Pilots, The Band Camino e Fresno.

Desejei.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.

Playlist de clipes com Rosalía, Oquadro + Tuyo, Ruger, Jessie Ware, RDD + Reah, Pixies, The Killers, The Mars Volta, Shea Couleé, Josyara, WILLOW, Chameleo + Pabllo Vittar, Anitta, Marcelo Tofani, Mukeka di Rato, Paulo Londra, Haikaiss + Pedro Qualy + Gaab + Riff + Pascon, Yemi Alade, Baco Exu do Blues e ROHMA

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