Sexta Sei: O bom mocismo com poesia mineira gentilmente disfarçado de ingenuidade da ETC

Trio formado por Dudu (voz e violão), Vinícius (baixo) e Balut (bateria) furou a bolha do pop nacional e fecha com a Sony depois de dez anos de muito trabalho em festivais de música

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

O bom mocismo está na moda, pelo menos aqui no radar da coluna, vide a última edição com o pop chiclete do carioca Julio Secchin. Aqui em Jufas não é diferente com o romantismo mineirin dos meninos da banda ETC, que fechou contrato com a Sony Music e furou a bolha legal, emplacando a sua boa música na mídia nacional. Eu sou completamente apaixonado pelo fofurismo descontrol do clipe de “Cafézin”, que apela até pra cachorríneo pra conquistar o nosso coração. A melodia gruda na cabeça e é amor que fica.

Os meninos da banda ETC em foto de Gabriel Venzi

Além de boa música, o bom mocismo rende uma boa entrevista, como no bate-papo que bati, pelo whatsapp, com Dudu (voz e violão), Vinícius (baixo) e Balut (bateria),  falando sobre a retomada do trabalho autoral, a partir do contrato com a Sony, tudo rolando durante a pandemia, a poesia gentilmente disfarçada pela ingenuidade, a “fórmula perfeita” da amizade com os irmãos da Hotelo, como o cão Kenai é rouba-cena em “Cafézin” e o próximo disco, que está no forno, cozinhando lentamente.

Foto:  Igor Tibiriça

Moreira – Eu conheci a banda por meio de um post do Papel Pop e, depois, saquei que eram aqui de Jufas. Vocês furaram a bolha, né? Contrato com a Sony e relevância nacional, sem perder o pé aqui, como está sendo esse processo? Como estão driblando as restrições da pandemia? 

Dudu (voz e violão) – Na verdade, podemos dizer que todos esses processos de lançamentos com a Sony e de romper as barreiras de JF passam pelo período de pandemia. Foi durante esse período que conseguimos retomar os lançamentos de músicas inéditas, pausados desde 2017. Vem sendo um momento importante para reorganizar o fluxo de produção da banda e para programar em diversas esferas, o futuro que queremos. Apesar das dificuldades, foi possível encontrar evolução e amadurecimento durante esse período, a cada dia que passa, estamos mais perto do retorno aos palcos.

Foto: Gabriel Venzi

Moreira – Vocês são muito bons moços, né? Passa um clima até ingênuo, mas bem gostoso. Eu tô curtindo. É expressão de mineiridade? De onde vem tanto alto astral? 

Balut (bateria) – É exatamente isso. Expressão de mineiridade! Somos bons moços, claro (haha), mas é que por trás dessa mensagem “ingênua” tem “uma pitada de malícia boa” como a própria letra de “Jogo Embolado” diz. Hoje em dia, é tudo tão direto, tão na cara, que, passar uma mensagem mais leve, usando certos artifícios da arte da poesia, às vezes, passa um ar de ingenuidade mesmo. Pode ter certeza que tudo é pensado! (kkk) Minas é natureza, é poesia, é comidinha da melhor qualidade, uma boa prosa com a família e os amigos acompanhada de um cafezinho passado na hora, e principalmente, berço de música muito boa. É a “Fórmula perfeita” pra esse alto astral. A gente é bem mineirin mesmo!

“Fórmula perfeita”, com a banda Hotelo

Moreira – O último lançamento, “Fórmula perfeita”, é um feat com a banda Hotelo, como vocês se conhecem? O clipe está muito bacana, quem cuida dessa identidade visual? É tudo muito pra cima e otimista. 

Balut (bateria) –  Essa amizade com os Hotelo vem de longa data já. Primeiro, a gente se conheceu por meio da internet, desse poder que ela tem de conectar as pessoas, mas foi só em 2018 que a gente se viu pela primeira vez. Convidaram a ETC pra tocar numa festa deles lá em sampa, a Regalórios, e aí a vibe bateu e bateu forte! De lá pra cá, a gente voltou a São Paulo mais algumas vezes por conta de outros compromissos, só que a gente sempre dava um jeito de se ver. Os meninos até nos acolheram na casa da banda algumas vezes. E é lógico que a gente tinha que retribuir esse carinho. Eles já tocaram em dois eventos nossos aqui em JF, a “Chega Mais Pra Cá” e já estamos planejando a próxima dobradinha ETC e Hotelo pra quando as coisas estiverem melhores. Afinal, a gente tem que tocar esse som juntos pra galera curtir. Não é verdade?! Haha Em relação ao clipe, a gente fica muito feliz em receber esse feedback! De coração! Aqui na banda, nós três participamos de tudo. A gente ama dar opinião, somar nas ideias. Mas os cabeças por trás do direcionamento dessa identidade tem nome e sobrenome. Henrique Aguiar, nosso produtor, empresário, chefe e elo de ligação, e Fabio Rochini, nosso eterno “estagiário” rsrs… Mas, pra esse clipe ficar bacana desse jeito e transmitir tudo o que queríamos, a gente contou com um time de peso. Além de nós cinco, ainda teve a direção do Pedro Gui e mais uma galera muito alto nível que vocês podem conferir a ficha técnica completa na descrição do clipe que tá lá no YouTube da ETC. Claro que não poderíamos esquecer da participação  da miss Júlia Gama, que deixou tudo ainda mais colorido e bonito, e dos irmãos da Hotelo.

“Cafézin”

Moreira – Eu sou fascinado com “Cafezin”, foi a música que me ganhou, a melodia gruda na cabeça da gente, uma doçura sem fim, e a temática é também bem fofinha. Como vocês chegaram ao casal que protagoniza o clipe? O Thiago Salomão, do Martiataka, é muito roqueirão, né, legal vê-lo tão vulnerável

Vinícius (baixo) – A ideia do clipe era retratar de forma literal a letra da música: o bem estar do amanhecer, o ato de acordar e fazer o café. Mas, pra isso, pensamos em fugir um pouco do clichê do casal e trazer, como protagonista, o amor entre a pessoa e o seu PET, deixando o casal em segundo plano. E, nesse contexto, lembramos do Salomão, da Amanda e do Kenai, o cachorro deles. Assim, não precisamos buscar atores e o pet separadamente, o que tornou o clipe muito natural, as imagens mostram exatamente como já é o dia a dia deles em família. O Salomão é amigo pessoal da banda e rolou uma brincadeira (saudável, é claro), no início, se ele toparia ou não participar do clipe, como integrante do movimento rockeiro hahaha.

Foto:  Igor Tibiriça

Moreira – Como é fazer música em Jufas? Li que vocês começaram em festivais de música. 

Vinícius (baixo) – Fazer música em Jufas é fantástico, principalmente porque aqui temos um número elevado de músicos de muita qualidade, o que torna o ambiente rico e produtivo. No que diz respeito ao mercado, JF é muito bem localizada (próxima a BH, RJ e SP) e tem boas casas de show, o que insere a cidade nos circuitos de eventos nacional e internacional. O ponto negativo talvez seja uma ideologia antiga, que ainda existe, mas que já vem mostrando evolução nos últimos anos, no sentido da valorização dos profissionais do setor, tanto pelo público, quanto pela iniciativa pública e, principalmente, a privada. A ETC sempre participou dos festivais de música. O primeiro que ganhamos foi com menos de seis meses de banda, um concurso da antiga Rádio Energia (atual rádio Alô) aqui em JF em 2011. De lá pra cá, procuramos sempre participar dos concursos de banda, festivais da canção, editais de cultura. Acreditamos que a constância e a solidez do trabalho ao longo desses dez anos foram o que nos permitiu conquistar importantes festivais como: Webfestvalda no RJ (2017), Showlivre Day em SP (2018) e EDP Live Bands (2019) que nos levou a fazer turnê em Portugal e assinar com a Sony.

Foto:  Igor Tibiriça

Moreira – Como é o processo de composição de vocês? Vem um disco cheio aí com a Sony? O que já podemos saber? 

Dudu (voz e violão) – O processo de composição varia, e nem sempre tem um padrão. Há alguns anos, lançamos dois álbuns (2014 e 2017), mas, durante a pandemia, optamos por lançar singles separados a cada dois ou três meses. Já foram quatro singles com a Sony até agora (“Gostosa”, “Ela quis falar”, “Cafézin” e “Fórmula perfeita”). Acho que, com mais quatro ou cinco singles, será possível compilar as faixas para, aí sim, fecharmos esse álbum com a Sony Music. As músicas já estão no forno, agora é só esperar a hora certa de colocar no mundo.

Abaixa que é tiro!??

Mbé. Foto: Vitor Granete
Mbé. Foto: Vitor Granete
Taticocteau. Foto: Nanati Francischini

A edição 2021 do Festival Novas Frequências, que promove experiências de arte sonora e música experimental e vanguardista, começa em outubro e vai até janeiro. A primeira fase é um Programa de Formação, até novembro, com aulas gratuitas semanais sobre arte sonora e música experimental e residências artísticas de dois jovens artistas do Rio: Mbé e Taticocteau, que apresentam os resultados em dezembro. O Ciclo de Saberes terá oito aulas ministradas por especialistas e teóricos dos estudos do som. As aulas têm duração de aproximadamente 90 minutos e foram elaboradas de forma colaborativa entre o Novas Frequências e as instituições de ensino Unirio, Ina GRM e a Universität der Künste Berlin. O ciclo será gratuito e online, via Zoom, e acontece entre os dias 6 de outubro e 24 de novembro, com programação e inscrições pelo  Sympla

O festival ainda terá instalação sonora no Centro Cultural Oi Futuro, no Rio (de novembro a janeiro), galeria de arte virtual (dezembro) e atividades performativas presenciais (dezembro). Essa semana, foram divulgados os nomes dos 15 primeiros artistas confirmados para esta edição, cujo tema é a pergunta “Pra Onde Agora?”. Na lista, estão Apt.lab, Ana Lira + Aishá Lourenço + #eltonpanamby, Turmalina, Ines Terra, Marabu+ Levi Keniata + Beré Magalhães, Marcioz, Mbé, Edgar, Nicole L’Huillier, Pedro Oliveira, #Romy Pocztaruk, Sara Não Tem Nome, Taticocteau e Wellington Gadelha.

Yoùn na Mostra Maré de Música
Rael na Virada SP
Alessandra Crispin na Fundação Cultural Ormeo Junqueira Botelho
Roberta Campos no Encontros Nova Orquestra. Foto: Luis Martino

A banda Raça Negra faz uma apresentação, hoje, às 20h, no palco do Teatro Bradesco, com as participações de Jorge Aragão, Marvilla e Edmar Thobias (Vai-Vai).  Logo depois, a Orquestra Ouro Preto presta homenagem aos 30 anos do álbum “Nevermind”, do Nirvana, às 20h30. Também hoje (24), às 21h, tem Marcel Powell, filho de Baden, no Blue Note.

O Sesc ao Vivo tem Arthur Nogueira hoje (24) e Rodrigo Ogi, dia 25, ambos às 19h. O Sesc Rio não fica pra trás e tem Duda Brack (amo) fazendo show de abertura com voz e violão para Maria Gadu, no sábado, às 20h. No sábado, já sabe, é dia de Virada SP, com Rael (23h30).

O duo que eu gosto YOÙN, formado por Shuna e Gian Pedro, faz o sexto show da Mostra Maré de Música, no sábado (25), às 19h, com participação especial da baiana Larissa Luz.  No mesmo horário, 19h, tem live da nossa Alessandra Crispin

A 15ª Mostra CineBH começa no próximo dia 28 e vai até o dia 3, com programação online e gratuita pelo site, com 90 filmes, 21 debates, rodas de conversa e painéis.

Na terça (28), entra no catálogo da Netflix o documentário “Britney vs. Spears“, sobre a batalha judicial da cantora contra o pai, James Spears. #freebritney

Depois do encontro de Di Ferrero com os jovens músicos da Nova Orquestra, executando “Sentença”, chegou a vez da mineira Roberta Campos interpretar ​​“Minha Felicidade” com arranjos inéditos de Ágatha Lima e performance de jovens estudantes. O vídeo vai ao ar no dia 29.

Tagore. Foto: Bruna Valença
Mun Ha
Hórus Beatz. Foto: Paulo Vitor
Curta Sangue Selvagem, de DJ Suculenta

A Mostra Play The Movie chega à 14ª edição, entre os dias 30 de setembro e 3 de outubro, online e gratuita. O evento é produzido pela Coda Produções, e todo o conteúdo pode ser acessado pelo site do Coquetel Molotov. Na programação, novos talentos selecionados, por convocatória nacional, com curtas de ficção, documentários, videoarte, cine-concertos de Abaixo de Deus e a Força dus Encantadus, Mago Trio, PRK e Uma e seis videoclipes produzidos para Uana, Tagore, Siba Carvalho, Mun Há, Hórus e Ciel & Radiola Serra Alta. A programação ainda tem oficinas com João Meirelles, do BaianaSystem, e Getúlio Abelha, dentre outros.

Alok, Liniker, Criolo e Mart’nália são as atrações que se apresentam, no Brasil, dentro do Global Citizen Live in Rio, a partir das 13h deste sábado (25). O evento é uma parceria entre Rock in Rio, Multishow e Canal Bis. A programação, extensa, ainda tem Alessia Cara, Billie Eilish, BTS, Camila Cabello, Cyndi Lauper, Demi Lovato, Doja Cat, Duran Duran, Ed Sheeran, H.E.R., Hugh Jackman & Deborra-lee Furness, Jennifer Lopez, Jon Batiste, Lizzo, Lorde, Ricky Martin, Shawn Mendes, The Weeknd e Usher, dentre outros. Além do Rio, o festival acontece também em Lagos, Paris, Nova York, Los Angeles, Londres, Seul e Sidney. Os shows vão começar às 13h, no Canal Bis, e às 23h, as apresentações dos artistas brasileiros serão exibidas também pelo Multishow.

Foto: Davi Guedes
Foto: Felipe Vieira
Foto: Davi Guedes

Os dois singles que saíram antes do disco “Verona” já anunciavam as belezas compostas com inspiração na Serra da Mantiqueira, entre Passa Quatro e o Vale do Paraíba, trajeto sempre percorrido por Lucas Gonçalves, baixista da banda Maglore. Se “Precisa algo acontecer”, do disco de estreia, entrou a para a minha playlist de melhores de 2020, este ano é a vez de “Subindo a serra (saudade é que nem neblina)” escalar a parada. O disco segue o clima da faixa e foi todo gravado em estúdio caseiro, tudo produzido por ele. As guitarras e os vocais (que lembram a perfeição de Beto Guedes) são lindos de morrer

 “Verona”

Hoje chega ao streaming “Back in Bahia”, canção de Luiza Brina que ganhou  nova versão em dueto com o talentoso Castello Branco. O lançamento anuncia uma versão revista do disco de estreia dela, “A toada vem é pelo vento” (2011) para dezembro e marca a chegada do novo selo Dobra Discos, da boa-praça Julianna Sá. 

A Dobra há muito vem prestando bons serviços à música carioca, com os festivais Dobradinhas+, Circuladô e Super Violão Mashup e gestão de carreiras de Alvaro Lancellotti, Julia Branco e a própria Luiza Brina, além de  direção artística de Aíla.

Luiza Brina e Castello Branco por José de Holanda

Ao lado de Julianna, que cuida de curadoria, estratégias e imprensa, estão Wagner Rodolfo (imprensa e redes), Dan Pascoaleto (design) e Vitor Souza Lima (vídeos). O selo chega quente com lançamentos previstos até o fim do ano, como o EPs do primeiro Dobradinhas, do Dobradinhas+ e do Super Violão Mahup e novos discos da Luiza Brina (Natura Musical) e da Julia Branco (em parceria com o selo Estúdio304). Vida longa!

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.


Playlist de clipes com Caetano Veloso, Lil Nas X, Irmãs de Pau + Jup do Bairro, Olympic, Lucas de Castro, Botika, Tagore, Nego Max + Leal + DropAllien, Joca + Sain + Jonathan Ferr, RDD + Luccas Carlos, The Rolling Stones, Gaby Amarantos + Potyguara Bardo, Calvin Harris, Pedro Sampaio, Young Piva, Lady Gaga + Tony Bennett, Radiohead, A Fenda, Criolo + Tropkillaz e Kanye West.

A campanha continua, já atingimos 77,3%.

Sexta Sei, por Fabiano Moreira