Sexta Sei: Essa moça Belloryhills tá diferente

Do rap de Djonga, Fenda e Hot e Oreia ao pop rebolativo do Rosa Neon, a capital de Minas se reinventa bem além do Clube da Esquina, do Skank e do Jota Quest

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Foto: Igor Batalha

Se a playlist do Salim mostrou os novos sons em Juiz de Fora, eu devo ao Luiz Valente uma bela aula sobre as mil novas facetas de Beloryhills. Sim, BH está diferente e é um força no rap, com as rimas de Djonga, Hot e Oreia e Fenda, e também no pop dançante de Rosa Neon, Dedé Santaklaus e a Lamparina e a Primavera.

Luiz Valente / Foto: QU4RTO STUDIO

Luiz é juizforano, integrante do coletivo Vinil é Arte, dono do selo Vinyl Land, com 12 anos lançando novidades brasileiras, e organizador do evento AmBHulantes, com rolês de bicicleta pela capital. Com a quarentena, está transmitindo, ao vivo,  todos os domingos, às 14h, “Disco Novo”, direto da Fazendinha no AP, aonde planta até jambu. As lives acontecem pelo Twitch, Youtube e Facebook

“O que marca mais essa geração, além da diversidade e o crossover de estilos, misturando rap, rock e mpb, é o movimento de se conectarem e colaborar. Há uma explosão do rap aqui, junto ao funk, uma geração formada nos eventos do Família de Rua, como o Duelo de MCs”, explica Luiz.

Aqui no post, destacamos Djonga, Hot & Oreia, Fenda e Coyote Beatz, do rap, e Rosa Neon e Dedé Santaklaus, no pop, mas, nas playlists de áudio e vídeo, prestem atenção no rapper Samora N’Zinga, no pop de Clara Tanure e de Lamparina e a Primavera. Isso sem falar em todo um movimento de carnaval. Belloryhills tá diferente.

Foto: Igor Batalha

Djonga e Hot & Oreia

Bons de microfone, Hot & Oreia não se identificam como rappers, por isso o disco de estreia, “Rap de Massagem”,  zoa o “de mensagem”. Pra entender por que eles são “referência pras amada”, assista aos clipes “Estilo”“Padrões” e “Cigarro”.

Ao lado de Djonga, eles são os autores da única música nacional que questiona e detona o presidente Bolsonaro, “Eu vou”. “Deus acima de tudo, Deus acima de todos / Acima de todos mesmo, pisando na cabeça / Esmagando, vai”, diz um trecho. “É, o som era sobre Bolsonaro / Alguns amam, outros detestam, tipo mastigar cebola”.

Um dos nomes mais influentes do rap atual, Djonga chama a atenção pelas críticas sociais e por sua lírica afiada, marginalizada, agressiva. Com um EP e quatro discos lançados, grava com toda a juventude de Beloryhills e incentiva a cena. Influenciado pelo samba, ele homenageou a capa do “Clube da Esquina em “Heresia”, recriando a clássica foto. “Deus pra mim é Djonga!”, como cantam Hot & Oreia.

Fenda

Laura Sette, Mayra Maia, Iza Sabino, Paige, DJ Kingdom e Tamara Franklin formam a crew de rap feminina Fenda, criada para abrir um show de Criolo. “Ela é sucesso, essa mina é sucesso”, diz o verso de “Não se ofenda”. Paige tem qualidade internacional. Passei três dias morando no clipe de  “Brasil”, só curtindo a brisa, “muita beleza então fecha a track“. Ela a acaba de subir tudo no Spotify, se joga que “é sucesso, essa mina…”

Coyote Beatz

Beatmaker atrás da qualidade dos trabalhos de Djonga, Hot & Oreia e Fenda, Coyote Beatz é um dos gigantes do setor. Ele acaba de lançar “Be$t seller of Djonga”, com instrumentais de  trabalhos do rapper. Ganhou, ao lado de Djonga, disco de platina pelo álbum “Heresia” e platina duplo por “O Menino Que Queria Ser Deus”. Já trabalhou com Emicida, Baco Exu do Blues e a dupla americana  The Underachievers.

Foto: Sarah Leal

Rosa Neon

Rosinha é apelido carinhoso da “Rosa Neon”, que chama a atenção pelo visual afiado, em cores fortes, e as maquiagens multicoloridas. A foto acima é pra divulgar o último single, “Fama”, que saiu esta semana. Os integrantes vieram de outros projetos e estão espalhados por quatro cidades. O grupo participou de quatro faixas do disco “Ladrão”, do Djonga. Queria ser amiga de encontrar e fazer trança uma na outra. E ainda chamava o povo de Luiza e os alquimistas pra colar.

Foto: Hugo Leão

Dedé Santaklaus

Eu sou completamente alucinado pelo Dedé Santaklaus, o artista mais pop da cena. Como não amar ele só de shortinho jeans e coque fazendo coreô em “De Betim”, do Bloco Swing Safado? Ou o humor auto-depreciativo de “Elba Ramalho”. “Meu cabelo tá charme / Cês me chamam de Elba Ramalho /Tá passando vergonha / Passando vergonha /Elba Ramalho é mais foda que eu e que ocês”.

Os últimos trabalham deram um salto  na qualidade de produção musical e também nos visuais e nos clipes, como a deliciosa “Água” (amooooooo), ‘Mozão”, com Marcelo Tofani, da Rosa Neon, e o funk orientalizado “Quando ela senta”. Ele é parceiro da talentosa Clara Tanure, ex-cantora gospel,  e produziu a última do Rosinha. Um nome para se prestar atenção. 

Confira alguns clipes que mostram essa nova vibe de Belloryhills:

Beloryhills, me aguarde, assim que o covid passar, vou lhe usar!

Abaixa que é tiro!??

Gente, de boas, é pra ficar em casa. #vaipassar. As lives estão aí pra consolar. Hoje tem bailão com Corello, DJ Marlboro, Dom Filó, Mr. Paulão e Peixinho, às 19h, comemorando 50 anos do Baile da Pesada, com Big Boy e Ademir Lemos. Hoje ainda tem Alice Caymmi (19h) e Jorge Aragão (20h) Milton Nascimento, Xênia França e Liniker (20h30) e Rico Dalasam (21h30). Amanhã é a vez de Péricles (13h), 26 anos do after hours  Hell’s Club, com Pil Marques e Mau Mau (16h20), Erasmo Carlos (19h), Edgar (19h), Skank (20h) e uma edição da Paradiso, com Edinho e Tito Figueiredo (20h). No domingo, tem Larissa Luz (19h).

O Circo Voador no ar continua salvando vidas e apresenta, nesse final de semana, shows de Luedji Luna e DJ Nyack e O Terno na casa, hoje e amanhã, respectivamente, às 22h.

Olimds fez um baralho do tarot pernambucano com Chico Science, Lia do Itamaracá, Lampião e Maria Bonita, como não amar? Segue o fio.

Playlist com novidades musicais dessa sexta

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