Grande dama do carimbó chamegado lança seu quarto disco de carreira, na semana que completa 85 anos de idade
por Fabiano Moreira
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Essa semana, na terça-feira (18), Dona Onete, a grande cantora paraense, a diva do carimbó chamegado, completou 85 anos de idade e lançou seu quarto álbum, “Bagaceira”, com patrocínio da Natura Musical e a faceirice com a qual ficou conhecida, tardiamente, a partir de 2012, aos 73 anos, quando gravou seu álbum de estreia, “Feitiço Caboclo”, utilizando parte de 300 músicas que já havia escrito. Na minha era carioca, adorava ir aos seus shows no Circo Voador, tomar banho de cheiro e depois me jogar no banzeiro, como diz a letra da música que batiza seu segundo álbum, “Banzeiro” (2015). Cantora, compositora, sindicalista, professora e poetisa, Dona Onete é um coração ambulante que transborda emoção, patrimônio da cultura nacional e paraense. Neste álbum, ela apresenta uma síntese de banguê, brega, carimbó, toada de boi e lambada. Uma artista que se apresenta sentada para não deixar de ir aonde o povo está. ““Bagaceira” é o fim de uma festa. Viraliza, o povo se mistura e vira assunto. É um falatório, um zumzumzum, é muita animação no meio da confusão. Toca brega, toca lambada, toca carimbó, toca guitarrada e pronto. Começa a beber, vira uma bagunça, perde o sapato, essas coisas sabe?”, conta, nesse delicioso papo aqui para a Sexta Sei.
Moreira – Dona Onete, como está o coração lançando disco e completando 85 anos de idade na última terça-feira (18)?
Dona Onete – Estou muito feliz porque, mais uma vez, estou falando das nossas coisas, daquilo que me inspira, do meu Pará. Novamente, vou seguir o que meu coração manda. Se for sucesso, é sal (risos).
Moreira – Dona Onete, poderia nos contar o que é Bagaceira?
Dona Onete – “Bagaceira” é o fim de uma festa. Viraliza, o povo se mistura e vira assunto. É um falatório, um zumzumzum, é muita animação no meio da confusão. Toca brega, toca lambada, toca carimbó, toca guitarrada e pronto. Começa a beber, vira uma bagunça, perde o sapato, essas coisas sabe? Aí, a festa acaba e eles querem mais. Aí, pegam canoa, quem mora perto de Belém. vai até o Ver-O-Peso. E no meio disso, a Garça, o Urubu, todos se juntam. É uma mistura de Ver-o-Peso com Feira do Açaí. É uma festa gostosa, que ninguém se mata, ninguém briga. Eu lembro muito disso, da minha infância. E esse disco tá uma grande bagaceira. Saí da água pra cair na bagaça.
Moreira – Sabemos que você tem um caderninho com muitas canções, como foi a seleção das dez músicas do seu novo disco?
Dona Onete – Olha, algumas das músicas deste álbum já existem há muito tempo. Cada uma guarda sua própria história, algumas foram guardadas para depois, enquanto outras foram compostas recentemente, conforme as coisas aconteciam, é como se viralizasse no celular. A Bagaceira, a festa, tem muitos ritmos e eu quis celebrar o máximo deles, sabe? Fazer uma mistura grande. Então, tem um pouco de tudo. Quando a música balança o nosso corpo, quando a gente começa a dançar, chamegar…. Ah, é bom demais. Assim que eu sinto, sei que vai dar certo, que vamos fazer as pessoas felizes.
Moreira – Você faz questão de falar do seu Pará em suas canções e neste disco não será diferente, não é mesmo?
Dona Onete – Sim, eu amo cantar meu Pará, é a minha grande inspiração. Tenho muito orgulho. Tem uma música mesmo, a festa do Ver-o-Peso, quando eu falo que o Urubu convidou as pessoas pra juntar e ele limpar todos os lixos do container, tu vai lá, tu vê garça, tu vê rato, tu vê barata, tu vê todos esses convidados. Então eles fazem a festa, que é ele que manda, ele comanda, ele tá gordo, ele só sobrevoa, não dá pra ele fazer mais as estripulias que ele fazia. Ele também convidou a garça namoradeira, princesinha lá do mangal. Aí o Urubu, ela é namorada dele. Olha, como ela é fit, ela é light, ela é light, ela é só sight, ela só anda se ela olha só pra cima. Mas ela vai passar um sal no pitiú. Esse palco lá do Ver-o-Peso do pitiú é meu. Ninguém queria cantar pitiú, ninguém queria saber disso.
Moreira – Você participou de todo o processo do disco, inclusive da capa. Estou sabendo que até a aplicação de um bordado marajoara você pediu para colocar na sua saia.
Dona Onete – Minha saia ficou muito linda né? Eu tinha esse tecido com essa arte marajoara, e pedi para aplicar na saia verde, bem rodada, como das dançarinas de carimbó. Eu guardo muita coisa com carinho, sabe? O arranjo da cabeça é minha coroa de rainha do carnaval do Carnamango, do Circo Voador. Foi neste ano, naquele carnaval gostoso do Rio. Foi especial. Ah meus pretos, eu idealizei tanta coisa bonita pra essa capa, queria uma capa que trouxesse uma lembrança que tenho na minha cabeça, de uma festa bagaceira. Para foto que serviu de inspiração para a arte, eu quis que o Renato Reis, um grande amigo meu, fizesse essa foto no nascer do sol lá no Ver-o-Peso. Esse dia foi muito especial, porque a Garça estava lá com a gente o tempo todo. Convidamos a artista plástica Maitê Zara que fez a ilustração, com supervisão da minha neta Josi e um atendimento cuidadoso do meu querido Elder Effe. Pedi uma capa com muitas cores, com muita vida e alegria. Como o disco!
Abaixa que é tiro!💥🔫
Diego Bragà é artista trans não-binária nascida em Belo Horizonte e hoje vivendo entre Minas e Portugal que eu já tinha destacado na coluna Playlist da Revista Híbrida no lançamento do EP “Superputa Spiritual”. Pois ela se “estendeu na mão do palhaço” e deu até uma lambidinha no Bozo no clipe de “Minha Infância Acabou”, que chega nesta sexta (21), com produção da artista trans Boss in Drama, com a proposta de homenagem às infâncias queer. No lançamento do selo Estúdio304, de Chico Neves, a artista propõe uma viagem pop, dançante, nostálgica e não-convencional. A capa traz uma foto de uma boneca não-binária, co-criada com IA, que representa a própria Diego Bragà e infâncias.
A música é um remix do primeiro projeto fonográfico de Diego, o single duplo “Geografia do Amor” (2019), alusão a uma caixa repleta de cartões postais recebidos por homens de todo o mundo, deixada como herança à artista pelo seu tio. “A música traz uma visão poética e celebriva sobre a infância queer no Brasil desde os anos 1at970. O projeto anterior era bastante conceitual e melancólico – era a minha homenagem fúnebre ao meu tio gay e que vivia com HIV que me criou com muito amor. Convidei a Boss in Drama para dar uma cara mais gay, alegre e pegajosa!”, afirma Diego. O clipe traz referências a ícones da infância dos anos 1980 e 1990, como a She-Ha! e os Ursinhos Carinhosos e também à festa de aniversário infantil kitsch, com docinhos, refrigerante e balões. O “Palhaço Sem Graça” representa uma figura infeliz, pronta para acabar com a alegria e os sonhos infantis.
Uma das grandes revelações da nova geração, a cantora e compositora mineira Augusta Barna lança a música “Poeira”, novo single do seu segundo álbum, que chegará às plataformas em agosto. Composta no ônibus, quando ela voltava para Belo Horizonte de uma viagem a São Paulo, a música traduz seu espírito livre e sua felicidade em ter conseguido começar e seguir uma carreira na música, coisa que ela achava muito longe de sua realidade quando era adolescente.; A música ganhou clipe. “Eu estava olhando a estrada, feliz com as novas descobertas daqueles dias, que pareceram um portal se abrindo para mim”, comenta Augusta. “Estrada é algo que tem muito a ver com Minas Gerais, com a música mineira, e traz essa ideia de caminho, o caminho de cada um, e do meu a estrada faz parte”. Com produção de Dudu Amendoeira, com quem Augusta trabalha desde o primeiro EP “Cantora de Ruídos” (2021), a música ganhou metais e adornos digitais e já dá uma mostra do que vem no novo álbum. A música gabhou clipe;
No sábado (22), a partir das 14h, rola a skateata Go Skate Day, com o movimento #justiçapordananielmonstro como bandeira da Associação Juiz-forana de Skate. Daniel foi injustamente assassinado, e os amigos estão fazendo um abaixo-assinado para pressionar as autoridades, depois de um festival lindo de viver no Beco da Cultura e matéria no Estado de Minas. A skateata tem concentração na Praça do Aloha, na Rua Moraes e Castro 17, desde pela Avenida Rio Branco e faz best trick na Praça Antônio Carlos.
Por ali mesmo a Bang!, do Gramboy, comemora dez anos no Beco da Cultura, no Centro Cultural Bernardo Mascarenhas (CCBM), sábado (22), às 14h, na rua e de graça, do jeito que a festa começou, em 2014, com um time de peso que representa uma parte da história da discotecagem em Jufas, com Gramboy, Snup-in, Lucian, Marcelo Castro, Pedro Paiva & Donald. Mantendo a conexão da festa com a cultura do skateboard de rua, tem première do vídeo “Assinaturas 2” de João Victor Fouraux e Josimar Freire.
Jota.pê lança o álbum “Se o Meu Peito Fosse o Mundo”, com participação dos Gilsons e show de Xênia França, sexta (21), e o grupo vocal Boca Livre lança “Rasgamundo”, sábado (22), às 20h, no Circo Voador, no Rio.
A programação gratuita da 19ªCineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto vai até o dia 26 com a exibição de 153 filmes, em pré-estreias e mostras temáticas, com o tema geral “Memória em movimento”. Programação aqui.
No sábado (22), a DaMata Cultural faz Baile Charme, às 17h, na Praça de São Pedro.
A Praça do Cruzeiro recebe o Batuque Delas, das 14h à 18hs.
O Beira Rock tem uma arte legal, de uma capivara roqueira, shows de @balboafckrs, @insannica. @heavyher e @bandaecdise, às 21h, no Beco.
Tem Festa Junina do Tenetehara, sábado (22), às 16h. A casa é um charme.
Tem Eminência Parda e A Zagaia sexta (21), às 21h, na Versus.
Depois do cancelamento dos shows de Ludmilla, Ivete Sangalo e Forfun na cidade e no Brasil, a 30e manteve o show da turnê de despedida do Natiruts, sábado (22), às 21h, no estacionamento do Estádio Municipal.
No domingo (23). tem arraiá no Independência Shopping, , a partir das 14h, no piso L1, em frente às Lojas Americanas, com show da Trupicada às 15h.
João Bosco celebra seus 50 anos de carreira com a turnê “Cinco décadas em canções”, com show no Circo Crescer e Viver, no Centro do Rio de Janeiro, na sexta (21), às 19h.
Depois de oito anos sem tocar no Rio, a banda Del Rey, conhecida pelas suas marcantes e impecáveis performances com versões da Jovem Guarda, estreia no palco do Manouche, nos dia 22 de junho, sábado, com o show do maravilhosos álbum “O Disco”, com abertura de Dedé Teicher, ex-vocalista do Scracho, lançando o EP “Vôngole”.
O projeto Vivo na Praia acontece em Ipanema, em frente ao posto 10, na altura da Rua Henrique Dumont. das 9h às 20h, com shows, a partir das 17h, de Maria Gadú (22), Marcelo D2 (23), Teresa Cristina (29) e Marina Lima (30). Inscrições aqui,
No domingo (23), às 19h, o Cine-Theatro Central recebe o ator Marcos Veras para o espetáculo “Vocês foram maravilhosos”, uma junção de stand-up, show de humor e peça de teatro, com direção de Leandro Muniz..
A primeira etapa da edição 2024 do Festival de Cinema Ambiental e Gastronomia de Sarandira (Sarancine) acontece no Teatro Paschoal Carlos Magno, que sediará a abertura oficial do festival, nesta sexta-feira (21), às 18h30, além de diversas exibições de filmes, show e debates, até o domingo, 23. A segunda etapa da programação acontece no Distrito de Sarandira, nos dias 28, 29 e 30 deste mês.
A Women´s Music Event (Wme) acontece até domingo (23), na Biblioteca Mário de Andrade, em São Paulo, com painéis e shows de Amanda Magalhães e da dupla Juliana Linhares e Josyara (sexta) e Bia Ferreira e Cynthia Luz (sábado).
Playlist com as novidades musicais da semana, que consolida às 2h da sexta. Todas as playlists de 2023, 2022, 2021 e 2020 nos links
Para melhores resultados, assista na smart TV à playlist de clipes com Fatboy Slim, Letrux, Tove Lo + SG Lewis, Nabiyah Be, MC Tchelinho + Leo Justi, Kings Of Leon, Bree Runway, Nilze Carvalho, Jão, Yag! Del Rey, Adorável Clichê, Casllu + JohnnyNobeat + Yettobeats, Papisa, MC Poze do Rodo – Morena (prod. Ajaxx), Juliana Linhares, Lumen Craft, Daniel Shadow + Erik Skratch, Luíza Boê + Jaques Morelenbaum, Lucas Sfair e Oruã
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