Sexta Sei: Eu vou dançar até o fim na Contra Dança do Noporn

Duo de música eletrônica formado por Liana Padilha e Lucas Freire lança quarto álbum de sua carreira, “Contra Dança”, proclama resistência clubber em 20 anos de carreira e parte para tour pela Europa

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Todas as fotos do Noporn por Gleeson Paulino

O duo de música eletrônica formado por Liana Padilha e Lucas Freire, o Noporn, lança hoje (2) o seu quarto álbum de carreira, “Contra Dança”, comemorando a resistência clubber em 20 anos de história e partindo para tour pela Europa, passando por Espanha, Alemanha, Inglaterra, Holanda, França e Portugal. No Brasil, os shows acontecem a partir de novembro. O disco traz 12 faixas que têm a noite e o sexo como protagonistas e que foram compostas durante e após a tour pela Europa divulgando o “SIM”, último disco.

Bati o segundo papo com o Noporn aqui da página, depois da conversa que tivemos para o lançamento do disco  “SIM”, no ano passado. Liana conta que o novo disco é “um chamado a não perder tempo projetando a felicidade longe e esquecendo de viver a vida agora”, na “poesia falada em cima de som pra dançar”. Com zero nostalgia e com vontade de brimcar, nossa diva se renova a cada estação.

“Contra Dança”

Moreira – No ano passado, vocês fizeram uma tour por Portugal e França, quando, aqui no Brasil, estávamos em um momento muito intenso da pandemia, e vocês puderam se soltar um pouco, transitar. Como foi a receptividade ao som de vocês e como era a formação dessas plateias? Eram brasileiros fora do país ou misturado? Qual a expectativa de vocês para a tour desse ano, que passa por Espanha, Alemanha, Inglaterra, Holanda, França e Portugal?

Liana Padilha – Sim, o ano passado deu duas experiências  muito fortes pra gente, a primeira foi lançar online um disco feito em estúdio caseiro e no isolamento sem show nem festa. Um disco que começava convidando pra uma “festa no meu quarto” que falava de sexting, de desejos guardados e amor, de solidão e resistência. E a segunda quando a @umquartoclub, nossa agência, fez esse convite pra virmos pra Europa lançar do jeito que pudéssemos esse álbum. Estreamos “SIM” em Paris, num clubinho muito parecido com o Xingu/SP onde o Noporn nasceu, um show lotado de uma plateia fervida e que cantava tudo. Tinha mais pessoas de outros países que brasileiros e todos tentando entender o que as músicas falavam. Fizemos três shows esgotados em Lisboa, um no Porto, um show online no Gerês. E alguns “talks” sobre criação de poéticas e música eletrônica. Agora, nesse momento do Brasil Bizarro, pré eleições, pós pandemia?! Depois de ver outras formas de divulgação da nossa música e de diversão, fizemos o quarto álbum: “Contra Dança”, que é um chamado a não perder tempo projetando a felicidade longe e esquecendo de viver a vida agora. É um grito de necessidade de dançar e estar com outras pessoas, reaprender a estar em festas cheias, reaprender as trocas. Começamos a criar essas músicas novas muito no embalo da tour do ano passado. Para esta tour, criamos dois tipos de show, um mais romântico e outro mais safado, e vemos qual é o clima do lugar, da festa e o nosso, antes de tocar pra essas plateias diferentes. Mas tudo é música eletrônica autoral em português, poesia falada em cima de som pra dançar.

Moreira – Esse álbum é uma celebração de um encontro que deu muito certo entre vocês dois, e isso transparece no disco, mais leve. Também é mais quente e dançante, né?  Como tem sido a troca entre vocês? E como foi o trabalho de composição do disco?

Liana Padilha – Os encontros nos movem e levam a outros lugares, mentais ou físicos. Cada pessoa que cria com a gente, gera uma química diferente, um outro clima. A gente trabalha em dupla com muita facilidade e um ouve o outro sempre. Tem sido fácil criar quando se tem espaço para errar e fazer de novo até achar que está ok (nunca achamos mas…). Artisticamente, estamos muito juntos, conversamos e falamos tudo e isso vira assunto pro trabalho também.

Moreira – Liana fala, no release, que o público de vocês tá cada vez mais jovem. Isso rejuvenesce a artista? Como se manter atual em 20 anos de rolê? Adoro acompanhar esse retorno do NoPorn, sou muito lianer 😉

Liana Padilha – Eu acho que o público do Noporn tem sempre a mesma idade, que é a idade em que você está aberto a descobrir coisas novas e a vida não te engessou ainda. O tempo que mais amo é sempre o tempo presente, tenho zero nostalgia das coisas. Acho que eu, como artista, por escolhas ou sorte, ainda tenho vontades, desejos e sonhos que tinha quando era muito nova. Sou muito curiosa, leio muito e ouço os mais jovens, não me sinto mais sabida que ninguém, tenho amigos crianças. Acho que a maioria das pessoas, perde com o passar dos anos a vontade de brincar, começam a se levar muito a sério, criam totens de si mesmos. Sei lá, mas ainda tenho o mesmo fogo, talvez a minha poesia seja sempre sobre assuntos que sempre estiveram presentes em mim. Tenho cadernos de diversas épocas e vejo que minhas questões sempre foram muito parecidas. Mas não penso em nada direcionado a um público específico quando escrevo, falo de mim e do mundo que eu vivo. Minha relação com o público é mais horizontal, não me vejo diva, sempre fui DJ, ou MC. Gosto de festa, de ver as pessoas felizes, sendo sexys. Não gosto de ver o público me cultuando ou sofrendo nos meus shows. Na verdade, prefiro tocar com luz de boate e prefiro que a música, a festa e o público sejam os protagonistas do meu show.

Moreira – O disco reflete a experiência brutal de isolamento físico e de superexposição nas redes. Como será nosso retorno ao mundo e ao convívio presencial? Precisamos voltar a dançar, né?

Liana Padilha – Esse trabalho tem essa onda da super informação, da mudança rápida de assuntos das redes, do amo/sou , que é tudo num dia e no outro não é mais, rsrs. Pra nós é um grito de resistência pela liberdade individual, pelo fervo, pela cura da tristeza dançando.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Marina Mathey, “Boneca Pau Brasil”

Estou fascinado pelo trabalho da artista multimídia Marina Mathey, que lançou clipe para o single “Boneca Pau Brasil”, faixa homônima de seu primeiro disco, que vem aí, com parcerias com artistas como Liniker, Lyryca e Susy Shock. A faixa é uma provocação crítica e de revisão do legado deixado pela Semana de 22, que completa cem anos, e tem produção musical de Amanda Magalhães. “Quando escrevi esta letra, estava inspirada na obra da poeta Ave Terrena e, a partir daí, debrucei-me sobre alguns temas específicos, como essa ideia do extrativismo sexual, do corpo travesti e como isso se intersecciona dentro da cultura brasileira”, completa Marina. O clipe traz “uma boneca pós cirúrgica, toda transformada e operada, o que revela um processo paradoxal: o quanto a gente se transforma para agradar os outros? Quanto disso é pelo nosso próprio agrado?”, questiona a artista.

Marina Mathey por Ferrerin

Klüber, “Ninguém Precisa”

Trans não-binária, a cantora, compositora e musicista curitibana Klüber, que define seu som como “Pop Prolixo”, acaba de lançar single e clipe “Ninguém precisa”, que precede seu primeiro álbum. Com produção musical de Érica Silva, do Mulamba, e Leonardo Gumiero, a canção é um grunge pop no qual a artista repete um mantra de auto-respeito com furor e desespero, sobre guitarras. A letra é superação de um boy lixo que não a beijava em público. “Sofri muito, e a letra só saiu na ideia de repetir uma espécie de mantra do auto-respeito: você não vai me ver sofrer, você não vai me ver. Percebi que a memória das coisas boas se esvaiu, ficou só a dor e dela ninguém precisa, o que deu nome à canção”, explica.

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Foto: Ricardo Botafogo
Foto: Ricardo Botafogo
Paulo Leminski e Waly Salomão
Paulo Leminski, Alice Ruiz e Rita Lee
Foto: Rodolfo Guttilla

Em 2014, comprei a obra completa de Paulo Leminski e passei um bom tempo agarrado a esse volume “Toda poesia”, de linda capa laranja, que me fez tão bem. Baixa aqui, bobinha. Cheguei até a “ilustrar” alguns poemas no Instagram, toda blogueirinha que sou. O escritor, que completaria 78 anos, ganhou songbook com todas as partituras e cifras com download grátis de sua vasta obra na música, compilação assinada pela filha,  Estrela Leminski, a quem tive a honra de assistir show aqui em Jufas, no MAMM, ao lado do marido e parceiro, Téo Ruiz. Eles acabam de lançar vídeo para “Ah Você Amigo”, gravada ao vivo na Ópera de Arame, em Curitiba. A música é um dos destaques do CD “Leminskanções”, de 2014, no qual ela revê a obra do pai.

A Feira Internacional da Música do Sul (FIMS) fez uma playlist bem bacana com toda essa produção musical (ao lado), com nomes como Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Ney Matogrosso, Paulinho Boca de Cantor e Moraes Moreira interpretando as suas canções.

Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Mestre Moa do Katendê, fez história em Salvador e contribuiu como educador para a preservação e disseminação da cultura afro-brasileira, influenciando uma geração de artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Moraes Moreira e outros grandes da MPB. Môa, que é co-fundador dos Afoxés Badauê e Amigos do Katendê na Bahia,  foi assassinado, brutalmente, um dia após o primeiro turno das eleições presidenciais de 2018, no dia 8 de outubro, por intolerância política. No próximo  dia 7 de outubro, quatro anos após seu assassinato, chega ao streaming o disco “Raiz Afro Mãe” (Mandril Audio), com 14 de suas canções na sua voz e nas vozes de Luedji Luna, Criolo, BaianaSystem, BNegão, Emicida, Chico César, Edgar, Fabiana Cozza, GOG, Jasse Mahi (filha de Môa), Kimani, Lazzo Matumbi, Letieres Leite (1959 – 2021), Márcia Short, Mateus Aleluia Filho e Rincon Sapiência. 

Capa de "Embaixada Africana", com Criolo
Capa de "Festa da Magia", com Luedji Luna

O disco já tem dois singles lançados, “Festa de Magia”, com Luedji Luna, que tem o toque Batá como principal condutor, e “Embaixada Africana”, com Criolo,  um Ijexá e samba de cabula com o verso “Se não quiserem tocar no rádio não precisa/A voz do povo é a voz da sabedoria”. Também em outubro, será lançado o longa-metragem “Môa – Raiz Afro Mãe” (Kana Filmes).

Carlos Bracher em foto de Filipe Lage
Zé Renato em foto de Leandro Alves
Laura em foto de Natalia Elmor e direção de arte de Radha Damasceno
Museu Mariano Proópio

O artista juiz-forano Carlos Bracher está fazendo uma série de 25 pinturas em homenagem à cidade, “Juiz de Fora: um Tributo à Terra Natal”. O primeiro prédio retratado será o Cine-Theatro Central, hoje (2), das 13h às 16h, em criação conjunta e interativa com 50 alunos da rede pública de ensino e de instituições sociais. Às 18h30, tem apresentação da Orquestra Sinfônica Pró-Música, com repertório marcado por clássicos de Mozart, Bach, Haendel, Puccini, Morricone e Carlos Gardel, entre outros. Os ingressos, gratuitos, devem ser retirados hoje no teatro.

Depois de ter passado, em julho, pelo Teatro Solar, com espetáculo infantil ao lado do trio Amaranto, Zé Renato, considerado como um dos grandes cantores, compositores e violonistas de sua geração, um dos integrante do grupo vocal Boca Livre, chega ao Sensorial, neste sábado (3), com show do disco “O amor é um segredo”, no qual interpreta a música de Paulinho da Viola. Além de canções que estão no disco, como “Só o tempo”, “Para um amor no Recife” e “Minhas madrugadas”, ele traz sambas de aura positiva e grandes preferidos do público, como “Foi um rio que passou em minha vida”, “Pode guardar as panelas”,” Pecado capital” e “Coisas do mundo minha nega”. O Sensorial, ailás, não está pra brincadeira e programou, para os próximos meses, bons shows de Banda Biltre (17) e da banda baiana Maglore e da cantora Ana Cañas, no show cantando Belchior, nos dias 7 e 28 de outubro, respectivamente. Ingressos aqui.

No novo Beco, hoje (2) tem a festa “Coladera”, com Ingoma, Laura Conceição e DJ MCastro, a partir das 20h.

O Festival de Forró de Ibitipoca chega à sua 5ª edição, hoje e amanhã (2 e 3), com atividades gratuitas no praça de eventos da Associação de Moradores e Amigos de Ibitipoca (AMAI), a partir das 18h, hoje, e das 14h, amanhã. A praça recebe dois shows, sempre às 20h, de  Bella Raiane (hoje) e Felipe Costta (sábado), dois “Concertos Sanfônicos”, quatro “Oficinas de Dança” e um Fórum de Forró de Raiz. A partir das 21h, tem festa com venda de ingressos e set do DJ Kalango e shows de Pé de Manacá, Felipe Costta trio, Trio Samburá, Rapacuia (hoje),  e Maisa Arantes, Bella Raiane trio, Conterrâneos e Trio Sucupira (sábado), no Casarão. O festival tem direção artística de Marcio Guelber e curadoria de Nara Pinheiro e foi  contemplado pelo edital “Festas Populares”.

A Fundação Museu Mariano Procópio inaugura a exposição “Rememorar o Brasil: a independência e a construção do Estado-Nação” no dia 6 de setembro, em comemoração ao Bicentenário da Independência. A data marca também a reabertura do Prédio Mariano Procópio e a exposição de um acervo que não era exibido ao público durante 15 anos. A visitação é a partir do dia 7, das 9h às 16h, de terça a domingo.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.

Playlist de clipes com ​​Muse, Lali, Marina Mathey, Klüber, Lexa + Pabllo Vittar, Role Model, Greentea Peng, Lizz Cass, Félix Robatto, MC Livinho, Jonathan Ferr + Zudizilla + CorujaBC1, Aiyé + BB9NDBK, Tove Lo, blackbear, Adrian Jean, Andre Unknow, Chet Faker, Artic Monkeys e Tim Bernardes

 

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