Sexta Sei: Assucena levanta a voz feminina pra quebrar o monumento do patriarcado

Cantora, indicada ao Grammy latino duas vezes com o grupo As Baías, lançou dois singles e anuncia disco de estreia para esse ano

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Foto de Cássia Tabatini com direção criativa Ode

Nascida e crescida no sertão de Vitória da Conquista (BA) e radicada em São Paulo, a cantora Assucena, 33 anos, é uma das maiores vozes da música popular, indicada duas vezes ao Grammy Latino pelo trabalho ao lado de sua banda As Baías, que encerrou sua trajetória em 2021. Ela está em estúdio gravando o seu disco de estreia, ainda cercado de mistério, e já lançou dois singles, “Parti do alto” e “Ela (Citação A menina dança)”,  dando pista das escolhas e da estética da artista solo.

Batemos um papo, por áudios de Whatsapp (que voz encantadora), para falar desses lançamentos, produzidos por Ivan Gomes, do Abacaxepa, da imagem sublime de moda/arte que ela criou com a diretora de arte Ode, a mesma de Edgar, da necessidade de celebrarmos a arte de Elis Regina e Aldir Blanc, morto por Covid e pela ineficiência do governo Bolsonaro, do Brasil bonito de Elza Soares, Nara Leão, Gilberto Gil e Mangueira, da necessidade de partir “do alto” pra quebrar esse monumento chamado patriarcado e de como é bom ser responsável por todas as decisões artísticas e estéticas, voando solo.

Foto de Cássia Tabatini com direção criativa Ode

Moreira – Você está em estúdio gravando seu primeiro álbum da carreira solo. O que podemos esperar? Quem está produzindo é o Ivan Gomes, que assina os dois primeiros singles? Como foi esse encontro? Já tem previsão de lançamento?

Assucena – Sim, estou em estúdio agora, muito feliz pela possibilidade de gravar esse primeiro trabalho solo e construir uma fisionomia de quem vai ser a Assucena. Claro que é uma apresentação primeira de mim, o primeiro disco é sempre isso, um desafio. Também estou doida pra ver como vai ficar. É um disco autoral, que pretendo lançar no início do segundo semestre. Alguns singles devem vir antes, mas é algo que ainda estamos construindo. Estou muito feliz com o conceito e as canções, que já temos definido.  Tenho mais canções do que precisaria. Não vai ser o Ivan quem vai produzir. O Ivan produziu os dois singles lançados, “Ela” e “Parti do Alto”, que mostram duas facetas minhas, como intérprete de uma canção gravada pela Elis, há cinquenta anos, e compositora autoral. O meu encontro com o Ivan se deu nos bastidores de shows, em rodinhas de violão com amigos, ele produz uma banda que eu amo, Abacaxepa, fomos ficando amigos assim, estabelecendo um vínculo de sonoridade e musicalidade profundos. Não posso contar quem vai produzir o disco ainda, espera a nossa próxima entrevista para eu poder contar.

“Ela” (Citação A Menina Dança)

Moreira – A imagem dos dois singles é muito boa, diria até sublime, a moda como arte. Como chegou à diretora de arte Ode (como ela é boa)? A ideia é ter a história contada também com essas imagens?

Assucena – Primeiro, agradeço por você ter gostado, fizemos para que ficasse algo legal, sexy, bonito, gostoso de ouvir e atraente. Esses dois singles são independentes do disco, uma apresentação, mesmo, um cartão de visitas de como vai ser minha carreira. Ode é uma diretora de arte incrível pela qual me apaixonei há algum tempo, ela produz muitas coisas do Edgar, um artista que eu admiro. Ela é uma diretora de arte com uma linguagem extremamente original, isso que  me impressionou. Nosso trabalho foi construído a partir desse feminino que os dois singles colocavam. Existe uma conversa imagética entre as duas capas, os símbolos da panela, das flores, a paleta cromática. Fico feliz que você tenha gostado da Ode. Esses singles são independentes. A história da imagem do disco vai ser outra.

Foto de Cássia Tabatini com direção criativa Ode

Moreira – Este segundo single evoca Elis Regina e Aldir Blanc, um nome que temos a obrigação de exaltar. Como foi essa escolha da canção? O disco de inéditas dele que saiu ano passado é um dos melhores álbuns do ano… Que bom que seu nome tem sido tão falado com a lei…

Assucena – “Ela” é uma cancão de cinquenta anos atrás, uma composição do Aldir Blanc com música do Cesar Costa Filho edá nome ao segundo disco da Elis, “Ela”,produzido pelo Nelson Motta. A escolha dessa cancão se deu quando o DJ Zé Pedro me perguntou qual música que eu gosto de cantar. Falei algumas músicas, mas que queria gravar “Ela”, da Elis. Ele me incentivou a gravar, disse que era uma linda canção e que nunca ninguém imaginou regravá-la. Eu fiquei com isso na cabeça, é uma canção que eu cantarolo em casa, simplesmente me pegava cantando, pois amo esse disco. É uma homenagem tanto a Elis Regina quanto a Aldir Blanc, que é um dos nossos maiores compositores, poetas e teve uma morte trágica, de Covid, esperando para ser atendido. Ele podia estar entre a gente se o governo levado mais a sério a pandemia. Eu tenho dito: apesar dos pesares, da cara do neofacismo estar estacionada no Planalto, a gente tem que olhar pro Brasil bonito. O Brasil de Elis, Aldir, Elza Soares, Nara Leão, Gilberto Gil. Bethânia, Gal Costa, é pra esse Brasil que quero olhar, o Brasil da Mangueira, da Unidos de Vila Matilde, da Vai-vai.

Foto de Cássia Tabatini com direção criativa Ode

Moreira – O primeiro single foi uma inédita, “Parti do alto”. O que une os singles é a ideia de superação do patriarcado, essa vai ser uma temática do disco?

Assucena – Sim, essa superação  do patriarcado eu coloquei com uma tônica de deboche e de entendimento de quem é essa mulher que parte do alto pra quebrar esse monumento chamado patriarcado. Nela, você tem uma mulher dançando com uma dor no peito. Tem essas relações sensíveis, apesar de ter uma ironia, um deboche, uma zoeira com o patriarcado. O disco vai pra outro caminho, outro conceito. Você está querendo spoiler do disco, né? Risos

Assucena no visual do show “Rio e também posso chorar”, com releitura original do clássico disco “Fa-Tal – Gal a Todo Vapor”. Foto: Fernanda Tiné

Moreira – Você tem homenageado Gal Costa com o show “Rio e também posso chorar”, desde dezembro, com releitura do clássico disco Fa-Tal – Gal a Todo Vapor”, de 1971. Qual a importância desse álbum e de reverenciar Gal?

Assucena – Olha, “Fa-tal” é um disco que moveu as minhas estruturas emocionais, físicas, chorei muito, me contorci de alegria e de melancolia, mexeu com as minhas estruturas artísticas, nunca mais fui a mesma. Foi um disco que ouvi antes e durante a minha transição, ele tem um valor tanto artístico quanto afetivo muito grande. É um disco que emerge de uma estética do subdesenvolvimento do Brasil regido pela ditadura militar. Ele vem da contracultura, por isso, é um disco que tem rasura, microfonias e expressões estéticas contraculturais de um Brasil melancólico que se levantava contra o autoritarismo. “”Fa-tal”, ele tem muita coisa que eu amo.

“Parti do Alto”

Moreira – Como tem sido essa nova jornada de artista solo? Aumenta a responsabilidade?

Assucena – Olha, não é fácil ser uma artista independente começando uma carreira no Brasil de 2022. Um país que teve um Ministério da Cultura rebaixado a secretaria que mal gere uma exuberância cultural de dimensões continentais que é o Brasil. Não é fácil, mas a gente segue. Eu gosto muito da ideia de ser uma artista solo pelas decisões serem totalmente minhas. Quando você é de uma banda, de um coletivo, você tem que interseccionar com os parceiros os gostos e abrir mão do que não tem acordo. Eu agora sou responsável por todas as minhas escolhas artísticas e estéticas, então, aumenta a responsabilidade.  O ônus e o bônus das escolhas são totalmente meus.

Abaixa que é tiro!💥🔫

Lembra que eu falei aqui do Queen Stars Brasil, o programa de competição de drags cantoras da HBO Max que tinha Pabllo  Vittar e Luisa Sonza como apresentadoras? Pois o programa chegou ao fim e premiou o trio vencedor com a gravação de um EP, pela Universal Music. O Pitayas estreou essa semana, com EP homônimo e clipe para a faixa de trabalho, a autoral “Macetada”.

Clipe de “Macetada” 

O trio é formado por Reddy Allor, já conhecida do público do pocnejo, Diego Martins e Leyllah Diva Black. Além de “Macetada”, o EP conta com outras cinco faixas autorais: “Chorei”, “Sonza”, “Mais Um Trago”, “Tô Na Mesa do Bar” e “Montada”.

Otto em foto de Rui Mendes

“Canicule Sauvage” é o sétimo disco de carreira do galego pernambucano Otto, que chega hoje (29) às plataformas, marcando o reencontro do músico com o produtor Apollo Nove, presente no início da carreira do artista. A sonoridade foi baseada na primeira pré-produção do próprio Otto, usando o software GarageBand no celular, durante o confinamento. O disco traz participações especiais de Tulipa Ruiz, Nina Miranda, da icônica banda Smoke City, Lavinia Alves, Ana Cañas e Lirinha.  Ela já apresentou a faixa-título, ainda “Canicule”, no Inhotim em Cena., em dueto com Tika.

Foto: Paula Duarte

Paulista radicado em Juiz de Fora, o pianista e compositor Guilherme Veroneze lança “Saudação”, nessa sexta (29), nas plataformas digitais, primeiro single de EP homônimo que está a caminho. O clipe, gravado no teatro da Sociedade Filarmônica, será divulgado em 17 de maio, em parceria com o selo canadense Little Symphony Records. Esta é a  primeira de cinco músicas inéditas que vão compor o EP. O projeto,  patrocinado pelo Programa Cultural Murilo Mendes, ainda prevê show com entrada gratuita, em 5 de junho, no Teatro da Sociedade Filarmônica de Juiz de Fora, e edição de livro com as partituras das faixas a ser distribuído para escolas de música. Este é o quarto EP do artista, sendo que  “Um tempo” foi selecionado como Melhor Álbum Clássico de 2021 pela plataforma estadunidense SoloPiano.com. Influenciado por Philip Glass e Yann Tiersen, a música de Guilherme são um convite a desligar o ruído do mundo e contemplar um momento de calma..

O ator, autor e diretor teatral Marcos Marinho está com campanha de financiamento em curso para a estreia do espetáculo “Infância – Caixas de Memória”, nos dias 24 e 25 de maio, às 20h, no Teatro Paschoal Carlos Magno. São dez cenas escritas por ele, baseadas nas suas memórias da infância, em bairro rural de Juiz de Fora. A peça recorre aos conceitos de narração, teatro memória e teatro documental. Durante o isolamento da pandemia, ele burilou o texto, criou objetos para encenação, formou uma equipe e ensaiou. Além do espetáculo, ele pretende lançar um livro-caderno com o texto da peça, ilustrações do artista Ramon Brandão, papel semente e folhas em branco para anotações. Na equipe, bons nomes, como os pesquisadores musicais André Pires e Tuta.

A banda italiana Måneskin, já confirmada no Rock In Rio, anunciou show também em São Paulo, no dia 9 de setembro.
A série inglesa “Heartstopper”, na Netflix.

“Vivendo, aprendendo e construindo nossas metas, Confraria dos Poetas”, costumam dizer os participantes das rodas da Confraria, antes de recitar poesias e improvisações. Neste sábado (30), a partir das 14h, eles promovem a IV Roda de Poesia nas Quebradas – “Retiro tem Poesia “, na Escola Municipal Menelick de Carvalho, no Retiro. Além  de roda de poesia e slam, o evento terá apresentação de dança com o Grupo Epifania, teatro com o Grupo Teatro do Afeto e percussão com o Grupo Informa. A escola fica na Av. Dr. Francisco Álvares de Assis 490, Retiro.

A banda italiana Måneskin, já confirmada no Rock In Rio, anunciou show também em São Paulo, no dia 9 de setembro, no Espaço das Américas. A venda dos ingressos gerais começa em 4 maio.

Saiu line-up do Primavera Sound São Paulo, com Travis Scott, Arctic Monkeys, Lorde e Björk como headliners do festival que acontece entre os dias 31 de outubro e 6 de novembro na capital paulista. Na lista, ainda estão Arca, Phoebe Bridgers, Charli XCX,  Interpol, Caroline Polachek e Sevdaliza. Ingressos restantes aqui.

Atração do festival, o Arctic Monkeys anunciou shows no Rio, no dia 4 de novembro, na Jeneusse Arena,, com abertura do Interpol.

Imperdível a série inglesa “Heartstopper”, na Netflix, sobre o amor adolescente gay de Charlie Spring (Joe Locke) e Nick Nelson (Kit Connor). Florzinhas aparecem 🌼.

Estão  abertas, até o dia 8 de maio as inscrições para o Corredor Multicultural,  A maratona de arte e cultura que acontece entre os dias 27 e 31 de maio, com remunerações que vão de R$ 900 a R$ 3.100, incluindo a dedução dos impostos vigentes.

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.

Playlist de clipes com Flume + KUČKA & Quiet Bison, alt-J, Sub Urban + BENEE, Jack White, Bomba Estéreo, Shakira + Rauw Alejandro,  Jorge Drexler, Aquafaba + Icaro Silva + Aline Wirley, Adrian Jean, Luna Ki + Lola Índigo, Alesso + Zara Larsson, Ed Sheeran + Lil Baby, Southside + Travis Scott + Future, The Kooks + Milky Chance, FKA Twigs + Pa Salieu, A Travestis, Pinkparntheress + Willow, Angèle, Caetano Brasil + Leandro Domith, Elza Soares e Korn.

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