Errigê: o trap funk promessa da cidade

Do passinho ao trap, MC Errigê lança clipe e reza (até pra quem critica)

por Francis Hemp

Roger Fernandes Luiz, 21 anos, do Vista Alegre. Foto: Ghost Sauce

Onde você nasceu, cresceu e mora?
Nasci em Belford Roxo, RJ. Vim pra Juiz de Fora em 2010 e, até então, moro aqui desde meus 10 anos de idade.

Quando e como você se envolveu com a música?
Me envolvi com musica através da dança (passinho de funk), como eu morei la até meus 10 anos eu presenciava muito esse estilo de dança mas tinha vergonha e, no final de 2017, gravei meu primeiro vídeo dançado e postei no Facebook, que explodiu de comentários, likes e compartilhamentos, desde então,  fiquei conhecido como RG DANCY em Juiz de Fora, disputando algumas batalhas organizadas pelo público. Depois rolou uns problemas pessoais e eu me afastei,  não queria dançar mais e passei a escutar muito trap, o primeiro que gostei (e admirei) foi o Meno Tody

Escrevi algumas musica no estilo e resolvi postar no meu canal no YouTube (que era onde eu postava meus vídeos dançando e algumas músicas de funk), a partir daí, eu resolvi virar MC e, desde então, tenho algumas lançamentos no meu canal com números agradáveis, Só Rajadão feat Mc Plzin já passou 16k.

Quais as suas referências musicais?
Quando estou escrevendo tenho como inspiração Mc Cabelinho , Mc Poze e Tz da Coronel, gosto muito do estilo e a história desses caras me expira muito, principalmente do Cabelinho, tenho uma admiração enorme por ele.

Quais assuntos você aborda em suas músicas?
Primeiro eu observo muito o que ta na midia, o que o publico mais interage e, a partir daí, pego como inspiração pra escrever. Atualmente, no meu estilo musical, gosto de abordar coisas reais e coisas que eu almejo (casa pra coroa, uma vida melhor pra familia, pode presentear meus amigos que sempre me apoiaram), gosto de falar de bebidas (whisky) e, por princípio, nunca esquecer de quem desacredita de nós, os favelados que vem de baixo e quer subir na vida.  Esse último lançamento, Signo de Faixa Preta, eu falo um pouco dessa realidade.

Você acha que Juíz de Fora é uma cidade acolhedora para artistas e músicos independentes? Da pra fazer uma carreira aqui?
Mano, na minha opinião, Juiz de Fora é uma cidade que só tem artista foda, tanto no trap quanto no funk. O que realmente falta é o publico abraçar os artistas daqui, fora a união que falta entre os artistas. Se o publico abraçar e tiver união, da pra ter uma carreira foda nessa cidade.

Qual seu rolê ? Lugares que você frequenta para se divertir, pro lazer, pra tocar…
Mano, atualmente não tenho dado muito rolê pela cidade, tô indo de vez enquanto com minha namorada no shopping (McDonald’s) e no cinema. Shows ainda não ando fazendo, mas ano que vem promete!

Como que é a produção do som? 
Eu tenho uma ideia (um verso) e escrevo pra não esquecer, depois começo a trabalhar em cima, escrevendo a música, costumo procurar os beats no YouTube que batem com a letra, que tem a melodia parecida, compro os beats e marco a gravação no estúdio da Hong Kong Rec que fica no bairro Santo Antônio. Tenho um EP recente, É O TRAP É O FUNK, com 4 faixas, que foi gravado com meu mano Wm Felix, no estúdio dele, no bairro Bela Aurora.

“se for falar algo disso, fala que era um grupo que eu e mais dois amigos fez, o BDD JF (Bonde das Dancinhas JF), porque tem um no rio (inclusive a camisa nós copio deles kkkk só colocamos o BDD JF pra diferenciar, e tbm a manga preta”.

“sempre uma mensagem positiva”

Você trabalha ou estuda?
Os estudo eu completei. To desempregado por enquanto mas já fiz algumas entrevistas e tudo indica que no inicio do ano to trabalhando já. Mas fiquei quase dois anos trabalhando no Bahamas pra correr atrás disso tudo (meu sonho), com dinheiro que eu ganhava eu lançava meus clipes.

Fala do seu trampo no Bahamas, como foi na pandemia?
Eu trabalhava na loja aqui do grama, a 18. Eu era repositor de mercadoria e, mano, trabalhar na pandemia foi difícil, tinha que ter todo o cuidado e a loja muitas vezes ficava cheia.

No EP e nos singles você fala bastante putaria, navega pelo lifestyle (grana, grife, drink, maconha) e tem alguns momentos bandido, das armas etc.. Tudo isso envelopado na fé em Deus,  o que me dá a impressão que o seu Deus é mais atualizado com o rolê, com o que a tropa quer… você pode me falar mais sobre isso?
Seguinte, quando eu comecei, no trap se falava muito de drogas e armas, e então eu também abordei o tema, mas agora eu tô evoluindo, mudando minhas letras, com objetivo de realizar meu sonho e dar o de melhor pra minha família e pra aqueles que me apoiam. Depois de lançar o EP que tive essa visão, me questionei muito. Vou começar a expressar o que eu sinto e colocar em cada letra, pra que possa ser agradável de escutar e possa servir de inspiração.

Pode crer, e de onde veio essa vontade de mudar de assunto?
As pessoas desistem fácil de seus sonhos com as atitudes de pessoas próximas que, ao invés de apoiar, tentam te derrubar. Tudo isso e mais um pouco. Nessa nova faixa eu expresso: na maré geral pulou Jesus que me levantou hoje eu prezo muita fé pra aqueles que criticou…

Você segue alguma religião? 
Sou evangélico, afastado. Mas nunca perdi minha fé, é o que importa.

Signo de Faixa Preta

Assista ao clipe dirigido pela Ghost Sauce

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