A Era das Lives (I de III)

“A História se repete primeiro como tragédia, segundo como farsa e terceiro como vacilo, na boca de um youtuber safado.” Emerson Hobsbawm 

Inspirado na série “Eras” do renomado historiador marxista Eric Hobsbawm, a qual ficou conhecendo por meio de resumos no youtube, o jovem coach historiográfico Emerson, adota o sobrenome de seu novo mestre para escrever a história contemporânea da internet em três capítulos de no máximo uma lauda. Raso como um cinzeiro e pretensioso como um milionário, tem como objetivo de vida refutar, mesmo sem saber direito o que isso significa.

 

Cap. I A era do texto

Na primeira década do século XXI, os microcomputadores iniciavam sua definitiva incursão para os lares das pessoas – é claro que computadores já faziam parte da vida de muita gente, mas estamos aqui falando disso enquanto um fenômeno de massas. Em diferentes velocidades, as famílias iam se conectando à rede mundial de computadores, mas o acesso se dava de maneira muito diferente, no mínimo árida, se compararmos com a década de 2020. A rede estava aberta para todos, mas os caminhos não estavam demarcados, precisava-se de um guia, um mestre, um Caronte ou um conhecimento técnico mínimo.

Com o tempo, os caminhos foram se facilitando e surgiram os buscadores, primeiro o neolítico “Cadê” antes do domínio monstruoso do google. Com palavras-chave era possível encontrar caminhos, informações, imagens, amigos… O mais interessante dessa fase é que quase tudo já estava por lá, mas demandava pesquisa, esforço e, sobretudo, conexão. Não só a sua, na época de 56 kilobytes por segundo, mas estar em contato de troca com pessoas. Em suma, o conteúdo ainda não estava ligado ao dinheiro.

Antes das redes sociais, os e-mails, chats, fóruns e IRCs representavam a totalidade dos meios de comunicação virtual. A hoje chamada de internet 1.0 era um campo que seguia leis próprias e que tinha o poder de mudar o mundo. De fato mudou, mas como você pode ver, pra pior. Lentamente a internet, que era feita por seus frequentadores, para seus frequentadores, foi se tornando um campo de investimentos que iria culminar na era do vídeo. Os sites se tornaram “redes sociais” e o turbilhão de informação da internet estava começando seu processo de domesticação. 

O orkut chegou, trazendo a “boa nova” e modificando pra sempre nossa relação com a web, fotolog e myspace tiveram papel importantíssimo, mas seus pais foram direto pro pra rede social indiana, que ainda deixa saudades nos mais nostálgicos. O sucesso foi tamanho que até os pets entraram pra rede. Minha primeira relação com algum tipo de financeirização online foi vender uma comunidade, “Eu odeio Los Hermanos” que com cerca de 20 mil membros me rendeu um calote e uma história pra contar.