Juiz de Fora, Los Angeles, Itália

Texto: François Havana
Fotos: Amanda Dias

Publicado na Revista Casa de Itália

Inverno de 2010, visita técnica na Casa de Itália, com propósito de filmar parte do meu curta de conclusão de curso em Comunicação Social, o Cachorro Morto. Adaptação freestyle do conto Vida e Morte na Enfermaria dos Indigentes do romancista apelão Charles Bukowski. 

Imigrante do sul de minas, com roteiro inseguro e escatológico em mãos, consegui, após algumas carteiradas da produtora, que pediu à mãe, que ligasse para alguém, que conhecia outrem, que poderia pedir por mim, o edifício emprestado por um fim de semana. 

E lá estava eu, Francisco Franco (triste coincidência, aka Generalíssimo), cineasta virgem, assinando um filme de baixo orçamento com premissa baseada num conto sarcástico, sacana e machista, de um escritor nascido na Alemanha, crescido em Los Angeles, gritando ação num prédio dos anos trinta, construído (também) com 50 contos de réis cedidos por Benito Mussolini e, sim, parece mentira.

Juliano Nery e Marcos Marinho
Foto: Amanda Dias

Construí, no salão da Casa de Itália, uma enfermaria com três camas hospitalares alugadas e objetos garimpados na feira da Avenida Brasil. Ali, rodamos os diálogos principais. No corredor e no banheiro, um plano sequência onírico. Me permiti, como principiante, colocar nas mãos do padre as tatuagens de Febrônio Índio do Brasil, serial killer mineiro, de Jequitinhonha, e, ri, orgulhoso por homenagear dessa forma Minas Gerais, sem pão de queijo. Debochei, também, como no texto original, de Florence Nightingale, enfermeira fundadora da enfermagem moderna, nascida na Itália, morta na Inglaterra e, sinceramente, não sei o porquê disso, mas hoje, onze anos depois, chamo de babaquice.

Patrícia Almeida e Lívia Gomes
Foto: Amanda Dias

Cachorro Morto me abriu portas, me levou a festivais e, premiado, permitiu que eu rodasse um segundo curta com maior dignidade. Não renego, tampouco subestimo, Cachorro Morto reuniu na Casa de Itália (e locações adjacentes) um elenco com nomes que carrego pro resto da vida, Juliano, Lívia, Patrícia, Samir, Marcos, Eliseu, Didi, Mari, Maycon, Dudu, Dedé, José, Josie, Nava, Mari, Santo, João, Nanda, Ken, Daniel e meu amor, Fernanda. Na Casa de Itália, Dona Marlene, Terezinha e Consolare Pietro. Só tenho a agradecer. Vida eterna à Casa de Itália.

Gostou? Não? Que pena…

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