O rap tem se mostrado forma acessível de arte para indígenas expressarem suas opiniões direto do Alto Xingu
por Fabiano Moreira
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Nativos MCs por Diego K. Yawalapiti 1
O trio de trap Nativos MCs é formado pelos jovens indígenas Urysse Kuykuro, 17 anos, PajéMC, 20, e Macc JB, 33, todos da etnia Kuikuro e moradores da Aldeia Afukuri, localizada no Alto Xingu (MT), aonde eles pescam, roçam e participam de rituais,mas também acessam a internet, fazem videoclipes com drones e rimam. “Indígena no trap, claro que é foda”, conclui a bio do instagram de todos eles. O rap nativo é uma realidade da qual já falei aqui na Sexta Sei, na entrevista mágica com o MC Aworá, e é uma forma de o povo indígena lutar contra o governo federal “mais cruel e sangrento” desde a colonização.
“Trap Indígena”
Conversei com eles, por e-mail, para falarmos como o governo federal está ferindo a constituição na política indígena, a tese absurda do marco temporal (os povos só poderiam reivindicar terras onde já estavam no dia 5 de outubro de 1988) e o papel do rap na exposição de toda a violência que eles vêm sofrendo desde a invasão de 1500. Eles ainda contaram como o rap possibilita essa acessibilidade e de como editam os próprios clipes, com direito a imagens captadas por drones. O próximo passo agora é aprender a produzir o próprio som.
Nativos MCs por Diego K. Yawalapiti
Moreira – Eu entrevistei aqui na página o MC Kunumi, hoje Aworá, foi um papo muito interessante. O rap nativo tem ganho espaço, na cena musical, como em recente faixa da Marina Peralta com os Bro MCs, no trabalho de vocês como trap indígena, e mais artistas do selo que lança vocês, o Azuruhu. Os indígenas gostam muito de rimar? Porquê essa explosão ser justamente na cena do rap? Muita coisa a dizer? Quais artistas indígenas vocês indicam?
Nativos MCs – Sim, já fazemos rimas e arranjos, em nossa língua, em alguns rituais, em festas e em brincadeiras. É muito divertido, porque toda a comunidade participa, jovens, adultos e idosos. Acho que o rap possibilita essa acessibilidade de todos. O português é nossa segunda língua mas, com o rap, ficamos à vontade para falar nas duas línguas. Indicamos Bro MCs, Kâe Guajajara, Katu Mirim, Kandu Puri, Brisa Flow e Wera trap Guarani.
Nativos MCs e Kandu
Moreira – O “Trap Indígena” faz parte do projeto Voa Parente, do selo Azuruhu, e a ideia é mostrar trocas entre jovens artistas de diferentes etnias indígenas pelo Brasil… Como foi trocar com Kandu, que é da etnia Puri?
Nativos MCs – Então, foi muito legal, ficamos felizes pela nossa conexão e pelo som que fazemos, trazendo atenção para a nossa luta, a luta dos povos originários. Ele nos contou a realidade e a cultura do povo dele. O rio onde eles tomavam banho tá poluído, e não estão tomando banho e nem pescando mais. Isso é muito triste para nós. Foi muito legal conhecer os parentes como Kandu que estão dentro do projeto, eles contam uma história diferente, cada povo tem história diferente e cultura, realidade, costumes, etc..
“Tente entender”
Moreira – Acredito que o atual governo esteja sendo o mais prejudicial à causa indígena. Está se aproximando a votação do Recurso Extraordinário (RE) 1.017.365, e as nações indígenas querem que o STF julgue inconstitucional a tese absurda do marco temporal (povos indígenas só poderiam reivindicar terras onde já estavam no dia 5 de outubro de 1988). Lula já prometeu que, se eleito, criará um Ministério para tratar da causa indígena. É como diz o Edgar, “Aqui nesse país é só bíblia amor e bala”. Quais são os principais desafios para os povos indígenas hoje? Muitos indígenas estão mesmo nas favelas.
Nativos MCs – Hoje, nosso maior desafio é tirar esse governo atual. Nunca tivemos na história, desde a invasão dessa terra pelos europeus, um governo tão cruel e sangrento como este. Esse governo cria, abertamente, mecanismos que ferem a constituição e nossos direitos. O mais triste de tudo isso é a quantidade de apoiadores que esse governo genocida tem. Temos muitos parentes, diversos povos, que vivem marginalizados, na miséria, e quem os colocou nessa condição foi o próprio estado. Precisamos demarcar todas as terras indígenas, pois os povos tradicionais seguram o céu para toda população desse planeta.
Tem drone na aldeia nas imagems do clipe “Sou kuikuro”
Moreira – Vejo que as letras do raps de vocês falam de várias violências, como desmatamento, poluição, queimadas, invasões, envenenamento da terra e da água. O rap sempre foi uma música de denúncia e protesto, bacana ver como vocês realizam isso. Quais são as principais causas dos Nativos MCs?
Nativos MCs – Queremos expor toda violência que nosso povo e demais povos do Brasil vêm sofrendo desde a invasão em 1500. Mas também queremos mostrar a nossa cultura e a nossa língua, para que as pessoas não indígenas saibam da grande diversidade cultural do país e passem a respeitar-nos.
Nativos MCs e Kandu
Moreira – Vocês ainda moram na Aldeia Afukuri, no Alto Xingu (MT), como têm preservado suas tradições e o quanto de modernidades já faz parte da vida de vocês? Me falaram que a Internet falha. Vocês navegam muito, o que gostam de ver na rede?
Nativos MCs – Sim, moramos na aldeia Afukuri, o Urysse estuda aqui, e o Pajé já terminou ensino médio. Mas tá aqui na aldeia ainda, e o Macc Jb é professor. A gente participa de todos os rituais que têm na aldeia e em outra aldeia. Participamos do mutirão, pescamos, e a gente tem roça. Arranhamos, temos as nossas crenças, sempre estamos seguindo as nossas culturas e tudo mais. Ao mesmo tempo, tem internet na aldeia, usamos tecnologia, temos escola. A gente acessa as redes sociais, isso é muito importante também para gente, até para valorizar a nossa cultura. Pintamos e dançamos, aí, depois, divulgamos na internet, isso é bom para nós por que a parte dessa divulgação, a gente é mais respeitado pelos não indígenas.
“Sou Kuikuro parte 2”
Moreira – Os beats e a produção musical também são de artistas indígenas? Qual o envolvimento de indígenas em todo o trabalho?
Nativos MCs – Sim, nós gravamos as vozes aqui na aldeia mesmo, captamos as vozes tudo certo. E tem nosso primo que grava um videoclipe para nós, ele mesmo faz edição foi ele que fez clipe do “Sou kuikuro” com drone, e também ele faz imagens para a gente. Mas beat a gente compra dos não indígena e mix e master também. Então, isso dificulta para nós, por isso que estamos pensando fazer um curso de beatmaker, assim a gente pode fazer beat, mix e master aqui na nossa aldeia mesmo.
Abaixa que é tiro!💥🔫
Fefe Life por Anna W Thorbjörnsson
O bagulho é doidão: depois do alemão MC Gringo, totalmente boladão, se aventurar pelas ondas sonoras do funk carioca, chegou a vez de uma dinamarquesa, Frederikke Palmgren, se lançar como artista do gênero, sob o pseudônimo de Fefe Life, nome de seu canal no YouTube, no qual posta sua paixão pelas cultura e gastronomia brasileiras.
Essa semana, ela lançou o single “Tu votou em quem? (Funk de Lula)”, repreendendo quem elegeu o atual presidente metida em um lookinho todo vermelho, uma graça, né? Ela avisa que não tem sentadão pra quem não votar 13, aahahaha. Errada ela não tá! “Sou gringa sim, mas o futuro do Brasil me importa muito e vou usar a minha voz, mesmo recebendo críticas”, defende.
Ela é casada com brasileiro e tem um filho brasileiro, mas, agora, a família foi morar na Suécia. Ela é apaixonada pelo Brasil desde os dez anos de idade, quando fez trabalho, na escola, sobre o país, arroz e feijão, futebol. Quando veio visitar, acabou ficando e trabalhou em um hostel, por bem pouco, só pra ser carioca. “Mais malandra que você”, como avisa na música “Not anymore”. Aqui, dá pra tentar acompanhar outros lançamentos, tudo produzido por ela. Tem até funk em homenagem ao metrô do Rio e ao programa “Casos de família”. A pessoa é para o que nasce.
No Bar da Fábrica, tem Lucky & Crazy Electric Band hoje (6), às 21h.
O trio de rock preto e periférico carioca Economic Freedom Fighters faz show, sábado (7), às 16h,na Ncssresort, com duas guitarras e nenhum baixo. A discotecagem é do DJ Gore.
Os artistas Alexandre Pereira e Marcus Amaral apresentarão, sábado (7), a partir das 20h, véspera do Dia das Mães, no Teatro Paschoal Carlos Magno, o show “Eles e a Marrom”, com repertório selecionado nos discos de Alcione. Aliás, eu tenho ouvido bem essa playlist na paleta aqui.
Este sábado (7), às 22h, no Café Muzik, rola edição da festa Yolo, com música indie, pop e hits atuais, com os DJs Fábio Carvalho, Ranges e Abner Coutinho. Cata a playlist pra sentir o clima aqui. No domingo (8), a partir das 18h, tem Samba de colher.
Todos os domingos do mês, às 15h, tem show da talentosa cantora Alessandra Crispin na Alameda Gourmet, no Jardim Norte, com entrada franca.
Adoro o trabalho do artista plástico Yure Mendes, que está em cartaz, até 20 de maio, no Espaço Cidade, com a exposição “Maria Antonieta, a última rainha da França”. São 11 esculturas de ferro que podem ser vistas de terça a sexta-feira, das 10h às 18, e sábados e domingos, das 10h às 15h.
A 7ª Feira de Discos de Juiz de Fora era pra ter acontecido em 2020 mas, como muita coisa em nossas vidas, teve que ser adiada com a pandemia de coronavírus. A iniciativa dos mestres das bolachas Pedro Paiva Discotecário e Alex Paz está com nova data marcada, no dia 19 de julho, do meio-dia às 20h, no Museu Ferroviário de Juiz de Fora, reunindo mais de 90 expositores de cinco estados e DJs tocando vinis ao vivo.
Eu já tinha falado aqui que morro de amores pela dupla novaiorquina Sofi Tukker, fervidos, modernos, ativistas, houseiros e falantes do nosso português. Eles acabam de lançar o seu segundo disco, “Wet Tennis”, com duas canções em português, “Kakee”, que passou aqui pelas playlists e é uma ode ao prazer feminino, e “Mon cherri”. Eles foram indicados ao Grammy, aliás, com “Drinkee”, adaptação de poema do gênio Chacal. O som deles é eletrop com influências globais inesperadas. O álbum é uma celebração de autoestima. O título é uma sigla: When Everyone Tries to Evolve, Nothing Negative Is Safe (Quando Todos Tentam Evoluir, Nada de Negativo é Seguro). As ideias do disco vieram das trocas com os fãs nas transmissões que a dupla fez durante a quarentena.
Na semana que passou, a playlist aqui da página trouxe a música foco do álbum, “Summer in New York”, falando sobre a volta da dupla à cidade, depois de longa temporada em West Palm Beach, na Flórida, com o gancho de um clássico da cidade, “Tom’s Diner”, de Suzanne Vega, que está bombando no TikTok. “Original Sin” também passou aqui pelas playlists com seu erotismo lúdico e clipe grvado no Havaí. Como eles são pra lá de fashionistas, io álbum vem acompanhado de uma série de produtos, incluindo máscara de cheetah.
Gab Lara. Foto: Marina Benzaquem
Cantor, compositor e ator fluminense, Gab Lara lança hoje seu disco de estreia, “Papo”, com sete faixas autorais que mostram uma música brasileira que se inspira nos anos 70, mas com uma pegada digital e tecnológica, uma “MPB de alta voltagem”. “É a música brasileira atravessada pelos cabos de alta tensão, pelos fios da telefonia, da computação. É um ninho de pássaros num poste de rua. É a conversa por vídeo chamada entre uma arara e um computador quântico”, define. O álbum foi gravado na pandemia e é um enorme “papo” com o produtor musical e arranjador Marcos Schaimberg. Na faixa de abertura, “Albatroz Azul”, ele tem a participação, nos vocais, da talentosa Dora Morelenbaum. “Dança das Cadeiras” é uma bossa-nova com tom jazzístico, e “Iacanga”, que ganhou clipe, uma divertida homenagem ao festival que aconteceu no interior de São Paulo nos anos 70 e 80. Filho da atriz e produtora Cristiana Lara, aos cinco anos, ele participou da montagem “O Boi e o Burro a Caminho de Belém”, e segue carreira como ator de teatro e cinema.
Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Ainda tem as playlists de 2021 e 2020.
Playlist de clipes com Odesza, Disclosure + Raye, Metronomy, Mavi Veloso, Jimbo, Todrick Hall, Tove Lo, Sam Smith, Quebrada Queer, PSY, Ava Max, Khalid, Rammstein, MC Sid, MC Caverinha, FKJ, Justin Beber + Don Toliver, Mallu Magalhães, Vanessa da Mata e Zé Vaqueiro.
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