Sexta Sei: A Casabsurda 703 não! Pandemia leva ao fim do espaço mais libertário de Jufas

Depois do Uthopia, que fechou, e do Breu, que reabriu em novo formato, a casa mais bacana da cidade encerra as atividades assim que seus seus moradores se viram desempregados. É o fim de uma era na cidade e nove anos de muita cultura no alto da montanha

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

O melhor de nós estava na Casabsurda 703, lá no alto daquela montanha do Granbery, na Rua Barão de Santa Helena, em uma casa pintada e colorida, com seu clima libertário e anarquista e o ambiente artístico e estimulante. Estive lá apenas três vezes, e é impossível não se apaixonar e não se sentir parte de um sonho tão bonito. Foi lá que me apresentaram ao Stain e ouvi ao meus primeiros sets tombantes  de Ocrioulo e Acósmica, do pessoal da Makoomba, que eu amo.

Meu rolê na Casaabsurda em duas visitas pelo Instagram, esse dia com Makoomba DJs foi foda, eles espancaram

Infelizmente, depois de 9 anos de serviços bem prestados ao underground local, essa jornada chegou ao fim. Com a pandemia, quatro dos cinco moradores ficaram sem emprego e condições de continuar mantendo o espaço. Já estão empacotando as coisas e fazendo uma vaquinha virtual para para pagar o último aluguel e reparos. Já atingiram 70% da meta, vamos ajudar lá?

Stain em ação

A Casabsurda nunca teve fins lucrativos e fomentou a cultura local, sem apoio do governo, de forma 100% independente, como ressalta o barman Daniel Dias, 33 anos, que falou comigo em nome dos moradores. Eles preferiram não se identificar, em respeito a tantas pessoas que passaram pela casa neste anos. Mas todos estavam no nosso papo pelo whatsapp.

Sempre de portas abertas
Mesão de desenho
Graffiti absurdo, Pkna Lumen
Roda absurda com encontro de Mc's
Show hot e oreia

Veja o top 5 dos moradores, fotos e momentos

O envolvimento e a contribuição da Casabsurda com a cena hip-hop da cidade é inegável. Tudo começou com a parceria com o Encontro de MC’s, em 2012, que levou a todos os elementos do hip-hop, com batalhas de MC’s, graffiti e cyphers de b-boys. “Uma coisa foi puxando a outra, slam de poesia, Graffiti absurdo, exposições coletivas de artes plásticas, a ECCA, tudo sempre com um show ao vivo. Também criamos o Mesão Absurdo, às quartas, gratuito”, conta Daniel.

A vocação cultural levou lá pro alto daquela montanha capoeira, ballet, circo, baile funk, samba, zuk, teatro, batalha de drag, sarau de poesia, batalha de tag, exibição de filmes e docs e lançamentos de livros. 

Uma geração de coletivos e artistas passou pela casa, como o grupo de teatro Santa Corja, o Makoomba, grupo Realce, Las Manas, Start produções, RT Mallone, Laura Conceição, MCs oldi e Marte, Cláudio Melo e Dona Chapa. Eles também deram hospedagem a vários artistas, independente do estilo ou da expressão.

“A casa sempre foi alugada e sempre pagamos o aluguel com o trabalho individual de cada morador. Nós dividimos todas as contas e todas as decisões. Com as demissões e a paralisação das suas atividades, reduziu a nossa possibilidade de continuar. Não temos mais como  custear esse sonho“, diz Daniel.

“É um misto de tristeza e dever cumprido. A gente não queria que acabasse assim, mas, ao mesmo tempo, a gente curtiu muito participar dessa cena maravilhosa. Não temos planos e metas, fazemos arte sempre, parar, jamais. Vamos cada um prum lado, por enquanto, um momento de reclusão, pra voltar com tudo, assim que possível”, finaliza.

Uma semana triste para Jufas. Bactéria filha da puta. A dor da gente não sai no jornal.

Abaixa que é tiro!??

O Festival Bananada, de Goiânia, está fazendo, desde quarta-feira, a #BANALIVE no Twitch. Nesta sexta, tem Tulipa Ruiz em podcast (16h), skate (19h) e Mexicano em DJ set (20h). 

No sábado, amanhã, começa às 18h, com Chico Bernardes e Maurício Pereira, e segue com Rodrigo Alarcon (19h) e as maravilhosas Luisa e os Alquimistas (20h) e Badsista (21h). No domingo, o encerramento começa às 18h com Betina, Hellbenders,  Raktae, às 21h, tem Edgar, que é muito massa. Line up completo aqui.

Gal Costa completa 75 anos amanhã, sábado, dia 26, e comemora com uma live especial, às 22h, na TNT Brasil, na TV e no YouTube, para toda América Latina. Parabéns, Gracinha, esse disco da foto moldou o meu caráter. No mesmo horário, tem Hamilton de Holanda e o Baile do Almeidinha, no Circo Voador no Ar

Ah, e hoje, sexta, a cantora Daniela Aragão comenta a obra de Tânia Bicalho, começando pelo disco “Mãos Brasileiras”, às 18h30.

#sextasei que segue, rola Festival IMuNe com Elza Soares, Flávio Renegado, IMuNe, Meninos de Minas e mais, às 20h. Duda Beat e Nando Reis fazem live às 21h, direto do Circo Voador. O Monterey Jazz Festival rola de sexta a domingo, das 21h às 23h, com Herbie Hancock e Quincy Jones Tribute.

Nesta sábado, 26, estreia o Rio Reggae, no Twitch, que vai ser quinzenal, reunindo DJs, produtores e soundsystems, seis artistas com uma hora de set cada por edição. A estreia terá Bob Reis (19h), DJ Castro (20h),  Rafa Canholato (21h), Dub Ataque (22h) e Bangarang (23h).

Festa on-line? Sexta, 25, tem LUV de volta na Vizinha 123 (no Zoom) pra mais um rap hour com Nicole Nandes, Bruno X, Saddam, Pachu e surpresas. Os ingressos vão de R$ 10 R$ 50.

O festival In-Edit, de documentários musicais, fez tanto sucesso que virou plataforma de streaming, a In-Edit TV.

Deixem os seus projetos na agulha, pois vai sair, a qualquer momento, grande edital de cultura para Juiz de Fora, com R$ 3,5 milhões em recursos da Lei Aldir Blanc. O edital vai ser abrangente e beneficiará indivíduos, coletivos e espaços culturais. Lembra que falei, semana passada, do edital Na Nuvem? Está na reta final, bebês, inscrições até dia 30, quarta. São R$ 77.520 para 102 projetos de arte e cultura.

A segunda fase do festival de documentários “É Tudo Verdade” vai até 4 de outubro. Serão apresentados 61 documentários, entre eles dez longas brasileiros. Estes filmes nacionais serão apresentados diariamente, às 21h. 

No encerramento, no dia 4, às 20h, será exibido o documentário “Win Wenders: Desperado”, de Eric Fiedler e Andreas Frege. 

Esta coluna é em homenagem à voz, ao sorriso e à luta de Flavinho da Juventude (1950-2020) e à arte e à resistência de Gerson King Combo (1943-2020). Eu te amo, bróders.

Playlist com novidades musicais dessa sexta, com lançamentos de #jufas de Baapz e da dupla Roger Resende e Juliana Stanzani

Sexta Sei, por Fabiano Moreira