Sucesso entre as adolescentes com sua música suave e cheia de lirismo 2.0, o carioca fala da nova música com Ana Frango Elétrico, “Tabaquinho”, que chega no dia 8
por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com
Foto: Julio Moa
Eu conheci o Julio Secchin, 34 anos, em 2013, quando ele chamou a atenção ao dirigir um clipe que era, ao mesmo tempo, simples e sensacional, para o Heavy Baile, o “Larga o aço”, com dois jovens que davam um show de dança nos corredores de uma favela. O clipe estreou no Nowness, na época, e rendeu uma entrevista com o jovem diretor pra coluna Transcultura, no Globo , quando a ideia de se tornar um cantor talvez estivese ainda sendo plantada.
Foto: Julio Moa
Ele, que também dirigiu outros clipes bacanas para Silva, Lucas Santanna (“Partículas de amor”), Banda Tereza (“Vamos sair pra jantar”), além de Leo Justi (“Sniper Queen”), agora dirige os próprios clipes. “O contato com os artistas em frente à câmera me fez desejar o lugar deles. Anos de psicanálise e uma viagem lisérgica no carnaval me trouxeram a clareza de qual seria meu caminho a partir daí”, me conta, pelo direct do Twitter. Falamos sobre as parcerias com Maria Luisa Jobim, Márcio Victor, do Psirico, e a mais recente, com Ana Frango Elétrico, que produziu a nova música “Tabaquinho“,que chega no dia 8 de outubro, além do “funk de pelúcia” e o impacto que o seu trabalho tem sobre o jovem de hoje, como a minha sobrinha adolescente, que adora.
“Larga o Aço”, clipe para o Heavy Baile
Moreira – Eu já comentei que a minha sobrinha, de 14 anos, adora a sua música, né? Eu logo mostrei a matéria que fiz contigo na era diretor de TV e clipes, na Transcultura, no Globo (impresso aqui). Esse seu rolê parece feito sob medida para adolescentes, esse é o seu público? E me conta esse turning point do Júlio diretor pro cantor, foi num carnaval? Eu conheci e me interessei por você por causa do clipe de “Larga o aço”, do Heavy Baile, que filmão da porra. Você também fez trabalhos para Silva?, né?
Julio Secchin – Fui muito feliz como diretor de videoclipes. Mas senti que havia um limite do quanto eu poderia me expressar através desse meio. O contato com os artistas em frente à câmera me fez desejar o lugar deles. Me fez reacender um desejo antigo e que eu ainda não havia tido coragem de realizar. Anos de psicanálise e uma viagem lisérgica no carnaval me trouxeram a clareza de qual seria meu caminho a partir daí. Do Silva, fiz “Imergir”, “É Preciso dizer” e “Eu Sempre Quis”.
“Bambolê”, canção irresistível com Psirico
Moreira – Você a Maria Luiza Jobim se conhecem há muito tempo? Pela divulgação, transparece um clima de amizade antiga…. ou até algo mais? Ela me convidou uma vez para ouvir um disco dela nos estúdios Rockit, acho que esse disco nem chegou a ser lançado, era bem bonito. Fala mais da química com ela. Também adorei o feat com o Psirico, eu amo o sujeito.
Julio Secchin – Conheço a Maria Luiza há muitos anos. Ela é grande amiga de uma ex-namorada minha e, aos poucos, fomos percebendo que tínhamos sensibilidades em comum. Em 2013, ela cantou numa música que eu compus, mas que eu só produzi e dirigi o clipe. Na época, ainda assinava como “Secchin” e não tinha coragem de cantar. Curiosamente, foi justamente a Maria Luiza que me disse que eu tinha uma voz boa e que eu deveria cantar. Fico feliz por essa lembrança e por ela ter tido essa clareza muito antes de mim. Recentemente, lançamos “Meu Amor” juntos – uma canção que começamos em 2013 e que minha ausência (trabalhando como diretor) fez com que só terminássemos agora. Márcio Victor, por outro lado, é um amigo novo – e que a pandemia não permitiu que eu encontrasse pessoalmente. Ele é um gênio e o Brasil deveria reverenciar ainda mais a revolução na música popular que ele trouxe. Um dos maiores percussionistas da história e uma força na natureza do Carnaval Baiano, Márcio é um amor de pessoa. De uma generosidade infinita, fez por mim o que nem Kanye West conseguiu – gravou percussão na nossa música e trouxe na voz toda a força da música de rua da Bahia. Sou muito feliz por essa parceria.
“Jovem” hitou: 20 milhões no Spotify e 13 milhões no YouTube
Moreira – “Jovem”está chegando aos 20 milhões no Spotify. “”Eu vacilei na primeira regra do rolê…”. Como você explica tanto sucesso? Parabéns 😉
Julio Secchin – A canção fala sobre algo muito simples e comum na vida das pessoas: demonstrar afeto na hora errada. “Fiquei doidão, liguei pra você” é se render a dizer o que você sente. Sem joguinho, sem filtro. Ao mesmo tempo, a música é um ótimo exemplo da junção entre a MPB e o funk. Ao longo dessa entrevista, ainda vamos nos debruçar mais sobre o que é essa mistura e porquê ela é chamada de Funk de Pelúcia. O sucesso popular de uma canção é difícil de explicar, mas fico feliz de sentir algo que tanta gente sentiu também. A melhor parte é compartilhar esse sentimento com as pessoas.
Como não amar com o bezerrinho?
Moreira – Você é amigo da Ana Frango Elétrico? Vi que dedicou o show no festival da MOV (começa aos 36 minutos) pra ela… Sou doido por ela, aliás, foi o meu último rolê antes da pandemia… Como seria uma música de vocês dois? Show bonitão, palco lindo, no MOV, o pessoal da Mangolab que indicou no Insta.
Julio Secchin – A Ana é genial. Ela produziu uma música nova minha chamada Tabaquinho. Muito já se disse sobre o quanto ela é foda e jovem, mas eu só tive dimensão disse trabalhando com ela. Aliás, fiquei até com medo de ela recusar trabalhar comigo por algum motivo. Eu estava muito enganado! Ela é um amor! Muito focada, com ideias melódicas incríveis (a Rainha dos temas e Convenções) e clareza total. Nesse caso, ela produziu a música, eu escrevi. Mas sou muito fã do universo poético dela. É uma voz muito única e que traz uma densidade poética e perspicácia maravilhosas. Dediquei a música “Tabaquinho” a ela e a minha amiga Isa Suxx durante o show. Foi a primeira fez que cantei ao vivo essa canção.
Moreira – Que história é essa de funk de pelúcia? Kkkkkk Cuidado, hein! A única opção de leveza pro funk é Catra e Valesca. Explique-se, kkkk.
Julio Secchin – A língua portuguesa é nossa amiga. Antes de existir o termo, havia a música. Uma mistura de MPB com alguns aspectos rítmicos do funk. Sem necessariamente trazer letras do cânone poético tradicional. Mas também não era funk de verdade.
Aos poucos, os comentários do Youtube tentaram nomear a coisa: “indie funk” foi um dos primeiros termos a surgir, mas nunca me agradou. Eram umas palavras em inglês e não expressava com muita precisão o que a música era de fato. Passado algum tempo, surgiu o termo “funk de pelúcia” – que nada mais é do que uma provocação. Logo, alguns jornalistas da Folha de São Paulo morderam a isca e o termo de espalhou. Pouquíssimas pessoas expressaram descontentamento com o termo e isso no máximo rendeu algum engajamento no Twitter.
Mas voltando ao significado do termo: “de Pelúcia” traz uma idéia de ser algo inofensivo, fofo, doce e em muitos sentidos “café com leite” – expressão antiga que significa ser algo que não compete na mesma categoria dos protagonistas. E é justamente isso. Não é funk, é uma MPB metida a besta.
“Meu amor”, Julio Secchin e a amiga Maria Luiza Jobim
Moreira – Quem cuida do seu visual? Só roupa linda da porra! E essa calça de ursos de pelúcia? Statement!
Julio Secchin – Eu cuido do visual. No caso da calça de bichos de pelúcia, tenho que agradecer à minha mãe, que costurou. Obrigado! hahaha
Abaixa que é tiro!??
Eu conheci a artista visual amazônica Sereia Caranguejo, 26 anos, pelo Intagram da nossa Mãeana, que ganhou lindas ilustrações. Por lá, também tem Letrux e Baco Exu do Blues, tudo bem da nossa turma rs. Fiquei apaixonado pelas artes e pela história da artista de Macapá, no Amapá. Transgênero, gênero fluído e não-binárie, ela fala disso e racialidade em textos sincronizados que passeiam e escorregam pelas ilustras. Licenciada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Amapá, ela se considera artista do corpo. “Meu corpo se relaciona com as imagens que gero e elas são partes da minha essência, minhas crias”, conta a artista.
Capa assinada por Luiz Stein sugerindo o disco de vinil, instrumento dos DJs
Fernanda Abreu comemorou 60 anos, essa semana, com corpinho de 30, e um disco de 13 remixes de “30 anos de baile”, com nomes como Bruno Be (“Kátia Flávia, Godiva do Irajá”), Corello (o rei do baile charme no Rio), Dennis DJ, Gui Boratto (“Jorge de Capadócia”), Memê, Ruxell, Tropkillaz, Millos Kaiser, Vintage Culture e Zé Pedro, dentre outros. Ah, tem a versão extended também.
Já contei que eu já dancei coladinho com ela, no palco do Privilège? Contei essa história pra ela mesmo nessa edição do programa de rádio Modular. Ela foi muito suingue sangue bom comigo, um amor, e embarcou total. Depois do programa, convidou-me a assistir à estreia de “Amor geral”, no Vivo Rio. Foi bem legal. Um beijo, Fernanda, parabéns.
Fotos: Marcella Calixto, com o styling sempre certeiro de Francisco Silva
Hoje o cantor juizforano Imbapê lançou o single “As Paquitas” , em parceria com Dona Chapa, o segundo de seu EP de estreia, “Bicho Solto”, previsto ainda para este ano, pelo selo Sensorial. A faixa é a única composta pelo artista, em parceria com Dona Chapa, e vai se juntar à boa estreia, “Pisciano”, de Laura Januzzi, e às inéditas “A Nova” (Laura Jannuzzi/ Pablo Quaresma) e “Coroação” (Laura Jannuzzi/ Alice/ Victor Sampaio). O EP ainda tem participações de Alice Santiago e Laura Jannuzzi, e foi produzido por Muxima e Imani.
Depois dos looks étnicos da estreia (adoro o trabalho do stylist dele, Francisco Silva), ele agora aparece em versão punk. Dona Chapa é ponta de lança do coletivo que eu gosto Makoomba, e ela é rouba cena, cuidado com ela!, rs, vide a live de quarentena. Eu a vi em ação em um show do Festival Pólen, na Praça Antônio Carlos, e a massa, simplesmente, não resiste. M amorzinho. Este ano, Imbapê ainda lançou a boa “Glorinha”, com Marcos Suzano.
Eu fui criado na Rua Tietê, no São Mateus, em uma casa linda, com quintal, dois pés de mixirica, horta e galinheiro. Tenho muitas lembranças positivas dessa casa da minha vida, no número 230, aonde eu colecionava tatus bola em vasilhas com água. Essas saudades de morar em uma casa me fizeram colecionar casas, no Instagram, unidas com a hashtag #jufascasas. Bem, esse post é um convite a rechearem essa tag de casas lindas da princesinha de Minas.
Beatmaker, DJ, percussionista, cantora e compositora paraibana que vem se destacando ao relacionar gênero, território e fusões estéticas contemporâneas, Luana Flores, figura querida aqui das nossas playlists, acaba de lançar seu primeiro EP, “Nordeste Futurista”, no qual desenvolve seu trabalho de fusão entre música eletrônica e ritmos populares nordestinos.
O EP tem aparticipações de Edgar em “Lampejo da Encruza”, Doralyce em “Vai trovejar”, da mestra cirandeira paraibana Vó Mera em “Eu vem” e da Mestra Ana do Coco em “O que vem ver”, entre outros convidados. Essa reverência à cultura popular nordestina é o que mais toca no trabalho de Luana, como fica patente em seus remixes para Tuyo, Luísa e os Alquimistas e Bixarte MC. A paraibana é uma das fundadoras do grupo feminista Coco das Manas, pontapé em sua pesquisa. Sou fã.
A Orquestra Ouro Preto recebe Diogo Nogueira sob o céu do Rio, sábado (18), às 20h30. O repertório é uma homenagem a grandes nomes do samba e da música popular brasileira, como Adoniran Barbosa, Cazuza, Gonzaguinha e Ivan Lins. Antes, às 15h, tem Velha Guarda da Portela.
O Estúdio Rock it, de Dado Vila-Lobos segue com as lives no Twitch, sempre às 20h, com Sarah Abdalah (22), Matheus VK (23), George Sauma (29) e Gabriel Muzak (30).
O Sesc ao Vivo tem Badi Assad no dia 18, às 19h, e Orquestra Sinfônica de Rio Preto, dia 19, às 19h.
A Virada SP faz edição sábado (18), com shows de Lia Sophia (16h) e Zeca Baleiro (20h20).
Nesta sexta (17), reabre o Jardim Botânico da UFJF, das 8h às 17h, de terça a domingo.
O crowdfunding da coluna está no ar e já atingiu 72,7% da meta, Ajuda a terminar?
Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano. Aqui tem as playlists de 2020.
Playlist de clipes com Glass Animals, Ed Sheeran, Clöe, Shea Couleé & Gess + Mykki Bianco, Borgore + T-Wayne, Léo Santana + ÀTTØØXXÁ, Mateus Carrilho + Gloria Groove, Rincon Sapiência + Marissol Mwaba, Giulia Be, Jungle, Ari Lennox, CeeLo Green, Adeline + Kamauu, Monsta X, Nick Cruz + Urias, Bomba Estéreo, Banda Eddie, Gabeu + Gali Galó, Fernanda Abreu + Bruno Be, Tássia Reis + Urias + Evehive + Preta Ary, Blow