Sexta Sei: O pop envolvente do menino Kaike

Artista, de apenas 15 anos, coleciona elogios de Duda Beat, Baco Exu do Blues e Mateus Carrilho e lançou pacote com cinco singles, criados em imersão com produtor Iago Suarez

por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com

Fotos: Fábio Setti

O mineiro Kaike tem apenas 15 anos e, depois de ter um cover de Duda Beat elogiado pela cantora, foi “adotado” culturalmente pelo casal formado pela empresária Clara Boges e pelo DJ e produtor musical carioca Iago Suarez. Eles levaram o menino a Brasília, aonde, em uma semana imersiva, produziram e gravaram cinco singles e seus respectivos clipes, material que pode ser acompanhado no Spotify e no YouTube do artista.

Vem

Filho de pedreiro, “o melhor de BH”, e empregada doméstica, Kaike está escrevendo a própria história, na web, aonde coleciona elogios de outros artistas, como Baco Exu do Blues e Mateus Carrilho. Batemos um papo, pelo e-mail, e falamos sobre a parceria com Clara e Iago, o exercício imaginativo de uma criança de 15 anos ao ao falar de relacionamentos que nunca viveu, suas preferências musicais, que vão de Lous and The Yakuza, Sen Senra, Rachel Reis, Rico Dalasam e Flora Matos, e dos planos para um disco cheio, que vem aí, dando a dose extra de Kaike que a gente quer e precisa.

Moreira – Você é de Nova Lima e, pelo que li, a sua família é humilde e trabalhadora, o seu pai é pedreiro? Quando começou o seu envolvimento com a música, você estudou algum instrumento? Sei que você também gosta de dançar. Sua família te apoia nessa luta que é trabalhar com música no Brasil? Li que você tem apoio de uma equipe de primeira para fazer esse trabalho, com faixas e clipes lindos e bem produzidos. Me conta esse processo, parece que você fez uma viagem e uma vivência de oito dias em Brasília para produzir tudo. Ficou tudo lindo, parabéns 😉

Kaike – Nasci em Nova Lima, mas sou residente de Belo Horizonte, meu pai é pedreiro e o melhor da cidade, risos. Desde pequeno, sempre estive envolvido com a música, dançava na igreja, nas festas da família e nos festivais de dança nas escolas, com o tempo, me distanciei um pouco da dança e comecei a cantar mais. Ganhei um violão do meu pai e fiz aulas, mas não tinha tanto interesse e saí, esse ano, voltei com as aulas. Mais pra frente, comecei a fazer covers e a escrever poesias para saraus da escola, em 2019, fiz um cover da Duda Beat e postei no instagram e ela viu e compartilhou, desde então, continuei a atrair pessoas novas no meu perfil com meus covers produzidos em casa. No final de 2019, comecei a compor músicas autorais, em 2020, Clara Borges, minha empresária, entrou em contato para me empresariar, no mesmo período a Altafonte (distribuidora digital) também entrou em contato e fiquei muito feliz e empolgado. Continuei com os covers no 2º semestre de 2020, fechei contrato com a Altafonte e, em agosto, fui para Brasília, junto com minha mãe, e passei uma semana na casa da Clara para uma imersão para criar e gravar meus primeiros singles. Foi uma semana de novas experiências, aventuras e de felicidade. Minha primeira vez no estúdio, primeira vez gravando um clipe… foi emocionante, e dessa primeira semana saíram cinco singles lindos e três clipes maravilhosos. O primeiro single, “Lojinha do Zé”, foi lançado em novembro de 2020 e, de lá pra cá, fui ganhando mais visibilidade e atraindo mais pessoas. Esses oito dias em Brasília foram de pura correria, hahahaha, mas deu certo! Foi intenso e muito especial. Minha família me apoia em tudo que faço, tudo isso aconteceu tão rápido e foi uma surpresa pra mim e para eles também, mas todos sempre muito receptivos e embarcamos nessa juntos.

Moreira – Li um post da Clara Borges, sua empresária, no qual ela se derrete por você e sua genialidade, doçura, criatividade e pureza. Ela diz também que você é um espírito antigo. Eu fico bobo com a profundidade das suas letras, algumas falando sobre relacionamentos que, pela sua idade, acredito que nem sejam experiências reais, li que você inventa casais na imaginação. Como é o seu processo criativo? Como você compõe?

Kaike – Hahahaha a Clara me encontrar foi a melhor coisa que aconteceu, no início de 2020, ela é um amor de pessoa. Sobre meu processo criativo, muitas vezes, crio um personagem, escolho um tema e escrevo sobre isso que escolhi. Me inspiro em tudo que está à minha volta e peço pros meus amigos me contarem histórias de amor. As minhas músicas falam sobre amor e eu não vivi isso, e é ótimo porque eu tenho uma tela em branco e posso criar o que eu quiser. Eu, geralmente, componho em cima de um beat da internet, depois passo as referências musicais pro Suarez, que é meu produtor musical, e ele faz um beat incrível, às vezes vem uma melodia, às vezes só a letra, enfim, é muito aleatório. Imagino uma cena na hora de compor e entrar no personagem me permite isso, algumas letras mais profundas como “Crime” aconteceu assim, eu imaginei que estava na polícia sendo interrogado, pois havia cometido um crime, que era amar demais.

Rosa

Moreira – Eu adoro a produção das faixas, que são assinadas por Iago Suarez, ele trabalha com outros artistas? Fiquei curioso sobre ele também, me conta mais. Tem trap, R&B, samba, MPB, pop, retrofuturismo, só influência boa. Como é o seu gosto musical? O que você tem ouvido? Kaike, você sabe das coisas, né?

Kaike – O Iago Suarez tem um estúdio em Brasília e pega trabalhos de vários artistas, a maioria do Rio de Janeiro (ele é de lá), e grande parte deles fazem rap. Ele trabalha como produtor musical e engenheiro de mixagem há dez anos. Por ser marido da Clara, acabei ganhando uma equipe completa quando ela apareceu, hahahhah. Gosto muito do trabalho dele, e ter essa primeira experiência de gravação e estúdio com ele fez toda diferença. Ele me ensina muito e me deixa a vontade pra soltar minha voz. Aqui, nós fazemos de tudo, eu tô experimentando ainda, me jogando. Não gosto de ficar preso a um gênero musical. Eu ouço um pouco de tudo, gosto de pop, afrobeat, mpb, samba, trap, enfim… Recentemente, o que mais tenho ouvido é Lous and The Yakuza. É uma artista congolesa-belga, o álbum “Gore” não sai da minha playlist. Também tenho ouvido Sen Senra, Rachel Reis (uma cantora baiana incrivel, o EP “Encosta” é perfeito), Rico Dalasam e Flora Matos. Muito obrigado! Ainda tenho muuuuita coisa pra aprender.

Lojinha do Zé

Moreira – Você começou a sua carreira já durante a pandemia. Está doido para fazer um show? Algomerar esses fãs? Risos. Me conta como foi esse processo de começar em uma época tão difícil para todos. Vai ter live? Quais são os planos?


Kaike – Claro!! Eu fico imaginando meus shows, as performances, a energia… Ansioso pra tudo isso passar e conseguir me apresentar ao vivo. A pandemia me deu tempo livre, e um adolecente criativo com tempo livre é uma festa, então comecei a escrever mais, dançar, fazer aula de violão… Por outro lado, com toda essa situação péssima no mundo, principalmente no Brasil com esse desgoverno, às vezes ficamos tão mal e acaba acarretando em um bloqueio criativo. Eu realizei meu primeiro show em formato de live para o “Mostra Museu” (mostra audiovisual voltada para exibição e discussão do cinema realizados inteiramente por artistes pretes) em maio, até aqui sem previsões de lives futuras… O plano agora é outra imersão onde vou iniciar a gravação do meu álbum de estreia.

Moreira – As coisas estão indo tão rápido que aceleram as nossas expectativas por um disco cheio e mais Kaike o dia inteiro, sem parar, risos. Tem planos de um disco? Como vai ser?

Kaike – O disco vem aí! Ainda esse ano, vou começar as gravações e a estruturar o meu álbum. Ainda não posso falar muito sobre isso, porque estamos montando e vendo as possibilidades, mas eu garanto que vai ficar lindo e em breve dou mais spoilers! Hahahahaha Muito obrigado pela entrevista, Fabiano! Um beijão de BH até a Sexta Sei!

Abaixa que é tiro!??

A juizforana radicada em São Paulo Luisa Condé, 33 anos, impressiona com o seu potente trabalho de arte de rua, jornada que divide com a de cozinheira. “Retomei o graffiti como uma manifestação artística forte,  assumindo minha persona caótica, que pinta com fluidez e liberdade pras linhas”, me conta, por e-mail, a filha da minha amiga Paulinha. “Fui estimulada a perceber particularidades de cada local, fluxos urbanos, pequenos detalhes de arquitetura”, resume a artista, que cursoiu, sem concluir, Desenho Industrial na UFRJ. Seu trabalho transita por caneta, pincel e spray e fala do seu corpo. “Normalmente, uso preto sobre fundo branco, mas tenho gostado de passear pelas cores”, analisa. Dá pra conferir o rolê dela aqui.

Apesar de ser virjão de tatuagens, adoro a mistura de elementos naturais e formas geométricas do tatuador juizforano André Xurume, 36 anos, do DermoArte Tattoo Studio. Ele me conta que essa mistura veio de pesquisa dos grafismos de culturas indígenas. Formado em Artes Visuais pela UFJF, ele tatua desde 2007. “Por volta de 2015, comecei a estudar temas relacionados aos povos originários das Américas, o que despertou meu interesse pela arte, pelas cosmologias, pelas culturas e sociedades indígenas. Foi então que comecei a me aprofundar em pesquisas nas áreas de antropologia, ecologia, agroecologia, permacultura, bioconstrução e xamanismo”, explica. Esses estudos trouxeram essa nova perspectiva e o diálogo entre as tradicionais pinturas corporais e os grafismos indígenas. O DermoArte Tattoo Studio fica na Rua Santo Antonio 539, loja 120, no Centro.

Folhas Doentes e Mortas, fotografia de Aline Barbosa

A Pró-reitoria de Cultura da UFJF segue na missão de fazer cultura em tempos pandêmicos e convida a assistirmos, no YouTube, a vídeo que mostra a exposição virtual “Renda-se como eu me rendi – 100 anos de Clarice”. A mostra reúne trabalhos selecionados, via edital, de 28 artistas, que apresentam  obras inspiradas em fragmentos da escritora. Já falamos aqui, antes, do site de Clarice Lispector, lançado pelo IMS, em comemoração ao centenário de Clarice.

HANNAH FAGUNDES - “O invisível marca_ verdade, clara e exata - Grafite e lápis de cor
THIAGO BERZOINI - Amor é a grade desilusao de tudo o mais - Fotografia e manipulação digital
JULIA VITRAL - Sem título - Cerâmica
PETRILLO - QUARTA DIMENSÃO - Desenho e colagem sobre papel

Fotos: Iago Mat

O Instituto Moreira Salles (IMS) inaugura a série Instantâneas, neste sábado (3), às 21h, com espetáculo audiovisual protagonizado pela cantora Filipe Catto no YouTube. O show é inpirado pela exposição da fotógrafa Madalena Schwartz, “as metamorfoses – Travestis e transformistas na São Paulo dos anos 70″. No sábado, Catto e o curador de música do IMS, Juliano Gentile, estarão no chat ao vivo do YouTube, comentando a obra e interagindo com o público. 

Inspirado nas fotografias de Madalena, o vídeo Metamorfoses conta, além de Catto, com participações especiais da cantora Maria Alcina; do bailarino, ator e coreógrafo Ciro Barcelos, expoente do grupo Dzi Croquettes; e da artista e maquiadora Alma Negrot, performer residente da festa Mamba Negra. O vídeo foi gravado em diferentes espaços do IMS Paulista. O repertório une passado e presente, com Secos & Molhados, David Bowie, Lou Reed, Pabllo Vittar e NoPorn. O espetáculo ficará disponível gratuitamente no YouTube do IMS.

Ibitipoca não pára e, depois da Mostra de Cinema, do i-Bit Mapping e do Festival de Forró, vem aí o Ibitipoca Blues em versão online, de hoje a domingo, com seis bandas, como Hometown Blues e The Single Malt, hoje, Tributo à Celso Blues Boy e O Velho Bluessábado, Blacktrack Blues e Tâmara Lessa, no domingo, sempre a partir das 19h, pelo  Youtube.

Luedji Luna
Castello Branco e Luoza Brina
Território nosso corpo nosso espirito, Clea Torres e João Paulo Fernandes IC Play
Emicida Foto: Jef Delgado

Essa semana o Sesc em Casa caprichou e tem shows de Castello Branco e Luiza Brina, hoje (2), e Luedji Luna, amanhã (3), sempre às 19h. No sábado (3), tem Xande de Pilares e Mumuzinho, às 18h.

A cantora juizforana Daniela Aragão segue com os bons bate-papos, às 19h, no Instagram, com Vânia Bastos, hoje, Juca Filho, dia 9, e Carlinhos Vergueiro, dia 16.

De hoje a domingo, acontece a 2ª edição do In/Out, festival online de música avançada criado em meio à pandemia. O mote é a colaboração criativa e a troca entre cenas e sons. A curadoria é do festival brasileiro Novas Frequências (NF), do africano Nyege Nyege e do suíço Sonic Matter. Entre as obras do NF, “Roam”, junta 12 músicas inéditas feitas em processo colaborativo em um jogo 3D em primeira pessoa (tipo Doom). O segundo trabalho, o vídeo “Filaments of a Circle”, apresenta uma narrativa experimental que tem como eixo central a ideia da síndrome de Alice no País das Maravilhas, um raro distúrbio neurológico caracterizado por distorções da percepção visual e a experiência do tempo, em quatro histórias sonoras espaciais diferentes.

O Brasador faz uma série de lives, no Instagram, revivendo as clássicas segundas da casa, às 19h30, com Claudimar Maia (dia 5 ), Luciano Batista (12), Alexandre Rodrigues (19) e Hugo Schettino (26).

Estreias na Netflix? No dia 22, estreia a versão brasileira de “Brincanco com fogo”. Já “Atypical” chega à quarta temporada, dia 9. No dia 15, que beleza, o show completo de “AmarElo”, de Emicida no Theatro Municipal de São Paulo, entra no catálogo, no mesmo dia que a temporada 2 da foférrima “Eu nunca…” chega pra gente.

A Itaú Cultural Play tem mostra com cinco filmes que tratam da causa indígena, dirigidos por cineastas de diferentes etnias, a “Um Outro Olhar: Cineastas Indígenas”. Isso tudo na semana quando foi adiada a votação do Projeto de Lei 490/2007, que propõe o fim das demarcações e a regularização do garimpo. Entre os filmes, estão os documentários “As Hiper Mulheres” (2011) e “Teko Haxy – Ser Imperfeita” (2018), além de “Wai’á Rini, o Poder do Sonho” (2011),  “Yãmĩyhex – As Mulheres-Espírito” (2019) e “Zawxiperkwer Ka’a – Guardiões da Floresta” (2019).

Playlist com as novidades musicais da semana. Nesse post, tem todas as playlists do ano.  Aqui tem as playlists de 2020.

Na playlist de videoclipes da semana, tem Anitta em dose dupla, com Dadju e Fred de Palma, Duda Beat + Trevo,  Coldplay, Pabllo Vittar, Criolo, Ed Sheeran, Tyler, the creator, Royal Blood, Lenny Kravitz, Bixarte, Raul Misturada, Ana Moura, Alewya, Karol Conká, Doja Cat + The Weeknd, Braza, Gaspard Augé, The Marias, MV Bill + Kmila + CDD + Stefanie + DJ Caike

Sexta Sei, por Fabiano Moreira