A Mauricio de Sousa Produções (MSP) solicitou a extinção do Boldinho, que estava entre nós desde 2004. O artista Allan Sieber enfrentou processo parecido com a Osklen.
por Fabiano Moreira
sextaseibaixocentro@gmail.com
Engajamento: os boldinhos do nosso jardim Jufas, vamos colher
O Boldinho é uma paródia do Cebolinha criada pelo artista carioca Daniel Paiva e veiculada no site maryjuana.com.br e na revista independente de quadrinhos Tarja Preta. Isso até dezembro, quando o artista e o site receberam notificação extrajudicial da Mauricio de Sousa Produções (MSP), solicitando que parassem de publicar tirinhas do personagem, que está entre nós desde 2004. Processo semelhante aconteceu com o artista Allan Sieber, que foi procurado pela Osklen para que parasse com a sua paródia Tosklen. Em ambos os casos, os artistas não tinham recursos para discutir a questão na justiça, e venceu o capital.
O movimento #freeboldinho, com artistas de todo o Brasil
“A maior loucura é que, desde que o personagem foi publicado na Tarja Preta #2, em 2004, o Daniel só fez 23 tiras do personagem até hoje . E, no fim de semana seguinte à retirada do personagem dos sites e das redes, mais de oitenta #freeboldinhos brotaram feito cucarachas“, conta o editor da revista Tarja Preta, Matias Maxx, que inspirou a criação do Capitão Presença, outro personagem maconhista de Daniel.
Aqui nesse jardim chamado Jufas, deu muito boldinho, e, na colheita, tem Dalton Carvalho @daltonecarvalho, Alex Badaro @alex.badaro, Amanda Pomar @amandapomar, Jorge Vision @jorgevision, Maria Hallack @mariahallack, Tiago Bartels @tttrigs, Conduta @conduta.one_, Medina @med.i.na e Noah Mancini @nhmncn.
Boldinhos que eu tinha salvado no meu HD, quem guarda tem
A paródia está prevista no artigo 47 da Lei de Direitos Autorais/9.610/98, que permite “as paráfrases e as paródias que não forem verdadeiras reproduções da obra originária nem lhe implicarem descrédito”. Em vídeo gravado pelo autor e postado no Instagram, ele alega que o material é veiculado a maiores de idade e que o critério do descrédito é muito subjetivo. “Quero dizer que nunca foi a minha intenção trazer descrédito. As tirinhas ajudavam a trazer um debate sobre a legalização das drogas por meio do humor e dos quadrinhos”, disse. “Ser maconheiro ou caracterizar alguém como maconheiro não é descrédito”, arremata.
Entrei em contato com a assessoria de imprensa da Mauricio de Sousa Produções (MSP) e fui respondido por duas assessorias, rapidamente, que a empresa não vai mais se manifestar sobre o assunto, como fizeram com todos os outros veículos com a pauta, exceto a Folha de São Paulo. O jornal paulistano recebeu a seguinte nota: “Os personagens da MSP jamais poderão estar associados a qualquer ilícito que seja, até porque conversam com públicos de todas as idades.”
Daniel Paiva, além de cartunista, é músico e cineasta. Trompetista da Orquestra Voadora, dirigiu e editou o documentário Malditos Cartunistas. Desenhou quadrinhos para revistas independentes como Tarja Preta, Mosh!, Glamour Popular, Favo de Fel, A Zica, Semsemente, Golden Shower e também para o site Maryjuanabr. Além do Boldinho, tem outros personagens maconhistas, como o Capitão Presença e Beto e Dé. Suas revistas podem ser compradas na La Cucaracha.
Quem passou por processo semelhante foi o cartunista, artista e maldito de plantão Allan Sieber. “Tive que achar advogado, assinar um acordo, uma grande merda. Foi uma notificação extrajudicial. Meu advogado aconselhou a apagar tudo e assinar um termo com o compromisso de não fazer mais nada Tosklen. Eu ganharia um possível processo, mas isso envolve dinheiro, tempo, etc., coisas que não disponho.”, me contou, por e-mail, o dono da galeria A Hostil Carioca, outra paródia, essa com A Gentil Carioca .
Abaixa que é tiro!??
O festival “No Ar Coquetel Molotov” rola entre os dias 11 e 23 de janeiro, com Jup do Bairro, o trio paranaense Tuyo, o encontro de Ava Rocha com Boogarins, Amaro Freitas, Lia de Itamaracá e Aretha Sadick. A proposta é experimentar um novo formato de festival, em um mundo 3D virtual desenvolvido especialmente para a nova edição. O acesso é pelo site do festival, e o público não precisa baixar aplicativo ou programa.
O festival ainda oferece convenções, com oficinas com Perera Elsewhere, produtora, compositora e DJ britânica radicada em Berlim Entre as oficinas, MC Tha ministra “Abrindo os Caminhos” (11/1), o público poderá aprender a fazer GIFs com biarritzzz (19/1) e até mesmo aprender como usar um dildo com Senta (21/1). Rolam bate-papos com a cantora, compositora e rapper Bixarte (13/1) com o tema Corpos e Identidade na Música e com Johnny Hooker (20/1) sobre processos criativos.
Fotos: Gustavo Bresciani
Os pernambucanos estão sempre à frente, como diz o Tuta Discotecário, e não é diferente com o Molotov e Romero Ferro. A live de fim de ano do artista foi inovadora, um happening, experimental, conceitual, esperta mesmo, com canções do seu último disco, “Ferro”. Gravada previamente, mas sem cortes, em um take só, no Rio, tem bons truques de luz, direção de arte e figurino. A live foi exibida na TV Pernambuco, no dia 31, e logo depois, no YouTube, aonde ainda está disponível, para a nossa alegria. A direção é da gaúcha Giordanna Forte. Cata o poder da tamanca! Romero é queridinho da Fátima Bernardes, pelo trabalho que faz de resgate do frevo, no projeto Frevália, e já fez feat safado com Luiz Caldas, “Love por você”.
É pra louvar de pé! o Circo Voador no ar está de volta, nesta sexta, 22h, com show que emociona do Tuyo. E, dia 15, tem Planet Hemp. A classe que fez falta na nossa quarentena.
Na terça, dia 12, às 19h, rola o 11° Sarau da Confraria dos Poetas, pelo Google Meet. O evento foi criado na quarentena. A cantora juizforana Daniela Aragão segue com as entrevistas da série Afinando a Prosa, em seu Instagram. Os próximos entrevistados são Gustavo Baião, dia 13, e Filó Machado, dia 29, sempre às 19h.
O Grupo Galpão apresenta a série “A gente pode tudo pelo menos por enquanto”, em seis episódios, no YouTube, por tempo limitado, com direção de Luiz Felipe Fernandes. Os episódios irão ao ar toda segunda e quinta, sempre às 19h, com acesso gratuito.
Se tem uma coisa que eu queria aprender neste ano novo é meditar. Desligar um pouco, resetar a cabeça, evoluir. A Netflix resolveu dar uma mão com a série de animação “Headspace Guide to Meditation”, na qual o guru e co-fundador do app de mesmo nome, Andy Puddicombe, conduz o espectador por oito episódios de 20 minutos. Cada episódio mostra uma técnica de atenção plena diferente, focando em assuntos como estresse, raiva e desapego. Um convite a “ser gentil com a sua mente”. Nesses clichês que desanimo, mas prometo tentar. Ah, esta é a primeira de uma trilogia.
Enquanto não evoluo, recomendo fortemente a japonesa (e violenta) “Alice in Boderland”, inspirada em um mangá e no clássico de Lewis Carroll, mas com jogos mortais. Aliás, acabam de confirmar a segunda temporada, pois merece. Eletrizante.
A “Trilogia do Corpo” do diretor e antropólogo carioca Emílio Domingos será exibida no Canal Curta, hoje e nas próximas sexta-feiras, sempre às 22h30. Começa hoje, com “A Batalha do Passinho”, e segue com “Deixa na Régua”, dia 15, e encerra com o filme mais recente, “Favela é Moda”, no dia 22.
Emílio lança um olhar sobre as manifestações culturais e tendências comportamentais dos jovens das favelas cariocas partindo de suas práticas corporais, na trilogia, como as danças, os ritmos, os cortes de cabelo e a “luta por uma maior representatividade dos jovens afrodescendentes no restrito e eurocêntrico mercado da moda no Brasil”. É um trabalho muito sensível, recomendo demais.
Aguardem que, quando o horror passar, ele virá a Jufas para exibir os filmes e debater com a gente, estava combinado antes da pandemia, combinado está.
“Como os pássaros tomam as árvores para fazer seus ninhos, eu tomo os muros pra fazer minhas artes, reivindico os espaços“, sintetiza Stain, artista que já foi tema aqui da coluna, sobre os passarinhos que ele fez na Av. Francisco Bernardino, na alça do Viaduto Augusto Franco, uma representação de liberdade. “Tô namorando esses pilares já tem muito tempo, desde quando começaram a construir, vi ali três telas perfeitas, a céu aberto. A série de pássaros que já tinha feito, em quadros, encaixou perfeitamente. Eu me sinto liberto fazendo arte“, resume o passarinho.
Se ficar interessado pelas telas, se joga aqui. Animei tanto que fiz uma playlist passarinho, com Tom Jobim, Emicida, Fagner, Biafra, Marina Lima, Zé Vaqueiro, Caetano Veloso, Teixeirinha, Beatles, Bob Marley, Coldplay, Florence + The Machine e +
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